Capítulo 12
Capítulo 11
Pov Milena
O dia estava se despedindo. O sol ia deixando mesclado de rubro toda a imensidão celeste, quando eu me despedia de Mirela frente à sua casa. Ela havia mudado fazia duas semanas, resolveu morar na casa que Fernanda generosamente tinha lhe agraciado com o divórcio. Eu estava em paz, Nanda ampararia Mirela com uma pensão considerável e ainda tinha lhe dado uma casa em Taguatinga e outra no Lago Sul que alugada, daria condições financeiras melhores para minha irmã.
Mirela estava muito magra, seus olhos arroxeados e sua face macerada davam-lhe a impressão de mais velha. Sua cabeça parecia um campo onde a plantação começava a brotar e eu a acariciei devagar, despedindo-me com um abraço carinhoso, seguindo para casa após a chegada de Helena.
Meus pensamentos vagueavam, enquanto eu dirigia e a imagem de Helena veio à minha mente, “como aquela mulher havia mudado. Helena tinha dedicado grande parte de sua vida em envolvimentos movidos pelo interesse, sempre buscando valores materiais onde o amor era na grande maioria deixado de lado. Conheceu Mirela e aproximou-se dela por saber que era esposa de Fernanda Valadão, desejando tirar dessa relação o melhor proveito, mas terminou apaixonando-se por minha irmã. E agora, apesar de tudo o que Mirela estava vivendo, ela se desdobrava em cuidados e isso me emocionava muito. Helena tinha conhecido os reais valores da vida, tinha conhecido o amor.”
Cheguei em casa, na casa de Fernanda, onde eu passava a maior parte, e ela estava linda em uma blusa azul de seda e uma calça jeans justa. Seu cabelo estava mais curto do que eu tinha deixado ao sair de casa e ela sorriu quando a olhei com ar de aprovação.
- Está deslumbrante, meu amor....
E ela me beijou os lábios com sofreguidão.
- Eu preciso de um banho, estou suada e cansada...
- Ah que pena, queria uma noite de vinho, dança e sex*... – ela disse isso piscando e me fazendo estremecer de prazer só de imaginar sua boca passeando pelo corpo.
- Um banho me colocará novinha em folha, - e segui pela escada. Adentrei nosso quarto. Olhei-me diante o espelho por alguns instantes, acho que admirando a beleza daquela mulher que eu via refletida ali. Eu me sentia diferente, não pelos cabelos lisos, o que eu usava algumas vezes, descobrindo que eram mais fáceis para o dia-a-dia, não era também pelo batom vermelho que tinha descoberto que me fazia mais sensual e o quanto Fernanda adorava, nem tampouco pelos decotes mais ousados, era algo que ia além de tudo isso, eu tinha perdido o medo de viver. Acariciei meus seios ali diante o espelho, imaginando com tesão que logo mais seria Fernanda a fazer aquilo e os vi intumescendo. E segui para o banheiro. A água morna descia sobre meu corpo que estava carregado de desejo. Depois que terminei o banho untei meu corpo com creme, coloquei um vestido de seda azul mar e nada mais. Sentia minha intimidade pulsando. Penteei os cabelos e os prendi num coque no alto da cabeça, calcei uma sandália de salto, usei um perfume com cheiro adocicado e desci a escada que conduzia a sala. Fernanda levantou-se do sofá e veio ao meu encontro. Beijou-me suavemente o pescoço e depois os lábios, roçando seus seios sobre o meu vestido e gem*u baixinho, dizendo: - gostosaaa....
O vinho era delicioso. Brindamos. Ela colocou um jazz e tomou a minha mão depois que sorvemos mais um generoso gole do vinho. Seus braços envolveram meu corpo, suas pernas deslizaram suavemente para dentro das minhas, encostando vagarosamente na minha intimidade e mais uma vez sibilou com jeito de tarada... – que delícia...
Eu apenas sorri. Dei-lhe ainda mais meu corpo e ela apertou um pouco mais enquanto eu a enlaçava-lhe pelo pescoço. Meus seios livres das amarras do sutiã iam roçando devagar sobre os dela, que quase nunca estavam presos. Eu podia sentir seu corpo tremer com aquele contato ousado e sutil. Pressionei minha vagin* sobre sua perna e ela deslizou mais pra dentro das minhas, sentindo a umidade que já tomava conta de mim e deslizamos devagar ao som daquele jazz que tanto havíamos dançado quando em viagem. Meu corpo estremecia cada vez que ela beijava meu pescoço... a música encerrou e começou outra, quando Fernanda erguia meu vestido, me deixando apenas de salto, e ele deitado inerte sobre o chão. Ela colocou-me deitada no sofá, de maneira que minhas pernas ficavam ao solo, enquanto entrava no meio, abrindo espaço com lambidas deliciosas, me fazendo gem*r de prazer. Esfregou seu corpo nu no meu, subindo em busca da minha boca e uma deliciosa guerra de línguas foi travada no céu de nossas bocas, eu estava extasiada... meu corpo combalia a cada toque seu, mas eu resistia e desejava sentir o máximo... Fernanda se esfregava em meu corpo feito gata manhosa enquanto ia percorrendo sua língua macia e quente, sobre todo pedaço, após soltar-se dos meus beijos. Sua boca agora sugava um dos meus seios, enquanto seus dedos massageavam de maneira gostosa, o outro. Seu corpo abria mais espaço entre as minhas pernas que ela acariciava com a mão, quando sua boca atingia minha intimidade que mais parecia um lago tamanho a umidade que estava. Eu gemi alto quando Fernanda me engoliu o clit*ris, ch*pando-o devagar e meu corpo rebolou, então ela gem*u, abrindo seus olhos um pouco mais para acompanhar o movimento que eu ensaiava. Fernanda penetrou-me com seu dedo macio enquanto me sugava e eu senti o céu descer sobre mim num orgasmo intenso. O tapete macio e felpudo recebeu nossos corpos e unidos num vai e vem alucinador, goz*mos juntas. A noite já terminava e a madrugada já irrompia com uma brisa suave adentrando pela janela do nosso quarto e adormecemos abraçadas e saciadas.
O som do vai e vem dos carros já era intenso. Eu abri os olhos e Fernanda adentrava o quarto com uma bandeja imensa com guloseimas, sorrindo.
- Bom dia, meu amor, eu preciso renovar as minhas energias, você me acabou ontem... – e rimos. Ela colocou a bandeja em cima da cama e sentou-se ao meu lado e comemos.
Meu celular tocou.
- Sim, oi Helena... claro, eu vou sim.
Era dia de ir ao médico com Mirela. Beijei os lábios de Fernanda, segui para o banheiro, não me demorei embora fosse o meu desejo. Vesti uma calça jeans, uma blusa de mangas compridas, pois indicava frio naquela manhã e segui para o hospital.
O médico que cuidava de Mirela nos recebeu, sentamo-nos à sua frente e ele assentiu para a entrada de alguém, quando ouviu o barulho suave na porta.
- Entre doutora, - ele apertou a mão da mulher negra de olhos grandes e lábios carnudos que acabava de adentrar a sala, marcando a sua entrada com o odor delicioso que ela exalava de seu corpo.
- Mirela, nós já estamos finalizando os últimos exames, - o médico voltou seu olhar para minha irmã, após nos apresentar a doutora, - Olhem, essa é Saima, ela é oncologista e uma das melhores. Eu vou me aposentar, Mirela, ohhh eu nem acredito... – ele disse sorrindo, - Saima vai continuar-lhe assistindo, dei de presente a ela, alguns dos meus pacientes mais especiais... Você está em boas mãos.
Mirela olhou para a doutora que exibiu dentes alvos e perfeitos num sorriso simplesmente extasiante e estendeu-lhe a mão em cumprimento. Eu me apresentei e o médico deixou-nos, despedindo-se com abraço carinhoso e saiu.
- Sentem-se, por favor, - Saima disse e nos sentamos novamente. O aroma que exalava do corpo dela adentrava a minha narina e eu respirei, reconhecendo o seu bom gosto. Seu cabelo afro era preso no alto da cabeça por uma fita de seda azul claro combinando perfeitamente com a blusa azul marinho e uma saia preta de linho. E para completar seu look ela usava um Christian Louboutin que a deixava ainda mais alta e avassaladoramente sedutora. Sua voz soou novamente, enquanto eu a olhava detidamente, quase que hipnotizada, “acho que Fernanda não gostaria de me ver olhando assim para a doutora,” – eu pensei e ri intimamente, voltando a prestar atenção no que ela dizia.
- Cessaremos com a quimioterapia, Mirela, mas o cuidado mensal é imprescindível, talvez, semanal caso sinta algo estranho.
Mirela abriu um sorriso imenso e eu senti meu coração acariciado como se as mãos calorosas do meu pai estivessem sobre ele, dizendo que tudo estava bem. Despedimo-nos da doutora Saima e seguimos para casa, após ela entregar o seu cartão com o seu número pessoal e dizer: - Mirela, qualquer coisa, por favor, me liga.
- Milena, eu estou feliz, agora livre da quimioterapia quem sabe possamos fazer uma viagem, o que me diz? Podíamos ir a Gramado, você, Fernanda, Helena e eu... mas, somente quando for as férias da universidade.
- Olha que é uma ideia maravilhosa! Eu vou falar com Fernanda e poderemos agendar para julho, o que acha?
Estávamos em meados de maio. E aquele dia era muito especial, Mirela estava de alta e não teria mais sessão de quimioterapia e meu coração estava em festa.
- Sim, por mim, está perfeito! Mas, gostaria muito de poder fazer uma social para comemorar, o que acha?
- Claro que sim, é muito importante comemorar esse momento.
- Então podemos marcar para o fim de semana que vem? Essa semana eu vou aproveitar para renovar as minhas forças, descansar um pouco mais...
- Sim, podemos agendar para semana que vem, aproveite essa para se renovar. Caso queira poderemos ir à cachoeira, vai lhe fazer bem...
- Sim, com certeza, eu quero.
Seguimos para a casa de Mirela e ela ia falando de tudo ao mesmo tempo, sempre falando da alegria que a envolvia por estar livre de todo aquele tratamento doloroso, eu me encantava vendo-lhe assim. Adentrei a sala, quando Helena chegou e a beijou com carinho. Relatamos como tinha sido a consulta e era nítida a alegria nos olhos azuis da mulher que havia mudado a sua vida pelo amor. Despedi-me e segui para casa sentindo uma emoção enorme e uma gratidão inenarrável, minha irmã estava curada e livre, e isso não tinha preço. Fernanda ficou feliz com a notícia e concordou que realmente esse fato merecia uma comemoração. Depois do jantar seguimos para o quarto. Meu coração estava carregado de gratidão e envolta nos braços de Fernanda eu adormeci feliz por imaginar que aquele pesadelo havia terminado.
O dia terminou. Mirela recebeu-nos com alegria. Além de nós, haviam outros convidados, o médico que havia cuidado dela, a sua esposa e Saima, que estava ainda mais bonita do que no dia que eu a vi no consultório, ela trajava uma calça jeans colada, uma blusa vermelha de seda com um decote discreto na frente, combinando com um sapato marrom de salto que a deixava ainda mais elegante.
Helena chegou à sala e quando viu Saima foi ao seu encontro dizendo:
- Que surpresa agradável, você aqui, professora.
Mirela sorriu. Seu olhar verde mar tinha um mistério que eu desejei desvendar, mas foi em vão. Minha irmã em nada mais se parecia com aquela mulher fútil e vaidosa, era como se ela tivesse mudado de personalidade. Seus olhos iam adquirindo o brilho de antes e seu sorriso era ainda mais maravilhoso, tomado por aquela alegria que a envolvia.
- Helena, fala muito bem de você, doutora... pelo que eu vejo é tão boa como professora, quanto como médica...
Saima sorriu. Era impossível não se encantar diante aquele gesto que parecia envolver de luz tudo ao seu redor.
A música suave cobria o ambiente combinando com a conversação animada e regada a vinho, que nem percebemos o adiantado da hora. Já era meia-noite e todos se despediram, reconhecendo que Mirela não poderia abusar. Saima despediu-se com um abraço e seguimos todos para casa. Adormeci aquecida pelos braços de Fernanda depois de fazermos amor de maneira deliciosa.
Dois dias depois eu seguia com Mirela para a cachoeira. O sol estava quente e buscando a sombra de uma árvore. Estendi uma toalha felpuda e macia no chão e nos sentamos. Mirela recostou-se sobre o tronco da árvore ficou contemplando a beleza do céu límpido, quando um sorriso bailou em seus lábios e ela começou a falar.
- Eu acho que nunca havia contemplado o céu, os pássaros ou qualquer outra coisa na natureza como o faço agora...
- A natureza é carregada de beleza...
- Mi, você lembra quando do que o papai dizia, - a única coisa que temos certeza nessa vida, é a morte; então vivam cada dia melhor? Cada dia que nasce, eu recordo-me dessa frase, que antes não fazia sentido para mim, mas hoje, a única certeza que eu tenho, é que vou morrer, um dia... e desejo viver cada dia de maneira melhor. Eu vivi todos esses anos como se eu fosse imortal, valorizando coisas efêmeras e deixando de lado sentimentos e pessoas importantes, como fiz com você...
- Não precisamos falar disso, minha querida, pois todos nós temos as nossas falhas, e todos nós estamos em processo de aprendizado...
- Sim, eu agora sei disso. Milena, me diga o que acha da doutora Saima? – ela indagou mudando bruscamente o rumo da conversa e voltando seu olhar verde mar para o céu novamente onde pássaros voavam. Uma brisa suave balançou meus cabelos e ela os acariciou trazendo de volta o seu olhar para mim.
- Eu acho... bem... acho que ela é maravilhosa!
- Isso mesmo, é exatamente isso o que eu acho que ela é: maravilhosa!!! É uma médica atenciosa, sente empatia pelos seus pacientes, trata todos com carinho no hospital e por onde ela passa Milena, todos se alegram... ela é simplesmente isso mesmo, maravilhosa!!!
- Eu percebo que nutre um carinho muito especial por ela...
- Sim. Oh Milena, por Deus não pense bobagens... – ela disse isso e soltou uma gargalhada sonora, o que me fez rir também, apesar do constrangimento que senti.
- Perdoe-me, Mirela, eu não pensei... eu...
- Não se preocupe, eu entendo, afinal o meu passado me condena. Mas o que sinto por Saima é algo fraterno, entende? Eu acho que ela e Helena combinam bem, o que me diz Milena? Se eu não fosse o amor de Helena, claro, com certeza Saima seria uma grande companheira, não acha?
-Sim... eu acho...
Respondi sem entender nada daquela conversa, mas não indaguei. Mirela voltou seu olhar para o céu, após pedir para deitar-se em meu colo. Eu acariciava seu rosto que já parecia mais tão envelhecido e ela fechou os olhos, respirando o ar puro daquele lugar. O dia já terminava quando retornamos para casa. Helena nos esperava feliz e beijou os lábios de Mirela e disse:
- O sol lhe fez bem, meu amor, você está ainda mais bonita.
Deixei Mirela aos cuidados de Helena e segui para casa, para o meu apartamento. A noite Fernanda me ligou.
- Não posso ficar sem você aqui, - ela disse isso de maneira dengosa me fazendo rir, - venha para cá, por favor...
Eu segui para a casa da minha amada e seus lábios cobriram os meus com desejo e saudade, como se estivesse afastada de mim por longos dias. Seguimos para o quarto e depois de horas de amor, adormecemos.
Os dias passavam. O sol ia acordando e cores maviosas iam se espalhando por todo o céu, enquanto eu espreguicei-me na cama, sentindo o calor delicioso do corpo de Nanda envolto ao meu, quando meu celular tocou.
- Bom dia, querida, - era Mirela. – Sim, eu vou. Sim ela também irá, eu creio.
Mirela nos convidava para almoçar em sua casa e seguimos um pouco antes do meio-dia. Helena estava linda, usando um vestido longo com flores e folhagens, quando nos cumprimentou com abraço carinhoso. Minha irmã veio ao nosso encontro e fiquei emocionada vendo como Fernanda era grandiosa, abraçando Mirela com carinho, esquecida do passado de dor ao seu lado. Depois seguimos todos para a área que tinha após a cozinha. O cheiro do churrasco já recendia e eu respirei com prazer, quando vi que Mirela se levantou indo em direção a porta. Era Saima que chegava. Um abraço carinhoso foi trocado entre elas. Helena se aproximou e Saima exibiu aquele sorriso lindo e a abraçou também.
- Que alegria sua presença nos traz, Saima, venha, entre. – dizia Helena conduzindo Saima até onde estávamos. A doutora nos cumprimentou. Ela estava linda naquele short verde de linho, deixando à mostra coxas bem torneadas e lisas. Uma blusinha de alça branca transparente que deixava notar a delicadeza da sua lingerie. Seu perfume adentrou em meu nariz mais do que o cheiro da carne assando e eu respirei com prazer. Saima era uma mulher extremamente agradável, mas sua presença constante na casa de Mirela ou em outros lugares que íamos, me causava certa curiosidade. Eu percebia que minha irmã demonstrava um carinho especial por ela e cheguei a notar algumas vezes que isso causava desconforto em Helena. Saí das minhas indagações quando Fernanda abriu um vinho e ofertou-me uma taça. Serviu a todos e convidou para um brinde, o que foi aceito com euforia.
O almoço estava sendo servido e estava delicioso. Comemos conversando sobre amenidades. Eu vez ou outra eu olhava para Mirela e era como se ela escondesse algo, mas eu não conseguia alcançar. Seu olhar às vezes vagava ou firmava em determinada pessoa e eu desejava saber o que ela pensava quando isso ocorria.
Terminado o almoço fomos jogar dominó, Saima era a parceira de Helena, visto que Mirela alegou está cansada e jogaria no lugar de quem perdesse. A tarde foi maravilhosa.
- Eu estava combinando com Milena, - minha irmã começou a falar em tom suave, antes de iniciar a sua partida de dominó, - desejo aproveitar o máximo esses dias de bonança, então propus a ela, depois que Helena encerrar o semestre, uma viagem a Gramado. Saima, eu iria ficar muito feliz se você pudesse ir conosco, seria um prazer imenso, não é mesmo Helena?
Eu percebi que Helena havia sido pega de surpresa e novamente fiquei a cismar o motivo de Mirela querer a presença de Saima, mas deixei de lado e voltei a me concentrar em sua imagem. Seu olhar parecia em alguns momentos, opaco e muitas vezes distante, como se ela vislumbrasse algo que os demais não conseguiam.
- Sim, claro, meu amor. Será com certeza um prazer a sua companhia Saima, - Helena disse, mas eu senti que isso tinha-lhe deixado meio desconfortável, o que me deixou intrigada. Mirela demonstrava muito apaixonada por Helena, para que eu pudesse suspeitar de alguma traição e até porque ela estava muito diferente do que fora, então descartei essa possibilidade. Continuei observando Mirela que vez ou outra dirigia seu olhar amoroso para Helena e logo em seguida para Saima e isso piorava ainda mais a minha inquietação, o que estaria se passando na cabeça da minha irmã? Isso era a minha indagação.
Mirela combinou a viagem que seria dentro de mais quinze dias, que era quando Helena encerraria as aulas. E Saima, depois de alguns minutos considerando a possibilidade da sua presença, confirmou o que provocou no olhar da minha irmã, um brilho intenso de alegria.
Já era fim de tarde quando fomos para casa. Despedi-me de Mirela indagando baixinho em seu ouvido.
- Está tudo bem com você, minha querida?
- Sim, meu amor, eu estou bem, como nunca estive...
E seu olhar pareceu distante... como se buscasse algo ou estivesse vendo alguma coisa que eu não via e nem sentia...
Segui para casa com Fernanda, silenciosa, tentando decifrar o que estava acontecendo ou se eu estava apenas receosa por tudo que tinha vivido durante seis meses que Mirela havia lutado contra o câncer, talvez fosse isso mesmo. Tomei um banho enquanto Fernanda pedia uma comida chinesa para nós. Comemos. Depois assistimos a um filme e adormecemos.
O dia era de uma alacridade intensa. Mirela tinha um brilho maravilhoso em seu olhar quando chegou ao aeroporto. Esperávamos por Saima quando ela acenou com a mão e exibiu um sorriso lindo. Seguimos para o avião e voamos em direção a Gramado. O frio era intenso, mas a beleza da cidade era inenarrável. Depois da chegada ao hotel, saímos em visita alguns pontos turísticos e o encantamento era geral.
O dia terminou e voltamos para o hotel. O jantar foi regado por um vinho delicioso e brindamos. Mirela me parecia um pouco cansada quando o jantar terminou.
- Eu acho que devia ir descansar um pouco, minha querida, - eu disse baixinho e ela concordou. Pediu licença e seguiu para o quarto na companhia de Helena.
Uma semana depois retornávamos para Brasília, extasiadas com o passeio.
Era um domingo ensolarado. A casa de Fernanda recebia alguns amigos num evento de alegria quando Saima chegou. Mirela sorriu e foi ao seu encontro, abraçando-lhe com carinho, o que pareceu incomodar um pouco Helena, o que eu percebi, apesar de toda a sua tentativa de disfarce. Uma música alegre enchia o ambiente. Helena e Saima comentaram alguns casos do hospital e depois mudaram o rumo da conversa, falando sobre as aulas na Unb. Depois falamos sobre músicas e outros assuntos amenos. O dia terminou.
Mirela despediu-se de mim e pude observar que ela estava ofegante.
- Você está bem?
- Um pouco cansada, mas estou bem. Vou deitar e descansar...
Todos foram embora. A noite já cobria o universo e eu deitei-me no ombro de Fernanda que sentiu a minha inquietação e indagou:
- O que está acontecendo, meu amor? Você está meio triste... ou estou enganada?
- Talvez, seja impressão minha, mas acho que Mirela está estranha. A presença constante de Saima em sua casa ou nos lugares que ela está parece lhe agradar mais do que o comum...
- O que está querendo dizer com isso?
- Eu não sei, só acho um pouco estranho, você não acha?
- Eu nunca parei para analisar isso, penso que ela se sinta mais segura com a presença da médica que lhe acompanha o tratamento...
- Pode ser isso...
Eu falei e encerrei o assunto. Fernanda beijou-me os lábios e adormecemos abraçadas.
Cinco meses haviam se passado, embora eu constatasse que Mirela estava bem, ainda assim tinha dia que eu amanhecia com o coração oprimido, sentindo o medo me rondando como se estivesse a espreitar a felicidade que enchia de paz os nossos dias. Muitas noites eu sonhava com papai e o mais estranho era que sempre que eu sonhava e comentava com Mirela, ela me dizia que também tinha sonhado com ele, mas eu não me lembrava de quase nada, a não ser que ele me falava que tudo ficaria bem....
Era domingo. O sol ia parindo mais um dia e seus raios rubros iam tingindo o universo de um colorido maravilhoso, onde cores novas iam se misturando ao rubro e formando um arco-íris perfeito. Fernanda remexeu na cama e puxou meu corpo para junto ao dela e fiquei ali, tentando me libertar dos pensamentos angustiantes que queriam me tomar dos seus braços.
Meu celular tocou. Atendi. Mirela sentia-se mal e eu segui para a casa dela.
Fim do capítulo
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Josiane
Em: 14/07/2019
Ccapítulo intenso esse , suspeito quais sejam as intenções de Mirela deixando a doutora por perto , importante q todas estão se acertando ,ansiosa pelo próximo.
Resposta do autor:
Olá Josiane, obrigada pelo comentário. Fico mega feliz que esteja gostando.
Posto outro capítulo, acrdito que amanhã, eu aviso assim que postar. Bj e obrigada!!!
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Brescia
Em: 14/07/2019
Oi mocinha.
Esse capítulo foi bem triste, as sensações São de perda, mas ao mesmo tempo com uma paz.
Baci piccola.
Resposta do autor:
Baci... é assim que gosta de ser chamada? Então, esse capítulo traz mesmo a sensação de perda, não é mesmo? Mas, também traz a sensação de paz, porque muitas vezes aprendemos a viver melhor, quando os grandes desafios são nos apresentados, não é verdade? Obrigada pelo seu carinho e na próxima semana eu posto outro, creio que na quarta ou quinta, não gosto de demorar, pois perde o tesão da leitura... rsssss
Um abraço carinhoso e mais uma vez, queridona, obrigada.
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