Capítulo 8
Capítulo 07
Pov Fernanda
Eu estava de volta a Brasília e ao lado da mulher mais linda que meus olhos já tinham visto. Ela era realmente idêntica a Mirela, mas para mim Milena tinha uma beleza peculiar, havia um brilho que exalava de seus olhos e que ao meu olhar a fazia muito diferente de sua irmã. E o seu sorriso era inconfundível, não, Milena não era parecida mais com Mirela e eu estava perdidamente apaixonada por ela.
- Eu preciso ir... – Milena disse isso fazendo com meu coração fosse tomado por um vazio imenso.
- Podemos simplificar isso Milena... não precisamos nos esconder, basta desmascarar a Mirela...
- Não... eu não posso fazer isso. Eu vou para casa e ela volta, então você faz o que achar melhor. Eu preciso ir.
Milena saiu. Eu segui para o escritório. Já era tarde quando retornei para casa e meus olhos deitaram sobre a figura de Mirela, meu Deus, elas eram muito diferentes. Ela veio ao meu encontro e me beijou os lábios. Confesso que isso me assustou, Mirela não tinha esse gesto há muito tempo. Seu beijo tinha um gosto amargo e eu não disse nada. Não havia o que dizer diante aquele gesto de amor deixado de lado e que eu tanto desejei um dia.
Sandra serviu a refeição. Comemos caladas, apesar das tentativas de Mirela de entabular uma conversa que eu nem sei mesmo sobre o que era. Depois que nós terminamos o jantar eu segui para a biblioteca e fiz uma ligação. Então retornei para a sala onde Mirela ainda estava. Ela levantou-se e serviu-nos um cálice de licor.
- A viagem foi realmente linda, meu amor, - ela disse e sentou-se ao meu lado cruzando as pernas de maneira sedutora.
A campainha soou. Sandra abriu a porta. Helena adentrou o espaço da sala ricamente mobiliada. Os olhos de Mirela pareciam fugir de órbita. Sua voz ficou presa ao meio da garganta quando ela se engasgou com o licor que havia acabado de ingerir. Eu sentia prazer em ver o embaraço da minha esposa. Ela levantou-se atônita.
- Como vai Helena? – eu disse estendendo a mão em cumprimento a mulher que tinha acabado de chegar, - sente-se, por favor. Você deseja um licor? Um vinho quem sabe?... Acho que precisamos brindar.
E pedi a Sandra que fosse até a adega e trouxesse o melhor vinho, o que não demorou muito. Eu abri calada, sentindo gozo com o mal estar da minha adorada esposa tão infiel, que parecia ter uma síncope ali diante a mim e a amante. Servi três taças e depositei sobre a mesinha de vidro que tinha na sala em frente ao sofá de couro que eu convidei as duas para sentar.
- Minha cara Mirela, você conhece Helena Alvarenga?! Eu acho que sim, aliás, com muita intimidade, não é mesmo?
- De onde você tirou isso Nanda?! Meu amor, eu não estou entendendo, que brincadeira é essa? Eu não conheço essa mulher... como é mesmo o nome dela?...
Eu não consegui segurar uma gargalhada sonora e podia ver no olhar da minha quase ex-esposa, o desespero. Sorvi um gole generoso do vinho e cravei meus olhos sobre o rosto de Mirela que tinha naquele instante uma expressão estranha, estava lívida, pálida como se seu sangue tivesse abandonado todo seu corpo. E eu continuei, depois de pegar um envelope na grande estante de madeira pesada e escura que tinha do outro lado do sofá. Abri devagar e tirei uma foto e entreguei para Mirela que olhou detidamente, logo depois entreguei outra e mais outra. Ela estava estupefata.
- Bem... diante a todas essas fotos, eu acho que não tem como negar não é verdade Mirela? Helena é sua amante, - eu disse isso e bati palmas rindo, sentindo o prazer tomar conta de mim.
Parei um pouco, o atordoamento de Mirela me divertia muito, ela olhava de Helena para mim, seus olhos verdes e grandes pareciam naquele momento da cor de sangue, era assim quando ela estava com raiva. Eu sorvi mais um gole do vinho, - maravilhoso esse vinho! Você não acha Helena?! – ela consentiu apenas com o menear de cabeça e eu sorri depois segurando a taça a abasteci novamente. E continuei.
- Sim Mirela, ela é sua amante. E então se apaixonou mesmo por ela? Olha que esse coração de Jadis finalmente encontrou alguém que lhe fizesse curvar. Que pena minha querida, que pena. Sinto muito que não saiba de algo importante, mas, eu como sou uma boa esposa vou lhe contar. Tome mais um gole de vinho, eu creio que vá precisar. Sua amada Helena estava apenas encenando, claro, que por um preço digno de uma grande atriz, não é mesmo Helena?
Mirela empalideceu diante a notícia que eu acabava de lhe dar, e continuei sentindo meu prazer aumentar ao ver o ódio que seu olhar esmeralda lançava em direção à amante.
- Sempre soube dos seus casos, minha cara esposa, mas no começo fingi não saber, porque o que eu sentia por você era algo doente e que me impedia de tomar qualquer atitude. Contratei um detetive, com o passar do tempo e o coloquei para seguir seus passos dias e noites. Cada vez que constatava a sua infidelidade eu morria um pouco por dentro, o meu amor por você, na verdade morria. Quando soube de Helena eu pesquisei sobre ela e descobri que ela vivia de dar pequenos golpes, - eu ri ao falar isso, sentindo quase que um orgasmo com a dor que eu via estampada na face de Mirela. E ela, - eu continuei voltando meu olhar sobre Helena que tinha a feição entristecida, eu acho, - precisava de dinheiro, era assim que vivia. Isso para mim foi um grande achado, - eu ri novamente e sorvi mais um gole do vinho, - esse vinho é maravilhoso! Milena adorou... Então combinei com Helena um valor considerável para lhe envolver cada vez mais... agora que você está apaixonada, eu desejo que saia da minha casa, da minha vida... mas, antes quero lhe contar... e claro lhe agradecer por ter colocado Milena para fingir ser você, o que ela não conseguiu, pois sua irmã é muito autêntica para ser alguém tão vazio e fútil como você. Como eu já sabia de todo seu plano, e ainda que eu não soubesse, com certeza nunca confundiria Milena com você. E na convivência com ela, eu percebi o quanto o amor é mais valioso do que a paixão ensandecida que senti por você. Quero que vá embora Mirela, que vá embora para sempre.
Helena ouvia tudo calada, enquanto que Mirela parecia ter uma síncope diante a tudo o que ouvia. Seus lábios tremiam e seus olhos vertiam lágrimas, que pareciam doloridas, realmente ela havia sido pega, estava sofrendo.
- Eu quero que vá embora Mirela, que desapareça da minha casa, da minha vida e de tudo... Helena, - eu disse olhando para ela, - caso deseje ficar com Mirela, confesso, isso não me importa mais. Faça suas malas Mirela e saia hoje mesmo, agora, não quero mais a sua presença por nem mais um minuto, pode ir para um flet, depois pode pedir o seu apartamento e ir definitivamente para lá...
Mirela não disse nada. Seu olhar fulminava num ódio visível tanto a mim quanto a Helena que se levantou e seguiu sem dizer nada, depois de receber a quantia que ainda faltava pelos seus serviços. Eu sentei-me novamente, servi-me de uma taça de vinho e sorvia devagar quando Mirela adentrou a sala arrastando uma grande mala verde mar.
- Você acha mesmo que vai ficar com Milena, minha cara esposa? – ela disse com a voz carregada de ira, - pois, lhe aviso desde já, não vai mesmo.
Eu não disse nada. Tudo o que eu queria era que ela seguisse, mas antes que ela deixasse a sala eu indaguei.
- Tem dinheiro o suficiente para ficar em algum flet?
- Tenho sim, mas vou para o apartamento de Milena, ela é minha irmã...
Aquilo me exasperou de um ódio desconhecido e levantei-me de onde estava colocando a taça de vinho na mesinha ao lado. Meus olhos fuzilavam Mirela quando me coloquei de frente a ela e disse com os dentes trincados.
- Ouse incomodar Milena com a sua presença e te deixarei sem nada, nada... você me entendeu?
- Não tenho direito mesmo a nada nesse maldito casamento, então o que me resta é impossibilitar o seu amor, assim como fez comigo...
- Não seja ridícula, você é a culpada de tudo isso... mas, eu não quero discutir sobre mais nada. Vá para um flet, pode usar o cartão, caso não queira gastar suas economias, eu ainda não o bloqueei, mas use comedida. E não ouse importunar Milena, ou vai se arrepender amargamente. Logo você será procurada pelo advogado para assinar o divórcio.
- Nunca, eu nunca vou assinar Fernanda. Não pense que será feliz ao lado de Milena, porque eu lhe garanto que não será nunca.
Disse isso e saiu. Peguei o celular.
- Milena?
- Sim... o que houve?
- Preciso te ver, posso ir aí? Ou nos encontramos em algum lugar?
- No Villa Tevere pode ser?
Eu concordei e segui para o restaurante, estava com o coração angustiado, uma sensação horrível de perda me assolava. Avistei Milena, beijei-lhe suavemente o rosto e seguimos para uma mesa num lugar mais reservado. Matias veio ao meu encontro, era um garçom muito meu amigo e que nos conduziu a mesa. Depois de nos sentar eu pedi um vinho.
- O que houve, me parece angustiada?
Matias trouxe o vinho e nos serviu. Agradeci e ele se retirou. Milena me olhava com ansiedade e eu buscava um jeito de contar para ela tudo o que eu havia planejado para castigar a sua irmã.
- Milena, eu sei que talvez fique brava comigo, mas, por favor, me entenda...
- O que está acontecendo?
Eu sorvi mais um gole do vinho.
- Quando descobri que Mirela estava com Helena, eu mandei investigar a vida dela, eu estava cansada das traições de sua irmã e como não estava mais apaixonada, eu queria lhe dar uma lição antes de me separar dela. Helena era uma mulher que vivia de dar golpes em outras mais afortunadas, então a contratei para continuar com Mirela, paguei para ela...
Milena parecia estupefata com a história que eu narrava, mas não disse nada e eu continuei.
- Eu sabia de tudo, como lhe disse, sabia da troca de vocês, o que eu confesso, foi um presente para mim, - falei isso e acariciei discretamente a sua mão e ela sorriu. – Depois que nós voltamos de viagem eu chamei Helena e junto a Mirela contei tudo e a coloquei para fora de casa, bem... não dessa maneira, eu disse a ela que quero o divórcio...
- E ela?! Mirela deve ter ficado furiosa com você. E Helena não disse nada?
- Helena apenas pegou o restante do dinheiro e foi embora, afinal era o combinado, ela vive disso, é golpista. E foi o que sua irmã merecia, desculpa-me, meu amor, mas não posso apagar tudo o que ela me fez passar...
- Eu entendo... E Mirela disse o que sobre o divórcio?
- Que não vai assinar, mas isso não me importa, o litigioso será fácil com toda a sua má conduta, não nos preocupemos com isso. O que importa para mim, Milena, é que não ceda a nenhuma chantagem da sua irmã, caso ela resolva apelar para o seu emocional. Eu quero que lembre-se de que você não fez nada errado e que nos amamos e que merecemos ficar juntas. Olhe para mim, meu amor, - ergui seu olhar para mim. – Eu a amo Milena e não vou permitir que nada nos separe.
Seguimos para a minha casa e eu a amei, esquecida das ameaças de Mirela.
Fim do capítulo
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