Capítulo 17 – Semanas incríveis - Parte I

 

              - Lia, acorda!

              Ouviu a voz de Cris chamando-a ao longe. Seus olhos estavam extremamente pesados. Estava um frio tão bom que sua preguiça não a deixava sair da cama.

              - Lia, vamos chegar atrasadas. – Cris falou mais uma vez e lhe retirou as cobertas.

              - Ai. – Reclamou e se encolheu na cama. - Está frio, Cris.

              - Levanta que a Liz está na sala. Veio levar a gente para a aula.

              - O quê?

              Lia arregalou os olhos rapidamente e seu coração disparou. Sentou-se na cama rapidamente, se sentindo subitamente acordada. Não acreditava que ela havia feito essa surpresa. Sorriu levemente e levantou da cama, correndo até o guarda-roupa. Pegou roupas limpas, deixou-as na cama e quando pegou a toalha olhou bem para a amiga, que tinha o rosto escondido na mão.

              - O que foi? – Percebeu que ela ria.

              - Olha só para você. – Cris sorria sem parar. – Foi só falar na Liz que passou até o sono.

              Lia ficou estática no meio do quarto e com as mãos na cintura. Fechou a carranca de imediato. Brincadeira de mau gosto.

              - Olha a Rainha da comédia. – Ralhou. – Vou tomar um banho rápido.

              Lia saiu do quarto pisando enquanto Cris continuava rindo às suas custas. Entrou no banheiro e tacou-se debaixo da água quente. A água morna a aqueceu e relaxou. Cris, apesar da brincadeira sem graça, tinha razão, foi só falar no nome de Liz para que todo o seu corpo despertasse prontamente. Mas que romântica idiotinha estava se tornando? Não conseguia evitar nada disso, não mandava nas reações de seu corpo quando o assunto era Liz.

              Voltou ao quarto, vestiu-se e pegou suas coisas. Na sala encontrou Cris a esperando sentada no sofá e mexendo no celular. Assim que a viu, sorriu mais uma vez. Lia passou por ela pisando firme e indo para a porta.

              - Me espera sua bruta! – Cris correu atrás dela.

              - Vamos logo! Estava tão apressada.

Respondeu friamente. Não havia gostado que Cris tivesse usado Liz como uma arma. Se sentia vulnerável em saber que alguém sabia que ela era sua fraqueza. Foram até o campus caladas. Lia estava estranhamente pensativa. Seu romance com Liz estava tomando proporções que nunca se imaginou viver. Queria tanto vê-la que seu estômago chegava a doer.

A aula já havia começado e para despertar Lia ainda mais de volta para a vida real, o professor reforçou sobre seminários da sexta feira. Ela e Cris se entreolharam. Não estavam nem com a metade do trabalho feito. Lia era sempre a pessoa que puxava Cris para fazer os trabalhos, já que a amiga era sempre a mais avoada. No entanto, havia ficado da mesma forma nas últimas semanas com Liz.

Já era 04 de setembro e as primeiras provas estavam próximas, deveria se prevenir. Iria começar a ler os textos atrasados e tentar, mesmo que arduamente, deixar Liz um pouco de lado, seria a coisa mais difícil que de longe já fizera em sua vida.

Na hora do intervalo ela saiu sozinha à procura de Liz. Iria aproveitar os momentos de intervalo para matar um pouco das saudades. Estava convencida a estudar a tarde toda e adiantar o tal do trabalho. Chegou ao pátio lotado onde ela geralmente ficava, mas não a encontrou.

Sentiu um par de mãos lhe tamparem a visão por cima dos óculos e se assustou um pouco. Porém, um longo sorriso logo estampou sua face. Conheceria esse toque em qualquer lugar mundo. Virou-se e deu de cara com aquele sorriso torto e sapeca que lhe tirava o fôlego. Ela parecia ainda mais linda e sexy para Lia do que nunca antes. Linda e perfeita em suas roupas negras rasgadas.

- Bom dia, linda! – A cumprimentou com a alegria de sempre.

- Bom dia.

- Vem comigo!

A puxou dali consigo, a levando para longe da multidão em um bloco de salas vazias. Assim que entraram ela trancou a porta e acendeu as luzes.

- Preciso muito beijar você!

Lia sorriu e passou os braços pelo pescoço dela, encostando sua testa na dela.

- Eu também quero. – Acariciou o nariz dela com o seu e Liz a enlaçou na cintura. – Senti saudades.

- Eu também.

Elas encostaram os lábios ansiosos em um beijo gosto e profundo que devastava tudo. Liz a guiou até o balcão de madeira e a pôs sentada sobre ele sem descolar seus lábios por um segundo. As línguas se procuraram famintas. Levou os dedos até os cabelos de Liz a puxando para si cada vez mais enquanto sentia as mãos dela passearem por dentro de sua blusa branca.

Entrelaçou as pernas em sua cintura colando-a mais em si. Sentia tudo tão mais intenso com ela depois que fizeram amor, tudo agora era elevado a um nível de sacanagem na mente de Lia, estava pegando fogo. Sentia a pele arrepiar com as mãos macias e quentes dela em suas costas, arranhando-a levemente. Mordeu o lábio inferior dela, lhe arrancando um gemido.

Ch*pou sua língua com força e começou a levantar a blusa dela, sentia um fogo inexplicável. Não conseguia pensar direito. Sentiu Liz sorrir no beijo e depois segurar as suas mãos com delicadeza.

- Está louca? – Perguntou roucamente em seu ouvido. – Quer me fazer perder o controle aqui na universidade?

- Não tem coragem? – Perguntou desafiadora. Sentia uma ousadia incomum lhe tomar. – Estamos sozinhas.

- Ah, Liana. – Liz a puxou pelos cabelos. Mordeu o lábio com o prazer que sentiu com o ato. – Eu sabia que você era problema.

- Eu não sou problema. – Beijou o pescoço dela e arranhou suas costas por dentro da blusa. – Sou uma solução.

- Puta que pariu! Que tesão. Você está me deixando louca, Liana.

Liz a atacou sua boca novamente em um beijo tão gostoso quanto safado. Deitou-a sobre a mesa, retirou sua blusa e começou a beijar se seu pescoço até sua barriga. A corrente elétrica entre as duas era muito forte, estava morrendo de desejo com ela ali, saboreando os seus seios, mas uma gota de bom senso lhe tomou.

Puxou Liz para si e a beijou suavemente, desacelerando o ritmo de ambas. Estavam ofegantes. Liz apenas descansou a cabeça em seu peito arfante. As duas riram um pouco frustradas. Queriam fazer amor, incessantemente até cansarem.

- Você teria coragem de fazer aqui? – Lia perguntou sem jeito.

- Teria sim. Queria ver até onde você ia. – Liz disse safada e beijou sua face. – Nunca vai deixar de ser uma menina certinha.

- Eu não sou certinha.

- Ah, não!?

- Claro que não. – Um sorriso maroto se apoderou dos lábios dela. – Você acha que eu fui certinha ontem?

- Ok. – Liz sorriu e levantou-se de cima dela, puxando-a também. – Tem razão. Você foi bastante safada.

- Olha só quem fala. – Fingiu desdém e a abraçou pela cintura.

- Não senhora, a culpa não foi minha. Você me empurrou para cama e fez tudo.

- Não vi você reclamar...

- Claro que não. – Liz deu uma mordida em seu pescoço e sussurrou em seu ouvido. – Acha mesmo que eu ia reclamar de ter uma gostosa que nem você se insinuando em cima de mim? Eu não sou doida.

- Até parece. Liz a pegadora, é isso?

- Eu não sou pegadora nada. – Ela mesma riu do que disse. – Ok. Eu era. Mas foi você que quis faltar aula para ficar trans*ndo a manhã inteira.

O coração de Lia deu uma louca cambalhota e um sorriso bobo tomou sua face, a abraçou com delicadeza e carinho e beijou sua nuca.

- Exatamente o meu ponto! Isso foi coisa de menina certinha?

Liz sorriu e procurou por seus lábios, beijando-os por longos minutos mais uma vez.                                                                                                                   

- Só faltam algumas coisas para eu te deixar mais aventureira.

- Tio o quê?

- Te digo com um tempo para você não se assustar.

Lia gargalhou com aquela. Liz era uma figura mesmo, era tão bom se sentir tão aberta, segura e feliz ao seu lado. Parecia um sonho, algo que nunca achou que um dia conseguiria ter com alguém. Saíram da sala de mãos dadas e se olharam. Já não havia mais ninguém no pátio.

- Eu tenho ensaio a semana toda. – Liz falou em seu ouvido.

- E eu tenho um trabalho gigante para fazer com a Cris para entregar na sexta.

- Ah, entendo! Então vai ser uma semana complicada para nos vermos, não é?

- Um pouco.

- Você bem que poderia ir dormir no meu apartamento qualquer dia desses.

O estômago de Lia revirou com a possibilidade de dormir no quarto e na cama dela. Lembrou-se da daquela tarde que havia passado lá, Liz não e levara até o quarto de jeito nenhum. Talvez não quisesse assustar já que no tempo elas ainda estavam tentando levar tudo na brincadeira. Enfim... claro que aquilo nunca daria certo.

- Eu vou, com certeza!

- Quando?

- Na sexta. Eu posso ir. Já vou ter estudado e terminado o trabalho.

- Excelente! – Liz exclamou e lhe beijou os lábios de leve. – Combinado. Mal posso esperar para ti ter nua na minha cama a noite toda.

A frase incendiou Lia e com muito pesar se separaram com um selinho demorado. Não queria perder o foco, mas como se concentrar se em sua cabeça só se passava sacanagem? Com pouco tempo antes da aula acabar a coordenadora chegou para lhes dar um aviso sobre bolsas de intercâmbio que a universidade tinha com uma instituição de ensino da Inglaterra. A proposta é de que seria feita uma seleção dos alunos inscritos que tivessem o melhor currículo acadêmico. Além de uma prova de seleção a ser feita já no próximo mês.

As inscrições começariam na semana que vez e iam até o final do mês de setembro. Nossa! Pensou Lia. Teria de correr, então. No entanto, sua animação cedeu lugar às dúvidas quando a coordenadora disse que o intercâmbio já seria feito no próximo semestre. Ao final da aula, quando estavam indo embora, ela e Cris conversaram sobre isso.

- Ei, Lia! Você deveria aproveitar essa chance. Há tanto tempo que você fala nesse intercâmbio. Tenho certeza que seus pais vão te apoiar.

- Eu também fiquei super animada, mas...

- Mas o quê? – Cris perguntou espantada. – Você tem tudo para conseguir esse intercâmbio. Você é excelente aluna, com uma ótima assiduidade e não vou nem falar das suas notas.

Era tudo verdade. Ela e os pais já tinham um bom dinheiro guardado para esse sonho. No entanto, essa ideia era mais distante em seus planos. Primeiramente que queria ir apenas quando tivesse terminado a faculdade e segundo, agora tinha Liz. Semestre que vem estava muito próximo para isso e agora que elas estavam começando algo. Não conseguiria se separar dela por um semestre inteiro. Porém, tinha que admitir que a oportunidade era muito boa.

Seria um peso a menos para o bolso da família. Eles pensavam em bancar tudo com esse intercâmbio, mas esse da universidade proporcionaria ter as aulas durante um semestre inteiro de graça, teria que se virar apenas com estadia e comida, enfim, o básico.

- Eu ainda não sei bem, Cris. Está tão próximo. Eu só pensava em ir quando me formasse.

- Ah. Entendo! Mas você pode ao menos tentar. Você conseguiria um semestre todo de aulas de graça.

Lia concordava com tudo aquilo, mas não queria mais pensar no assunto. Ela e Cris almoçaram juntas e logo foram para casa, onde passaram a tarde toda empenhadas no trabalhando e escrevendo coisas no notebook. Ficaram assim até de noitinha. Como estavam cansadas decidiram pedir comida.

Pela noite Lia falou mais uma vez com a mão que insistia que ela fosse para a casa no fim de semana, mas foi irredutível, iria passar a semana praticamente longe de Liz, queria aproveitar o sábado e domingo ao seu lado. Falou com ela também pelo telefone até se sentir tomada pelo sono. Aquelas ligações estavam lhe deixando mal-acostumada cada dia mais...

 

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Na quarta ela se encontrou com Liz no pátio novamente, o que lhe distraiu do assunto intercâmbio que continuava povoando sua mente. Foram andando de mãos dadas até o portão no final das aulas. Lia conseguia sentir os olhares das pessoas sobre as duas, alguns surpresos e outros especuladores e incomodados. Liz os ignorava facilmente e a conduzia até o estacionamento.

- Deixa ao menos eu te levar para almoçar hoje. Prometo que logo depois te deixo em casa para você estudar. Não vou aguentar te ver só na sexta.

Lia riu toda boba e avisou a amiga que sairia com Liz. Logo em seguida foram até um restaurante que Lia não conhecia. Se serviram e sentaram-se ao lado uma da outra em um clima leve de cumplicidade e carinho. Estavam apenas a falar coisas do dia a dia.

- Minha mãe quer que eu vá para casa nesse fim de semana.

- Sério? Por que?

- Meu tio está fazendo aniversário e vai ter festa. Um tio muito querido meu.

- Nossa! – Liz pareceu um pouco triste. – Você vai?

- Não quero ir.

- Por quê?

- Como assim, por quê? – Perguntou confusa. Não era claro o suficiente.

- Sim. Por que não quer ir?

- Eu iria perder sua apresentação no sábado e ficaríamos o fim de semana longe. Já mal estamos no vendo esses dias.

- Entendo. – Liz falou e segurou delicadamente em sua mão. – Também não queria que fosse, mas você deveria aproveitar sua família. Seus pais...

Lia achou tocante a forma como Liz pensava. A primeira impressão que teve dela foi muito distante da pessoa que ela realmente era e a cada dia mais sentia o quanto eram perfeitas juntas.

- Nossa! É um pensamento muito altruísta e maduro. – Lia entrelaçou seus dedos aos dela. Sua curiosidade era sempre maior. – Me fala mais sobre seus pais, você mal fala deles.

- Não tenho nada a falar, Lia.

Imediatamente sentiu a voz e o olhar triste de Liz. Tudo fazia sentindo em sua mente. Sua constante tristeza e aquela tatuagem, sua, aparente, total liberdade, tudo fazia um sentido, mas não sabia se estava certa, mas... era melhor deixar para lá. Sabia das condições dela, iria respeitá-la.

- Entendo! – Não sabia muito o que falar. Apenas apertou sua mão.

- Não quero falar sobre isso, por favor!

- Ok.

Terminaram o almoço em um silêncio total. O clima estava totalmente pesado entre as duas. Não deveria ser fácil perder os pais. Será que ela era totalmente órfã, sem família alguma? O telefone de Liz tocou. Lia observou que seu rosto retesou quando ela olhou para a tela e viu quem ligava. Observou, também, que ela ponderou antes de atender a ligação.

- Oi tia. Eu disse que ligava para a senhora depois.

Tia? Ela nunca vira falando com alguém da família antes. Ficou prestando atenção na conversa com curiosidade.

- Eu não quero voltar aí novamente. Já chega! Olha, eu estou ocupada agora, depois eu ligo.

Ela desligou o telefone bruscamente e o rebolou sobre a mesa com uma carranca na face. Lia apenas observava sem nada dizer ou expressar. Nunca vira Liz tão nervosa e estressada. Resolveu ficar quieta. Quando estava nesses momentos tudo o que mais presava era o silêncio e foi o que fez.

No carro o silêncio foi total até chegarem ao seu apartamento. Lia a abraçou e lhe deu um delicado beijo na face.

- Obrigada pela carona.

Ela já ia saindo do carro quando sentiu que Lis segurou sua mão, impedindo-a.

- Desculpe ter sido tão rude lá no restaurante. É só que tenho coisas que não me sinto à vontade de falar certas coisas. Te disse isso.

Lia aproximou-se dela e afagou seu rosto delicadamente. Ela fechou os olhos apreciando o contato e se deixou acarinhar. Abraçou-a com força e repousou o rosto em seu pescoço. Lia a acolheu carinhosa em seus braços. Seu coração amolecia quando a via daquela forma.

- Você não precisa pedir desculpas. Eu entendo que seja algo difícil de processar. Não se preocupe comigo.

- Hum! – Liz suspirou em sua nuca. – Eu amo esse teu cheiro. Me distrai de qualquer coisa.

- Eu só queria que confiasse mais em mim!

Liz descolou a cabeça de seu pescoço e olhou-a seriamente com o cenho franzido.

- Eu não querer falar sobre isso não significa que eu não confio em você, Lia. Muito pelo contrário. O simples fato de eu estar aqui já é muito. Eu nunca fui tão longe com alguém igual fui com você.

- Por que sempre fugiu de se relacionar com alguém, então?

- Eu já disse! O amor deixa as pessoas doidas. Malucas!

- Tem razão nessa parte. – Lia sorriu e acariciou a barriga dela por baixo da blusa. – Me sinto completamente louca por você.

- Eu também. – Liz a tomou pelo rosto e ficaram se encarando, olhos nos olhos. – Eu sou maluca por você.

Elas se entregaram a um beijo dolorido e ardente ao mesmo tempo. Lia podia sentir a revolta que ela sentia ao tomar sua língua com vontade e apertá-la contra si. Os corpos tinham necessidade de estarem colados. Ficaram se beijando afoitas e coladas por um longo tempo. Até que finalmente conseguissem se despedir com um último beijo sôfrego.

Lia brigou a tarde toda com sua mente, tentando se concentrar no seminário e nos estudos ao lado de Cris, mas como fazer isso depois da conversa com ela? Queria muito deixar para lá todos os segredos e mistérios que ela tanto escondia. No entanto como poderia deixar tudo para lá quando era uma coisa que a machucava tanto. Estava muito envolvida com Liz e isso acabava a machucando também.

Cris percebeu a afobação dela e perguntou se estava tudo bem. Respondeu que sim e continuou, nem mesmo havia uma explicação claro que pudesse dar a não ser especulações e achismos. Era difícil se concentrar nas coisas como antes com Liz em sua cabeça o tempo todo. Estar apaixonada com certeza era isso, sofrer a agonia sem fim do próximo encontro.

 

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              A semana se passou sem mais delongas e surpresas. Ela e Liz se encontravam nos intervalos e matavam um pouco da saudade que sentia e pela tarde da quinta ela e Cris conseguiram terminar seus trabalhos. Já era tarde da noite. Estudou até não aguentar mais sobre o livro que iriam se basear para a apresentação e foi dormir com a sombra da expectativa de sexta feira pairando em seus sonhos.

              Ela não sabia se era um sonho ou a saudade revivendo os momentos lindos que passara com Liz no fim de semana, mas sonhou que estavam abraçadas e nuas dentro de uma piscina. Liz a acariciava pelas costas o sonho inteiro e beijava seu pescoço. O detalhe mais estranho, contudo, foi o sentimento que sentia durante. Uma dor no peito, um medo de ser abandonada como se Liz a estivesse deixando de alguma forma. No sonho ela chorava nos braços de sua amada e a pedia para não ir.

               Acordou banhada em lágrimas e com a aquela sensação amarga da saudade em sua boca. Não conseguiu mais dormir depois daquilo, se a sensação de perder Liz fosse aquela, não iria querer passar por aquilo nunca. Estudou mais um pouco e finalmente deu a hora de tomar banho e se vestir para a aula.

              As duas estavam tensas com a apresentação e ficaram nessa agonia até que cada uma conseguisse fazer a sua. Por sorte não foi tão difícil quanto imaginaram, o professor apesar de ser exigente elogiou bastante que as duas haviam conseguido captar bastante o tema central do livro e conseguido desenvolver o trabalho da maneira como ele havia solicitado.

              Agora sim estava livre para poder brincar com Liz o quanto quisesse. No intervalo elas se encontraram mais uma vez e comemoraram com entusiasmo o sucesso de Lia no seminário e a noite que estava por vir. Mal conseguiu se concentrar nas outras aulas, mas era válido. Uma noite com Liz se aproximava, o que poderia ser melhor?

              De tarde cuidou de seu corpo com esmero para os momentos tórridos com Liz mais tarde, queria tanto se entregar cada vez mais, o pensamento de se entregarem na cama dela já a estava deixando excitada. Será que estava viciada em sex*? Havia sido difícil passar aquela semana sem sentir o corpo nu dela no seu e a expectativa por esse momento se passou em sua cabeça a semana toda. Será que era uma pervertida por pensar em sex* o tempo todo? Não sabia, mas com Liz era impossível não o fazer.

              Às oito e meia Liz chegou para busca-la, assim que saiu do ensaio com os meninos da banda. Pegou sua mochila com sua roupa e afins e quase desceu correndo para encontrá-la. Liz a esperava encostada fora do carro e a recebeu de braços abertos quando a viu passar pelo portão.

De bom grado Lia se afundou em seu abraço e ficaram daquela forma por um tempo, apenas apreciando o contato dos corpos e dos braços uma da outra. Nesses momentos, nada mais era importante, nada. Sentia que poderia vencer o mundo todo ao seu lado. Assim que entraram no carro Lia viu várias sacolas com comida no banco de trás.

- É nossa janta. – Liz falou e sorriu. – Vamos logo que estou ansiosa por essa noite.

- Eu também só conseguia pensar em hoje a semana inteira.

- Vamos logo!

Liz ligou o rádio e deu a partida no carro. Ambas estavam ansiosas pelo momento, o coração de Lia batia frenético, até parece que aquela seria a sua primeira vez novamente. Ficou lembrando da sensação do corpo nu dela no seu e ansiava por isso mais do que qualquer coisa. Assim que chegaram ao apartamento Liz segurou em sua mão e lhe olhava de uma forma diferente.

Entraram e assim que chegaram na sala o coração de Lia disparou. O cômodo estava totalmente romântico e iluminado por luz de velas aromáticas. A mesa estava totalmente preparada e Liz desembrulhou a janta das duas, organizando-a. Lia se sentiu emocionada com os detalhes que ela havia preparado, para quem não queria aceitar o amor e nunca se apaixonara antes, Liz lhe estava saindo melhor do que a encomenda.

Logo ela providenciou para que começasse a tocar uma balada romântica no home theater da sala. A música preencheu todo o ambiente e sentiu braços a enlaçarem por trás enquanto ainda observava o cômodo. O sofá cama estava montado de frente para a TV e estava cheio de almofadas e viu que o violão dela estava ali.

Virou-se no abraço e olhou-a perdidamente apaixonada. Sem que dissessem nada mais, se beijaram intensamente por um longo tempo. A noite prometia ser intensa e apaixonante assim como Liz era. Se sentia nervosa e estúpida ao mesmo tempo.

Os sentimentos estavam aflorando cada vez mais por Liz, era impossível voltar agora. Seu peito comprimia com os fortes sentimentos que a tomava naquele exato momento. Liz poderia facilmente magoá-la se assim quisesse, era tarde. Estava entregue, entregue de corpo e alma a ela...

 

Fim do capítulo