Capítulo 18 - O que?
Beatriz chegou na praia antes do sol sumir do céu. Sua mãe e irmã foram arrumar as coisas, enquanto ela sumiu das vistas delas na companhia da sobrinha. Não conseguiu chegar muito longe, foi detida pela vontade da sobrinha em acompanhar o pai e o avô na limpeza da piscina.
– Vamos dar uma voltinha, que tal?
– Não titia, quero ficar qui, bora limpar a piscina tobém? – a menina apertava suas bochechas tentando chamar sua atenção.
– Não, isso cansa muito, já estou cansada só de pensar. – cruzou os braços fazendo cara de triste. – Vamos tomar um sorvetinho, por favorzinho.
– Não. Bora pa picina titia, bora.
– É Bia, a concorrência está desleal, melhor acompanhar a Ind. – seu cunhado disse achando graça da cena que a cunhada fazia para convencer a criança a sair com ela.
– Nem fala. Que covardia essa de vocês, bem que poderiam limpar a piscina depois que eu tirasse ela de casa.
– Desculpa filha, mas não sabia que você ia fugir da faxina de sua mãe. – Pedro disse gargalhando.
– O senhor me ajuda muito, nossa! – deitou em um espreguiçadeira – Melhor ficar por aqui mesmo, ou então a dona Nicole descobre meu paradeiro fácil demais.
Ficou observando a farra que a sobrinha fazia correndo por ali, resolveu ligar para Sophia quando seu celular tocou, olhou para o visor e ignorou uma, duas, três, quatro chamadas, na quinta vez em que o aparelho tocou ela o desligou e colocou no cantinho da espreguiçadeira.
Pedro e Rafael terminaram a limpeza e entraram com Ingrid, estava tão fresco por ali que ela resolveu continuar deitada admirando a despedida do sol no céu, alguns minutos depois acabou cochilando.
Os últimos dias não tinham sido dos melhores para Marcella, a jornalista estava uma pilha de nervos, e por mais que tentasse ocultar da atual namorada o real motivo que a tinha levado a ficar assim, a garota andava com algumas desconfianças.
– Vai passar o dia rodando a casa?
– Me deixa em paz, não estou com paciência hoje.
– Não acha que está andando muito sem paciência ultimamente?
Por mais que quisesse enche-la de insultos e coloca-la porta a fora, apenas respirou fundo e tentou falar o mais calma que pode.
– Lavínia, me deixa em paz. Estou passando por uma semana um tanto quanto complicada, por favor, me deixe sozinha.
– É isso que não entendo, você está de férias, só sai de casa sozinha e nunca sei onde está, de uns tempos para cá vive dizendo que quer ficar sozinha. Está tentando terminar comigo com esse jogo todo querendo fazer com que eu perca o interesse em você antes, é isso?
Realmente sua paciência estava por um fio, aquele papinho fora de hora e sem sentido que a namorada estava tentando iniciar não iria acabar nada bem, sabia bem disso, era melhor dar ele por encerrado, ou então perderia a cabeça fácil.
– Chega! Que mania que você tem, já disse que quero ficar sozinha. Para de insistir, quando você fala que não quer fazer algo eu respeito, aprenda a fazer o mesmo. Se não viajamos nas minhas férias é graças a você, esqueceu que não podemos viajar porque a senhorita está estudando? Para de me encher, me mira, mas me erra.
– Já percebeu que de uns tempos para cá você coloca a culpa de tudo que acontece de ruim no nosso relacionamento em mim?
– Eu não costumo cometer erros, Lavínia, – encarou a garota que a olhava com lágrimas nos olhos – ou melhor, estou começando a avaliar se me envolver contigo não tenha sido mesmo um grande erro.
– Você é louca! Estou cansada de tudo isso, talvez o melhor que temos a fazer é realmente terminar.
– Ah não! DR sem motivo agora... – desviou a atenção do que falava para a notificação que chegou no celular que estava ao seu lado, abriu a mensagem da amiga e teve vontade de quebrar a casa inteira, ouviu Lavínia dizer alguma coisa que não entendeu e apenas concluiu: – Sai daqui, preciso ficar sozinha.
– Você ouviu o que eu falei?
– Não! – respondeu gritando – E nem quero ouvir, já falei, saia daqui. Não quero conversar.
– Para de gritar, é sempre assim, quando quero conversar sobre o rumo que nosso relacionamento está tomando, você explode e me manda sair. Estou cansada disso.
– Se você não sai, saio eu. – bateu a porta saindo de casa sem olhar para trás.
Para sua sorte, em meio ao seu ato de “rebeldia” a chave do carro estava perto do seu celular, o que tornou fácil a sua saída sem que fosse alcançada por Lavínia, que ainda foi atrás dela gritando seu nome pelo corredor do prédio.
Estacionou na porta da academia saindo do carro com cara de poucos amigos. Na recepção perguntou irritada:
– A personal Daniela Santana está? – A garota a sua frente a olhou demoradamente e aquilo teve o poder de deixá-la ainda mais irritada. – Você pode responder, ou preciso perguntar a outra pessoa?
– Boa tarde! Então, ela está sim. – olhou alguma coisa no computador antes de responder – Está finalizando uma aula neste exato momento.
– Poderia lhe dizer que preciso falar com ela, ou você me dará acesso – apontou para a catraca a sua frente – para fazer isso?
– Se a senhora puder aguardar, eu avisarei! – sorriu.
Era só o que faltava, encontrar uma garota debochada no meio daquele dia infernal. Viu a garota se afastar e voltar quase correndo.
– Perdão, mas, quem devo dizer a Dani que está à espera dela aqui?
– Lerdeza! – bufou – Marcella Chaves, avise a ela para se apressar. Não tenho tempo para esperar. E você, adiante o seu lado também se não for incomodo.
– Tudo bem.
Viu a garota se afastar e ficou por ali olhando para a tela do celular, ligou para Beatriz algumas vezes, mas não foi atendida, mania infeliz essa dela agora de fugir.
– Marcella, – cumprimentou a amiga com dois beijinhos de comadres – o que faz aqui? – Olhou de Marcella para a garota que voltou para o balcão.
– Preciso conversar contigo. Que história é aquela?
– Do jeito que está na mensagem, ela está saindo com outra pessoa. E acho que se você não abrir os olhos vai perdê-la.
– A casa que ela vai receber os amigos é a dos pais dela mesmo?
– Sim.
– Preciso fazer alguma coisa, não interrompi aquele pedido de divórcio para perder essa parada.
– Por isso fiz questão de te avisar. Você precisa tomar uma atitude, essa separação já deu o que tinha que dar.
– Também acho, Dani. Resolverei isso nesse final de semana, você vai ver. Muito obrigada amiga, – abraçou a outra – não sei o que seria de mim sem você.
Beatriz acordou assustada com a irmã se jogando sobre ela.
– Patinha, isso não é hora de dormir, acorda!
– Levanta, assim não consigo respirar. – Yasmin gargalhava fazendo cocegas na irmã: – Vai me matar assim. Levanta, vai.
– Nossa, como reclama. – deitou na espreguiçadeira ao lado perguntando: – Perdeu a noite?
– Pior que perdi, que hora é essa?
– Hora de você me contar essa história direito. Mesmo porque, esse seu sorriso me diz que não perdeu a noite estudando processos.
– Não tenho nada para contar. – olhou para a irmã ainda sorrindo – Estou com sede, que tal uma cervejinha gelada?
– Você quer me enrolar. Vai! Conta logo quem está lhe fazendo rir desse jeito. Sua cara diz que passou a noite bem acompanhada e fazendo coisas bem prazerosas, diga-se de passagem. Só não vá me dizer que está com a Marcella novamente?
– Você quer saber de muita coisa irmãzinha. Cadê a Ind?
– Assistindo Frozen com o pai dela e os nossos pais, saí de lá fugida, já sei todas as falas do filme. Para de enrolar patinha, começa a falar, quero saber quem é a minha futura cunhada, ou se ainda é a mesma de antes.
– Patinha é teu... Ai ai, nem vou falar nada, vou assistir com eles também, já que não aceitou o meu convite.
A irmã segurou sua mão fazendo-a sentar novamente.
– Você está muito nervosinha para o meu gosto! Vai, fala criatura.
– Curiosidade é um negócio triste, Deus me livre. Não tem cunhada nenhuma não, quer dizer, ainda não é cunhada, mas se ela quiser até que pode ser. – levantou de um pulo – Agora chega, tenho mais o que fazer.
– Espera! Vou tomar a tal cerveja contigo, com uma condição.
– Estava bom demais para ser verdade, fala a sua condição.
– Vai me contar tudo sobre essa futura cunhada aí enquanto bebemos.
– Tá, pode ser. Agora vamos, ou então seu Pedro não deixa as menininhas dele saírem – gargalhou.
– Vou só avisar a eles que estamos saindo, me espera.
Passou as mãos nos bolsos dizendo em seguida: – Pega minha carteira na minha bolsa, está na cozinha, deixei lá mais cedo.
– Ia pegar a minha, mas lembrei que não sei onde coloquei – gargalhou entrando em casa.
Beatriz ficou por ali olhando as estrelas e seus pensamentos se perderam em Sophia, lembrou que tinha desligado o celular. Ligou para a garota e no terceiro toque ouviu alguém dizer:
– Ela não pode atender agora!
Ficou sem entender o que tinha acontecido, ia mandar mensagem para a garota quando Yasmin parou ao seu lado dizendo:
– Vamos, todo mundo queria vir atrás de nós. Disse que era um passeio de irmãs e que ninguém estava convidado a nos acompanhar! – Sorriu e só então percebeu a seriedade no olhar da irmã – O que foi?
– Nada. Quer dizer, não sei. Mas deixa para lá, vamos?
– Claro.
Fim do capítulo
Boa noite... peço desculpas pela demora em atualizar, logo mais postarei outro cap.
Vou tentar postar ao menos três capítulos por semana até finalizar.
Obrigada pela companhia, bjs.
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