- Ai meu deus eu não acredito.- Val colocou a mão na boca.

 

Alexandra apenas riu antes de ir abraçar a mulher que ajudou a lhe criar, estava morrendo de saudade.

 

- Menina quanto tempo, que saudade de você. - chorava abraçada a mulher mais nova. - Por que você sumiu assim, meu deus seus pais já sabem?.- falava afobada.

 

- Não, você é a primeira hahaha...- estava feliz por estar de volta.

 

- Eles vão ficar muito felizes, não vão acreditar, como você ta bonita menina. - passava a mão pelo rosto de Alex.- E essa jovem quem é? -Olhava para Layla.

 

- Essa é a Layla, uma pessoa muito especial pra mim. - Sorriu ao pegar na mão dela.

 

- Se é especial pra você, pra mim também é.- Foi até Layla e a abraçou também, surpreendendo a mesma.

 

- Fico feliz. - sorriu por ver a simpatia da senhora.- E vem cá Val , cadê todo mundo?

 

- Seus pais estão na fazenda, vão vir amanha por coincidência, seu irmão trabalhando e Manoela também deve estar trabalhando, aquela lá você sabe né, ta sempre andando por ai, sabe lá onde.

 

Alexandra riu se lembrando da irmã, foram dois anos fora de casa, sempre falou com todos por telefone, algumas chamadas de vídeos também foram feitas, mas nada fisicamente. Se lembrava do abraço carinhoso da mãe, do cheiro do seu pai, do jeito doce de seu irmão Fernando e das maluquices da sua irmã.

 

- Eu queria passar essa semana aqui, eu e a Layla, até eu ver sobre um apartamento pra mim.

 

- Que isso menina, a casa é sua, seus pais provavelmente não te deixaram ir embora quando te virem. - Falou sorrindo. - Vamos, vou acomodar vocês duas, já comeram filha?- Falou andando na frente a caminho dos dormitórios.

 

- Lanchamos no avião, você está com fome Layla?

 

- Não , eu estou bem.- Disse um pouco acanhada.

 

- Não sei não Alex, vocês estão muito magrinhas, vou acomodar vocês no quarto e depois vou preparar um lanche pra vocês duas. - Val não parava de falar e sorrir, Alexandra sentiu como se não tivesse passado tanto tempo assim fora de casa.

 

- Obrigada dona Val. - Abraçou a mulher de lado, sendo correspondida com um aperto entre os braços da mulher. - Senti saudade de vocês.

 

- Não mais que nós filha, eu ainda estou acreditando que você voltou.

 

- Eu quero fazer uma surpresa a todos.

 

- Eles ficarão loucos com você aqui. - Val abriu a porta de um dos quartos, o qual era de Alexandra, essa não pode conter a emoção, estava tudo como havia deixado.

 

- Ei ...- Layla abraçou a morena. - Eu te falei que você precisava ser forte pra retornar e viver isso tudo de novo, não desabe agora.

 

- É tudo tão nostálgico sabe?- Falou limpando o rosto.- Depois de tudo eu estar aqui.

 

- Eu entendo.

 

Val apenas observava as duas mulheres, gostou de Layla assim que colocou os olhos nela, mas a questão era quem era a moça na vida de Alexandra, seriam amigas ou algo a mais. Val era governanta e também amiga de anos da mãe de Alexandra e dona Beatriz desabafou com ela algo sobre a médica gostar além da amizade de outra mulher que morava na fazenda, então não sabia se com aquela jovem seria o mesmo, mas se assim fosse não teria nada contra, amava aquela família como se fossem do seu sangue.

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- VAAAAAALLLLL...- Manoela gritava assim que entrou em casa.- Cadê você Val, vem ver o que eu comprei , tenho um presente pra você também. - Dizia cheia de sacolas em sua volta,  agora sentada no sofá.

 

- Depois de todo esse tempo você ainda não aprendeu a ser educada e não gritar Manuzinha?- Alexandra vinha da cozinha falando com sua irmã.

 

Manoela se levantou rápido do sofá e olhou na direção que ouviu a voz, sua expressão era de total surpresa, seus lábios pareciam ter perdido a cor.

 

Ela sonhou tanto com a volta da sua irmã, sentia tanta a falta daquela mulher que agora não sabia se era mais um sonho ou se era real mesmo.

 

- Não vai me abraçar sua maluca?- Alexandra já estava chorando.

 

Manoela pareceu se recuperar do choque e correu até a irmã pulando em seu colo, as duas se amavam e foi muito difícil se manterem afastadas por todo esse tempo.

 

O abraço era apertado, cheio de saudade, lágrimas e também tapas... sim Manoela beijava o rosto da irmã ao mesmo tempo em que dava tapas no ombros e nos braços dela.

 

- Como você faz isso comigo Alexandra, como você some assim, fica tanto tempo longe da gente. - Dizia entre lágrimas e ao mesmo tempo sorrisos.

 

- kkkk ai para de me bater sua doida. - Alexandra abraçava a irmã e tentava segurar seus braços sorrindo.

 

- Eu tenho é que te quebrar na porr*da isso sim... por você ter me iludido dizendo que iria voltar em 6 meses e me aparece dois anos depois.

 

- Desculpa kkkkk.- Sorria da irmã, sentiu tanto a sua falta.

 

- Desculpa nada. - Fez bico,mas logo abraçou a irmã apertado de novo.

 

- Você viu o que ela aprontou com a gente Manu.- Val dizia vendo a cena das duas se abraçando.

 

Logo Manu se afastou para responder Val e foi ai que viu uma jovem ao seu lado, a qual não tinha visto antes.

 

- Pois é Val. - Dizia limpando o rosto e tentando se recompor.

 

-Vem aqui Layla, quero te apresentar a minha irmã. - Pegou na mão de Layla.- Essa aqui é a Manoela e Manu essa aqui é a Layla..- sorriu.

 

- Olá. - sorriu para a morena que parecia muito a Alexandra, tirando os olhos que não eram verdes, pareciam ter um tom quase mel.- Aisha me falou muito sobre você.

 

Manoela franziu o cenho pelo nome o qual a moça havia chamado sua irmã e também estanhou o sotaque da mesma.

 

- Olá, espero que ela tenha falado coisas boas ao meu respeito. - sorriu simpática para a mulher. - Porque eu sou a melhor irmã que ela tem.- falou fazendo graça.

 

- Claro, você é minha única "irmã''.- Alexandra debochou.

 

- Sou única literalmente querida.- respondeu sínica.

 

- Ataaaa.

 

Layla sorriu meigamente, o que Manoela achou fofo. Manu não sabia quem era a moça, Alex não tinha lhe falado nada sobre estar de volta ao Brasil e muito menos que traria alguém, será que eram namoradas?

 

- Por que não me contou que estava de volta Xandinha, eu teria buscado vocês.

 

- Eu já estava de plano em voltar faz um tempo, mas aconteceram alguns imprevisto e nem deu tempo de avisar, eu peguei a mala e vim, ou não conseguiria fazer isso mais.- Olhou para a Layla.

 

- Deus me livre de você não voltar mais. - Manuela falou ao perceber os olhares  tensos entre Alex e Layla.- Você vai até a fazenda fazer uma surpresa aos nossos pais?

 

- Não, a Val disse que eles vão vir amanha, vou fazer essa surpresa aqui mesmo.

 

- Entendi, mas vem aqui me contar como foi esse tempo todo fora, porque quando nossos pais chegarem vão querer te paparicar e não vai ter como eu falar com você. - abraçou a irmã de lado, fazendo carinho no seu rosto.- Que bom que você voltou irmã, nós sentimos muito a sua falta, nem pense em ir embora de novo.

 

Alexandra apenas riu, apertando sua irmã entre seus braços e beijando o topo da cabeça dela.

 

Layla disse que iria para o quarto descansar da viagem, deixando as irmãs na sala conversando.

 

- E então Xanda, você e a Layla são...?- Tentou articular algo mexendo as mãos no ar, como se buscasse a palavra certa.

 

- Sobre a Layla eu gostaria de falar com a presença do papai e da mamãe, eu preciso contar algo importante a vocês.

 

- Aconteceu alguma coisa?- Manoela segurou as mãos da irmã, as duas estavam sentadas no sofá uma de frente para a outra.

 

- Sim, mas agora esta tudo bem.- Sorriu com o carinho da irmã.

 

- Que bom então, eu sofri muito com essa distancia entre a gente Alexandra, espero que mesmo depois desse tempo todo você ainda me tenha como um amiga e confie em mim para qualquer coisa que precisar.- Olhou para a irmã com atenção.

 

- Obrigada Manu, eu confio em você sim, você sempre foi e será minha melhor amiga.

 

As duas ficaram a tarde toda juntas conversando, Alexandra contou varias experiências para a irmã, tanto boas quanto ruins, ficaram assim até a chegada de Fernando que não recebeu a irmã com menos surpresa e alegria de que Manu.

 

Manu só não pediu para dormir com a irmã no quarto, porque ali também estava Layla e pensou que a mulher ficaria sem graça com sua presença.

 

O dia havia amanhecido  e com ele a felicidade da casa também, os pais de Alexandra haviam chegado e tiveram a grande surpresa de ver a filha mais velha ali, choraram abraçados, juraram não deixar ela viajar mais para tão longe, conheceram Layla, gostaram da jovem e agora o que não faltava eram assuntos e perguntas sobre a viagem de Alexandra.

 

- Então, vocês devem estar se perguntando o porquê eu não avisei que viria e quem é a Layla na minha vida né. - Falou calma.

 

Todos olharam pra ela esperando que ela continuasse. Alexandra e Layla estavam sentadas uma ao lado da outra, enquanto seus pais e Manu ocupavam um sofá com três acentos a sua frente e Fernando estava sentado em uma poltrona ao lado.

 

- A Layla salvou a minha vida. - Respirou fundo, falar sobre aquilo ainda era difícil.- Eu estava em um acampamento afastado acompanhando algumas pessoas na Síria, foi quando eu ouvi vários gritos e tiros. - Beatriz já tinha lágrimas nos olhos, assim como Manoela. - Na correria ninguém dizia nada com nada, eu só ouvia alguns dizendo em inglês... ‘'ataque, estão atacando''.- Fez uma pausa para limpar as lágrimas.- Não dava tempo de fazer muita coisa, eu corri, segui algumas pessoas, mas eu fui atingida.

 

- Meu deus. - Sua mãe colocou a mão na boca.

 

- Alex...- Seu pai estava assustado.

 

- Você tem certeza que quer continuar irmã?.- Fernando perguntou.

 

- Sim, ta tudo bem.- Sorriu e olhou pra Layla, a qual segurou sua mão em apoio. - Foi ai que entra a Layla na historia, eu estava caída no chão e ela me viu e foi até mim.

- Me ajuda.

- Vou te ajudar, você precisa aguentar firme.- Layla abraçou Alex por trás e a arrastou para alguns metros até entrarem em uma casa, a médica sangrava muito, na região do abdome, foi ai que layla rasgou o vestido que usada para tentar estancar o sangue.

- Aííííí- Alex suava e gemia de dor.

- Calma, vou buscar ajuda.

- Não, lá fora é perigoso, não me deixa sozinha.- Puxou Layla pela mão.

- Eu preciso ir, eu vou voltar, fica calma.- Tentava se soltar com calma da mão de Alexandra.

- Você é Brasileira?

- Metade sim.

Falou isso e saiu. Alexandra sentia muita dor, estava sozinha em um cômodo desconhecido, pensava que iria morrer e por uns minutos que ficou sozinha pensou em todos, na sua família, em Helena, gostaria de vê lá por uma única vez mais, não queria morrer daquela maneira, como seus pais ficariam sabendo ...o que iria ser dela ali sozinha. Antes de pensar em mais alguma Layla voltou com um rapaz, os dois com muito esforço pegam Alexandra nos braços, essa já estava sem força, tinha perdido muito sangue. A médica só escutava ao fundo a voz de Layla.

- Aguenta firme.

- Meus pais.- chorava.- Eu preciso...Hele....- Apagou.

Foram dias sendo cuidada por Layla, a jovem não saia do seu lado, sempre estava cuidado do seu ferimento, ficou sabendo que a bala havia sido tirado por um conhecido de Layla que era um médico americano, mas não chegou a conhecê lo.

Quando a mais velha melhorou resolveu que era hora de ir embora, mas não podia deixar Layla vivendo sob ameaça, já que ela era caçada por alguns dos terroristas, pois a mesma era famosa por esconder pessoas em sua casa evitando que as mesmas ficassem nas ruas ou fossem assassinadas. A jovem resolveu ir com Alex para o Brasil, queria tentar viver uma nova vida.

 

- E foi isso. - Alexandra terminou de falar segurando as mãos de Layla.

 

- Filha eu não posso acreditar que nós quase te perdemos e nem sabíamos disso.- Sua mãe falava emocionada.

 

- Eu estou bem agora mãe.- Foi até a mãe ficando de joelhos e a abraçando.

 

- Obrigada Layla.- Manoela disse surpreendendo a todos.- Obrigada por ter salvado minha irmã, nós seremos gratos eternamente a você.

 

- Que isso, eu fiz o que tinha que ser feito.

 

- Não filha, você se arriscou protegendo minha menina.- Eduardo resolveu se pronunciar.- Como Manuela disse, seremos eternamente gratos, saiba que o que precisar pode contar conosco.

 

Manoela foi até a garota e pediu para lhe dar um abraço, o que não foi recusado. A irmã de Alexandra apertou Layla em seus braços, era como se aquilo fosse familiar, não queria solta lá. Layla estava da mesma maneira, aquela abraço lhe acalmava, sem perceber beijou o pescoço de Manu, era pra ser no rosto, mas como a mulher era um pouco mais alta, acabou beijando aquele local, fazendo Manu de arrepiar.

 

Ambas se soltaram e apenas se olharam, aquele abraço era um sinônimo de agradecimento e carinho, nada mais que isso, bom... pelo menos é o que ambas queriam acreditar.

 

Depois daquele dia Alexandra iria resolver algumas coisas,queria ter seu próprio apartamento, sentia que estava na hora de sair da casa dos pais, mesmo sobre protestos de ambos.

 

Layla sempre estava ao seu lado, ela deixou escapar sua vontade de ‘'desenhar coisas'', como ela havia dito. Manoela ao saber disso, se prontificou a ajudar a jovem no que ela precisasse.

 

As coisas aos poucos estavam se organizando, os pais de Alex não haviam voltado para a fazenda ainda, resolveram passar um tempo com os filhos na cidade. O que vinha perturbando Alexandra era sua curiosidade sobre Helena, onde ela estava, o que tinha acontecido com ela, se havia se casado com Bruno, se estavam na fazenda, mas não tinha coragem de perguntar, algo a bloqueava.

 

- Layla eu recebi um telefonema essa semana, querem que eu avalie uma reforma em uma escola de musica aqui no centro, você quer ir comigo?- Manuela gostava de Layla, queria poder ajudar a moça, principalmente por tudo que ela fez por sua irmã.

 

- Claro, eu iria adorar.- Ela sorriu para Manoela, achava a mulher super engraçada, ela era bem mais brincalhona que Alexandra, sempre fazia graça, parecia ser bastante conhecida, aquele tipo de mulher independente que sua mãe e algumas pessoas lhe contavam. Muitas coisas eram diferentes para ela, sempre aprendia algo novo, Alex e sua família lhe explicavam com atenção sua duvidas, as quais antes eram tiradas por sua falecida mãe.

 

Layla nasceu no Brasil,tinha 20 anos. mas foi morar na Síria com sua mãe logo quando era uma criança, a mulher foi para o país a trabalho, era professora, depois que a guerra civil começou se prontificou a ensinar algumas crianças em alguns lugares de maior risco, mas um dia a escola em que estava foi atacada e a mulher foi atingida pelos escombros do local, ela deixou Layla com o legado de ajudar os outros.

 

- Então se prepare que hoje a tarde nós vamos até lá.- disse sorrindo por ela ter aceito o convite.

 

- Nossa já?!- sorriu olhando para Alexandra.

 

- Vai lá veja se gosta daquilo que aprender, se você disser que sim, eu pretendo pagar uma faculdade pra você.

 

- Que isso Alexandra, não precisa.- Disse desacreditada.

 

- Precisa sim, se a Alex não fizesse isso, eu já estava pensando em te fazer essa proposta, eu mesma iria pagar o que você quisesse fazer. - Manoela disse.

 

- Obrigada as duas, mas não precisa.-  Estava sem graça.

 

- É o mínimo que podemos fazer por você. - Alexandra deu um beijo no rosto de Layla, fazendo ela rir.

 

- Bom eu vou resolver umas coisas, mais tarde saímos Layla.- Manoela falou e saiu da sala, se incomodou com a interação entre sua irmã e Layla, não entendia o porque, talvez fosse ciúmes da irmã.

 

A tarde Manuela e Layla saíram juntas rumo a escola de musica, conversaram durante o caminho sobre diversos assuntos, as duas sempre tinham curiosidades uma sobre a outra.

 

- Você já namorou Layla?

 

- Eu ... - Seu rosto estava vermelho, não imaginava aquela pergunta.Manoela era tão independente, cheia de vida e historias, ficava sem graça em contar sua vida para a mesma.

 

- Me desculpa se fui invasiva, é que aqui é comum... bom não precisa responder.- Manu ficou sem graça, não queria deixar Layla constrangida.

 

- Tudo bem, bom eu fui noiva de um rapaz.

 

- Puts, sério?- Manoela se surpreendeu.- Mas você gostava dele, ainda gosta?- Estava curiosa.

 

-  Não para as duas perguntas, muitas coisas mudaram na Síria, mas para algumas pessoas as coisas ainda tem um certo tradicionalismo, me prometeram a esse rapaz,os pais dele eram amigos da minha mãe, mas eu não aceitei me casar com ele, eu não o amava, na verdade eu nunca amei ninguém- O sinal fechou, fazendo ambas se olharem.

 

- Eu também nunca amei ninguém.

 

- Pensei que sim, vi suas fotos com algumas pessoas,achava que...- Viu surpresa nos olhos de Manu. - Desculpa, falei demais.

 

- Tudo bem rsrsrs...são fotos de momentos felizes, alguns de amigos, outros de ‘'rolos'' mesmo, mas não aquele amor sabe, que todos falam.- olhou para a moça rapidamente já que estava dirigindo.

 

- Entendo, você gostaria de se apaixonar por alguém, se casar?

 

- Acharia interessante me apaixonar por alguém, mas casar, viver para sempre, até que a morte nos separe, acho que não. - Riu, Manu não acreditava muito em relacionamentos, no ‘'juntos até que a morte os separe'', era uma mulher que tinha se acostumado com sua liberdade, com sua vida como era, um rolo aqui, outro ali e no final voltar para sua casa sozinha, ter sua cama apenas para si.

 

Quando as duas chegaram ao local ficaram surpresas com seu interior, era antigo, mas bonito, Manuela sempre havia passado pela porta, porém nunca entrado.

 

- Nossa eu acho que nunca entrei num lugar com um teto tão bonito assim.- Havia vários desenhos no lugar e Layla olhava todos atentamente.

 

- Depois eu vou te levar no centro cultural, você vai amar. - olhava para a moça.

 

- É mais bonito que aqui?- Perguntou animada, parecia ser realmente a primeira vez a ver desenhos como aquele.

 

- Ai depende do ponto de vista de cada um, eu gosto de lá.

 

- Quero ir lá então, para ver do que você gosta. - Falou inocente, fazendo Manu sorrir.

 

Antes que pudessem continuar a conversar a diretora do local veio se apresentar e mostrar o lugar, que era coberto por musica ao fundo, musica instrumental.

 

- Uau...- Layla olhou para o piano e se encantou.- Eu nunca tinha visto um desse de perto.- Foi até o instrumento e não resistiu em passar a ponta dos dedos no mesmo.

 

- Nossa é sério?- Perguntou a diretora desacreditada e ao mesmo tempo surpresa com a reação daquela jovem.

 

- Onde eu vivi não tinha.

 

- Entendi, mas você gostaria de aprender tocar?

 

- Eu iria adorar tocar, adoro conhecer coisas novas, ultimamente ando descobrindo e vivendo coisas que eu nunca vi e nem vivi, estou adorando a possibilidade de fazer tudo.- Sorriu boba, havia falado alto seus pensamentos, o que não passou despercebido por Manoela, a qual se encantou com a simplicidade daquela menina mulher que parecia ter vivido momentos difíceis em sua vida.

 

- Nós iremos começar com uma turma semana que vem, a professora é excelente e ainda temos vagas, por que não começa aprender com a gente?

 

Layla sorriu, mas logo parou ao se lembrar que deveria ser caro o curso e ainda não estava trabalhando para poder pagar.

 

- Eu não posso, obrigada.- Abaixou a cabeça triste.

 

- Que dia começa o curso?- Manu perguntou rápida olhando para Layla, percebeu que a mesma havia ficado triste de repende e imaginou o porque.

 

- Segunda, os dias de aula serão na segundas, quartas e sextas.

 

- Por que você não faz uma aula experimental Layla, não sei se você sabe, mas  minha mãe toca e eu adorava ouvir ela tocar, seria bom você me ajudar a relembrar os velhos tempos e tocar para eu ouvir, o que acha?

 

- Mas eu ...

 

- Como é um pedido meu, eu mesma irei arcar com os custos. - disse não deixando a outra terminar de falar.

 

- Eu não posso aceitar Manu.- Disse sorrindo sem graça.

 

- Eu quem estou te pedindo, caso você não gostar das aulas, poderá parar assim que quiser, mas tente o que você acha?

 

Layla balançou a cabeça afirmando que sim e foi até Manu surpreendendo a mulher com um abraço apertado, a arquiteta como de costume apertou a mais nova em seus braços.

 

- Obrigada Manu, vou me dedicar ao máximo e irei tocar pra você. - Disse com a boca colada ao ouvido da Manu, que se arrepiou interia com aquele simples ato.

 

- Eu sei que vai meu anjo. - Não resistiu e beijou o rosto dela.

 

Depois disso as duas continuaram sendo guiadas pela outra mulher a conhecer o local. Até que foram ao escritório da escola para Manu conversar sobre o que poderia ser feito.

 

- Layla, me faz um favor?

 

- Sim claro.

 

- Você lembra da saída? Vá até lá, a Alex esta vindo nos encontrar, e eu não sei se ela chegou, a bateria do meu celular acabou. - Viu a moça já se levantando. - Se ela estiver lá diga que estou descendo, ela disse que viria nos encontrar pra gente tomar um café da tarde juntas.

 

- Lembro onde é sim, irei esperar ela lá.

 

- Obrigada. - sorriu ao ver a moça sair.

 

https://www.youtube.com/watch?v=QgaTQ5-XfMM um clichê básico kkk

 

Alexandra estava a caminho da escola de música que sua irmã e Layla estavam, seu coração estava aflito, se lembrou de Helena, do gosto da mulher pela música, onde ela estaria?

 

Pediu o taxi para parar um pouco antes do local, pois o trânsito estava caótico e resolveu ir andando. Andava apressada, pois ligava para a irmã e dava na caixa de mensagem. Foi quando estava olhando para o celular e esbarrou em alguém, mas a pessoa foi mais rápida e lhe segurou na cintura, impedindo que ela caísse, Alex apenas fechou os olhos com o impacto, e depois foi o abrindo devagar.

 

- Desculpa, eu ...- perdeu completamente a fala e o ar, não podia ser, milhares de pessoas para se esbarrar e ela tinha esbarrado justamente naquela.

 

As duas ficaram se olhando sem acreditar no que viam, a outra ainda a segurava pela cintura, o mundo a volta parecia não existir mais, os corações doíam com a força que batiam, os olhos se enchiam de lágrimas.

 

- Você... - respirou procurando palavras.

 

- Me desculpa eu...  eu ..estava indo ...- gaguejava. Não sabia o que dizer, olhava nos olhos daquela que um dia tanto amou, a chama parecia ter se apagado, mas com aquele encontro com certeza havia se acendido novamente, ou apenas lhe mostrado que sempre esteve ali, esperando o momento para lhe aquecer novamente.

 

- Tudo bem... tudo bem, você se machucou?- A ruiva perguntou preocupada.

 

- Não e você? - Alexandra tirou uma mecha do rosto da mulher e não resistiu em passar a mão no seu rosto, fazendo a outra fechar os olhos.

 

- Eu estou bem, você...

 

- Aisha estamos aqui! - Alexandra e Helena se viraram na direção de Layla que gritava do outro lado da rua sorridente.

 

Alexandra apenas acenou sorrindo descrente.

 

- Você a conhece?

 

- Sim ...

 

- É melhor você ir.- A soltou depressa.

 

Alexandra iria dizer algo, mas dizer o que, estavam no meio da rua. Queria aquele encontro, mas ao mesmo tempo tinha magoa, iriam falar sobre o que tinha acontecido a dois anos atrás ali na rua?!

 

Então a morena apenas afirmou com a cabeça e seguiu até Layla, dando uma ultima olhada para Helena.

 

Layla estava tão feliz com a possibilidade de aprender a tocar, por tudo o que Manu havia lhe ensinado que nem esperou Alex atravessar a rua direito para lhe dar um forte abraço, queria logo contar tudo para sua amiga. De longe Helena viu quando a bela jovem abraçou Alexandra com muito entusiasmo, logo lhe beijando o rosto o que tirou um sorriso da médica.

 

Não tinha mais nada para ver ali, virou as costas e foi embora.

 

Fim do capítulo