Cap. 46 – Duplo – A homenagem e o Pedido
Júlia
– Você está muito nervosa minha filha! – minha mãe ajeitava minha farda, tirando uma poeira imaginaria de meu ombro, olhei sorrindo para ela:
– Só estou um pouco ansiosa mamãe.
– Estou vendo, suas mãos estão geladas. – segurou firme, perguntei:
– Anny não vem?
– Não! – olhou preocupada para o relógio e concluiu: – Quando chegamos aqui, Júlio ligou dizendo que ela não estava se sentindo muito bem, mas disse que retornaria a ligação em breve para dar notícias.
– Não precisa se preocupar mamãe. – passei a mão em seu rosto beijando de leve sua testa dizendo carinhosa: – Ontem quando falei com ela parecia mesmo exausta, não me admira se já estiver entrando em trabalho de parto.
– Não vejo a hora de pegar meus netinhos no colo, estou muito ansiosa. – quase dava pulinhos, balancei a cabeça sorrindo, olhando em volta sorri aliviada, minha mãe seguiu meu olhar comentando apenas: – Só quero ver quando vocês duas irão me dar um netinho!
– Como é mamãe?
Meus olhos caíram sobre ela que me olhou divertida, sem responder minha pergunta, caminhou em direção aonde estava a dona Laura cumprimentando Layla no caminho, minha pequena se aproximou sorrindo e dizendo:
– Devo Prestar Continência Major? – elevou a mão direita olhando diretamente em meus olhos, assumi uma postura retribuindo, em seguida sorri abraçando-a dizendo:
– Oi amor, como você está?
– Estou bem, apesar de estar um pouco abalada com o acidente de mais cedo.
– Que bom que chegou, estava ficando preocupada com você já.
– Acha mesmo que perderia esse momento tão importante para você amor?
– Não só para mim, você é tão importante quanto eu, merecia ser homenageada também.
– Nada disso. – passou a mão em meu rosto e me deu um beijo sussurrando: – Hoje é seu dia, merece todo o carinho e atenção que está recebendo. – mordeu de leve meus lábios levando os seus para o meu ouvido sussurrando: – Além disso, você pode me compensar depois.
– Com toda certeza meu amor. – sorrimos cumprisses, ela passou a mão em meus cabelos dizendo:
– Porque cortou eles amor?
– Estavam enormes, e sabe como eu gosto deles rebeldes. – sorri marota: – Gostou?
– Eu adorei meu amor, está ainda mais linda. – sorri ganhando um abraço apertado e um beijo de leve nos lábios, depois seguimos para onde nossa família estava.
Quando recebi o convite dois meses depois do acidente, tentei alegar que não precisava, mas o meu superior não aceitou minhas desculpas, aliás, ele nem deixou que eu terminasse, e hoje estamos aqui. Mas estou animada apesar do nervosismo, ao final daquele dia seria uma pessoa realizada. Amigos, familiares e autoridades da cidade estavam presente, inclusive o Promotor e sua família, a qual fomos cumprimentar depois que Layla chegou.
Olhei em volta pensando no dia que havia recebido o convite, fiquei bem nervosa, mas algo me fortaleceu e resolvi colocar meu plano em ação. Porque desde o dia que havia saído do hospital, estava procurando um jeito de chegar até a família de Layla para finalmente pedir sua mão em casamento.
Mas, nossos dias estavam muito corrido, ela havia voltado a trabalhar na semana seguinte, e eu ainda fiquei mais um mês em casa para recuperação total. Não tinha comentado nada com ninguém ainda, além de meu fiel amigo, Faísca, que a quinze dias em casa preparando meu discurso, tive a ideia de fazer o pedido nessa homenagem. Como Layla seria apenas citada na cerimônia, achei a minha forma de homenagear a mulher que eu escolhi para casar comigo.
Quando comentei com o Faísca, ele latiu, provavelmente concordando comigo. Não estou ficando doida, se é isso que vocês devem estar pensando, acontece que depois de um tempo convivendo com nossos bichinhos de estimação, de certa forma começamos a entende-los, e desde então tenho treinado meu discurso para ele.
Enfim, a cerimônia começou e cá estou eu na frente junto com meu pelotão. Os hinos foram cantados, as autoridades maiores da cidade tiveram suas partes, e agora o Mestre de cerimonia está chamando o nosso Tenente-Coronel a frente. Ao agradecer tomou o lugar no púlpito e começou seu discurso em agradecimento por estar ali. Falou um pouco sobre nossa Corporação e por fim anunciou:
– Estou imensamente honrado e também emocionado de fazer parte desse dia tão especial, para uma pessoa muito especial para nós. – todos aplaudiram, e minhas mãos começaram a suar, continuou: – Tenho o prazer de chamar aqui na frente a Major Oliveira, para receber a medalha de Honra ao Mérito pelo ato de bravura realizado durante o resgate de mãe e filha. – o pessoal começou aplaudir e em meio aos aplausos ele continuou sorrindo: – Mediante o perigo, pensou apenas no bem estar das duas que corriam risco de vida.
Todos ficaram em pé e começaram a aplaudir e eu segui para o local indicado, quando cheguei prestei continência ao meu superior e ele entregou a medalha a mim, juntamente com um certificado o qual explicou na sequência: – Essa ação foi reconhecida pelo comando do Batalhão de nossa cidade, aceita por nossos superiores, como um ato de solidariedade humana e amor ao próximo, demonstrando orgulho a seus pares e superiores o que engrandece o nome da corporação junto a sociedade.
– Obrigada senhor! – ele me abraçou emocionado e disse em meu ouvido:
– Seu pai ficaria muito orgulhoso de você minha filha, pois eu estou imensamente emocionado por estar à frente dessa corporação e homenageando tal ação vinda de um de meus soldados.
– Obrigada senhor, é uma honra estar aqui hoje. – ele se afastou e conclui: – A corporação é minha segunda família, sou muito grata por fazer parte dela.
Fui cumprimentada e parabenizada por todos na bancada, ao final fui encaminhada até o púlpito para o meu discurso. Lembram que estava com as mãos suadas? Piorou, agora que estava com o corpo trêmulo. Olhei para minha família que estava logo a frente, minha mãe sorrindo e chorando nos braços do marido e Jonas que me deu um sinal positivo, Layla estava chorando também me mandou um beijo, inspirei fundo e comecei:
– Gostaria de cumprimentar meus superiores e agradecer pela honra de estar aqui hoje para receber essa medalha. – dei uma pausa e olhei para meus colegas de trabalho à frente e depois para minha família: – Gostaria de pedir desculpa pelo meu nervosismo, incrível como tudo sumiu de minha cabeça, juro para vocês que tinha o discurso decorado, Faísca é minha testemunha. – todos sorriram diante de meu nervosismo e descontração, com aquilo fiquei mais solta e continuei:
– Estou muito feliz e lisonjeada por estar sendo homenageada essa tarde, e se minha mãe permitir. – olhei emocionada para ela e disse: – Gostaria de dedicar essa medalha ao meu pai que infelizmente não está presente conosco, mas sua lembrança será eternizada pela bravura e honra a qual sempre serviu seu batalhão.
Levantei levemente a medalha e todos aplaudiram, os mais ousados como Diego e os meninos a frente assobiaram dizendo o nome de meu pai alto. Sorri, continuando:
– Sei que devo ser breve, mas gostaria de pedir alguns minutos para agradecer também, a Dra. Layla Albuquerque, que estava presente no dia do acidente e dizer que sem a ajuda dela talvez eu não estivesse aqui hoje. – assim como todos eu aplaudi, e ela se levantou visivelmente envergonhada, sorri dizendo: – Pode se juntar a nós Dra.?
Ela me olhou curiosa, sorri, veio em minha direção sem que o contato de nossos olhos fosse quebrado, estiquei minha mão e ela a pegou, meus braços contornaram seu corpo e o seu calor teve o poder de me fortalecer e seguir com meu discurso: – Sei que não é o momento para isso, mas diante de todos aqui presente, nada mais justo que homenagear a mulher que eu amo e escolhi para ficar ao meu lado por toda a eternidade.
Sorri quando ela olhou com aqueles olhos me questionando, do bolso da frente de minha farda eu tirei duas alianças, essas que mostrei a todos e depois coloquei na palma de minha mão, olhei alguns minutos para ela, mas logo desviei olhando para seus pais que estavam encabeçando a mesa de cerimonia e disse:
– Dona Laura e Tenente-Coronel, diante de minha família e amigos aqui presente gostaria humildemente de pedir a mão da filha de vocês, Dra. Layla, em casamento. – na sala o silêncio foi tomado, acho que apenas os meus batimentos cardíacos podiam ser ouvido naquele suspense.
LaylaA cerimonia estava linda, foi impossível segurar as lágrimas quando meu pai a chamou lá na frente fazendo a homenagem. Ela foi forte o tempo todo, inclusive na hora em que começou a discursar, até fez graça arrancando risos de todos. Dedicou a sua homenagem ao seu pai, esperava por algo assim vindo da Júlia. Sempre foi fiel ao amor que sentia por aquele que foi e sempre seria seu super herói.
Tudo estava correndo tranquilamente até ela fazer o pedido, arrancando as palavras de minha boca e admiração de todos presentes naquele salão. Agora eu entendi o porquê de tanto nervosismo, não me olhava, sabia que se o fizesse não iria conseguir continuar, conhecia a minha namorada, era emotiva ao extremo e estava se segurando ao máximo.
Depois que fez o pedido continuou olhando para meu pai, aliás, todos ali presentes estavam olhando ansiosos para ele que levantou indo em direção a ela. Estava segura em seus braços, sentia a pulsação de seu corpo e vi que seu nervosismo aumentou ainda mais com a aproximação dele, meu pai sorriu e a Juh pareceu ficar mais aliviada, ele se aproximou do microfone e disse:
– Essa garota é tão ousada quanto o pai dela. – todo riram, foi impossível não rir diante de tanta tensão, eu fiquei meio perdida diante do que ele falou, mas continuou: – Falando como pai agora, tenho certeza que não haveria no mundo, pessoa melhor do que você Júlia, para cuidar do meu maior e mais precioso tesouro. – pegou minha mão me levando para seus braços e disse: – A você eu entrego a mão de minha única filha. – uniu nossas mãos e sorriu concluindo: – Abençoando essa união, porque a tenho como filha também.
O salão explodiu em aplausos e assobios, o alívio no semblante dela agora era visível, depois que ele nos soltou finalmente ela me olhou, e ali sim, deixou a emoção falar mais alto e me abraçou beijando meu rosto sussurrando em meu ouvido:
– Achei que ele fosse dizer não.
– Acha que ele faria isso? – segurei seu rosto capturando uma das lágrimas que caia de seu rosto dizendo ainda emocionada: – Ele a ama meu amor. Aliás, quem não te ama? – me apertou nos braços e quando se acalmou esticou a mão para meu pai que apertou e disse:
– Obrigada senhor, farei jus por merecer e prometo cuidar, amar e respeitá-la todos os dias de minha vida. – ele sorriu, concordando com a cabeça, ela se voltou novamente para mim, colocando a aliança em meu dedo e eu no dela, segurou meu rosto sorrindo, mas em seus olhos a seriedade da mulher que eu tanto amava, se aproximou colando nossos lábios selando aquele momento com um beijo suave e um abraço apertado.
Comigo ainda em seus braços, ela finalizou seu discurso agradecendo, nos juntamos ao pessoal da mesa da mesa central, sendo cumprimentadas por todos. A cerimônia foi encerrada e todos aplaudiram, quando descemos do palco, minha mãe nos abraçou ainda emocionada, tecendo elogios para a Juh, que estava sem jeito ao meu lado, como eu amava aquela mulher.
Quando descemos do palco todos seus amigos em um abraço único nos rodearam nos dando parabéns, por fim minha sogra, quando nos aproximamos de onde ela estava esticou as mãos pegando as nossas dizendo:
– Vocês ainda vão me matar de tanta emoção.
– Acredite dona Helena, eu não sabia que ela ia fazer isso.
– Eu acredito Layla, é bem a cara de minha filha fazer algo assim sem contar para ninguém. – passou a mão no rosto da filha sorrindo e chorando disse emocionada: – O pai dela fez algo parecido comigo. – olhei admirada para a Juh que apenas disse:
– Tal pai, tal filha. – e deu o sorriso mais lindo do mundo fazendo meu coração acelerar de tanto amor, sorri dizendo:
– Agora eu entendo porque meu pai disse que você era ousada igual seu pai.
– Não sou tão ousada assim, meu pai usou um dos caminhões no meio da cidade para fazer o pedido oficial a minha mãe.
– Como? – olhei para minha sogra que sorriu dizendo:
– Aniversario da corporação, estávamos todos no centro da cidade, os caminhões novos tinham acabado de chegar, de repente lá estava ele em cima de um deles com um microfone nas mãos fazendo o pedido.
Balancei a cabeça, inacreditável como eu conseguia me surpreender a cada dia com aquela família. A cerimônia foi finalizada, todos aplaudiram e em seguida nossa família se reuniu no buffet que foi servido, rimos muito com dona Helena narrando o que aconteceu depois que a cerimonia acabou.
Estava na porta da varanda olhando o céu, a chuva tinha dado uma trégua aquela noite, senti braços envolverem minha cintura e um beijo suave em meu pescoço me fazendo arrepiar, sorri quando ela disse ao meu ouvido:
– Você está bem?
– Estou ótima meu amor. – encostou no batente da porta me puxando para seus braços beijando de leve meus lábios, por fim me abraçou e sussurrei:
– Ninguém estava sabendo o que você faria essa noite?
– Só o Faísca, coitado, ficou me ouvindo discursar quase uma semana. – gargalhei olhando para ela que sorria também, por fim eu disse:
– Você é maluquinha sabia?
– Estou começando acreditar nisso. – sorriu, pegou minha mão e levou até seus lábios sussurrando: – Ainda quer casar comigo depois dessa declaração?
– Não tenho dúvidas meu amor, maluquinha ou não, agora é tarde, sou completamente apaixonada por você.
Me prendeu em seus braços e rodou comigo, quando paramos tirou os cabelos que caiam sobre meu rosto e me beijou. Naquele beijo eu senti a promessa de um amor eterno, retribuí sentindo seus braços em volta de meu corpo, naquele momento não tinha pessoa no mundo, mas feliz que eu, por estar nos braços da mulher que eu amava.
Fim do capítulo
Boa tarde meninas, tudo bem? Espero que tenham curtido o pedido da Juh... Fofo néh *–*... rs
Pedindo licença para dar dois recadinhos rápido...
Primeiro: Comecei a me aventurar na plataforma do Wattpad... hehe... Repostando histórias que tirei do Lettera alguns meses atrás... Sei que o fiz sem avisar, peço desculpas por isso, mas estou remediando essa gafe... Já tem duas histórias no ar, uma inclusive, Sabor da Carne, está aqui no site, mas lá eu postei com POV da Nanda... A pedido de algumas leitoras... Quem quiser e puder me acompanhar lá, agradeço... Segue o link da minha página...
https://www.wattpad.com/user/AutoraBiaRamos
Segundo recado: Faço parte de um grupo no WhatsApp chamado “Conexão Literária”, as meninas o criaram recentemente, mas tem várias autoras e leitoras lá para uma interação bem gostosa... As meninas divulgam suas histórias, tocamos músicas, algumas cantam sem acompanhamento, enfim... Um grupo bem ligado a tudo... Assuntos diversos... Então, quem quiser fazer parte, deixa seu número nos comentários ou me mandem um e-mail – nanny_assis@hotmail.com – que passo para uma das Adms...
Obrigada a todas pelo carinho.... Bjs, se cuidem... Nos vemos na próxima....
Bia
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HelOliveira
Em: 25/06/2019
Cada capítulo mais fofo que o outro, bem é segredo que sou apaixonada por esse casal. Juh foi d++++ no pedido de casamento.
Sou sua fã
Resposta do autor:
Oiie Hel, tudo bom?
Obrigada pelo carinho imenso... *-* Esse casal é minha inspiração... muito feliz em saber que é o seu tbm...
Bjs, se cuida
Bia
MayOlivier
Em: 24/06/2019
Eu quero rs, 62 984848011.
Beijos autora, ainda nem cheguei nesse capitulo, mas to quase.
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Renata Cassia
Em: 24/06/2019
Eu quero 992122340
Resposta do autor:
Oi Renata, tudo bem?
Qual o DDD do seu número? :)
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