Santa Diaba! por Thaa
Capítulo 2
SANTA DIABA — CAPÍTULO 2
A manhã viera límpida e trazendo um sol incessantemente brilhante. O vento fresco daquela gloriosa manhã já invadia os corredores do hospital nos quais médicos, enfermeiros e os mais diversificados pacientes já passavam para lá e para cá. Todos pareciam muito apressados em seus afazeres.
Do lado de fora do hospital o suave som do vento balançando as folhas das árvores frondosas podia ser levemente ouvido.
Flávia abriu os olhos devagarinho e se deparou com um par de olhos grandes e castanhos esverdeados olhando para si de maneira indecifrável. Era o médico da noite anterior. Notou que ele segurava um jaleco branco em mãos e uma maleta de cor bege com as chaves de um carro, na outra mão. Provavelmente iria embora.
Flávia o viu abrir um sorriso bonito. Os dentes eram muito brancos e bem alinhados. Ela tentou se mover e, naquela tentativa, sentiu uma forte dor no lado esquerdo do pescoço. Esticou a mão e massageou onde sentia dolorido.
O médico ficou a observar a linda mulher de olhos esverdeados praticamente abandonada naquele banco frio do hospital e com cara de um cansaço extremo. Ela aparentava estar acabada de cansaço. Havia-a aconselhado a ir para casa, na noite de ontem, mas ela era teimosa e insistira em ficar porque o resultado do exame da sobrinha sairia bem cedo, no dia seguinte. Ele olhou rapidamente para uma das mãos dela notando que estava com uma faixa fina.
— Aceita um café, dona Flávia Cristina? Eu pago, uma vez que sou eu quem está lhe convidando. — Ele se adiantou em dizer, bem-humorado. — A propósito, meu nome é Erick. — Disse estendendo uma das mãos grandes e bem cuidadas, para Flávia.
— Eu...na verdade o senhor sabe por que estou aqui... Não posso sair agora...— falou olhando no rosto bonito dele. Era um homem educado e tinha um ótimo senso de humor. A barba bem feita, os lábios carnudos, os cabelos castanhos e bagunçados, e a pele bronzeada complementavam o conjunto harmonioso de seu rosto bonito.
— Conversei com a médica que fará os exames de sua sobrinha e posso lhe garantir que somente sairá o resultado perto das 09:00 h. — O homem charmoso sorriu novamente, para ela. — A propósito, eu sou um homem insistente. — Ele riu outra vez e Flávia segurou na mão dele.
Erick constatou que a mão frágil e pequena, se comparada à sua, estava bem mais quente que na noite anterior.
Ela tinha mãos bonitas.
— Está bem...— disse dando-se por vencida e já se colocando de pé. — Dê-me um tempo... preciso ir ao banheiro...afinal...eu dormi aqui... estou toda mal amanhada.
— A senhora está linda...assim... natural...
Ela sorriu e seguiu para o banheiro e depois de algum tempo retornou com uma aparência bem melhor.
O médico ainda a esperava.
— E a mão, como está? Melhor? — Indagou franzindo o cenho e olhando para a mão dela.
— Sim, fui à enfermaria logo depois que o senhor saiu.
— Compreendo, mas o que houve com a sua mão? O machucado pareceu-me bem recente.
Flávia recordou-se brevemente da noite de ontem e da mulher mal humorada e de olhos tristes.
— Eu...quase fui atropelada...nas pressas tentei atravessar a faixa de pedestres com o sinal ainda verde...
O médico fez uma cara de surpresa. A mulher parecia amar muito aquela garota que estava no quarto esperando por um transplante de pulmão. Ela quase se jogara na frente do carro para chegar a tempo para a visita.
As vezes se perguntava até aonde as pessoas podiam chegar para conseguir algo em suas vidas... até aonde elas seriam capazes de ir?
— Deve ter mais cuidado ao atravessar essas faixas... nunca se sabe que tipo de louco vamos encontrar atrás de uma direção. — Disse olhando nos lindos olhos esverdeados dela... depois nos lábios rosados e bem esculpidos que se destacavam na pele clara.
Flávia o encarou.
O médico notou algumas sardas que ela tinha por cima do nariz. O que eram um verdadeiro charme.
Notou também as oleiras ao redor dos olhos bonitos. Certamente das noites que passava em claro. A mulher parecia não dormir há mais de um século de vida.
— Eu diria que de louca aquela mulher não tem é nada...ela me pareceu muito arrogante...aliás...extremamente insuportável e arrogante...— disse sorrindo ao se recordar mais uma vez da cara de brava da mulher. A imagem dela já quase se desfazia de sua memória. — E, sinceramente, eu espero nunca mais ter o desprazer de encontrar com ela de novo...
O médico assentiu enquanto sorria para a mulher cujos olhos eram os mais lindos que já vira. Aliás, a mulher ao seu lado era muito bonita.
— E então? Vamos tomar o nosso café?
— Podemos...
Ela disse dando um sorrisinho relutante.
— Vejo que está mais seca também, dona Flávia Cristina...— falou olhando para as roupas dela, uma calça preta de um jeans surrado, boca de sino, e uma blusa branca, de mangas, que tinha grafada no busto as letras em caixa alta: FAITH!
Os dois sorriam enquanto caminhavam lado a lado na direção do café.
Victória Sandovall ultrapassou as portas de vidro negro cujo interior era o hall da renomada sede da empresa da aristocrática família Sandovall.
Os Sandovall eram uma família de raízes importantíssimas, não apenas por transitarem pela seara geopolítica mas também pela grande influência que tinham sobre grandes empresários.
Victória era uma mulher muito importante, porém muito egocêntrica.
O batom vermelho berrante se destacava na pele muito clara do rosto rígido e irrefutável da soberba matriarca da família Sandovall.
Todos que a conheciam temiam à sua fúria e intransigência.
A morte do filho mais novo, há quase um ano, somente contribuíra para piorar a sua falta de empatia pelas pessoas.
A matriarca da família Sandovall era uma mulher dominadora. Gostava de comandar todos ao redor dela, inclusive os filhos e o marido.
Victória nunca aceitara o casamento do filho primogênito com aquela zinha a quem ela denominava de “miserável”, “pobretona”.
Tinha na cabeça de que Flávia Cristina Durán somente se casara com Isaac por causa da fortuna, por causa do que ele tinha a oferecer a ela.
Aquela pobre, miserável!
Era assim que chamava a mulher por quem um dia seu filho fora apaixonado.
Victória a odiava de todo o coração.
Jamais fora conivente com o casamento de seu filho com aquela mulherzinha detestável mesmo que o seu marido e o pai dela houvessem feito de tudo para que eles se casassem.
Odiava-a!
E, pouco a pouco, iria cumprir com sua promessa de fazê-la sofrer tanto quanto estava sofrendo pela morte de seu amado filho.
Queria ver aquela infeliz na ruína!
Chorando lágrimas de sangue!
Não fosse por causa daquela infeliz, seu filho não teria viajado naquele dia!
Viajara apenas para morrer!
Iaan era um homem bom e não entendia por que ele protegia tanto aquela desgraçada!
Do pórtico monumental de um interior luxuoso, Shayera observava no mais pleno silêncio, o lindo jardim da majestosa propriedade onde vivera até seus treze anos de idade com o seu pai.
Lembrava-se da garotinha feliz que fora... lembrava-se de seu pai sorrindo e abrindo os braços para lhe receber em seu abraço carinhoso.
Lembrava-se de quando corria descalço e com um sorriso feliz no rosto, pelos corredores daquela casa.
Ela sacudiu a cabeça com força!
Agora havia retornado depois de tantos anos longe daquele lugar.
Vislumbrava com atenção cada detalhe daquela casa que parecia abrigar a alma de seu pai e a essência dele.
Ele havia projetado cada minudência daquela propriedade.
Suas particularidades tinham uma sabedoria sempiterna.
O sultão sempre adorara vasos brancos com detalhes dourados, como aqueles vasos de plantas e o mobiliário de madeira de estilo provençal que realça a elegância e o estilo clássico daquele ambiente.
O pórtico era um grande salão branco, cheio de pilares arredondados, cortinas finas e brancas. Tapetes persas e almofadas douradas se espelhavam pelo chão de mármore branco e brilhante.
Shayera lançou um olhar para a fachada da bela residência que repousava imponente sobre a montanha.
O barulho do mar era ouvido constantemente.
O pórtico monumental chamava a atenção pelas suas duas colunas circulares, um frontão com ornamentos e duas estátuas de leões.
Lançou um olhar monótono pelo jardim exuberante cujo destaque era a piscina revestida de pastilhas azuis que fora redecorada com chafarizes.
Aquela propriedade fora tudo que restara, ela pensava enquanto passava uma das mãos pelas cicatrizes... sentindo a fina textura delas.
Seu pai sempre fora um homem garboso e apaixonado pelo luxo, mas si, particularmente, olhava para aquilo tudo com certo desprezo.
O dinheiro era a desgraça dos homens gananciosos!
Talvez fora por aquela mesma ganância que seu pai perdera a vida!
Recordava-se do dia em que esteve de joelhos com a cabeça de seu pai em seu colo.
Morto!
O sangue lhe escorrendo covardemente de cada célula do seu corpo sem vida.
Frio!
Um nó se formou em sua garganta!
Dores... solidão... descrenças... drogas para dormir...pesadelos!
Fora assim que vivera... durante muitos anos confinada no seu próprio inferno particular. E quando achou que estava bem, veio a dor da morte de Enrico.
A herdeira do Sultão engoliu em seco.
Sua calma era substancial...cada passo era premeditado.
Sentiu o corpo ficar quente e o peito doer por dentro. De repente sentia um vácuo em seu interior...um vácuo tão grande e doloroso que por vezes pensava não aguentar. Todos os dias se perguntava por que não morrera com Enrico naquele maldito acidente. Sabia o quanto era difícil sobreviver a cada dia como um ser sem rumo...um ser imprestável que deixara de viver e passara apenas a sobreviver.
Tinha dias que era difícil levantar da cama e encarar o mundo... encarar o seu próprio reflexo no espelho.
Ainda não eram nem 5:00 h da manhã, mas sempre se levantava cedo.
Gostava de meditar com Dalila ao seu lado.
Dalila era uma bela leoa domesticada.
Shayera a criara desde que o animal selvagem não passava de um simples bebê.
A leoa fora rejeitada por sua mãe, devido a um problema que a deixou manca de uma das patas traseiras.
Shayera então fizera toda a legalização para adquirir a autorização com a justiça da Turquia para que pudesse criar o animal selvagem em casa.
Havia domesticado a linda leoa com maestria.
Ela sentou sobre um belo tapete persa de cor dourada.
A leoa estava deitada ao seu lado. Seus pelos amarelados eram lindos, macios e brilhantes.
A felina era uma serva bem cuidada por sua dona.
Shayera juntou as mãos, fechou os olhos e começou a meditar.
Cruz parou diante da porta do quarto de Amina ao ouvir a garotinha chorando muito.
Não sabia por que, mas pressentia que aquela enfermeira não era uma boa pessoa para cuidar da menininha.
O estabelecimento estava praticamente vazio àquela hora da manhã.
Apenas alguns enfermeiros, três funcionários, Flávia e Erick ocupavam o aconchegante lugar que tinha uma atmosfera ambientada em tons amadeirados e luzes opacas.
Flávia sentou à mesa, numa cadeira que ficava de frente para a do médico. Observou quando ele pegou o cardápio nas mãos e ficou a olhar para ver o que escolheria. Instantes depois o viu erguer os olhos do cardápio para si. Ele tinha olhos castanhos e misteriosos. Era um homem, sem sombra de dúvidas, muito bonito.
— Eu vou querer um capuccino duplo e um kebab. E a senhora, dona Flávia. — Perguntou Erick, gentilmente.
Flávia ergueu os lindos olhos esverdeados para ele.
— Vou querer um macchiato e um simit.
O garçom já anotava os pedidos em um bloquinho de papel que tinha em mãos.
— Só isso mesmo, senhora e senhor?
— Sim, só isso mesmo...— Flávia se adiantou em dizer.
O garçom assentiu e se afastou após dar um sorriso para eles.
Depois de três anos desde que deixara o convento para cuidar de sua menina e, morando ali naquela linda propriedade, Maria da Cruz, nunca deixava de admirar cada detalhe daquela magnitude secular.
O estilo arquitetônico se integrava harmoniosamente na paisagem verdejante que circundava a majestosa casa.
Branca, clássica e pacífica.
O hall de entrada era caracterizado pela exuberância da combinação de materiais nobres e objetos luxuosos, com destaque para o piso de mármore branco e lustres de cristais.
A mansão fora arquitetada com inúmeros corredores e escadarias.
O chão tinha muitos tapetes persas, na tonalidade dourada.
Não havia muitos empregados ali, apenas uma diarista que vinha duas vezes por semana e o motorista que mal entrava na propriedade, e a enfermeira que cuidava de Amina.
Shayera era uma mulher que gostava de silêncio absoluto.
Detestava ser importunada.
Maria da Cruz, ou mesmo Cruz, como Shayera a chamava, seguiu até o pórtico monumental onde Shayera estava.
Todas as manhãs a turca ia ali para meditar.
Ultrapassou as portas duplas e se aproximou da empresária. Observando-lhe com atenção, os longos cabelos lisos e negros, e os trajes culturais que ornamentavam um corpo franzino e escultural.
— Outra vez pensando no passado, menina?
Cruz falou amavelmente e a abraçou por trás, inalando o cheiro bom das madeixas negras e sedosas.
Shayera massageou uma das mãos da bondosa senhora, que repousava em seus ombros.
Voltou-se para ela e a abraçou forte, acolhendo a cabeça no ombro dela.
— O passado sempre viverá em mim, Cruz. Meu pai permanece e sempre estará lá. Enrico também...
Suspirou.
— Oh, filha, esqueça isso. — Cruz a abraçou forte. — Deseja que eu lave os seus cabelos agora?
— Eu preciso antes fazer uma ligação para a França. Depois seguirei à suíte para que laves os meus cabelos, querida Cruz. Eu preciso dar um corte também.
Shayera segurou-lhe as mãos e as beijou delicadamente e se afastou.
Fora para o escritório.
Sentou em sua poltrona impotente e pegou o telefone preto, sem fio.
Discou o número de um estilista francês com quem estava fazendo pareceria para a nova coleção de sapatos e bolsas da PARISI.
Assim que a mulher se afastou, Cruz olhou para o céu e fez uma prece silenciosa para que sua menina pudesse encontrar a paz para aquela guerra interna que vivia a atormenta-la há anos.
Muitos que não a conheciam, viam nela um ser frio e diabólico.
Mas sabia bem que sua menina, era uma mulher maravilhosa.
Era forte, destemida, mesmo depois de toda dor por que passara, quando era somente uma criança.
Ainda em tão tenra idade.
Pensava a ex-freira relembrando da garotinha assustada que chegara no convento há muitos anos.
O médico olhava fixamente nos olhos de Flávia.
— E então, dona Flávia Cristina...
— Ah, apenas Flávia Cristina, sem o dona, por favor — disse com um sorriso e sorvendo mais um gole do delicioso macchiato.
O médico riu também.
— Flávia, a senhora é da família Sandovall, certo?
— Na verdade, eu era casada com Isaac Sandovall — ela disse notando certa estranheza nos olhos do médico. Viu-o obstruir os olhos e por um momento pensou que ele estivesse com raiva mas logo ele ria novamente, bem-humorado. — mas nos separamos há pouco mais de seis meses...— falou ela, sem querer entrar no mérito dos detalhes sórdidos que haviam ocasionado o término do enlace matrimonial.
— Humm... compreendi...Isaac Sandovall, já ouvi falar muito sobre ele, aliás, sobre toda a família Sandovall. — Flávia juntou o sobrolho. — Ah, não se preocupe, ouvi apenas coisas boas a respeito dos Sandovall. — Sorriu e sorveu um longo gole de café. — O tratamento de sua sobrinha certamente não será tão salgado para os Sandovall, já que eles são donos de uma grande fortuna, Flávia.
Flávia suspirou e fixou os olhos no café.
Quem dera fosse assim tão fácil como aquele homem estava pensando.
— Talvez não... não para eles...— disse, completamente, desanimada.
Realmente, para os Sandovall aquele dinheiro não seria o problema, já para si.
Beth, Sila e Stella a moça que trabalhava no café, já se preparavam para mais um dia de trabalho.
Sila e Stella iam espanando todo o local enquanto Beth ia atrás delas varrendo.
— A tia Flavinha ainda não voltou do hospital, mãe?
— Ainda não, Sila. E nem ligou, mas em todo caso, creio que ela deve de estar chegando. Sabemos como Flavinha é preocupada com tudo ao redor dela.
— Eu estou torcendo para que a Sarinha não precise esperar por muito tempo na fila do transplante...
Beth apenas assentiu, sabia que as coisas não eram tão fáceis como Sila gostaria fossem, e si também.
— Stella e Sila, eu vou organizando a cozinha, vocês acabam aí?
— Sim, dona Beth.
Stella respondeu com um sorriso animado, adorava a patroa que era uma mulher sensacional.
Beth gostava muito daquela mocinha ruiva ela era sempre tão correta e responsável, pensou piscando um olho para Stella que sempre a olhava com tamanha admiração.
Shayera sentia a água perfumada da banheira branca relaxar os músculos do seu corpo.
As mãos macias de Cruz passeavam pelos seus fios negros com delicadeza.
— Filha, a madre Piedad pediu para lhe falar sobre o evento para as crianças do orfanato, que ocorrerá no sábado, no período vespertino.
Explicou a simpática senhora de cabelos grisalhos presos em um coque apertado no alto da cabeça.
— Estarei lá e avise a ela, Cruz, que as doações feitas pela Parisi serão enviadas ainda antes da sexta-feira.
— Certamente, menina.
Cruz sorriu e continuou a lavar os cabelos negros da linda mulher.
Agnes olhava os projetos da nova coleção de sapatos da Parisi, quando Zeck entrou na sala e bateu a porta.
A mulher que já beiravam aos 33 anos de idade o encarou seriamente.
— Quantas vezes eu já disse para ti para não bateres essa porta, Zeck?!
— Bom dia, Agnes, para você também. — Ele a cumprimentou já sentando e colocando algumas pastas sobre a mesa da executiva. — E os projetos da nova coleção, já chegaram? Porque senão, a Deusa chega daqui e pouco e será capaz de despejar toda sua fúria em nós, pobres mortais.
Ele riu.
Zeck era um rapaz de apenas 29 anos idade, mas muito prestativo. Gente boa e bem-humorado, além de muito bonito com aquele belo par de olhos escuros e pele bronzeada.
— Sim, chegaram e eu estou olhando já. Shayera é exigente ao extremo. — Falou profissionalmente.
— Uma leoa! É verdade que ela está planejando uma campanha para que todas as grifes de sapatos e bolsas existentes no mundo adiram à causa em não usar mais peles de animais para fabricar roupas de luxo da grife?
— Sim. Shayera é apaixonada por animais selvagens. Sempre o foi. Tu sabes disso.
— Não é a toa que ela tem uma leoa como bicho de estimação.
Agnes concordou voltando ao que fazia.
— Nem me fale, eu tenho um medo daquele bicho selvagem que me pelo toda. Ela vai à rede nacional em favor da campanha “Respeito Aos Animais”. Pediu ajuda até ao poderoso Sheik Said Rachid. Se nem que ela nem precisa fazer o esforço. O Sheik sempre foi apaixonado pela bela herdeira do sultão. É difícil não se apaixonar por ela... é uma linda mulher...
Agnes pensou na amiga de quem sempre esteve ao lado durante todos os momentos bons e ruins.
Shayera entrou no luxuoso hall do grande edifício estruturado em concreto e vidros negros e púrpura, de mais ou menos 30 andares, situado do glorioso centro de Istambul.
Não era um edifício muito diferente dos inúmeros requintados que haviam ali naquela grande cidade.
No topo, haviam letras douradas em caixa em alta: PARISI S/A.
Em apenas sete anos, a Parisi havia se tornado uma das marcas de sapatos e bolsas mais conhecidas e vendidas no mundo da moda, mas isso somente aconteceu ao ser incorporada a uma antiga empresa de modas, denominada de Milanno esta que, datava dos anos 1980 e seus antigos donos eram italianos, porém haviam falido.
Shayera fizera acontecer...ela não esperara acontecer...ela fazia acontecer.
O hall era um mar de cinza metálico, roxo e preto.
O scarpin preto, de camurça, e que tinha solado púrpura como todos da coleção PARISI, feito em uma linhagem exclusiva pela sua própria indústria, tamborilavam no chão de mármore brilhante que exibia seu próprio reflexo.
Shayera seguiu diretamente para as portas metálicas do elevador.
Havia recebido um convite para participar de uma reunião dois grandes designers franceses que premeditavam uma parceria promissora com a Parisi.
O elevador parou no vigésimo nono andar.
Era ali que ficava o seu escritório com uma vista exuberante para toda a cidade de Istambul.
As portas metálicas se abriram e Shayera saiu de dentro.
Passos firmes, ela seguiu por um longo corredor até sua sala.
O médico olhou nos olhos de Flávia, então disse:
— Deveria sorrir mais vezes, Flávia.
— Na verdade, doutor, eu diria que não tenho tido muitos motivos para sorrir ultimamente.
Flávia se levantou da cadeira onde há pouco estivera tomando café em companhia do simpático e bem-educado médico.
— Como cavalheiro, eu pago a conta, Flávia — disse olhando-a fixamente nos lindos olhos esverdeados.
— Não, doutor...
— Apenas Erick, Flávia. — Ele riu e fez um sinal para que o garçom viesse receber.
— Tudo bem, já que insiste...— disse dando-se por vencida.
O médico se levantou e caminhou para o lado dela. Era muito mais alto que Flávia que por sua vez não era alta.
— Foi um enorme prazer tomar café em companhia de uma mulher tão bonita...
Flávia ficou muito vermelha e sem jeito.
Toda vez que recebia um elogio ela se contraía já que tinha a autoestima muito baixa.
— Muito obrigada, Erick...
Agradeceu olhando nos olhos cor de âmbar dele.
— Nos vemos novamente?
Ela ponderou um pouco antes de responder.
— Eu tenho uma cafeteria, chama-se La Rosé Coffë. Fica situada na Rua Istiklal. Conhece? — Ela fez a pergunta franzindo as sobrancelhas bem-feitas.
O médico assentiu sorrindo para ela.
— É impossível qualquer nativo aqui de Istambul não conhecer a famosa Rua Istiklal ou, pelo menos, ouvir falar nela, não é mesmo?
— Sim, é verdade. É um lugar bastante atrativo para quem é daqui e também para aqueles que visitam a cidade.
Flávia concordou.
Aquela era uma das ruas mais populares da cidade de Istambul, situada no bairro Beyoglu.
A rua possuía mais ou menos uns três quilômetros sendo destinada apenas a pedestres e ao charmoso bondinho antigo. Era uma rua muito visitada e badalada, composta por inúmeras lojinhas de roupas, sapatos, lembranças da Turquia e tinha até um anfiteatro e um pequeno museu arqueológico, o que acabava por atrair a atenção de muitos turistas devido às inúmeras opções de entretenimento que oferecia.
— Bom, eu preciso ir agora, Erick...
Ela não olhou novamente nos olhos dele.
— Tudo bem, Flávia. — Ele segurou mas duas mãos dela e massageou. — Vai dar tudo certo para a Sarah. E aguarde que chegarei qualquer dia desses no seu Café.
— Muito obrigada...
Ela disse já se afastando de maneira apressada.
Seguiu para o banheiro. Precisava ajeitar ao menos os cabelos antes de ir falar com a médica que daria o resultado dos exames de sua sobrinha.
Entrou no banheiro vazio e se olhou no espelho.
Estava pálida, cansada... resumindo: estava um trapo total.
Inclinou-se sobre a pia e lavou o rosto na tentativa de desfaçar o seu descaso.
Secou-o com uma toalhinha que sempre carregava na bolsa e logo em seguida tratou de dar um jeito nos cabelos dourados. Precisava dar um corte neles. Quem sabe deixar na altura dos ombros. Estava achando-os muito longos.
Prendeu-os um rabo-de-cavalo ondulado que chegava ao meio de suas costas.
Apressou-se em ir para a sala de espera onde receberia os resultados dos exames de Sarah. Já estava nervosa antes mesmo de recebê-los. Sua preocupação era tanta que chegava a ter dores na retina.
Entrou na sala onde havia algumas pessoas e esperou até que fosse chamada ao quarto de Sarah, onde estava a médica, uma mulher extremamente séria e profissional.
Flávia fora chamada até o quarto e entrou devagar fechando a porta atrás de si.
— Bom dia, doutora. Eu sou a responsável pela Sarah — se apresentou estendendo uma das mãos para a profissional de saúde que já beirava aos seus cinquenta e tantos anos de idade.
A médica assentiu e em poucos instantes repassou para Flávia o resultado dos exames da garota.
Os temores de Flávia apenas haviam se concretizado naquele momento.
O pulmão precisava ser pequeno, de até 20 cm de comprimento e para a complicar ainda mais o teor da situação, Sarah estava entre uma porcentagem pequena de pessoas que tinham o tipo de sangue B+, o que acabava por reduzir as probabilidades de se encontrar um doador que fosse compatível com o tipo de sangue da garota.
O diagnóstico da doença de Sarah veio a ser descoberto quando a jovem tinha ainda 4 anos de idade, quando estava no jardim da casa correndo e de repente tivera um desmaio que a levara ao hospital, no entanto, os problemas mais sérios surgiram anos depois, quando ela completara 13 anos de idade. Sarah sempre fora uma garota ativa, sempre gostara de brincar, correr, fazer esportes, era uma garota normal, até o dia em que fora levada ao hospital e ficara internada por quase 30 dias. Depois daquele dia sua vida nunca mais fora a mesma.
Flávia sentiu o coração se comprimir no peito.
Os olhos marejaram de novo.
Ouviu a médica dizer que o horário de visitas havia acabado mas que a sua sobrinha receberia alta em alguns dias já que deveria, misericordiosamente, esperar pelo um doador.
Flávia beijou a sobrinha e se despediu dela com alguns beijos e abraços fortes.
Ela saiu daquele hospital tremendamente arrasada já com o resultado dos exames da menina nas mãos trêmulas.
Entrou em seu carro e dirigiu diretamente para o Centro de Atendimento de Exames – CAE.
E se Flávia imaginou que aquele dia não podia piorar, ele havia piorado gradativamente quando ela deixou o CAE com a sensação de estar sem ar ao saber que sua sobrinha era apenas mais uma das 132.509 mil pessoas que aguardavam por um transplante de órgão na Turquia.
Sarah era apenas mais uma na fila!
Ela não aguentou a forte emoção causada pela tristeza e nem percebeu, mas já estava chorando compulsivamente.
O desespero a fez pegar o trajeto diretamente para a empresa da família de seu ex-marido.
Estacionou o carro a poucos metros do luxuoso edifício no qual já havia trabalhado durante mais de quatro anos e seguiu até ali, pelo canteiro das calçadas.
Identificou-se na recepção como sendo a ex-esposa de Isaac Sandovall e fora encaminhada para a sala dos presidentes da empresa, Murat e Victória Sandovall, os pais de seu ex-marido.
Quando as portas do elevador se abriram, Flávia seguiu diretamente para a sala do seu ex sogro.
Isaac raramente estava na empresa. Ele viajava constantemente para o exterior a fim de fortalecer os negócios da família criando vínculos com outros empresários.
Encontrou o senhor Murat sozinho na sala.
O homem já beirava aos 60 anos de idade. Tinha cabelos negros e olhos da mesma cor. Sua pele quase amarela o fazia parecer um verdadeiro estranho. Flávia não sabia o porquê, mas pressentia que era o único que poderia ajudá-la ali daquela família.
Sua sogra era uma mulher imprevisível e detestável.
Culpava-lhe pela morte de Iaan.
Ao ver Flávia entrar na sala sem nem bater à porta, o senhor Murat se pôs de pé.
— O que faz aqui, Flávia? — Perguntou sem qualquer grosseria.
Flávia andou até a mesa dele com a cara e a coragem.
Precisava fazer aquilo.
Nem que precisasse se ajoelhar, se humilhar aos pés daquele homem, era por sua sobrinha, pensava engolindo o orgulho que tinha.
— Eu preciso muito falar com o senhor — a voz dela saiu num timbre quase que desesperado. — Por favor, senhor Sandovall... prometo que serei breve...pois sei que é um homem bastante ocupado...
Ele ficou olhando para ela durante algum tempo, notando os olhos vermelhos, o cansaço tão puramente visível naquele rosto, bem como a preocupação em seus olhos cansados.
— Muito bem, sente-se — pediu depois de alguns segundos e indicou uma cadeira que estava diante de sua mesa, para ela.
Em poucos instantes Flávia descreveu a trágica situação de sua sobrinha para o homem e ao final de tudo, pediu a ele que lhe emprestasse aquele dinheiro e, por um momento, apenas por um momento, pôde ver alguma piedade naqueles olhos, mas esse seu pensamento se desfez quando ela o viu se erguer da cadeira e olhar seriamente em seus olhos.
— Você sabe que estamos falando de uma quantidade gigantesca, Flávia, sendo assim, não poderei jamais tomar uma decisão dessas sem o aval de minha esposa Victória...
— Duvido muito, senhor...— disse se arrependendo amargamente ao ter sobre si o olhar pesado do homem. — Tudo que Victória sempre quis foi a minha ruína...
Victória entrou na sala do marido.
Foi exatamente naquele momento em que a mulher lhe olhou com um olhar mortal que Flávia soube que não teria chances.
— O que esta maldita pobretona está fazendo dentro de minha empresa, Murat?! — Exclamou furiosamente e apontando o dedo com puro desdém para Flávia.
Victória a olhou de cima a baixo.
Exibiu um sorriso cruel.
— Olhe para você, eu tenho pena de você... é uma mulher simples, completamente sem graça, não sabe se vestir, muito menos se portar como uma dama da alta sociedade... olhe para você! — Humilhou de maneira esnobe. — Não tem onde cair morta! Não entendo como o meu filho pôde um dia se casar contigo!
Flávia imediatamente se colocou de pé e encarou a matriarca sem dizer uma única palavra, aliás, não tinha nada que ter ido ali. Sabia que seria um caso perdido. Era mais fácil Victória ajudar o diabo do que à sua pessoa.
Flávia pensou muito frustrada.
Ia falar mais alguma coisa, mas foi impedida.
O senhor Murat olhou para Flávia e pediu para que ela esperasse lá fora enquanto dialogava com a esposa.
Flávia apenas concordou com a cabeça e ficou esperando aos pés da porta depois de ouvir Victória fech-a-la com força desnecessária como se sua pessoa fosse um vira-lata de rua.
Dentro da sala, o senhor Murat contou toda a história trágica da sobrinha de Flávia para Victória, mas a matriarca da família parecia uma pedra de gelo, pois o caso da garota não havia sequer lhe comovido minimamente.
— Não daremos um tostão aquela cadela miserável! Ela e todos daquela família de pobres miseráveis! — Vociferou a matriarca impiedosamente. — Ela deveria ter vergonha de pisar os pés dentro desta empresa!
Flávia nem mesmo esperou ouvir o restante da conversa, saiu dali chorando tanto que fora incapaz de esconder sua dor para as pessoas que passavam lhe olhando pelo convés da empresa e pelas ruas.
Andava se arrastando pelos calçadões dos gigantescos edifícios do centro de Istambul enquanto passava as mãos pelo rosto molhado a fim de secar as lágrimas.
Chegou perto do seu carro e entrou nele.
Chorou compulsivamente sentada no banco daquele carro.
Muito mais tarde naquele dia, sentada na cadeira principal de uma mesa cor de ébano, oval, composta por 24 cadeiras, sem qualquer ressentimento, a matriarca da família Sandovall fazia uma reunião com os principais “cabeças da empresa”.
— Temos uma grande inimiga no mercado.
Ela disse obstruindo os olhos negros.
— Quem, mamãe? — Perguntou Isaac.
— A PARISI — respondeu de maneira altiva.
— E quem é a dona da Parisi? — Questionou o senhor Murat.
Victória encarou o marido sem expressão no rosto.
— Shayera Mazonakis. Precisamos tirar essa empresa do nosso caminho. Só assim seremos singular! Exclusivos!
Disse Victória, de maneira triunfante enquanto todos na sala ficaram no mais absoluto silêncio.
Shayera assistia pelo computador, a uma entrevista em que Victória Sandovall acusava falsamente a PARISI de estar plagiando a nova coleção de sapatos de marca SANDOVALL.
A bela turca obstruiu os olhos severamente.
Levantou da cadeira respirando fundo.
Estava muito brava.
Sentia muita raiva daquela mulher.
A empresária seguiu até a sala do advogado da empresa, Manuell.
Nem mesmo bateu à porta, já entrou com tudo.
Ao vê-la, Manuell arregalou os olhos e quase derrubou os papéis que há pouco lia, no chão.
— Manuell?
— Sim, Shayera? — Ele fez menção de levantar mas foi impedido por ela.
— Fique sentado, o que tenho para falar contigo é breve...
Ele assentiu, apenas.
— Estou às suas ordens. — Disse pigarreando e ajeitando a gravata amarela ao pescoço.
Ela andou até a mesa dele e apoiou as duas mãos ali.
Inclinou-se um pouco e o encarou bem dentro dos olhos castanhos.
O homem se sentiu profundamente intimidado ao ter aquele mar azul turquesa revolto diante de si.
— Eu demiti a Joscelyn hoje...
Manuell engoliu em seco.
— Mas...mas...como demitiu?
— Sim! Demitindo! — Confirmou objetivamente. — Zeck já está encarregado de contratar um novo advogado e eu quero você — apontou-lhe um dos dedos, onde a unha era bem-feita, em formato quadrado, e pintada com esmalte vermelho — ensine esse novo advogado a ser um predador...Eu quero que o transformes em uma arma destruidora...porque eu quero que ele esteja do meu lado para derrubar Victória Sandovall! — Finalizou apertando os olhos de maneira cruel e logo em seguida caminhou para a porta. — Não permitirei inimigos em meu caminho! Sejam eles quem for!
Manuell ficou a olhar para a bela empresária conforme ela caminhava audaciosamente para fora da sala.
Os saltos pretos de solado púrpura tamborilavam firmemente no chão de mármore à medida que ela caminhava a passos leves mas firmes.
Ela parecia flutuar.
As curvas do corpo eram realçadas por uma blusa social branca, de mangas compridas e por uma saia lápis, de couro, na cor vermelha, que ia até os joelhos rosados dela.
Victória não sabia, certamente, com a diaba com que estava lidando.
O advogado meneou a cabeça negativamente.
Agora era esperar a contratação do novo advogado para passar os procedimentos da empresa e as exigências da dona da empresa.
Shayera era uma mulher bastante imprevisível e a morte do noivo há pouco mais de um ano a tornara em um ser humano ainda mais difícil de conviver.
Todavia Manuell sabia que Shayera, no fundo, tinha um bom coração em que pese nem sempre ela fosse capaz de demonstrar seus verdadeiros sentimentos e piedade, tampouco empatia.
A enfermeira que cuidava de Amina tentava dar o remédio à garotinha de cinco anos de idade quando fora recebida dentro do quarto por uma forte bolada na cara.
A mulher encarou a menina com uma fúria tremenda nos olhos.
— Sua pestinha!
Gritou!
Andou até a garota e segurou forte nos braços dela.
— Você queira quer não, vai tomar esse remédio, você entendeu?! — Exclamou com raiva.
— Bruxa má! Eu não gosto de tu não!
A menina cruzou os braços acima do peito em afronta à enfermeira que ainda segurava nos braços pequeninos.
Amina começou a chorar.
— O que estás fazendo?!
Shayera exclamou muito brava antes de entrar no quarto a passos largos encarando a enfermeira com um olhar mortal.
A mulher engoliu em seco ao ver a figura imponente da empresária se aproximar de si.
Implacável!
— Desculpe-me, dona Shayera...
A enfermeira disse num fio de voz.
A herdeira do sultão semicerrou os olhos.
— Saia! Está demitida! — Vociferou. — Eu não permitirei que você ou qualquer um empregado meu trate a Amina mal!
— Dona Shayera...eu peço por tudo que é mais sagrado! Em nome do profeta Maomé!
Tentava se justificar a mulher.
— Ao inferno você e Maomé! — Exclamou por entre os dentes brancos e perfeitos. — Saia antes que eu mesma a tire daqui com as minhas próprios mãos! Pegue suas coisas e suma desta casa imediatamente!
Gritou muito brava e apontou o dedo para a porta.
— Bruxa má! Bruxa má! Bruxa má!
A garotinha que tinha marcas vermelhas na pele sensível dos braços falou para a enfermeira.
Cruz viu a enfermeira deixar a casa de sua patroa, tremendo e chorando muito.
A mulher parecia em choque.
A ex-freira correu para o quarto de Amina.
— Por Maomé, mas o que aconteceu, menina?!
Perguntou olhando Shayera com a filha do falecido noivo nos braços.
Ela beijava a menininha de quem gostava muito.
— Aquela imbecil estava maltratando a Amina. Vês, Cruz, como está os braços da menina? — Falou furiosa.
Cruz ficou boquiaberta ao ver a vermelhidão nos braços pequeninos da pele parda da garotinha.
A menina se parecia muito com pai...ela tinha a pele parda dele...e olhos cor de âmbar — castanhos esverdeados.
Cruz se aproximou da empresária e a abraçou.
— A Amina é uma garota travessa e sensível, filha, ela precisa de alguém que tenha paciência com ela já que parece ter aversão a todas as enfermeiras que já trabalharam aqui...sabe que essa garotinha tem muito de você quando era mais jovem? — Beijou no rosto de Shayera.
Shayera olhou fixamente para a bondosa senhora. Gostava muito de Cruz.
— Eu preciso de alguém que saiba cuidar da garota e não de alguém que a maltrate. Ela tem sorte de eu não querer acabar com a vida mesquinha dela. — Disse semicerrando os lindos olhos.
— Eu posso cuidar dela, filha...
Shayera pôs a garotinha na cadeira de rodas.
— Já tens responsabilidade demais cuidando desta enorme casa e da comida, Cruz. Pedirei para que Agnes coloque anúncios da vaga de emprego, no jornal. O salário é o dobro do que qualquer enfermeiro ganha em qualquer hospital aqui de Istambul. Em breve teremos inúmeros candidatos...mas eu prefiro que até que eu contrate alguém, a Amina fique sob os teus cuidados...eu mesma farei essa entrevista...não quero correr o risco de contratar um profissional irresponsável...ou um doido que não bata bem das ideias.
A empresária segurou as duas mãos da bondosa senhora e beijou-as no dorso, com delicadeza, antes de sair.
Fim do capítulo
Oi, minhas queridas!!
Confesso que fiquei meio com receio de postar a história com esse nome, rs. Mas faz parte da construção da personagem principal, a Shayera, e também da história de vida dela que até os seus 18 anos viveu sob a égide de um convento. Mas reitero, NÃO é satânica!
Eu estava pensando em postar uma outra história que seguiria a ótica de O Rancho, mas...por enquanto....vamos continuar apenas com Santa Diaba mesmo.
Inicialmente, teremos capítulos às sextas-feiras!
Beijos e até Sexta!
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Val Maria
Em: 26/06/2019
Oi Thaa!!!
Essa família do ex da Flávia são horríveis,principalmente a bruxa Vitória,mas ela não perde por esperar.
Já estou vendo a Flávia como enfermeira da garotinha,mas ela falou nunca mais querer ver a mulher daquela noite, e será que a Shay irá lembrar dela?
Gostei muito do nome da história, ficou perfeito ,e amo mais ainda esses capítulos enormes.
Ps (Você não vai mais postar aquela história no wattpad? Ainda não a conheço, e os 3 primeiros capítulos me encantaram.)
Beijos
Val Castro
Resposta do autor:
Olá, minha linda Val! :)
Eu estou começando a achar que a diaba dessa história é a Vitória. rsrsrs. Ela é uma verdadeira pedra no sapato da Flávia.
Shayera tem um memória excelente... rsrs.
Que bom, Val que gostou do nome ele tem toda relação com a história em si.
Já tem um novo capítulo postado e é bem possível que tenhamos mais um daqui para o domingo "Amor Acima da Lei". rs.
Beijão e fique bem!
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Pam Sobral
Em: 25/06/2019
Ameiii e já quero Flávia como enfermeira. hehe.
Obg por mais um capítulo Thaa adorei.
Bjosss
Resposta do autor:
Oi, Pam!
E agora, será que será mesmo a Flávia, a nova enfermeira? rsrs.
Obrigada eu,pela sua companhia e pela das meninas dos comentários que estão sempre aqui incentivando para que cada história seja concluída.
Beijão e fique bem!
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Laura Veigas
Em: 23/06/2019
Olá autora querida.
Então Flávia será a nova enfermeira da Amina???? Pode ser uma possibilidade para o próximo encontro das duas. Aguardando ansiosamente o próximo encontro delas. Essa ex sogra não vale um centavo. Ótimo capítulo.
Resposta do autor:
Olá, querida Laura! :)
Kkkk, e agora será que vai ser mesmo a Flávia?
Pode ser que sim, não é?
Beijão e fique bem!
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HelOliveira
Em: 22/06/2019
Oi Thaa que capítulo bom esse....Victoria e essa enfermeira são dois monstros....mas Victoria literalmente vai cutucar a Diabinha com vara curta....depois do quase atropelamento fiquei me perguntando como seria um encontro delas de fato, agora imagino que Flavia vai ser a enfermeira.....
Ansiosa pelo proximo
Bjos
Resposta do autor:
Olá, querida Hel! :)
Menina, Vitória eu estou achando que a diaba dessa história é a Vitória, ou mulherzinha encapetada kkkkk.
Mas não imagina com quem está lidando, não é mesmo? rsrs.
Pois é... há a possibilidade de Flávia ser a nova enfermeira da pequena Amina. rsrs.
Beijão e fique bem!
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Duda-Gusmao
Em: 22/06/2019
Hummm, então a Flávia tem mãos bonitas, né!? Acho que para completar só falta ela ter os pés bonitos também... rs. Saudade, Autora, desejo que esteja tudo muito bem com você. Abraço!
Resposta do autor:
Olá, Duda! :)
A Flávia não somente tem as mãos bonitas como também os pés. rsrsrs.
Comigo está tudo indo...rs...mas... vou seguindo..como tem que ser, não é mesmo?
Beijão e tenha uma ótima semana!
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olivia
Em: 21/06/2019
Oi Thaa, acabei de ler o capítulo de hoje, menina foi de um folego só !! Muito boa de ++++++!!!!!Adorando o glamour , beleza, diferencia ! Apaixonei!!!! Bjs e ??????’????????????????????“ nesse coração gigante! Que sua estrela brilhe mais a cada dia!!!!
Resposta do autor:
Minha linda, Olívia! :)
Fico sempre tão feliz que tenha gostado. Às coisas ainda vão melhorar quando essas duas passarem a partilharem do mesmo espaço. rsrsrs.
Beijão no seu coração, maravilhosa!
Muito obrigada e fique com Deus!
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Mille
Em: 21/06/2019
Oi querida Thaa
Que mulher malvada e sem coração essa Victória, mais acho que ela vai quebrar a cara querendo derrubar a Shayera.
Será que a nova enfermeira da Amina será a Flávia???
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá, minha querida Mille! :)
Menina, essa Vitória é um capeta rsrsrs. Literalmente uma pedra no sapato da Flávia, tadinha. Mas em breve saberemos mais detalhadamente o porquê de ela odiar tanto a Flávia.
Vixx, com Shayera a coisa é completamente diferente. Digamos que elas estão em um mesmo patamar. Só que com uma diferença, Shayera tem um gênio difícil, mas não faz o mal, a não ser que a provoquem. Já a vitória, totalmente o contrário da diaba rsrs.
Pois então... será que Flávia pega esse emprego? rsrs.
Beijão e tenha uma ótima semana!
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