Capítulo 22
Karen correu. Hora pulava por sobre alguma peça no chão,hora dava a volta por elas e todo aquele entulho de ferro só atrasava o seu caminho.
Lúcia e Luana se empenhavam para que nada passasse por elas. Eram muitos os infectados,quase o dobro do que elas tinham visto na rua.
Luana= Porquê está demorando tanto garota? Acende logo essas luzes.- Gritou.
Karen= Eu tô tentando alcançar a alavanca,tem muita coisa no caminho.- Disse passando por debaixo de uma mesa.
As duas agentes continuaram atirando até que Lúcia teve que parar para recarregar a sua arma e uma mulher aproveitou para correr enlouquecida em sua direção. A loira se assustou quando uma bala passou zunindo perto de sua cabeça e atingiu a testa da infectada que caiu aos seus pés. Olhou para a ruiva.
Luana= Que foi? Ela nem fazia o seu tipo.- Sorriu.
Lúcia= E como é que você sabe disso?
Luana= Fácil,ela não se parecia comigo.- Disse derrubando dois infectados com um só disparo.
Lúcia= Sinto muito lhe desapontar mas você não faz nem um pouco o meu tipo.
Luana= Sério? Não foi o que pareceu na noite em que nós...você sabe. Me pareceu que você gostou bastante do meu tipo.
Lúcia= Achei que você não se lembrava do que houve naquela noite.
Luana= Eu acabei me lembrando poucas horas depois que acordamos.- A ruiva recuou alguns passos até ficar lado a lado com a colega.- Não foi tão ruim,eu até gostei - olhou para a loira - E você,não se lembra mesmo do que aconteceu?
Vários outros infectados invadiram o galpão e forçaram as duas mulheres a encerrar a conversa. Karen pulou por cima de um enorme motor e por baixo de algumas mesas,logo alcançou a parede.
- Finalmente.- Já ia levando a mão à alavanca do gerador de energia quando ouviu o barulho de uma arma sendo engatilhada atrás de sua cabeça.
- Desculpa mas não posso deixar que faça isso.
Karen virou-se lentamente e viu uma mulher segurando um revólver,apontado-o para ela.
- Olha só,não sei quem é você mas eu preciso ativar os geradores.
- Não,eu não ou deixar. Se as luzes forem acesas eles vão me ver e vão me matar.- Disse a mulher paranóica.
- Entendo que esteja com medo mas você não parou pra pensar que quando o sol nascer tudo ficará claro de qualquer jeito?
- Não,o galpão é escuro. Se eu não fizer barulho eles não vão me encontrar.
- E pretende ficar escondida até quando? - Karen perguntou e a mulher pareceu pensar - Deixa eu acender as luzes e prometo que protegeremos você. Estou com uma amiga ferida e precisamos ajudá-la,não dá pra fazer nada no escuro.
- Sinto muito por sua amiga mas não posso deixar que faça isso,me desculpa.
- Não,me desculpa você.- Karen desarmou a mulher e acertou-lhe um forte soco que a jogou no chão. Virou-se,puxou a alavanca e imediatamente as luzes se acenderam.
Lúcia e Luana retiraram os óculos de visão noturna e até chegaram a esboçar um sorriso uma para a outra. Cerca de nove infectados ainda estavam por ali mas as mulheres com a ajuda das luzes e disparos precisos rapidamente os derrubaram.
Luana= Missão cumprida,vamos sair daqui.
Lúcia= Karen,vamos embora.- Gritou.
Karen olhou para a mulher desacordada de bruços no chão e respirou fundo. Aproximou-se e a balançou pelo ombro.
- Ei,levanta - chamou - Vamos,levanta eu nem bati tão forte.- Sacudiu-a e a mulher se debateu assustada.
- Não,não. Me solta,me soltaaaa.
- Calma,eu não vou te machucar.- Karen falou enquanto tentava fazer a mulher parar de se debater.
- Sai de perto de mim,sai de perto de mim.- Gritava.
- Quer saber,foda-se. Eu vou embora.- A menina se levantou e fez menção de ir embora mas sentiu sua roupa sendo segurada.
- Espera - falou a mulher - Não me deixe aqui,por favor.
- Se não quer ficar para trás então para com o seu xilique e levanta logo daí.
A mulher se levantou e Karen pôde reparar mehor nela. Branca e magra,cabelos negros e longos,olhos extremamente verdes e parecia ter por volta dos vinte e poucos anos. Sua roupa estava suja e o canto esquerdo da boca sangrava devido ao soco que havia levado.
Com as luzes acesas foi bem mais fácil voltar até as duas agentes que apontaram suas armas para a desconhecida que se aproximava meio escondida às costas de Karen.
Lúcia= Quem é essa?
Karen= A autora do apagão. Foi ela quem desativou os geradores.
Lúcia= Porquê você fez isso? - perguntou mas a mulher não respondeu.
Karen= Segundo ela,com as luzes apagadas poderia se esconder e os infectados não a encontrariam.
Luana= O que houve com a sua boca? - a mulher permaneceu quieta - Se você não responder por bem,responderá por mal.
- A sua amiga me agrediu.
Karen= Ela apontou um revólver pra mim e tentou impedir que eu acendesse as luzes.
- Eu estava com medo.
Luana olhou bem para a mulher e algo lhe dizia para não confiar nela.
Luana= Você estava com medo mas veio até aqui sozinha para apagar as luzes e se esconder. Aliás,você estava sozinha?
- Si-sim.- Gagueijou.
Luana= Isso não parece atitude de alguém que esteja com medo. Tem ceteza de que você veio aqui somente com a intenção de se esconder?
- E por qual outro motivo eu faria isso?
Luana= Me diz você. Porquê alguém se arriscaria saindo no caos que está as ruas apenas para apagar as luzes e se esconder quando poderia simplesmente fazer isso no local onde já estava?
- Eu não estou entendendo aonde você quer chegar.
Luana= Eu explico. Você não veio aqui para se esconder,poderia ter feito isso em qualquer outro local mais seguro. Acho que na verdade você queria entrar em outro lugar mas a energia elétrica te impediu aí você veio aqui e apagou as luzes do bairro todo.
- Isso é ridículo - a mulher ficou aparentemente nervosa - Se tudo o que eu queria era apagar as luzes do bairro então por quê eu ficaria aqui depois de fazer isso?
Karen= Havia vários infectados na rua em frente a casa de máquinas. A porta dos fundos está totalmente selada,acabei de ver. A única saída é pela frente e uma pessoa sozinha jamais conseguiria passar.
Luana= Exatamente,ela ficou encurralada.
Lúcia= Qual é o seu nome?
- Ivy.
Lúcia= Tem passagem pela polícia Ivy?
- Não.
Luana= Tem certeza disso?
- Tenho,dá pra parar de me tratar como se eu fosse uma criminosa?.- Disse e olhou para Lúcia.- Por favor,eu juro que não fiz nada de errado.
Lúcia= Tudo bem. Luana,abaixa a sua arma. Vamos sair logo daqui.
- Obrigada - Ivy falou e lançou um olhar vitorioso à ruiva.
As quatro mulheres se encaminharam para a saída da casa de máquinas e felizmente não encontraram nenhum infectado do lado de fora. Seguiram pelas ruas agora iluminadas atentas a todo e qualquer movimento. Ivy e Karen iam à frente e as duas agentes alguns passos mais atrás.
Lúcia= Você está muito calada.
Luana= De que adianta falar alguma coisa se você prefere acreditar em uma completa desconhecida?
Lúcia= E quem disse que eu acreditei nessa garota?.- Perguntou e a ruiva a olhou de sobrancelha erguida.- Não estamos com tempo e nem no lugar certo para um interrogatório mas não quer dizer que não vamos fazer isso depois.
Luana= Achei que você fosse dizer que eu só estava de implicância.
Lúcia= Você é implicante mesmo mas também é uma ótima profissional,devo admitir. Tudo o que você disse lá no galpão faz muito sentido.
Luana= Você me elogiando e concordando comigo é até estranho.
Lúcia= É mesmo - disse e ambas sorriram - Obrigada pelo que você fez lá na casa de máquinas. Por não me deixar pra trás no portão e por matar a infectada que ia me atacar.
Luana= Não agradeça,fiz isso por interesses próprio.
Lúcia= O quê?
Luana= Com quem eu iria implicar se você morresse?
Lúcia= É,faz sentido.- A loira atirou em um infectado que apareceu de repente na rua e seguiram caminhando.
Luana= Olha só,você pode me agradecer por salvar a sua vida respondendo a uma pergunta,mas eu quero a verdade.
Lúcia= Tudo bem.
Luana= Você realmente não se lembra de nada do que aconteceu naquela noite em que nós...tomamos uns goles?
Lúcia= Fala sério,você arranha mais que um gato. Não dá pra esquecer isso.- Disse e se aproximou das outras duas mulheres deixando a ruiva para trás.
Fim do capítulo
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