Cap. 41 – Layla – O acidente
Layla
Júlia me surpreendia a cada segundo, com sua doçura, dedicação e cuidados comigo o tempo todo. Sempre preocupada querendo saber se algo me faltava, mas era impossível algo faltar tendo ela ao meu lado. A forma como se entregou e me fez se entregar naquele último dia, perfeito. A noite foi brindada com um gosto diferente, nos amamos de uma forma completamente nova. Nos entregamos e deixamos o desejo nos guiar.
Na manhã seguinte, resolvemos sair cedo, para não pegarmos trânsito na rodovia, mas estava calmo. Na verdade tivemos problema apenas quando estávamos chegando, com aqueles carros apostando corrida que passaram por nós em alta velocidade, de resto seguimos tranquilas até o momento em que paramos com a explosão e o carro capotado no meio da rua.
A Juh freou e saiu correndo, antes que eu saísse do carro ela voltou correndo pedindo que ligasse na emergência e o fiz. Depois liguei para meu pai que atendeu no segundo toque me saudando feliz, distraí e ele chamou dizendo:
– Amor, como você está? Já chegaram? Como foi a viagem?
– Preciso de ajuda!
– O que aconteceu? – preocupação na voz dele e comecei a narrar:
– Estamos a uns cinco km da cidade sentido rodovia, tem um carro capotado no meio da rua e outro que desceu a ladeira e acabou de explodir. – tomei folego olhando a Júlia que estava pegando os extintores e continuei: – A Juh está tentando acalmar o fogo, mas provavelmente não vá conseguir devido a condição do carro.
– Alguém ferido filha? Vocês estão bem?
– Eu não sei papai... – olhei na direção do carro: – Eu e a Juh estamos, mas a coisa aqui está complicada.
– Estou indo meu amor, vou reunir o pessoal e chegamos em minutos aí.
Nos despedimos e segui até onde estava o carro capotado, vi que tinha uma mulher se debatendo no banco da frente. Já tinha visto a Juh em ação em várias ocasiões, ela sempre foi muito calma diante do pessoal que comandava, não foi diferente hoje, dizia o que era para fazer e ia me instruindo. Mas hoje foi diferente, ela estava sozinha e desprotegida sem seus soldados e equipamentos e eu não podia fazer muita coisa.
Pediu para que tentasse acalmar o fogo, enquanto ela salvava a mulher. Poxa, eu sou socorrista, mas naquele momento fiquei totalmente sem ação e vi que não fazíamos quase nada diante do que ela estava fazendo. Não estou generalizando, não me entendam mal, mas olha o que ela fez e está fazendo?
O extintor acabou no momento em que me aproximei dela que tirava a mulher do carro dizendo que tinha uma criança no banco de trás, entrei em pânico, mas fiz o que ela mandava e tirei a mulher, que gritava desesperada pela filha, de perto. Sabia que aquilo iria desconcentrá-la e bastou um olhar dela para entender e seguir para onde nosso carro estava.
Segurar aquela mulher que estava chamando pela filha e chorando em meus braços não estava sendo fácil, o seu desespero era o meu em ver a Juh lá dentro daquele carro que podia explodir a qualquer momento. Ele começou a pegar fogo novamente e gritei:
– Júlia, o fogo voltou!
Não podia vê-la de onde estávamos, a situação estava cada vez mais crítica. Quando vi a fumaça se levantar sabia que era o fim, soltei a mulher e gritei para ela sair do carro. Sei que o que me passou pela cabeça não foi o certo, temia pela criança, mas temia ainda mais pela vida da mulher que eu amava que estava sendo tão corajosa.
Vi quando a Juh saiu com a criança nos braços, estava sangrando em vários pontos de seu corpo, as faíscas se alastraram e fui ao seu encontro pegando a menina, correndo em direção ao nosso carro, pensei que estivesse logo atrás de mim, mas ao olhar de relance, vi que ela estava próxima ao carro ainda.
Levantei no momento em que o carro explodiu, mas a mulher caiu sobre mim, protegi a criança com meu corpo sentindo o da mulher cair sobre mim e rolar para o lado, quando levantei que olhei para ver onde a Júlia estava, vi em câmera lenta que ela estava sendo arremessada a metros de onde estávamos, caindo longe com o impacto da explosão.
Ajeitei a menina no chão dizendo para a mãe não mexer muito com ela, estávamos sem auxílio de nada naquele momento, só nos restava esperar a emergência que logo chegou e começou com os primeiros socorros, corri para onde Júlia estava caída.
O rosto banhado em sangue, no seu braço um corte profundo, peguei um pedaço de minha camiseta e amarrei para controlar o sangue, ela se virou e vi que algo não estava certo. Quando meus olhos caíram em sua barriga e vi metade da tesoura dentro dela não consegui controlar o choro. Sussurrei ao seu ouvido que ela havia salvo as duas, mas ainda preocupada perguntou delas e de mim.
Olhei o semblante dela calmo me dizendo que estava tudo bem e que não era para eu chorar, sem controlar as lágrimas caiam ainda mais. Ouvi de longe alguém me chamar, mas não levantei para saber quem era. A Juh sorriu tocando meu rosto e desmaiou em meus braços. A única coisa que me veio na mente foram os pesadelos que eu tive com ela numa situação parecida com aquela, semanas atrás.
– Layla, você está bem? – meu pai estava ao nosso lado olhando para Júlia em meus braços fazendo sinal para trazerem a maca perguntando – Meu Deus, o que aconteceu com ela?
– Ela salvou aquelas pessoas papai, e pagou por isso! – meu rosto banhado em lágrima, disse: – Precisamos levá-la para uma sala de cirurgia imediatamente.
Os socorristas chegaram, os primeiros socorros foram aplicados no local e a colocaram na maca, com oxigênio em seu rosto, seus olhos abriram, vi que buscaram os meus, sua mão apertou a minha e um sorriso começou a formar em seus lábios, mas logo desmaiou novamente. A levaram para a ambulância e os meninos se postaram ao nosso lado ajudando a colocar a maca na ambulância. Diego estava branco e mal conseguia balbuciar uma palavra. Ouvi quando meu pai disse para ele se recompor e pegar o nosso carro e me levar, mas fui categórica:
– Vou com ela na ambulância, avise dona Helena, quando eu chegar ao hospital falo com o Júlio e ele dará a notícia a mulher, ela está gravida e não pode tomar um susto desse.
– Vou com você Diego, eu mesmo falarei com Helena.
Concordei entrando na ambulância e saímos, chegamos em minutos na emergência e a equipe já nos aguardavam, Júlio estava encabeçando a equipe, chefe do Trauma. Quando me viu perguntou o que tinha acontecido, expliquei a situação e ele correu com ela para o interior do hospital gritando comandos. Infelizmente não pude entrar e fiquei rodando pela recepção.
Vi quando mãe e filha entraram na emergência, estavam na ambulância que veio atrás de nós, não conseguia olhar para elas e me isolei em um canto. A criança não tinha culpa, mas se a mulher não estivesse correndo feito louca naquela estrada, nada daquilo tinha acontecido. Sentei na sala de espera rezando baixinho.
Em menos de meia hora meu pai entrava no hospital com dona Helena chorando desesperada se jogando em meus braços, entendia seu sofrimento. Não consegui consolá-la naquele momento e minhas lágrimas se juntaram as dela. Vi por sobre seu ombro quando Jonas entrou sendo guiado por Diego. Não demorou muito Júlio apareceu dizendo:
– Ela está estável, mas está sendo encaminhada para a sala de cirurgia, não saberemos a extensão dos ferimentos até abrirmos e tirarmos a tesoura. – ele deu uma pausa quando minha sogra entrou em desespero e logo se encaminhou até ela dizendo: – Ela vai sair dessa mãezinha, a Juh é forte e temos que acreditar nisso.
– Porque a minha filhinha meu Deus? Não basta meu marido que o senhor já tirou de nós? – seu pranto rolando sem parar.
Quem podia controlar as lágrimas e o desespero de uma mãe? Eduardo chegou e a abraçou forte sussurrando em seu ouvido, Anny veio logo atrás, como eles trabalhavam juntos dona Helena pediu que ele trouxesse a filha mais velha, que felizmente estava no escritório naquele dia. Vendo o desespero de todos perguntou:
– O que está acontecendo? – olhou para mim e viu minhas roupas, depois para a mãe perguntando novamente: – Mamãe, cadê a Juh?
– Amor, se acalma. – Júlio foi de encontro a esposa e a abraçou forte dizendo: – A Juh sofreu um acidente, nesse momento está entrando em cirurgia... – ele nem terminou de falar, ela começou a cair: – Amor...
– Filha... – dona Helena se juntou ao genro que pediu ajuda.
Ele a amparou a tempo, mas ela desmaiou. Alguém trouxe uma maca e ele a levou para algum lugar, dona Helena foi atrás e ficamos ali parados esperando notícia. Abracei Jonas que estava se controlando, mas ao sentir meus braços sobre seus ombros perguntou com medo:
– A Juh vai ficar bem Layla? – não suportei e deixei as lágrimas caírem por sobre meu rosto e foi meu pai quem disse:
– Sua irmã é uma heroína meu rapaz, e como tal, vai sair dessa sem um arranhão.
Ele concordou, e não disse mais nada, assim como a minha namorada, Jonas era muito forte, o acolhi em meus braços e fiquei conversando baixinho com ele. Foram longas seis horas com notícias curtas e não muito objetivas, Júlio não pode se aproximar do centro cirúrgico porque era da família, Anny estava no soro em um quarto no andar da maternidade, ela e os bebês estavam bem.
Dona Helena estava abraçada com o filho, rezava baixinho. Eduardo abraçava os dois. Diego não saiu de meu lado desde o momento em que soubemos que a Juh estava em cirurgia, contei tudo o que aconteceu a ele, e em seus olhos o orgulho novamente da amiga/irmã que ele deixou ainda mais claro, afirmando o quanto admirava-a. Criamos um laço naqueles anos de convivência, o via como um irmão já, e naquele momento ele me ajudou e segurou minhas lágrimas, e juntos ficamos à espera de uma notícia da nossa Juh.
Fim do capítulo
Hei meninas, tudo bem?
Tah, eu sei que sumi e estou em falta com vocês, podem brigar, eu deixo... rsrs
Na verdade, passei e estou passando por alguns momentos turbulentos (ênfase no lento) em minha vida esses dias, que me fizeram afastar de quase tudo, dentre elas, minha escrita. Mas, aos poucos estou voltando, e para não deixar vocês em stand-by por muito mais tempo, postando aqui um caps de Juh e Layla... Esperando que gostem, apesar do clima meio triste entre elas.
Logo voltarei com tudo, assim espero... Um beijo enorme a todas que me acompanham, desculpem novamente. Mas, coisas assim tendem a acontecer quando menos esperamos... rs
Um feliz dia dos namorados a todas e que nesse dia possam curtir cada segundo...
Se cuidem...
Bia
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Renata Cassia
Em: 12/06/2019
Nossa demorou mesmo . Mas quem nunca passou por situações turbulentas né? Bom ....só espero que não nos abandone autora. Aconpanho a história desde o início......e venho adorando cada capítulo ...bjs b
Resposta do autor:
Olá Renata, tudo bem?
Suponho que mais desculpas não vão ajudar, néh? hehe
Mas, em minha defesa, estou voltando aos poucos... rs
Obrigada pelo carinho e por me companhar sempre... Não irei abandonar vcs, embora as vezes suma, mas sempre irei voltar... ;)
Bjs, se cuida
Bia
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