Capítulo 7 – Recusas

 

- Acho que eu não entendi onde você está querendo chegar, Vitória.

 

Laísa falou desconfortável e sem querer realmente acreditar nas palavras de sua chefe.

 

- Ora, Laísa, não se faça de inocente.

 

Laísa estava perdendo a paciência com aquela conversa e o semblante debochado de Vitória a irritava ainda mais.

 

- Você é uma mulher linda, interessante, muito gostosa... – Vitória mantinha o olhar fixo em Laísa e um sorriso cafajeste. – Eu gosto de você. – Vitória confessou para a loira e para si, mas Laísa não levou em consideração aquelas palavras.

 

- Você gosta de mim e quer me comprar? E ainda por cima, usando o estado de saúde delicado do meu pai.

 

- Entenda como quiser, Laísa. Eu estou lhe propondo o melhor tratamento possível para o seu pai, basta você me dar o que eu quero e, convenhamos, não será sacrifício algum!

 

Laísa se enfureceu com as palavras de Vitória e tomada pela raiva, foi até a mesa dela, se debruçando com o dedo apontado para seu rosto.

 

Vitória não se moveu, nem mesmo tirou o sorriso de seu rosto.

 

- Eu nunca vou me vender para você! Nunca! Por nada nesse mundo, entendeu?

 

- Pensa com calma, Laísa. Eu espero.

 

- Não tenho nada para pensar. Eu realmente deveria ter escutado o que todos me falavam sobre você, sobre o quanto você é ruim.

 

Vitória sorriu debochada e tentou segurar na mão ainda elevada de Laísa.

 

- Me solta! – A loira falou firme puxando sua mão. – Você nunca mais vai encostar em mim, eu tenho nojo de você!

 

- Isso é o que nós vamos ver!

 

Sem paciência, Laísa saiu em disparada deixando uma Vitória chateada para trás. Por mais que sentisse raiva da loira, Vitória sentiu uma pontada de tristeza com suas palavras. Mas não daria o braço a torcer, faria o que fosse preciso para ter Laísa novamente, aceitara aquele desafio interno no momento em que a menina negou seu toque.

 

- Essa mulher é doente! – Ana Júlia falou após ouvir o relato de Laísa, que chegara em sua sala com o rosto avermelhado de tanta raiva.

 

- A sua prima passou de todos os limites! Eu vou pedir demissão, não quero mais ter que olhar para a cara da Vitória. – Laísa falou enfurecida.

 

- Senta aqui e me espera. – Ana pediu e foi atendida.

 

Ana Júlia sabia que a prima tinha extrapolado o bom senso, mas Laísa precisava se acalmar antes de tomar alguma decisão que a fizesse se arrepender posteriormente.

 

Ana buscou um copo de água para a loira e voltou para sua sala, onde encontrou Laísa com lágrimas nos olhos.

 

- Ei, calma. – Ana Júlia falou ao se abaixar na frente de sua cadeira e entregar o copo para Laísa. – Bebe essa água e respira um pouco. – Falou enquanto dava apoio a sua amiga.

 

- Obrigada! – Laísa agradeceu e fez um carinho singelo na mão de Ana Júlia repousada em sua perna.

 

- Você sabe que não pode pedir demissão, não é? – Ana Júlia perguntou ao notar que a loira estava um pouco mais calma. – Os remédios do seu pai são caros, sua família está numa situação difícil, você não acha que vale a pena fazer um esforço por um bem maior?

 

Laísa respirou fundo, estava mentalmente cansada, mas sabia que sua amiga estava com razão. O salário do escritório era mais do que suficiente para ela se manter e ajudar um pouco com os gastos de sua casa.

 

- Você está certa. De novo, obrigada! – Dessa vez, pegou a mão de Ana e deu um leve beijo.

 

- Não tem o que agradecer, sério! – Ana Júlia replicou. – E eu vou estar aqui do seu lado sempre, tentando tornar as coisas um pouco mais leves e felizes para você, ok?

 

- Tenho que agradecer sim! Obrigada, mais uma vez. – Laísa treplicou e Ana Júlia revirou os olhos e sorriu. – Vai ser muito mais fácil enfrentar qualquer coisa com você ao meu lado!

 

Apesar do conforto de Ana Júlia, Laísa passou o resto do dia chateada com o acontecido. Não conseguia acreditar nas últimas atitudes de Vitória, não entendia como ela deixara de ser a mulher interessante de antes para se tornar aquela tão baixa e cínica. Laísa não esperava ter que lidar com mais esse problema já tendo tanto o que se preocupar em relação ao seu pai.

 

- Oi, mãe! Achei que a senhora estaria no hospital agora.

 

Laísa falou ao entrar em casa e encontrar sua mãe sentada no sofá.

 

- Larissa está lá agora. – Esclareceu. – Eu precisava respirar um pouco fora daquele hospital, tomar um banho na minha casa, sabe?

 

Laísa foi até o sofá e sentou ao lado da mãe.

 

- Alguma notícia do papai?

 

- Ele deve receber alta ainda essa semana, filha. Mas enquanto faz todos os exames, vai ficar sendo monitorado na UTI. – Sua mãe contou, deixando Laísa uma pouco mais aliviada. – Mas e você, filha? Está com uma cara tão triste. O que está te chateando?

 

- Não quero falar sobre isso, mãe... – Laísa falou sentindo os olhos encherem de lágrimas ao lembrar da proposta de Vitória.

 

- Tem certeza, Lala? – Sua mãe perguntou carinhosa. – Deixa sua mãe te ajudar, filha.

 

Laísa deu um beijo na mãe e deitou em seu colo.

 

- Hoje eu não preciso de psicóloga, só de colo de mãe, tá bom?

 

Adriana respeitou o momento da filha e não insistiu no assunto, mesmo preocupada com a visível tristeza de Laísa. Deixou que a filha chorasse em seu colo e apenas ofereceu seu apoio.

 

Laísa ficou um tempo com a mãe, até se sentir um pouco mais calma. Resolveu tomar um banho e deixar sua mãe descansar também, afinal, ela tinha passado o dia entre o hospital e seu trabalho.

 

As duas acabaram jantando juntas e conversando um pouco, mesmo sem Laísa no assunto que a entristecia, a conversa fez bem para ela, que se sentia melhor ao estar perto de sua família.

 

No entanto, quando a loira deitou para dormir, todas as palavras de Vitória pareciam passar como um filme repetitivo em sua cabeça. Laísa não conseguia parar de pensar no sorriso debochado da morena ao propor aquelas insanidades.

 

Laísa passou praticamente a noite em claro, o que fez com que demorasse mais do que o normal para acordar no dia seguinte.

 

- Bom dia, Aylinha! – Falou ao chegar à cozinha e encontrar sua irmã e sua sobrinha. – Bom dia, Lari!

 

- Bom dia, titia!

 

- Bom dia, Lai. Você está um pouco atrasada, né? – Sua irmã questionou.

 

Laísa olhou a hora e só então se deu conta do quanto estava atrasada.

 

- Nossa, eu tô muito atrasada. Vou correr então, depois como alguma coisa. – A loira se levantou da mesa mesmo tendo acabado de sentar.

 

- Vai com o carro do papai, Laísa. – Larissa propôs. – Ele está proibido de dirigir mesmo, não vejo problemas em você usar o carro. Eu o aviso mais tarde quando for ao hospital.

 

- Tudo bem, Lari. Beijo, meninas!

 

Laísa jogou um beijo no ar e foi buscar a chave do carro do pai, mas, ainda assim, chegaria atrasada no escritório, pois já estava praticamente no seu horário de entrada.

 

A loira correu o máximo possível para não se atrasar tanto. Estacionou o carro e correu até o elevador, mas para sua infelicidade, Vitória estava lá a espera do elevador também.

 

- Atrasada? – Perguntou Vitória ao notar a fadiga de Laísa pela correria.

 

- Você sabe que sim! – Laísa respondeu e revirou os olhos. – Pode ficar tranquila que fico até mais tarde hoje.

 

Vitória não respondeu, apenas fez que sim com a cabeça. Laísa também não fez questão de quebrar o silêncio.

 

Quando a porta do elevador se abriu, Laísa esperou que Vitória entrasse para que pudesse ficar o mais distante possível de sua chefe.

 

- Pensou melhor na minha proposta?

 

Vitória perguntou assim que a porta do elevador se fechou. Laísa apenas a encarou, desacreditando no que estava ouvindo.

 

- Não vou ficar te esperando por muito tempo, não se sinta tão importante assim.

 

Vitória falou provocando um pouco mais.

 

- Será que você pode ficar calada só até eu poder sair desse elevador?

 

Vitória se irritou com a ousadia da loira e se aproximou ligeira, a encurralando.

 

- Acho que você está se esquecendo que ainda está falando com a sua chefe... – Falou baixo próximo ao ouvido de Laísa.

 

Mas antes que pudesse tomar qualquer atitude, o momento foi interrompido quando a porta do elevador se abriu. Laísa aproveitou o sobressalto causado em Vitória para literalmente fugir de perto dela. A simples aproximação da morena já foi suficiente para lhe testar os nervos.

 

Laísa deixou a chefe para trás e partiu para sua sala. Estava realmente disposta a esquecer o romance que tivera com Vitória.

 

E assim mais uma semana acabou. Laísa sequer se deu ao trabalho de responder a tal proposta sem qualquer cabimento.

 

No sábado de manhã, Laísa estava tomando café com seu pai, aproveitando a companhia de Marcelo que recebera alta no dia anterior, quando sua mãe chegou em casa da feira acompanhada de Ana Júlia, deixando a loira sem entender o que estava acontecendo.

 

- Bom dia, filha! Olha quem eu encontrei lá na feira. – Falou Adriana sorrindo.

 

Ana Júlia, que usava calças e um topper, indicando que estava provavelmente fazendo exercícios, entrou carregando algumas sacolas. Mas o que chamou atenção de Laísa foi o corpo de sua amiga, já que a calça lhe marcava bem as pernas e sua barriga estava exposta. Nunca tinha reparado dessa forma na mulher e só agora com aqueles trajes pode perceber o físico invejável de sua amiga.

 

Laísa saiu de seu pequeno transe e foi ajudar Ana Júlia com as sacolas.

 

- Oi. – Ana Júlia falou um pouco sem jeito. – Espero não estar te atrapalhando.

 

Laísa deixou as sacolas sobre a bancada e abraçou a amiga, que estava levemente suada.

 

- Oi, Naju! Não está atrapalhando de forma nenhuma. Esse é meu pai, Marcelo e, pai, essa é Ana Júlia. – Apresentou uma vez que os dois não se conheciam.

 

- É um prazer te conhecer, Ana Júlia!

 

- O prazer é meu! Vejo que o senhor já está melhor, não é? Estive no hospital com Laísa essa semana.

 

- Sem essa de me chamar de senhor, estou inválido mas ainda sou jovem. – Marcelo brincou mas recebeu um olhar repreensivo de Laísa.

 

- Papai, que brincadeira besta! – A jovem repreendeu o pai. – Ana, estou curiosa só sobre uma coisa, o que você estava fazendo na feira? Não me diga que foi lá só para comer pastel e caldo de cana.

 

Laísa provocou a amiga, pois sempre a repreendia por sua alimentação repleta de doces e industrializados.

 

Ana Júlia revirou os olhos para a amiga antes de responder.

 

- Na verdade, eu não estava na feira. – Esclareceu. – Eu estava saindo da academia, que fica perto da feira, quando vi sua mãe com as sacolas e ofereci ajuda já que estou de carro.

 

- Pois é, eu sempre digo para Adriana ir de carro para a feira, mas ela insiste em ficar andando por aí carregando peso. – Marcelo falou sobre a esposa.

 

- A feira fica há 5 minutos daqui, meu bem. – Replicou. – Eu só aceitei a carona pela gentileza de Ana Júlia e, para te compensar por isso, quero que almoce com a gente hoje.

 

- Imagina, Adriana, não precisa compensar nada, não foi trabalho nenhum te ajudar. – Ana Júlia explicou simpática.

 

- Aceita logo, Ana Júlia. Até parece que logo você vai rejeitar comida.

 

Laísa não estava entendendo aquela simpatia toda de sua mãe por Ana Júlia, mas gostava da companhia da amiga, então interviu para que ela aceitasse o convite.

 

- Laísa! – Sua mãe a repreendeu pelo comentário. – Hoje será um almoço especial, minhas filhas todas aqui, as crianças também virão, elas vão gostar de te ver, Ana.

 

- Eu reitero o convite de minha esposa, viu? Vai ser um prazer ter você conosco! – Marcelo disse antes de se retirar.

 

- Obrigada, gente! Se Laísa não se incomodar, eu aceito sim. – Ana Júlia falou por não querer invadir a privacidade de sua amiga.

 

- Eu vou adorar que você fique. – Falou sincera. – Desde que você se controle e sobre comida para mim. – Completou gargalhando da cara de Ana Júlia.

 

- Ai como você é ridícula, menina. – Ana Júlia comentou sorrindo. – Bom, então acho que vou em casa tomar um banho e volto mais tarde. E pode deixar a sobremesa por minha conta, viu?

 

- Tudo bem. – Adriana concordou sorrindo. – Laísa, vai com ela para você ajudar caso ela precise.

 

Laísa olhou desacreditada para a mãe, que parecia estar com alguma intenção a mais em relação a Ana Júlia. Esta, por sua vez, não enxergava qualquer maldade naquilo, mas estava gostando de ser recebida com carinho pela família de sua amiga.

 

- Tá, né?! Vou tomar um banho rápido então, me espera aqui, vocês já estão super amigas mesmo.

 

Laísa tomou um banho e colocou um vestido mais leve, já que o dia estava ensolarado e quente, deixou os cabelos secando naturalmente e foi ao encontro de Ana Júlia.

 

Mais uma vez, quando chegou a cozinha, Laísa se perdeu por alguns instantes observando sua amiga, que ajudava sua mãe, totalmente distraída. Ana Júlia e Laísa tinham a mesma altura, no entanto, enquanto Laísa tinha um corpo magro, o da outra era mais forte e definido. Resolveu não pensar naquilo, afinal, estava gostando muito dessa nova amizade.

 

...

 

- Laísa, tem certeza que você não se incomodou de eu chegar na sua casa assim do nada?

 

Ana Júlia perguntou assim que entraram em seu carro.

 

- Claro que não me incomodei, Naju! – Confirmou. – Eu fiquei surpresa sim, não estava esperando você chegar seminua da feira com mamãe.

 

Ana Júlia riu, percebendo a provocação.

 

- Seminua? Pode confessar que você deu uma secada em mim, já estou acostumada. – Respondeu entrando na brincadeira.

 

- Ah, pronto! Não conheço alguém mais convencido que você, garota.

 

- Eu só digo verdades. Mas, sério, se você não tiver a vontade, eu invento uma desculpa qualquer para não ir ao almoço com sua família.

 

Laísa revirou os olhos.

 

- Ana Júlia, deixa disso! Eu, hein! – Reclamou. – Eu duvido é que deixem você sair lá de casa tão cedo hoje, pelo visto já conquistou a família inteira.

 

- Bom, acho que já te expliquei sobre o meu charme, né?

 

Laísa revirou os olhos mas acabou sorrindo junto com Ana Júlia e nesse clima as duas logo chegaram ao apartamento de Ana.

 

As duas seguiram para o quarto de Ana Júlia e Laísa se jogou na cama da amiga.

 

- Fica a vontade, Lai. Vou tomar um banho rápido. – Ana Júlia falou e se direcionou ao banheiro de sua suíte.

 

Laísa se distraiu enquanto olhava suas redes sociais e não deu muita atenção quando Ana Júlia saiu do banho apenas de toalha. No entanto, quando finalmente percebeu, não conseguiu evitar um novo olhar admirado ao corpo da amiga, que trajava apenas calcinha e sutiã.

 

Por serem amigas, Ana Júlia não se incomodou em trocar de roupas na frente de Laísa. Estava distraída quando notou pelo espelho que Laísa a observava.

 

Resolveu brincar com a situação, levando aquilo numa boa.

 

- Já emagreci dois quilos só com você me secando.

 

Laísa percebeu que foi pega em flagrante e, sem graça, pulou da cama.

 

- Ah, deixa de ser ridícula! – Comentou e logo quis mudar de assunto. – Qual vai ser a tal sobremesa que você vai fazer pro almoço, hein?

 

- Nós vamos fazer. – Corrigiu. – Esqueceu que sua mãe te mandou vir para me ajudar?

 

- Acho que prefiro só te fazer companhia mesmo. – Tentou se esquivar.

 

- Nada disso, hoje você é minha assistente! E se achar ruim reclama com sua mãe.

 

Laísa revirou os olhos fingindo estar incomodada, mas na verdade, estava se divertindo e gostando cada vez mais da companhia de Ana Júlia. Apenas pensava ter que tomar cuidado com alguns momentos como o anterior pois não queria olhar a amiga de outra forma por pura carência.

 

Ana Júlia também estava adorando se aproximar de Laísa e de sua família, já tinha um enorme carinho pela menina e a achava muito especial. Sentia vontade de proteger a amiga dos males e tristeza de sua vida, mas acreditava ser somente por causa do que a loira vinha passando com sua prima.

 

- Vem, vamos lá pra cozinha.

 

Ana Júlia saiu do quarto puxando Laísa pela mão.

 

- Você ainda não me disse o que vamos fazer. – Laísa lembrou ao chegarem a cozinha do apartamento.

 

- Bom, eu pensei em uma torta de nozes para os adultos, mas não sei se as crianças vão curtir muito, então também pensei numa mousse de chocolate. Falou pensativa.

 

- Eu voto na torta de nozes. Amo qualquer coisa que tenha nozes.

 

- Vamos fazer os dois! Como você tá aqui para ajudar, vai ser moleza. – Falou sorrindo para a amiga.

 

- Tô vendo que vou ser explorada nessa casa. – Laísa disse rabugenta.

 

- Vai mesmo, sua mãe liberou. – Ana Júlia respondeu dando de ombros. – Vamos começar logo isso para dar tempo.

 

Ana Júlia buscou todos os ingredientes para as duas receitas. Foi indicando tudo que Laísa deveria fazer em meio às brincadeiras e provocações das duas.

 

- Nossa, Ana Júlia, se você me melar de novo, eu juro que sujo sua cara inteirinha com esse chocolate.

 

- Olha aqui, garota, desperdício de chocolate é pecado, tá? Tá na bíblia!

 

Laísa gargalhou da amiga, não cansava de dizer o quanto as vezes ela parecia uma criança grandalhona.

 

- Só na sua bíblia que tem isso. E se não quer que eu desperdice chocolate é só parar de me melar toda hora.

 

- Ah, mas você ficou tão bonitinha com o nariz e a testa sujos de leite condensado…

 

Ana Júlia aproveitou a distração da amiga para se aproximar e passou o dedo em seu rosto, melando agora sua bochecha de leite condensado.

 

- Ah, não! Vou me vingar de você agora!

 

Laísa praticamente encheu a mão de chocolate e rápida conseguiu sujar o rosto de Ana Júlia.

 

- Aí! Acho que você passou chocolate no meu olho, está ardendo! – Reclamou Ana Júlia.

 

Laísa se preocupou com a amiga e se aproximou para ajudar.

 

- Fica quieta então para eu te limpar! – Pediu enquanto pegava um pano ao seu lado.

 

Laísa molhou a ponta de um paninho e começou a limpar os olhos de Ana Júlia. Quando a amiga finalmente abriu os olhos se sentindo melhor, os olhares das duas se encontraram e nenhuma delas sentiu vontade de desviar.

 

Laísa continuava passando o pano sem muita observação pelo rosto de Ana Júlia, o que a tirou do transe em que estavam.

 

- Acho que já limpou tudo, né? – Perguntou se afastando de Laísa. – Vamos terminar logo isso senão chegaremos atrasadas para o almoço.

 

As duas voltaram a preparar os doces e logo o clima entre elas voltou ao normal.

 

Assim que terminaram as sobremesas, Ana Júlia se arrumou para voltarem a casa de Laísa, pois já estavam em cima da hora combinada com Adriana.

 

Enquanto isso, Vitória passava os dois numa luta interna, sem saber o que realmente sentia por Laísa. Não gostava de sequer pensar na possibilidade de estar verdadeiramente apaixonada pela mais nova.

 

Tinha absoluta certeza que a queria e a teria para si de alguma forma, mas não aceitava que seu sentimento fosse além de desejo.

 

Vitória estava saindo praticamente todos os dias para encontros, sempre com mulheres diferentes, em busca de encontrar outra que lhe despertasse o desejo que Laísa despertou. No entanto, terminava a maioria de suas noites pensando na loira e em uma maneira de tê-la novamente.

 

Vitória sabia que Laísa não era o tipo de mulher que se venderia como ela propôs, mas o que a irritava mais, era ser rejeitada como fora e ter escutado que a loira sentia nojo por ela.

 

Depois de correr por algumas horas tentando esquecer aqueles pensamentos, Vitória decidiu procurar por Laísa. Tinha certeza que despertara na menina o mesmo desejo que foi despertado em si, então não aceitava sua recusa.

 

Tomou um banho rápido e partiu em direção a casa de Laísa. Quando estacionou em frente ao prédio da loira, sentiu certa insegurança, já que sequer sabia Laísa aceitaria falar com ela.

 

Antes de tomar qualquer decisão, viu quando um carro estacionou próximo ao prédio e Laísa saiu do lado do carona.

 

Não precisou de muito tempo para reconhecer o carro e notar sua motorista também saindo do veículo.

 

As duas mulheres caminhavam em sua direção conversando tão entrosadas, que não a perceberam ali, o que aumentou ainda mais sua raiva.

 

- Hoje você vai conhecer a Larissa, minha outra irmã, vai gostar dela também!

 

Vitória escutou Laísa dizer para sua prima e tomada por ciúmes, praticamente entrou na frente das duas mulheres.

 

- Eu tô atrapalhando o casal?

 

Fim do capítulo