As duas mulheres olhavam curiosas e com certo receio para aquela passagem secreta até que Júlia pegou seu revóler e começou a descer alguns degraus da escada que levava para dentro do túnel. - O que você tá fazendo? A gente nem sabe o que tem aí,pode ser perigoso - Karen falou preocupada. - Tudo bem,só vou dar uma olhada. Fique aqui,eu já volto - Júlia falou e continuou a descer até desaparecer em uma curva do comprido corredor subterrâneo. Alguns minutos se passaram e como a morena ainda não havia retornado,Karen que já estava extremamente nervosa e preocupada desceu a escada e começou a caminhar pelo túnel de paredes matálicas onde as poucas lâmpadas que ainda funcionavam insistiam em piscar incessantemente deixando o lugar um tanto quanto assustador. -Júlia? - a menina chamou mas não obteve resposta e continuou andando. Estava à poucos passos de entrar em uma curva quando ouviu um estrondo misturado ao barulho de vidro quebrando e as luzes se apagaram de vez. Karen sentiu o coração acelerar,destravou sua arma e resolveu seguir no escuro mesmo. Antes que pudesse dar o primeiro passo as luzes se acenderam e ela deu de cara com Júlia,o que quase lhe causou um infarto. - Meu Deus,você quer me matar? - perguntou assustada. - Eu que te pergunto isso. E o que tá fazendo aqui? Não falei pra você me esperar lá em cima? - É mas você estava demorando e eu fiquei preocupada. O que foi aquele barulho? - Uma lâmpada piscou e explodiu,vamos sair daqui - Júlia disse e voltaram ao laboratório - E então,o que tinha lá? Você viu alguma coisa? - Tudo que eu vi foi metros e metros de um corredor mal iluminado. Não achei prudente continuar sozinha pois isso pode se estender muito e não sabemos o que tem lá dentro. Vamos voltar à mansão e reunir a equipe. - É,só precisamos tirar aquela maldita grade para podermos sair - disse Karen irritada. - Nós vamos conseguir - falou a morena - Vamos lá? - perguntou,a menina assentiu e subiram para o depósito. **************************************************************** - Eu desisto - Karen disse sentando-se no chão - Maldita grade. - Se a gente dsistir nunca sairemos daqui - Júlia falou enquanto tentava empurrar as barras de ferro. - Juro que eu explodiria essa parede se não tivesse o risco de danificar o laboratório mas infelizmente não posso fazer isso. - Podemos continuar forçando a grade. - Se ao menos tivessemos uma... Motoserra. - Seria ótimo. - Não,alí uma motoserra - Karen falou apontando para o objeto meio escondido perto de uma prateleira. Engatinhou até lá,o pegou e entregou à Júlia. - A sua mãe é um anjo por deixar isso aqui,agora é rezar pra funcionar - Júlia puxou a corda para ligar o aparelho e nada. Puxou de novo e nada. Olhou pra Karen,respirou fundo e puxou novamente. Vrummmm. Ligou e as duas mulheres comemoraram. - Que legal. A gente não podia ter encontrado isso antes? - Encontramos agora e isso é ótimo - a mulher falou e foi até a janela - Se afasta pra não voar faíscas de fogo em você. Enquanto Júlia tentava remover a grade,Karen contatou as outras mulheres na mansão e as deixou em alerta. Quando a morena finalmente terminou o seu trabalho,a grade escorregou pelo telhado e caiu no chão provocando um alto estrondo e fazendo vários infectados correrem pra lá. - Bom,agora teremos uma grande platéia - Karen disse ao olhar pela janela. - Não tinha como eu segurar a grade com as duas mãos ocupadas. - Tudo bem,vamos sair logo daqui. - Espera um pouco,acho que olhei demais para as faíscas. Deixa a minha visão melhorar - Júlia falou e a menina assentiu. Enquanto esperavam,Karen desceu ao laboratório e garantiu que a porta estivesse bem fechada. Quando voltou Júlia já estava pronta. A morena foi a primeira a passar pela janela e reparou o quão escorregadio era aquele telhado. Karen passou também e ambas olharam para os infectados logo abaixo. - A gente consegue,só precisamos ter cuidado - a morena falou e cuidadosamente começaram a atravessar o telhado da garagem. Já estavam na metade do caminho quando Karen escorregou e quase caiu. Ficou paralisada no lugar e Júlia que ia na frente voltou até ela. - Você tá bem? - Estou. Só sinto como se fôssemos os frangos de padaria e eles os cachorros que ficam observando,loucos para provar da nossa carne - a menina falou olhando para os infectados. - Só que não estamos no cardápio. Anda,vai na frente. Chegando ao outro lado do telhado Karen e Júlia alcançaram a janela de um dos quartos da mansão e Paula e Lúcia as ajudaram a entrar. - É bom ter você de volta capitã - Paula falou abraçando a morena. - Obrigada Paula,é bom estar com vocês novamente. Estão todas be... Júlia nem terminou o que ia dizer quando Luana entrou no quarto correndo e a abraçou. - Eu senti tanto a sua falta - disse fazendo Karen e Lúcia revirarem os olhos - Essa equipe não é a mesma sem a sua capitã. - Obrigada Luana mas tenho certeza de que na minha ausência a Lúcia deu conta do recado - Júlia disse afastando-se da ruiva. - Ela deu sim - Vera falou ao entrar no quarto acompanhada por Jade - É bom tê-la de volta capitã. Você também Karen. - Obrigada Vera. É bom estar em casa novamente - dise Karen. - Como se você não estivesse gostando de ficar presa naquele laboratório - Luana pensou alto. Karen= O que quer dizer com isso? Luana= Ué você não é "cientista"? - falou fazendo aspas com as mãos - Até onde eu sei cientistas adoram estar em um laboratório. Karen= Você está certa,geralmente passo mais tempo lá do que em casa mas dessa vez foi muito melhor porque apesar das circunstâncias eu estava em ótima companhia - falou,olhou pra Júlia e sorriu - Se me dão licença eu vou tomar um banho. Vera= Claro. Enquanto isso vou preparar alo pra gente comer. As mulheres se espalharam pela casa e Lúcia encurralou Luana em um corredor. Luana= Posso saber por quê você está me seguindo? Lúcia= É que eu quero te falar uma coisa. Luana= E o que seria? Lúcia= Eu estou de oho em você. Luana= Ah não diga que se apaixonou por mim. Lúcia= Não seja idiota,estou falando que vou ficar de olho caso você tente alguma coisa contra a Karen. Luana= E por quê eu tentaria alguma coisa contra a Karen? Lúcia= Porque ela fez o que você não conseguiu. Fisgou a Júlia - a loira falou e sorriu irritando a outra. Luana= Não é porquê a Júlia beijou aquela garota que ela vá realmente querer algo com ela. O nome do que aconteceu entre elas é carência e quando se está carente acabamos nos envolvendo momentâneamente com quem estiver mais perto. Aconteceu com nós duas,lembra? Lúcia= Felizmente só me lembro de estármos bebendo. Luana= Pois eu tenho algumas lembranças e digamos que a garrafa de whisky não foi a única coisa que você pôs na boca aquela noite - disse a ruiva maliciosa. Lúcia= Quer saber,já falei o que eu tinha pra falar - a mulher se afastou deixando a outra com um sorrisinho vitorioso. ************************************************************************** Já era noite,as mulheres estavam reunidas na cozinha cada uma dando um palpite sobre o que teria no fim do túnel encontrado no laboratório. Depois de se alimentarem,planejavam uma forma de saírem seguras dalí quando todas as luzes da casa se apagaram. - Era só o que faltava - falou Paula e todas da equipe acenderam as lanternas de suas armas. Foram até a sala e pela janela viram as ruas em completa escuridão. Karen= Não se preocupem,temos um gerador reserva no bairro e ele logo será ativado - a menina disse e elas esperaram. Esperaram longos minutos e nada. Júlia= Karen,demora tanto assim pra esse gerador ser ativado? Karen= Na verdade não. Júlia= Imaginei - falou e ouviram um estrondo vindo de algum lugar da casa. Se separaram procurando a origem do barulho e algum tempo depois Paula e Vera chegaram à porta de saída para a garagem. Vera= Eu já sei a resposta mas tenho que perguntar. Essa porta não estava aberta,estava? Paula= Queria eu poder dizer que sim e... onde estão os infectados que estavam lá fora? - Cara,estamos muito ferradas - a mulher falou preocupada.

Fim do capítulo