Capítulo 32 - Quebrada por dentro, seu tipo favorito
(SPOILER: Segundo regras do site, devo informar que o capítulo contém cenas referentes a relacionamento aberto. Mas não, não é de quem vocês estão pensando... ou é?)
Domingão de clássico não era o ponto alto da semana para Lívia e Dante, uma vez que torciam para times rivais. Mas naquele dia, no apartamento de Dante, haveria um adicional.
“Helena? Anna Júlia? O que vocês estão fazendo aqui?” Lívia acorda um pouco mais tarde que o normal, e vê o apartamento movimentado.
“Que horas você foi dormir, menina? Já são quase três da tarde. Viemos ver o clássico.” Helena argumenta, colocando uma bandeja com pães de alho sobre a mesa de café.
“Estavas tão perfeita dormindo que nem quis te acordar.” Dante dá um beijo na testa da namorada e depois volta à varanda para terminar de grelhar a carne.
“Espera... a Helena veio ver o jogo? Helena, você nem curte futebol!” Lívia cruza os braços e olha para a amiga.
“Não curto mesmo, para mim, tanto faz, mas meu primo é reserva do Corinthians e hoje ele vai jogar.” Helena explica.
“E vai perder.” Anna completa.
“Você é palmeirense, Anna Júlia?” Lívia questiona.
“Até morrer!” Anna Júlia abre o casaco para mostrar a camiseta verde.
“Lívia! Que bom que acordou, fiquei de lhe agradecer pelo presente de aniversário mas não tive a oportunidade porque você foi embora antes...” Ariel sai do banheiro secando o cabelo molhado com uma toalha do Corinthians.
“Quando ela chegou, estava chovendo e ela tropeçou em uma poça de lama, daí teve que tomar banho.” Anna Júlia explica, ao perceber a cara confusa de Lívia.
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“Precisa de alguma ajuda aí?” Helena vai até a varanda e oferece uma mão a Dante.
“Preciso não, muito obrigado. Mas e aí, como vai a vida?” Dante pergunta, sem tirar os olhos da churrasqueira.
“Vai bem, até.” Helena dá de ombros.
“Nada de Isabel?”
“A gente se vê na sala, a gente se vê no Hospital... apenas trocamos algumas palavras. Mas nada parecido com o que era antes.”
“Eu imagino... e tu achas que o Timão ganha hoje?”
“Andei conversando virtualmente com meu primo, o técnico está bem otimista com uma tática que ele vem tentando colocar contra o Palmeiras. Talvez dê certo.” Helena tira uma cerveja do cooler e se senta no banquinho ao lado da churrasqueira.
“Viu, Helena, eu estava pensando, nós costumávamos jogar aquele jogo de tiro pelo computador, acontece que vai ter um torneio regional de duplas, tu não queres participar comigo?”
“Regional? Parece bacana, quando vai ser?”
“Na primeira semana de férias.”
“Isso significa que teríamos que treinar nesse período de final de semestre, certo?”
“Sim, mas eu pensei em estabelecermos horários para não atrapalharem as provas, é uma boa maneira de tirar a pressão e relaxar, porque eu estou com os nervos à flor da pele com essa última rodada de avaliações.”
Lívia, então, aparece de supetão. “Helena, como veio parar aqui?” Ela ri, nervosa. “Vocês dois, aqui... vocês dois conversando...” Ela continua a divagar, com uma expressão estranha.
“Sim, Dante está me chamando para um torneio de um jogo de atiradores.” Helena comenta. “Vamos formar uma dupla para participar.”
“Vocês dois? Jogando? Vocês dois juntos?” Lívia pigarreia.
“Estais bem, Liv?” Dante pergunta.
“Estou sim, meu amor. Helena, pode me ajudar aqui rapidinho na cozinha?”
“Mas a Anna Júlia está ali, acho que ela pode lhe ajud-”
“Helena!” Lívia fecha a cara e aponta com a cabeça para que Helena entre.
“O que foi, meu?” Helena é levada para um corredor que não dá vista para a varanda.
“Você contou para o Dante?!”
“Contei o quê?”
“Que a gente...”
“Ah, que a gente fodeu? Lógico que não, Lívia! Primeiro que não é da conta dele porque vocês não estavam juntos, e segundo que isso já passou.”
“Mas agora você vai jogar com ele?”
“Eu sempre joguei com ele, Lívia.”
“Tudo bem, tudo bem.” Lívia inspira profundamente e tenta se acalmar. “Mas nem ouse soltar um piu sequer a respeito do que aconteceu, okay? Nós duas moramos juntas e não sei se ele é seguro o bastante para entender que não tem nada a ver.”
“Já disse, tanto faz. Não vou falar, fica tranquila.” Helena revira os olhos, impaciente.
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O jogo havia começado, e a sala se encontrava dividida. De um lado, Helena, Dante e Ariel, e do outro, Anna Júlia e Lívia.
“Ah!! Esse juiz filho da mãe!” Anna Júlia grita, enquanto Dante e Ariel comemoram a marcação de pênalti a favor do time alvinegro.
“Olha lá, Helena, é seu primo que vai bater!” Dante se empolga, enquanto Helena parecia mais entretida pelos seu celular.
“Gol!!!” Ariel começa a pular com Dante, enquanto Anna Júlia e Lívia bufam de raiva.
‘Mas ela nem lhe avisou da transferência?’ Uma mensagem vinda de Paula aparece na notificação de Helena, e Dante consegue ler.
“Nova peguete?” Ele pergunta.
“Antiga. É a Paula, minha ex.” Helena responde.
“Você e a Paula...?!” Lívia pergunta, assustada.
“Não, lógico que não. A gente conversa às vezes, eu só estava falando a respeito do meu término.”
Lívia arqueia uma sobrancelha e encara Helena. “Só falando? Sei...”
“Olha lá ele vai chutar! Gol!!” Anna Júlia começa a comemorar, e Lívia se distrai pelo replay, esquecendo a conversa.
“Não ligues para Lívia pegando no seu pé, ela é superprotetora. Se tu te sentes confiante em relação a essa outra ex aí, podes ir com tudo.” Dante aconselha.
“Mas eu não estou com nenhuma intenção.” Helena contra argumenta, enquanto recebe outra mensagem da ex:
‘Acabamos de sair. Já já passamos aí.’
“Não escuta o Dante que até um tempo atrás ele não era o melhor exemplo.” Lívia, após a comemoração do gol, percebe Helena e Dante cochicharem.
“Olha quem fala.” Helena interrompe o cochicho para responder Lívia.
“Olha quem fala o quê? Como assim? O que você está querendo dizer?” Lívia fica nervosa.
“Ué, você estava assim, pendendo entre Dante e Bruno, um tempo atrás. Também não é o melhor exemplo.” Helena explica.
“Ah...” Lívia respira aliviada.
“Helena, escuta teu coração. Só isso.” Anna Júlia comenta.
“Se ela fosse escutar o coração, estaria se arrastando para Isabel nesse momento.” Lívia conhece a amiga melhor do que ela mesma, e as atenções se voltam ao jogo por alguns minutos por uma briga em campo que aconteceu após outra marcação de penalidade máxima, que acabou não resultando em gol por parte do time do primo da paulistana.
“Galera, eu preciso ir.” Helena se levanta.
“Vai aonde, menina? O jogo nem acabou!” Lívia reclama.
“A Paula veio me buscar com a namorada. Já estão na frente do prédio. Vamos sair.” Helena responde.
“Duas gurias ainda? Boa, garota!” Dante brinca.
“Dante, isso não tem graça!” Lívia se irrita. “Helena, vai sair agora mesmo? Não acha rude dispensar seus amigos?”
“Não estou dispensando, afinal não sou a anfitriã. Só estou saindo mais cedo. Falou, pessoal.” Helena sai rapidamente.
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“E como está o jogo?” Paula pergunta, olhando para o espelho retrovisor.
“Está empatado.” Helena responde.
“O primo dela joga no Corinthians, é o camisa 30.” Paula comenta com Jussara.
“Sério? É aquele menino que fez o gol da vitória na copa júnior ano passado?” Jussara pergunta.
“Ele mesmo, veio para o time profissional esse ano e hoje está sendo o primeiro jogo dele sem ser reserva.” Helena explica.
“Bom, eu só sei quem ele é por causa de Helena, pois particularmente nem gosto do Corinthians.” Paula comenta com a namorada.
“Eu sei disso, dona santista.” Jussara ri.
“Então, para onde vamos?” Helena pergunta, cortando o assunto esportivo.
“Estava pensando em irmos naquela petiscaria gourmet que abriu mês passado, o que acham?” Paula sugere.
“Pode ser. Tem bebida boa lá?” Helena pergunta enquanto olha vagamente pela janela.
“Tem gente querendo beber sofrendo por ex?” Paula brinca.
“Passei o dia com umas latinhas de cerveja só. Preciso de algo mais forte para eu esquecer esses últimos dias.” Helena confessa.
“O que você andou aprontando que quer esquecer?” Jussara participa da conversa.
“Tentei esquecer e me vingar da minha ex ficando com minha melhor amiga. Um dia depois, ela começa a namorar outro cara.”
“Uau. Você é um prato cheio para a psicologia, Helena!” Paula se surpreende, enquanto se aproxima do endereço da petiscaria.
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Duas porções de batata frita, três porções de bolinho de bacalhau, e, para Helena, três doses de whisky sem gelo.
“Nem eu sabia que você gostava de whisky assim, na dose de cowboy” Paula mais uma vez se surpreende.
“Agora eu sou assim. Estou pouco me lixando.” Helena responde, após virar a terceira dose, tentando assumir uma postura mais confiante.
“Então você se considera uma pessoa mudada?” Jussara pergunta.
“Sim, uma nova pessoa. Uma nova Helena.” A garota sorri, ainda tentando mostrar confiança.
“Okay então, garota mudada...” Paula comenta, em tom de piada. “Bem, está ficando tarde e temos que ir, não quer conhecer nosso novo apartamento?”
“Mas Paula você não mora com seus pais? Ah não, espera, real, você comentou que havia se mudado. Eu esqueci, acho que já bebi o suficiente.”
“Eu vou pedir a conta, e daí a gente vai.” Paula se prontifica.
“Vai aonde?” Helena fica confusa.
“Lá conhecer a nossa casa, a gente fuma um narguilé, joga uma conversa fora...”
“E desde quando você fuma?” Helena arqueia uma sobrancelha.
“Você não foi a única que mudou, Helena.” Jussara responde por Paula.
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“Espera, deixa eu ver se eu entendi.” Já no novo apartamento do casal, Helena dá uma tragada no narguilé e sente o aroma de menta. “Vocês brigavam constantemente por causa de ciúmes, aí resolveram impor regras liberais? O que são regras liberais? Parece contraditório.”
“Não é.” Jussara responde, enquanto Paula lhe entrega uma garrafa de cerveja. “Nós podemos sair com outras pessoas, desde que nós duas façamos isso juntas.”
“É uma forma de liberdade, porém com regras.” Paula completa, após dar uma tragada.
“Parece complicado.” Helena coça a cabeça e olha para o relógio de parede. “Mas enfim, vocês me explicam outro dia porque preciso ir para casa, tenho aula amanhã.”
“Tem certeza que não quer dormir aqui?” Paula muda de lugar e se senta ao lado de Helena, que finalmente entende o que está acontecendo.
“Bem...” Helena pigarreia.
“Você não disse que era uma nova Helena?” Jussara provoca.
“Digo... eu sou, eu sou! Mas...” Helena fica nervosa.
“Já sei, nunca fez isso.” Jussara também se aproxima.
“É estranho, digo, a Paula é minha ex...”
“E daí?” Jussara se aproxima mais ainda e começa a beijar o pescoço de Helena.
“Em outros tempos isso seria um problema, mas hoje faz parte da solução...” Paula desabotoa a camisete de Helena.
“Galera, eu nunca fiz isso.” Helena confessa.
“Helena.” Paula segura a ex namorada pelo queixo. “Você está sofrendo pela Isabel. Isso é nítido. Ou você toma as rédeas da sua vida e se torna uma pessoa livre ou vai viver com medo.”
“Eu não quero ter medo.” Helena afirma, enquanto Paula ainda a segura pelo queixo.
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Em meio a gemidos, Paula rebol*va sobre a boca de Helena, enquanto Jussara ch*pava a genitália da ex de sua atual. Helena, de olhos fechados, buscava se concentrar no que estava oferecendo e recebendo, quase não se aguentando de prazer. O orgasmo obtido na relação foi uma sensação diferente, pois estava conectado a um sentimento de liberdade – e libertinagem – que nunca havia sentido. Pegou no sono nua, ali mesmo, com as duas garotas dormindo ao seu lado. Acordou atrasada, rapidamente tomou banho para lavar toda aquela luxúria e foi para casa. Pegou seu notebook e correu para a faculdade.
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“Cerveja no almoço, Helena?” Lívia estranha a atitude da amiga.
“Que foi? Virou fiscal nutricionista agora?” Helena devolve com uma resposta seca.
“Nossa, desculpa.”
“Avisa o Dante que eu não vou participar do torneio online.” Helena comenta.
“Por que não avisa você mesma? Ele tem celular, só mandar mensagem.”
“Eu poderia avisá-lo, assim como também poderia aproveitar e falar para ele que a namorada trans* com a melhor amiga antes de começar um relacionamento.” Helena pisca, provocando.
“Que rolê com a Paula foi esse que fez você voltar extremamente escrota?”
“Não é da sua conta.” Helena pega seu prato, sua cerveja, e vai almoçar no quarto.
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Lívia ajudava Dante, já no começo da noite, a desenhar, em uma folha de papel sulfite, fotos de lâminas de tecidos epiteliais de revestimento vistas no microscópio, enquanto Anna Júlia revisava, também na sala, um processo judicial ao mesmo tempo que conversava com os amigos.
“Que cheiro é esse?” A advogada reclama.
“Parece vir do quarto de Helena.” Dante comenta.
“Vou ver o que ela está aprontando.” Lívia vai até o quarto amiga, para encontrá-la fumando em um bong.
“Helena onde você arranjou isso? E isso está com um cheiro horrível, parece que um cadáver foi queimado!”
“Eu comprei hoje.” Helena responde, calmamente. “E não reclama, não está tão ruim assim. Eu só errei no começo mas agora está bom.”
“Você sabe que não pode fumar dentro do apartamento! Todo mundo está reclamando!” Lívia tampa o nariz.
“Vai procurar o que fazer.” Helena revira os olhos e ignora Lívia.
“Não!” Lívia se aproxima e retira o bong da amiga. “Porque eu não consigo fazer nada com a casa cheirando a fumaça!”
“Devolve!” Helena se levanta, irritada.
“Não vou devolver, Helena, essa não é você! Era para você estar estudando nesse momento, e não fazendo isso!”
“Não enche o saco. Já que não vai devolver então sai do meu quarto.” Helena se senta na cadeira em frente à escrivaninha, de costas para Lívia.
“Eu vou sair, mas depois eu quero levar um papo sério com você, Helena.”
“Você não é minha mãe, Lívia.” Helena continua de costas.
“Quer saber? Desisto. Boa noite.” Lívia sai do quarto completamente frustrada.
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Outro dia, outras tarefas, mas dessa vez Lívia estudava sozinha no balcão da cozinha enquanto jantava. Dante havia confirmado de treinar com Ariel, sua nova parceira, no torneio online, e depois participaria de um grupo de estudo com colegas de classe, logo não estaria disponível.
“Está tudo quieto aqui. Sem heavy metal ou reggae... Helena está dormindo?” Anna Júlia pergunta, chegando do serviço.
“Ela não está em casa, saiu e disse que não voltaria cedo.” Lívia explica.
“Mas vocês não estão em semana de prova ou algo assim?”
“Estamos, mas Helena parece ter entrado em um Universo paralelo em que ela parou de ligar para a vida.”
“Não acha melhor tentarmos conversar com Isabel novamente?” Anna Júlia sugere enquanto pega as raspas da macarronada na panela.
“Essa ideia passou pela minha cabeça. E por mais que eu seja contra o retorno delas, Helena está se autodestruindo e me preocupo com o que pode acontecer. Vou tentar falar com ela, olho no olho, pelo menos não tem como ela desligar na minha cara como faz no telefone.” Lívia termina de comer e rapidamente volta sua atenção aos estudos, enquanto Anna Júlia vai jantar no quarto acompanhada de um filme.
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Lívia já havia finalizado a matéria e estava guardando o caderno na mochila para dormir, quando Helena chegou.
“Helena, por acaso você estudou? Que eu saiba você tem prova de Semiologia amanhã.” Lívia comenta, preocupada.
“Eu preciso de seis para passar, eu me garanto.” Helena fecha a porta, tira o casaco e o joga sobre o sofá.
“Mas você ao menos deu uma olhada na matéria? Você parece bêbada, onde você estava?”
“Onde eu estava?” Helena dá um sorriso sarcástico e vai até o balcão onde Lívia colocara a mochila com o caderno. “Eu estava por ali, por aí...” Ela continua sorrindo sarcasticamente.
“Você estava no Pub?”
“Lógico que não. Para quê eu iria até lá para beber, garota? Eu estava no bar aqui perto da faculdade.”
“E ficou lá até agora?”
“Sim, eu encontrei um pessoal lá, a gente fumou, bebeu...e caramba, você não é minha namorada para ficar fazendo tantas perguntas assim, que saco.” Helena então caminha até a geladeira para pegar uma garrafa d’água.
“Helena, eu quero o telefone da sua terapeuta de São Paulo.” Lívia pede, com firmeza em sua voz.
“Por quê?”
“Eu quero conversar com ela.”
“Conversar sobre o quê?”
“Só me passa o telefone dela. Ou ao menos o nome dela, alguma informação.”
“Para quê? Para você fazer fofoca de mim? Nem pensar.” Helena toma alguns goles de água e joga a garrafa no lixo. Abre novamente a geladeira para procurar algo para comer.
“Helena, você precisa me escutar, você não está bem e só você não percebe isso!” Lívia fala, fala, mas Helena a ignora. “Helena! Helena!” Lívia se vê obrigada a levantar e ir até a geladeira. Ela fecha a porta do eletrodoméstico na frente da amiga. “Helena, presta atenção no que eu estou lhe falando!”
“Que foi? Cacete! Vai dar para o Dante e me deixa eu paz!” Helena abre novamente a geladeira.
“Dante está ocupado jogando com a Ariel e eu estou preocupada com você, porr*!” Lívia fecha novamente a geladeira, já vermelha de raiva.
“Ariel...?” Helena desiste de pegar algo para comer e se encosta na geladeira, cruzando os braços e sorrindo sarcasticamente de novo. “Ariel, Ariel...”
“Por que você fica repetindo o nome dela assim?”
“Você não percebe? É óbvio que ele come a Ariel.”
“O quê? Não! Lógico que não, Helena!”
“Como você sabe? Você já perguntou para ele?”
“Não, mas... mas ele teria me contado...” A insegurança de Lívia começa a transparecer.
“Qual é... a menina é super gata, aqueles implantes de silicone são de nível modelo profissional, e você sabe que ele é comedor. Juntando dois e dois...”
“Para com isso, Helena! Essa sua nova versão aí só fala merd*. Dante não é assim.”
“Não é assim? Ah é?” Helena descruza os braços e se aproxima de Lívia. “Você e ele são iguaizinhos. Vocês não são de uma pessoa só.” A aproximação de Helena faz Lívia dar passos para trás, até se encostar no balcão. “Eu conheço você, Lívia. Conheço muito bem. Quando você estava com o Thales, tinha fantasias lésbicas. Quando estava com Bruno, queria o Dante. Agora que está com o Dante não para de pensar em tirar minha roupa, arranhar-me e me xingar até o amanhecer...” Helena se inclina para beijar a garota, mas tudo o que recebe é um belo tapa na cara. “Ai! Filha da puta.” Helena se afasta por uns instantes e coloca a mão no rosto, sentindo o impacto.
“Meus deuses, desculpa!” Lívia cobre a boca ao perceber que se precipitou. “Perdão, Helena, não queria lhe bater, é que você ficou completamente sem noção!”
“Queria me bater sim, você sabe que queria...” Helena dá mais um sorriso sarcástico.
“Sério que você está levando isso na brincadeira?” Lívia se estressa após ter se preocupado à toa. “Você acabou de me falar um monte de bostas e não está nem aí, Helena! Quem é você?”
“Eu sou uma pessoa quebrada por dentro, seu tipo favorito.” Helena aproxima-se novamente e dessa vez consegue arrancar um beijo intenso de Lívia, que quase perde a respiração.
“Gente, aconteceu alguma coisa? Ouvi um grito e-” Anna Júlia sai de seu quarto e flagra a cena. “Desculpa. Desculpa mesmo, boa noite.” Ela fecha correndo a porta.
“Helena, você deveria dormir.” Lívia se afasta, assustada pelo flagrante.
“Fica comigo essa noite.” Helena pede, com olhos de cachorro abandonado, sabendo que Lívia costuma se compadecer com tal atitude.
“Helena você sabe que eu não posso! Eu tenho namorado, eu sou fiel a ele! Eu amo o Dante. Eu faço amor com o Dante, e somente com ele. Não tem essa.” Lívia tenta ser gentil ao dispensar a amiga.
“Fazer amor?” Helena não contem a gargalhada. “Quem falou em fazer amor?”
“Eu falei! Eu estou falando. Eu faço amor com ele. E daí?”
“Eu não falei de fazer amor.” Helena insiste em se aproximar. “Falei de foder, falei de arranhões, falei de xingamentos e gemidos que ofenderiam até gerações posteriores...” Ela leva seus lábios próximo ao lóbulo da orelha de Lívia. “Falei em lhe foder de quatro até você implorar para parar e cair prostrada no travesseiro, encharcada de gozo e suor... para você gritar tanto com a fricção em sua vulva até sua garganta secar. Foi sobre isso que falei.”
Lívia, com o coração disparado e a respiração superficial e intensa, engole a seco: “S-só isso?”
“Quer mais?” Helena continua a sussurrar. Ela puxa Lívia e a vira de costas para si, de modo que a veterana fica de frente ao balcão. “Você não sente falta daquele frio na espinha enquanto você me arranha, somado ao sentimento de poder de estar por cima?” Enquanto ela puxa o cabelo de Lívia para o lado com uma mão, com outra desabotoa a calça de Lívia. “Ou quando você me xinga de vadia, vagabunda... quando tudo que você quer é que essa vadia lhe enfie três dedos de uma vez até você implorar por mais força e mais pressão...” Helena coloca a mão dentro da calcinha de Lívia e já a sente encharcada. Com a mão que segurava o cabelo, Helena começa a puxar os fios entre seus dedos, fazendo a nuca de Lívia ir para trás, enquanto a outra mão apenas massageia os lábios maiores da vulva.
“Para de massagear e fode logo.” Lívia consegue recuperar a respiração e ordena. Helena, em resposta, enfia dois dedos de uma vez.
“Quer mais um?” Ela sussurra, ainda puxando o cabelo, enquanto penetra a garota.
“O que você acha, vadia?” Lívia responde com um sorriso debochado no rosto, e Helena logo enfia o terceiro dedo, dificultando para Lívia conter os gemidos. “Mais forte!” Lívia ordena, e Helena obedece. Lívia não aguenta e acaba soltando um gemido alto. Ambas vêem uma luz se acender no quarto de Anna Júlia e param na hora.
“Helena eu vou dormir. Tenho prova amanhã e você também tem.” Lívia sobe a calça e se afasta da amiga.
“Tanto faz.” Helena pega uma folha de papel toalha e limpa a mão.
“A gente não vai fazer isso de novo.” Lívia afirma.
“Foi isso que você disse da última vez...” O sorriso sarcástico retorna mais uma vez no rosto de Helena.
“Cala a boca.” Lívia empurra a amiga. “Vai tirar esse bafo de cerveja e dormir.”
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Já na faculdade, após a prova, Lívia sai, em extremo cansaço físico e mental, e vai direto ao banheiro para lavar o rosto e tentar esquecer as 30 questões objetivas que acabou de responder.
“Lívia? Você viu a Helena hoje?” Isabel pergunta, acabando de entrar no banheiro.
“Oi? Não a vi não, eu saí bem cedo.” Lívia explica.
“Acontece que ela não apareceu para fazer a prova.”
“O quê? Ah não, ela deve ter perdido a hora por causa da ressaca!” Lívia coloca a mão na própria testa, preocupada.
“Ressaca? Ela bebeu em véspera de prova?” Isabel se preocupa cada vez mais.
“Fez muito mais do que beber.” Lívia balança a cabeça negativamente.
“Como assim? Ela... ela está usando algo?”
“Isabel, você precisa urgente ver como essa menina está. Uma bagunça emocional.”
“Ela parecia tão bem nas aulas, parecia mais confiante... não imaginava que ela pudesse estar assim. Você está voltando para casa agora?”
“Estou sim. Quer vir junto? Assim podemos enquadrá-la.”
“Perfeito.” Isabel acompanha a melhor amiga da ex namorada.
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Isabel e Lívia chegaram no apartamento e encontraram a porta de Helena fechada, mas não trancada. Lívia girou a maçaneta e entrou no quarto todo bagunçado, encontrando Helena jogada no chão.
“Helena!” Lívia gritou e foi ao encontro da amiga, chacoalhando-a.
“Que foi?” Helena responde, sonolenta e assustada.
“O que raios aconteceu?!” Lívia ajuda a amiga a se levantar.
“Como assim? Que horas são?” Helena boceja e coça o olho.
“Você perdeu a prova de semiologia, Helena!” Isabel responde.
“Perdi? Ah, droga, perdi.” Helena dá uma olhada no relógio em seu pulso e finalmente o atraso. “Será que consigo fazer a segunda chamada?”
“Para requisitar a segunda chamada você deveria ter um atestado médico que comprovasse que você não podia estar na sala naquele horário, então mesmo que você fosse ao Hospital agora, não daria certo.” Lívia explana, com olhar de pena sobre Helena.
“Merda, zerei a prova. Peguei exame, então.” Helena estranhamente se conforma com sua realidade.
“Bem, eu vou deixar vocês duas conversando enquanto preparo o almoço.” Lívia sai de cena, deixando Helena e Isabel a sós.
“Percebi que a situação estava tensa quando Lívia não discutiu comigo por um segundo sequer e só queria que eu fosse lhe ver.” Isabel comenta, enquanto senta-se na cama.
“Ela se preocupa à toa. A situação não está tão ruim assim.” Helena boceja novamente e se senta ao lado de Isabel.
“Não? Helena, suas roupas estão com cheiro de cigarro e bebida. Você dormiu no chão e faltou em dia de prova.”
“Tentei ser uma nova pessoa.” Helena justifica.
“Pois não está dando muito certo.”
“Estava tentando para ver se lhe esquecia de uma vez.” Helena abaixa o olhar.
“Helena, logo eu não estarei mais aqui para lhe socorrer e checar como você está.” Isabel coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha da ex.
“Eu sei. Tenho que aprender a viver sem você. Mas eu não quero...” Helena argumenta, com os lábios trêmulos.
“Eu amo você, Helena, amo de verdade, e arrisco dizer que nunca amei ninguém assim... mas você precisa crescer. Não leve isso a mal. Mas a distância só nos machucaria mais...” Isabel acaricia a região temporal da cabeça de Helena.
“Eu só não queria que você saísse assim, de repente, da minha vida... você era o ponto alto do meu dia.” Helena, já derramando algumas lágrimas, segura o braço que Isabel usa para acariciar.
“Era só você ter pedido. Eu não preciso sair. Podemos nos fazer presentes na vida uma da outra.” Isabel sorri e beija a bochecha da ex.
“E como está a situação judicial entre você e o pai do Rafa?” Helena segura a mão de Isabel, abaixando seu braço, e muda de assunto.
“Agora ele mudou a tática, está tentando guarda compartilhada. Com o dinheiro que ele está investindo em advogados, provavelmente vai conseguir.” Isabel responde, entristecida.
“Mas você não pagou advogado também?”
“Estamos com um advogado da OAB que nos foi fornecido, mas Jonathan tem uma equipe de três ou quatro representantes para construírem o caso dele.”
“Será que a Anna Júlia não pode ajudar? Eu peço para ela ler seu processo, dar uma olhada...”
“Não quero incomodar. E mesmo que pudesse, eu não poderia pagar os honorários dela.”
“Não! Você merece criar o Rafa do seu jeito, e não precisa da ajuda daquele canalha! Você está voltando para São Paulo por causa disso! Vou falar com ela, nem que eu tenha que pagar pelos serviços, mas nós vamos conseguir.”
“Helena, você não precisa fazer isso por mim, nós nem estamos mais juntas...”
“Não é por você. É pelo Rafa. Ele merece ficar com a mãe.” Helena responde, confiante.
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Os dias se passaram e com a temível prova final de Semiologia chegando, a tensão de Helena aumentava. Papeis e post-its colados pelo espelho. Três livros de semiologia abertos em páginas diferentes sobre a cama ao lado de um notebook. Uma caixa de chocolates e uma lata de Coca-cola zero. Assim se encontrava Helena em plena noite de véspera de prova.
“Helena, tem alguém aqui que veio lhe ver...” Anna Júlia bate na porta e abre logo em seguida.
“Oi? Essa hora? Quem?” Helena fica confusa, mas ao ver quem está atrás de Anna, abre um enorme sorriso.
“Vim aqui porque sabia que a essa hora você estaria revisando...” Isabel adentra o quarto.
“Vou deixar vocês estudando em paz...” Anna Júlia dá uma piscadela e sai do recinto.
“Bom, vamos lá, onde você parou?” Isabel coloca a bolsa em cima da escrivaninha e abre o guarda-roupa da ex. “Lembro de um pijama seu que servia perfeitamente em mim, ainda está aqui? Acabei de voltar do serviço e pensei em tomar um banho rápido antes de estudarmos.”
“E que intimidade toda é essa, mocinha?” Helena interroga, brincando.
“Achei! Esse aqui. Enquanto eu vou para o banho, quero que você já separe no livro os capítulos certinho para eu fazer as perguntas, okay?”
“Espera! Você já não acabou o semestre? O que ainda faz aqui?”
“Aviso prévio do Pub, tenho que cumprir até final de semana que vem. Depois volto para São Paulo.”
“Você deve ter bastante coisa para levar, afinal é mudança, não quer ir comigo?”
“Mas você não iria fazer o estágio aqui nas férias?”
“Mesmo que eu passe em semiologia, provavelmente não serei chamada porque essa é a matéria que eles exigem as notas mais altas.” Helena abaixa o olhar.
“Bem... então parece que teremos um último pé na estrada juntas!” Isabel tenta reanimar a ex namorada antes de ir para o banho.
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“Okay. Na icterícia pós hepática, qual o tipo de bilirrubina que se eleva?” Isabel segura o caderno com o resumo da matéria enquanto observa Helena pensar.
“A... direta?” Helena responde, insegura.
“Isso! E que nome se dá à eliminação brusca de secreção do tipo amarelada e viscosa, pela glote, com odor desagradável?”
“Essa eu sei! Vômica!”
“Perfeito!” Isabel rouba um chocolate da caixa de Helena. “Descrição de pulso e pressão na insuficiência aórtica.”
“Pulso é em martelo d’água e pressão divergente...?”
“Isso mesmo. Lembrando que esse pulso em martelo d’água também é conhecido como Pulso de Corrigan.” Isabel rouba outro chocolate.
“Então cada vez que eu acerto você pega um bombom?” Helena ri.
“Não tenho culpa se você comprou meu tipo favorito de chocolate.” Isabel também ri. “Vai, fala o nome dado às manchas no campo visual.”
“Essa é fácil, estocoma. E esse era meu tipo favorito mas acabou virando o seu de tanto você pegar da geladeira... na verdade eu deixava lá de propósito porque sabia que você adorava bombom gelado.” Helena dá meio sorriso, acompanhado de boas lembranças.
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“Anna Júlia, você acha que eu sou indecisa?” Lívia pergunta, aproximando-se da colega de apartamento no sofá, enquanto esta assiste a um segmento jornalístico que era reprisado tarde da noite.
“Indecisa? Em que sentido? Carreira, vida?”
“Em tudo. Indecisa em tudo. É que a Helena disse algo que mexeu com a minha cabeça.”
“Antes ou depois de lhe foder?”
“Shh!” Lívia tampa a boca de Anna Júlia. “Não fala isso alto. Ela disse que eu nunca estou feliz com uma pessoa só. Mas eu sou feliz com o Dante como eu nunca fui com ninguém.”
“Ah, então ela deve achar que você é polígama...?”
“Eu não sou polígama! Eu namoro o Dante, e somente o Dante, e eu o amo.”
“Mas você estava trans*ndo com a Hel-”
“Cala a boca pelo amor dos Deuses, Anna Júlia! Esquece esse assunto.” Lívia se levanta para voltar para o quarto.
“Espera! Desculpa. Brincadeiras à parte, por que você acha que o que ela lhe disse mexeu com você?”
“Porque eu tenho medo de que seja verdade.” Lívia volta para o sofá, desolada.
“Então tecnicamente você estaria gostando de duas pessoas ao mesmo tempo?”
“Gostar?” Lívia dá uma risada sarcástica. “Qual é, eu não tenho 15 anos, Anna. Como eu já disse, eu amo o Dante, amo o jeito que a gente trans*, fazer amor com ele é maravilhoso, é gostoso, ele sabe exatamente quais pontos me dão prazer, mas o sex* com....” Lívia aponta para a porta do quarto de Helena. “é simplesmente m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o” Ela balbucia e depois revira os olhos ao relembrar.
“E como você planeja resolver essa situação?” Anna se interessa pela conversa.
“Ai, por que vocês sempre cobram uma resolução? Eu sei que meu final é o Dante, com ele consigo ser imprevisível e estável ao mesmo tempo. Eu não quero viver sempre trocando ou sempre achando que falta algo.”
“Então falta-lhe algo?” Anna cruza as pernas e presta atenção no gesto de susto de Lívia.
“Pelo amor, Anna, virou psicanalista agora? Não me venha com essas baboseiras de completude porque eu já passei por isso com o Bruno e o Dante.” Lívia se estressa brevemente. “Eu sei o que eu sinto. Foram algumas boas trans*s, foi diferente, bom para ganhar experiência, ué.”
“Ui... que experiências foram essas?” Isabel, sem saber de nada, passando pela sala antes de ir à cozinha pegar uma garrafa de água, tenta interagir para diminuir o desconforto da situação gerada pelo término.
“Oi, que experiências?” Lívia se assusta.
“Ela estava contando sobre a menina que transou antes de namorar sério com o Dante.” Anna complementa, fazendo Lívia fuzilá-la com os olhos. “Aquela garota que você encontrou no aplicativo parecia muito linda mesmo.” A advogada salva a situação.
“Andou pescando por aí antes de pendurar a chuteira?” Isabel ri. “Tem foto aí? Vamos ver se valia a pena.”
“Foto? Está interessada por acaso? Eu hein.” Lívia pigarreia e fica na defensiva. “E Helena, como está nos estudos?”
“Sabendo bastante, acho que ela consegue passar.” Isabel imagina ter sido inconveniente e volta para o quarto sem ao menos ter pego a água.
________//________
“Helena, eu sei que a Lívia costuma ser estranha, mas sei lá, hoje parece mais fora do comum ainda.” Isabel comenta, sentando-se ao lado em que a ex se encontra deitada, com o notebook em cima do abdôme.
“Você foi grossa com ela após o nosso término Isabel. Sibilo tem característica expiratória, né?” Helena responde enquanto revê suas anotações no computador.
“Sim, expiratória. Mas eu fui grossa com ela porque eu sabia que ela viria falar um monte de bosta, ela não estava agindo imparcialmente. Só percebi que ela criou maturidade para falar comigo no momento que viu você em uma situação complicada.”
“Já entendi, Isabel, tudo para você é uma questão de maturidade. Ritmo respiratório de Cheyne-Stokes é cíclico, né? Qual era a causa principal? Esqueci.”
“É cíclico, causado por insuficiência cardíaca grave. E para de tentar mudar o assunto, Helena, eu falei de maturidade porque ela não estava sabendo conversar.”
“Bel, hoje eu não quero discutir com você. Se você achou a Lívia estranha, ou se você acha, sei lá, não é problema meu. Não estou sendo grossa, só estou dizendo que ela é minha amiga, e agora você é minha amiga também. Não vou me enfiar no meio disso. E eu também tenho uma prova ferrada amanhã e tudo o que eu menos quero é confusão.”
“Tudo bem, desculpa. Mas antes de voltarmos a estudar, quem é essa tal garota que ela transou antes de namorar o Dante?” Isabel questiona, curiosa.
“Oi?” Helena arregala os olhos.
“Ela disse que transou com uma garota antes de firmar compromisso com o Dante. Quando perguntei, ela ficou estranha, disse que foi de um aplicativo. Estou perguntando porque a Carmen da nossa sala disse que baixou esse aplicativo umas semanas atrás, em uma conversa em grupo confessou que ficou com uma veterana nossa mas não revelou quem, será que foi a Lívia?”
“Você está andando com a Carmen agora?” Helena desconversa.
“Não, é que ela anda com o pessoal do meu bloco da moradia então sempre está por lá.”
“Então por que está tão interessada em saber?” Helena franze a testa.
“Nossa, você e Lívia fizeram praticamente a mesma pergunta.” Isabel arqueia uma sobrancelha e joga o tronco levemente para trás, ainda sentada. “Espera...”
“Espera o quê?” A garota começa a ficar desconfortável, e resolve jogar a toalha. “Olha, beleza, você sacou, mas para essa amizade funcionar, eu quero que saiba que eu estava chateada com a sua atitude e isso também não é mais da sua conta.”
“Como assim não é da minha conta?!” Isabel se levanta. “Eu fiquei me martirizando por ter trans*do com o Bruno, quando você foi lá e fez a mesma coisa!”
“Mesma coisa?!” Helena coloca o notebook no colchão para poder se levantar também, do outro lado da cama, usando o móvel como barricada no meio da guerra que acaba de estourar. “Você não esperou nem o cadáver do nosso relacionamento esfriar para correr até os braços de um cara que já provou ser desprezível!”
“E para se vingar você fez o quê? Correu para os braços da ex dele! Uma garota que você correu atrás até conseguir, como se fosse um cachorrinho implorando por osso!”
“O quê? Isso já fazia um tempão! E eu nem corri atrás dela, você sabe de toda a história! E eu só fiz isso porque, mais uma vez, você tinha me destruído por dentro!”
“Helena, foi um erro eu ter vindo, foi um erro ter tentado lhe ajudar, foi um erro tentar ser sua amiga.” Isabel tira a roupa emprestada e a atira na direção da ex.
“Então é assim?” Helena pega a roupa embolada e a amassa mais ainda de raiva. “E a história de fazermos uma última viagem juntas?”
“E a história de nós termos sido felizes um dia juntas? Pois é, também não existe mais.” Isabel termina de vestir o uniforme do Pub que estava usando quando chegou.
“Sério que você está dando todo esse chilique para tentar vencer essa discussão e me colocar como culpada?”
“Em uma discussão como essa não há vencedores, Helena. Enfim, boa prova amanhã. Adeus.” Desistindo de revidar e com o olhar cabisbaixo, Isabel pede licença e se retira, deixando Helena parada, sem reação, segurando a roupa embolada, olhando para a porta que Isabel acabara de fechar.
Fim do capítulo
Amadas, se vocês puderem, indiquem-me músicas que vocês acham que combinam com as personagens. Agradeço desde já as indicações! Beijos!
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rhina
Em: 02/09/2020
Aa vezes ou sempre eu fico perdida no meio da imensidão da sua história e acho que não manjo nada.
Como da onde Helena diz que ficou com a Lívia para vingar da Isabel que no dia seguinte Lívia começa a namorar....ham?
Depois Helena se envolve em diversas e confusas relações que lhe confere umas atitudes escrotas.
Isabela retorna em cena e compara a noite de sexo dela com Bruno com a de Helena com Lívia.....
É muito sexo sem compromisso e uma confusão sem fim de sentir......ninguem sabe para onde vai
Rhina

Kelle Souza
Em: 24/05/2019
Autora, volta logo vai..
sobre a música; não me veio outra na cabeça se não o clássico, " Malandragem" da Cassia Ellen
cheiro.
Resposta do autor:
Amo essa música!! Um verdadeiro hino.
E, já que estou meio sem tempo, o próximo capítulo está sendo escrito por um grande amigo, que inclusive me ajudou a construir alguns personagens, como Dante.
Fique no aguardo, beijão Anaiis!
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Marta Andrade dos Santos
Em: 03/05/2019
Essas duas não tem jeito,espero que elas consigam chegar em um entendimento.
Resposta do autor:
A personalidade de ambas acaba dificultando um pouco esse entendimento. A personagem Helena terá tempo de sobra para rever os relacionamentos a sua volta!
Obrigada pelo feedback, bjus!!
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rrmsilva
Em: 03/05/2019
Velho essa Isabel é muito chata, na boa tá dando ranço. Helena merece alguém melhor
Resposta do autor:
Está cada vez mais difícil defender Isabel msm hahahahahahahahah
O importante foi que serviu para moldar Helena, que estará mais preparada para futuros envolvimentos!
Obg pelo comentário, bjão!
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