Esconderijo por Lou
Capítulo 3 - Resistência
Capítulo 3 – Resistência
- Laísa? Atrapalho alguma coisa?
Ana Júlia, que estava a procura de Laísa, acabou interrompendo o momentos das duas mulheres, antes que a loira pudesse responder ao convite de Vitória.
- O que você quer aqui, Ana Júlia? – Vitória perguntou sem tirar os olhos de Laísa.
- Eu e Luciano estamos indo embora, vim buscar a Laísa para vir conosco!
Laísa até então ainda estava inebriada pelo beijo trocado e não interferiu na conversa.
- Ela não vai, pode ir agora! – Vitória respondeu.
- Isso quem tem que dizer é ela! Laísa, vamos? – Ana Júlia insistiu.
Vitória respirou fundo, parecia estar se irritando.
- Eu estou mandando você sair! – Olhou para Ana Júlia com raiva pela insistência da mulher.
Laísa estava um pouco assustada com aquele diálogo. Era nítido que as duas não eram apenas chefe e funcionária.
- Aqui eu não sou sua funcionária, Vitória!
- Mas está na minha casa!
Percebendo o embate entre as duas, que se olhavam de maneira tão furiosa que poderia sair faíscas, Laísa resolveu intervir e ir embora com Ana Júlia.
- Chega! Parem com isso! Eu vou com você, Ana Júlia.
Vitória ficou sem reação diante da resposta de Laísa. Estava tão desejosa da mulher que se sentiu frustrada e nada fez ao vê-la se afastar e sair acompanhada de Ana Júlia.
- O que foi que eu perdi ali, Naju? – Laísa questionou confusa assim que se afastaram de Vitória.
- Tá falando sobre eu ter te salvado da cova do leão? – Fez graça, evitando a resposta da loira.
Laísa revirou os olhos, percebendo que Ana Júlia não estava disposta a lhe contar a verdade, seja ela qual fosse.
Depois que as duas encontraram Luciano, partiram da festa. Laísa se controlou para não procurar Vitória novamente, sabia que não resistiria à mulher pela segunda vez.
Assim que chegou em casa, Laísa tomou um banho demorado e deitou cansada em sua cama. Ainda tinha em si as sensações causadas por Vitória e assim adormeceu relembrando o sabor dos lábios de sua chefe.
Vitória, por outro lado, bebeu até que não pudesse mais se lembrar da raiva que estava sentindo de Ana Júlia. Imaginou que sua casa já estava vazia, estava prestes a subir as escadas para seu quarto, quando ouviu uma voz lhe chamando a atenção.
- Finalmente te encontrei sozinha! – Reconheceu a voz de Carla, sua secretária.
- O que está fazendo aqui ainda? – Questionou confusa.
- Não queria ir embora sem me despedir de você. – A mulher respondeu cínica, enquanto se aproximava da morena.
- Achei que eu tivesse sido bem clara da última vez! – Falou se referindo a última vez em que haviam saído juntas e Vitória deixou claro que dali em diante teriam apenas uma relação profissional.
- Hum… acho que não me lembro bem do que você falou da última vez. – Nesse momento, Carla findou a distância entre elas e roubou um rápido selinho de Vitória.
- É melhor você ir embora agora, Carla. – Vitória respondeu tentando conter a vontade que começava a sentir de tocar a mulher a sua frente.
- Ou então o que vai fazer, Vitória? – Perguntou com um sorriso provocante.
- Ou então nós vamos trans*r a noite inteira e depois eu vou agir como se nada tivesse acontecido. – Deu de ombros, sendo sincera.
- Não me importo com nada, desde que você me faça sua essa noite!
Vitória assentiu e Carla sabia que tinha convencido a mulher naquele momento. Pegou sua chefe pela mão e fez o caminho já conhecido até o quarto principal da mansão.
Sabia que a chefe estava falando sério e que no dia seguinte elas voltariam a ser apenas chefe e funcionária, mas realmente não se importava com isso, desde que matasse a saudade que estava sentindo de ter uma noite ao lado da mulher.
As duas já haviam passado várias noites juntas desde que Carla começara a trabalhar no escritório um ano antes. Nunca havia ficado com outras mulheres além de Vitória, mas não conseguiu resistir ao charme de sua chefe e desde que se entregou a ela, não perdia a oportunidade de repetir a dose sempre que possível.
A segunda feira chegou de uma maneira diferente para as duas mulheres. Vitória chegou de cara fechada ao escritório, ainda não havia esquecido do embate com Ana Júlia e pretendia resolvê-lo.
- Carla, mande Ana Júlia ir até minha sala com urgência! – Falou ao passar pela mulher, sem se dar ao trabalho de cumprimenta-la.
Carla que já estava esperando por aquela atitude indiferente da parte da chefe, não se abalou e foi fazer o que lhe foi ordenado.
Comunicou o chamado da chefe a Ana Júlia, que revirou os olhos, pois já imaginava qual era o motivo de seu chamado.
Respirou fundo e se encaminhou a sala de Vitória.
- Tô aqui, Vitória, pode falar. – Falou assim que entrou na sala.
- Quem você pensa que é para agir daquela maneira dentro da minha casa, Ana Júlia? – Perguntou tentando não perder a calma.
- Quem você pensa que é para achar que pode enganar e usar as pessoas, Vitória? – A mulher revidou irritada. – Eu sei o que você está fazendo com a Laísa!
- Cala a boca, Ana Júlia! – Vitória falou um pouco mais alto, deixando a raiva tomar conta de si. – Você não tem nada a ver com isso, não lhe devo satisfações e, até onde sei, a Laísa também não!
- Eu não vou deixar você fazer isso com ela!
- O que você tem a ver com isso, garota? Vai me dizer que se apaixonou por ela? – Vitória perguntou sarcástica.
- Não seja ridícula! – Praticamente gritou, sem se importar com quem pudesse ouvir do lado de fora da sala. – Será que você não entende que ninguém tem culpa das coisas que você passou ou do seu sofrimento? Você não tem o direito de usar as pessoas sem se importar com o que elas sentem, Vitória! Está na hora de crescer e entender isso.
A morena levantou-se de sua cadeira e andou até Ana Júlia.
- Não pedi sua opinião sobre minha vida, muito menos estou disposta a ficar ouvindo lições de moral. – As duas se enfrentavam pelo olhar. – Estou lhe avisando que não quero você se intrometendo entre mim e Laísa.
Ana Júlia revirou os olhos, sabia que nada do que falasse surtiria qualquer efeito em Vitória. Desistiu daquela conversa e foi em direção a porta, mas voltou-se para a mulher antes de finalmente sair.
- Eu tenho vergonha de ver o que você se tornou! – Falou olhando diretamente nos olhos de Vitória, que abriu seu sorriso mais cínico antes de responde-la.
- É uma pena que família a gente não escolhe, não é, priminha?
Ainda mais irritada, Ana Júlia saiu da sala batendo a porta. Já vira a prima magoar tanta gente desde que eram mais jovens, não achava que Laísa merecia passar por isso.
Laísa acordou feliz naquela segunda feira, depois de tomar café da manhã com os pais, recebeu uma carona da mãe até o escritório. Estava animada para começar mais uma semana de trabalho e evitava pensar em como agir quando encontrasse Vitória depois do beijo trocado na festa.
Estava em sua mesa concentrada no trabalho quando o telefone tocou e Carla lhe avisou que Vitória lhe aguardava em sua sala.
A jovem sentiu as mãos suarem no mesmo momento. Não estava preparada e não sabia como deveria agir, mas não poderia simplesmente ignorar o chamado de sua chefe, então respirou fundo e saiu de sua sala.
- Está indo aonde, Lai? – Luciano perguntou ao se deparar com ela no meio do corredor.
- Na sala da Vitória, por quê?
- Eu não faria isso agora, amiga. – Ele respondeu. Ao notar a cara de confusão da amiga, prosseguiu. – Parece que ela e Ana Júlia tiveram uma discussão feia agora há pouco e desde então ela fechou as cortinas da sala e não quer ser incomodada.
Laísa estava cada vez mais intrigada com a relação entre Vitória e Ana Júlia, algo estava sendo escondido pela amiga.
- Ela mandou me chamar, Lu. Seja lá o que for, não posso deixar de ir.
- Nesse caso, boa sorte! – Laísa sorriu mesmo estando com mais receio ainda, agora que imaginou que a chefe estaria de mal humor.
Laísa bateu levemente na porta da chefe e escutou sua voz dando permissão para que entrasse.
- Bom dia, Vitória!
A loira pretendia falar mais alguma coisa, mas acabou se distraindo momentaneamente com a visão que teve. Sentada no pequeno sofá que tinha em sua sala com alguns papéis nas mãos, Vitória estava descalça, com um coque frouxo prendendo seu cabelo e óculos de leitura nos olhos. A simplicidade do momento era encantadora para Laísa, que até então só tinha visto a mulher sempre muito polida e arrumada.
- Bom dia, Laísa! Sente-se aqui, quero lhe passar um projeto importante. – Vitória falou tirando a mais nova de seu estado contemplativo.
Um pouco sem jeito pela situação, Laísa se aproximou mas sentou no sofá mantendo certa distância de Vitória. Estava no ambiente de trabalho delas e precisava ser profissional.
Vitória sorriu ao notar a distância da loira e se aproximou um pouco, apenas o suficiente para mostra-la os papéis que tinha em mãos. Naquele momento, apesar da atração que sentia pela jovem, estava sendo totalmente profissional.
- Vou te passar as informações que já tenho. – Ela falou pegando seu notebook e Laísa relaxou um pouco mais. – Quero que assuma esse projeto daqui em diante!
As duas se concentraram no trabalho, Vitória passava tudo que achava necessário e Laísa prestava atenção em cada detalhe do que ela falava, interessada no projeto. Acabaram ficando naquela reunião por quase duas horas.
Do lado de fora, Ana Júlia estranhou não encontrar Laísa em sua sala e ficou sabendo por Luciano que ela estava há mais de hora na sala da chefe. Ao ver a mulher revirar os olhos com aquela informação, Luciano não evitou sua curiosidade.
- Você acha que elas estão...? – Perguntou sorrindo, sem terminar efetivamente a frase.
- Não, isso não, pelo menos profissional a Vitória sabe ser! – Ana Júlia respondeu retornando para sua sala.
E realmente, durante toda a reunião, Vitória manteve-se concentrada no trabalho, evitando qualquer pensamento com a menina ao seu lado.
- Bom, acho que isso é tudo! – Falou finalmente. – Você acha que consegue entregar o projeto? Mesmo com esse prazo curto?
- Sim, Vitória, me comprometo a entregar o projeto dentro do prazo, não precisa se preocupar!
- Sendo assim, o projeto é seu! – Vitória respondeu sorrindo enquanto retirava seus óculos. Laísa viu a mulher coçar os olhos, parecia estar cansada.
- Obrigada, Vitória!
Quando Laísa fez menção em se levantar do sofá, sentiu a mão de Vitória lhe segurar levemente o braço.
- Eu não acabei ainda, Laísa. – A mulher falou enquanto se aproximava um pouco mais.
Laísa voltou-se para a mulher, esperando que ela falasse algo a mais sobre o trabalho, mas ao invés disso, a morena colocou uma mecha de cabelo para trás de sua orelha e acariciou levemente seu rosto.
- Você é tão linda! – Afirmou olhando diretamente nos olhos de Laísa. – Tem um gosto tão bom... – Agora a morena olhava diretamente para os lábios da mais nova, que tentava manter a respiração calma agora que estavam há centímetros de distância. – Eu poderia te fazer minha agora, aqui mesmo nesse sofá.
Laísa não pode evitar um suspiro ao ouvir aquilo, seu corpo já dava sinais de excitação. Mas a loira ainda tinha para si que aquilo era errado. Estava em seu primeiro emprego e não queria ter a sensação de que estava começando sua carreira tendo um caso com sua chefe. Então, tomou coragem para falar.
- Vitória, por favor... – Sentiu sua chefe roçar levemente o nariz em seu pescoço, lhe causando arrepios naquele local. – Não podemos continuar com isso.
- Por que? – A morena perguntou sem se afastar. Nesse momento, Vitória já estava praticamente debruçada sobre a loira, os corpos se tocavam, enquanto as mãos da morena acariciavam a perna de Laísa, que praguejou mentalmente por ter ido de saia justo naquele dia. – Não é isso que seu corpo está me dizendo!
Laísa não tinha forças nem vontade de afastar sua chefe. Fechou os olhos e se deixou levar pelas carícias que recebia.
- Olha para mim! – Aquele olhar já era conhecido por Laísa, era o mesmo olhar forte noite em que se beijaram. – Eu não parei de pensar um segundo sequer no gosto do seu beijo.
Laísa não teve vontade de responder e deixou seu desejo falar mais alto. Foi ela quem findou a distância entre elas e beijou a morena, matando a vontade que tinha de provar aqueles lábios novamente.
Vitória gostou da atitude da loira e aproveitou sua entrega para empurrar a mais nova até que finalmente estivessem deitadas no sofá. Sem se importar com mais nada, começou a acariciar o corpo de Laísa por cima das roupas que ela usava, conhecendo cada parte daquele corpo.
Laísa também já estava totalmente entregue, suas mãos percorriam cada parte do corpo da chefe, acariciou sua bunda, apertando-a e unindo ainda mais os corpos.
As duas mulheres já sentiam necessidade de irem adiante, quando foram interrompidas pelo toque do telefone que estava na mesa de Vitória.
- Droga! Que inferno! – A mulher resmungou mal humorada ao ter que se afastar de Laísa para ir até sua mesa atender o telefone.
A loira aproveitou para recuperar-se do momento e ajeitar suas roupas que já estavam totalmente bagunçadas.
- Sim? – Vitória atendeu, com vontade de matar quem quer que fosse que estivesse ligando naquele momento. – Já está na hora? Ok! Obrigada, Carla!
Laísa havia aproveitado o afastamento da chefe para reunir os papéis da reunião que haviam sido deixados de lado.
- Infelizmente precisarei sair agora, tenho um almoço de trabalho!
Laísa viu a mulher calçar seus saltos e arrumar o cabelo, voltando a pose de empresária que ela estava acostumada a ver.
- Tá! Melhor assim mesmo! – A loira respondeu sem olhar para sua chefe.
Vitória sorriu ao escutar a resposta de Laísa e pelo que tinha acontecido ali. Mesmo já tendo se relacionado com outras funcionárias, nunca tinha ocorrido nada dentro do escritório, aquele ambiente era quase um santuário para ela, mas com Laísa estava sendo mais difícil de resistir.
Laísa saiu sem sequer se despedir de Vitória, ainda estava extasiada com o que tinha rolado naquela sala. Aérea, também não percebeu Luciano saindo de sua sala para ir almoçar.
- Laísa? – Chamou a amiga, que se assustou levemente.
- Eu! Oi? O que? – Perguntou confusa arrancando uma risada do amigo.
- Terra chamando Laísa. Acorda, mulher! Onde estava até agora?
- Na sala da Vitória, estávamos em reunião. – Respondeu voltando a si.
Luciano observou a amiga. Sua blusa estava um pouco amassada e no canto de sua boca havia uma pequena mancha de batom. Acabou caindo na risada por notar que estava certo em sua suposição.
- Imagino o conteúdo dessa reunião. – Ele falou provocando e viu a amiga revirar os olhos. – Lai, sério, vai no banheiro se arrumar antes que todo mundo perceba.
- É melhor, né? – Ela falou envergonhada enquanto Luciano sorria da amiga. – E olha, nenhuma palavra sobre isso!
Deixou o amigo para trás, sabendo que ele não contaria nada para ninguém, mas que não estava livre de suas perguntas e provocações dali em diante.
Quando chegou ao banheiro e viu seu estado, acabou sorrindo. Estava cometendo uma loucura e, mesmo com seus receios, não sentia a menor vontade de parar com aquilo. Uma semana antes não imaginava o que lhe esperava ao entrar naquele escritório, mas ao se olhar no espelho teve certeza de uma coisa, estava perdida com aquela mulher.
Fim do capítulo
Como eu disse, aos poucos vamos conhecendo melhor cada uma delas!
Deixem seus comentários e impressões sobre a história até aqui.
Volto na segunda.
Beijos,
Lou.
P.S. As informações referentes a doença do pai de Laísa estão sendo escritas a partir de pesquisas na internet e leituras de alguns artigos e sites. Se tiver alguma informação errada ou equivocada, fiquem a vontade para me avisar, para que eu edite a história.
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