Pessoal mais um capitulo simples mas importante. Lembro voces que a historia está chegando ao fim, apenas mais alguns capitulos. Já vão desapegando (ou não). Obrigada pelos comentarios e pelo apoio de todxs. Abraços.
CapÃtulo 55
Capítulo 55 - Fernanda
Eu e a Milena acabamos chegando tarde de Coimbra, já passava das 23 horas do domingo quando o jato aterrissou no aeroporto de Maçores. Meu carro estava estacionado na casa dela, o Cortes buscou nos duas no aeroporto, mas no final ela me convenceu que estava muito tarde e que era melhor eu ir para Urros quando o dia clarear. Acabei passando a noite na casa dela, é claro que eu dormi em um outro quarto, sei que com Mi eu não posso dar nenhuma abertura, quero a amizade dela e só isso.
O final de semana foi até que gostoso, mas não posso dizer que foi super legal. Saímos sexta a noite, o sábado e o domingo gastamos em uma feira de produtos agricolas, pra mim foi um passeio bem sem graça, eu detesto essas coisas de fazenda e novos produtos para colheita, embalo e venda de insumos ou seja lá qual o nome. Ela até que se comportou, até estranhei, a maior parte do tempo eu estive com a minha amiga de infância, a menina que roubava azeitona verde para jogar em mim. Só em alguns momentos ela dava umas indiretas ou dava em cima de mim claramente, mas eu sempre dei um corte. Em nenhum momento ela reclamou ou falou mal da Caroline, acho que consegui deixar bem claro que eu não admito isso.
Enquanto estávamos lá em Coimbra, aproveitei que a cidade é grande e dei uma escapada para comprar um celular, já que o meu parou de funcionar. Assim que comprei passei no hotel e coloquei ele para carregar as oito horas que precisa, acabei mexendo no celular já era madrugada de sábado para domingo. Levei um tempinho configurando ele, mas assim que tudo se acertou a primeira coisa que eu fui olhar era se tinha mensagem ou ligação perdida da Carol, e para minha surpresa não tinha nada. Mesmo sabendo que era madrugada no Brasil eu tentei ligar para ela diversas vezes, sem nenhum sucesso, todas as ligações caíram na caixa postal ou dava como número errado. A minha sorte é que a instalação da internet e de telefone, que a Milena pagou para a Vila de Urros, finalmente foi concluída. Provável que quando eu retornar a Úrros na segunda pela manhã eu já consiga usar.
Hoje, segundona, acordei umas 6h30, num frio até que normal para essa época do ano, aproveitei mais um pouquinho da casa da Milena e tomei um banho. Quando desci para a sala para ir embora, ela já estava em pé, toda no estilo dona da fazenda, bota, calça colada no corpo e camisa, só faltava o chapéu, mas ela não usa. Não deixou eu sair antes de tomar café, apesar que tinha tanta coisa gostosa na mesa que nem foi um grande problema perder meia hora comendo. Depois disso dei uma carona para ela chegar no escritório, que fica dentro da fazenda mesmo. Nos despedimos com um abraço, ela tentou mais uma vez, falando que o final de semana foi maravilhoso, que ela gosta muito de mim, essas coisas todas que eu realmente deixo entrar por um ouvido e sair pelo outro.
O caminho entre Maçores e Urros como sempre foi bem tranquilo, quando cheguei no vilarejo deixei o carro perto da minha casa, no lugar que sempre estaciono e fui andando direto para o ambulatório, de casa até lá não dá 3 quarteirões, são menos de 15 minutos. Nem passei em casa, acabei indo direto mesmo. Conforme fui chegando perto do ambulatorio eu senti que o ar estava estranho, ar é modo de eu falar, mas tinha algo errado. Continuei andando em direção ao predio, eu percebio que tinha muito mais pessoas do que normalmente tem, pessoas diferentes, estranho,, estranho. Quando bati o olho e vi tres vans do projeto paradas na frente do ambuilatorio meu coração parou e voltou em segundos, o corpo gelou dos pés a cabeça. A Marcela vai me matar. E não vai ser só ameaça não, vai me arrancar as tripas e jogar no rio. Como eu esqueci que os funcionários novos iriam chegar hoje? Como eu esqueci isso? Onde eu estava com a minha cabeça? Semana passada eu tinha convocado todos eles para já virem para Urros, vamos inaugurar o hospital essa semana. Preciso achar a Marcela. Tipo, agora.
Sai andando rapidamente para dentro do ambulatório, mas sem alarmar ninguém. Fui direto na minha sala, na expectativa de encontrá-la, mas claro que não estaria. No caminho eu esbarrei em umas cinco ou seis gestantes, esbarrei não, passei por elas no corredor. Porque tem grávida nesse lugar hoje? Será que a Marcela colocou algum ginecologista para cobrir a Caroline? Andei até a outra ponta do ambulatorio, onde fica uma sala de reuniões, como se fosse um anfiteatro, ela só pode estar lá com o pessoal novo. Quando cheguei na porta vi uma mesa bem posta de comida, café, suco, essas coisas e mesmo com a porta fechada, eu conseguia ouvir a voz da Marcela ao fundo. Ela vai me matar, como vai.
Respirei muito fundo e com o máximo de cuidado abri a porta. Assim que eu entrei olhei diretamente pra ela, tentando com o olhar pedir um milhão de desculpas, mas o olhar que eu recebi de volta claramente foi “ Te odeio, sua irresponsável”. Mesmo ela me olhando assim foi bem sutil, acho que apenas eu e ela percebemos isso. A Marcela continuou a conversa que estava tendo sobre protocolos clínicos, enquanto eu fui em silêncio pela lateral da sala, tentando atrapalhar o menos possível. Ela falou mais uns 10 ou 15 minutos, tempo que usei para tentar me acalmar e me preparar para a bronca, depois disso ela liberou o pessoal para um café rápido com retorno em 30 minutos para conversarem comigo. Quando ela desceu do palco eu fui falar com ela.
- Nem quero ouvir desculpas Fernanda, tem noção da irresponsabilidade que foi isso?
- Bom dia Marcela.
- Bom dia? Acha que é um bom dia? E se eu não soubesse lidar bem com isso, se eu não fosse organizada e preparada para suas falhas hein?! Pensa eu ontem, sentada em paz, quando olho chega três vans cheias de pessoas. Pensa a minha reação, nem sabia se tinha alojamento para todo mundo. Na próxima falha dessas eu vou embora e deixo todo mundo aí. Você precisa de que algo assim aconteça para ser responsável.
- Eu esqueci por completo, acabei indo a Coimbra. Só lembrei mesmo quando eu cheguei aqui na porta. Sei que fui muito irresponsável, eu sei disso. Mas também sei o quanto você seria capaz de segurar as pontas. Te prometo que não vai mais acontecer nada disso, foi a primeira e a única vez.
- Acha que eu consigo dar conta disso sozinha? Que frase mais sem vergonha na cara Fernanda. Sem vergonha nenhuma. Se a Caroline não me ajudasse essas pessoas estariam dormindo na neve, irresponsável.
- Que Caroline?
- Que Caroline pergunto eu, tem mais de uma? Ou já esqueceu a menina no seu final de semana com a Milena? E se você acha que ela não sabe, ela sabe sim. - Ela levantou o braço e me deu um tapa quase que na altura do ombro - A menina está com o rosto todo inchado da cirurgia e você nem sabia que ela vinha.
- Calma, espera. Para de gritar comigo, “pera aí”. A Caroline está aqui? A Carol minha namorada?
- Você tem alguma outra namorada chamada Caroline? Alguma outra namorada que é mais responsável que você?
- Puta merd*. Quando ela chegou? Onde ela está? Vou agora falar com ela - falei levantando da cadeira que eu estava sentada.
- Você não vai a lugar nenhum, vai ficar com essas pessoas que você é responsável agora. Ela chegou ontem a noite, mas não veio com as vans. Ela está em atendimento, depois você conversa com ela. Seja no mínimo responsável e faça sua função, criou esse hospital para funcionar ou para ser seu brinquedo? Depois você vê sua mulher.
- Como ela está? Eu juro que não sabia que ela vinha. Jamais teria ido para Coimbra se eu soubesse disso. Meu celular parou de funcionar, não recebi nenhum recado dela.
- Para de se justificar comigo Fernanda, eu já estou muito irritada com você. Tenta acertar aqui seus erros, depois tenta acertar os erros com a Carol. - Ela me olhou mais uma vez completamente séria, pegou a bolsa e saiu sem olhar para tras.
Eu olhei para trás e a sala estava vazia, as pessoas estavam lá fora comendo as coisas do cofee, isso me dá alguns minutinhos para respirar. Cacete, como assim a Caroline chegou e não me avisou? E mais ainda como ela saiu de São Paulo e não me avisou? Isso é uma coisa muito estranha, a gineco sempre avisa tudo,que pegou o primeiro avião, chegou em tal lugar, tanto que eu desconfiei que tinha algo errado exatamente por isso. Sem contar que depois do sequestro ela estava mais cuidadosa ainda. Isso realmente é algo estranho, ela nunca sairia do Brasil sem me avisar. E se ela já tem paciente, alguém sabia da vinda. A Caroline pode ser muitas coisas, mas irresponsável nunca vai ser uma delas. Alguma coisa não está batendo.
Outra coisa bem estranha foi meu celular quebrar, sério. Ele é novo, estourando uns quatro meses, comprei ele antes da Carol vir para Portugal, nas minhas férias. Em geral celular quebra depois de dar vários sinais. Esse morreu de imediato, novo. E mais estranho ainda é a coincidência dele quebrar na semana que a Caroline estava vindo. Enfim, nesse momento preciso conversar com esse povo todo, depois vejo essas coisas todas.
Coloquei meu pendrive no computador, abri a apresentação e sai do anfiteatro para chamar as pessoas, algumas quando me viram já entraram, outras ficaram enrolando. Eu odeio falar em público, mais ainda de chamar as pessoas para isso. Fechei a cara bem ao meu estilo e soltei: Vamos começar em 2 minutos. O meu tom de fala foi o suficiente para algumas últimas pessoas começarem a se mexer para entrar novamente na sala. Eu dei uma palestra de 2 horas, falando sobre alguns fluxos de emergência dos pacientes, dando prioridade ao pediatra que é a minha parte. A ideia do hospital é ser maternidade e pediatria, tanto as crianças que acabaram de nascer como as que já são mais grandinhas. Mas com a vinda da Carol, que é especialista em câncer ginecológico, eu e a Marcela achamos de bom senso ampliar esse projeto que estava na base e acrescentar o centro de oncologia, afinal quem cuida de um pacientes desses, pode cuidar do outro, só tivemos que providenciar mais pessoas e alguns equipamentos específicos.
Quando terminei a palestra, abri espaço para dúvidas, duas ou três pessoas perguntaram e se deu por encerrado essa encheção de saco e liberei as pessoas para o almoço. Orientei que a região tem poucos restaurantes, o mais adequado mesmo é comer no refeitório, comida boa, de qualidade e eles não pagam. Eu acho o cúmulo ter que trabalhar e ainda pagar a comida de onde trabalha, faço questão de incluir a alimentação, principalmente porque lido com muitas pessoas de outros países ou até mesmo de outras regiões de portugal. Nada íntegra mais que comida e comer perto de outras pessoas. Enquanto eles foram comer, eu precisava resolver algumas coisinhas.
Peguei minha mochila e saí sem olhar para trás, apesar que a caminhada nem é tão grande assim, atravessei um corredor até a outra ponta do ambulatório, onde ficava a minha sala, que na presença física da Marcela se tornava nossa sala. Na frente da sala, fica uma moça que nos ajuda em tudo, uma secretária, assistente, não sei bem como determinar, seria o mesmo que a Clarinha é para a Carol, mas sem o envolvimento afetivo.
- Inácia, a Marcela está aí?
- Não senhora, ela “fostes” almoçar.
- E a Caroline, sabe onde está?
- Tambem não sei, ela passou aqui a uns 15 minutos, procurando a dra Marcela. Como não “achastes” falou que iria para o alojamento se não me engano.
- Tudo bem, vou procurar ela. Obrigada. - e fui saindo, até que lembrei de algo, mexi na minha bolsa e peguei o celular que parou de funcionar, ele estava em um saquinho, peguei ele e entreguei para a menina - Inácia, preciso de um favor seu e isso é só entre eu e você, entendeu?
- Sim senhora. O que precisas?
- Manda esse celular para Meirinhos, acredito que lá seja a assistência tecnica mais perto. Na verdade faz assim, agora que temos telefone, liga lá, fala que você vai mandar um celular pelo motoboy. Registra no seu nome, por favor, falar Ganate nessa regiao é um problema. Eu preciso ver como esse celular quebrou, porque ele parou de funcionar.
- Tudo bem doutora, vejo isso pra senhora.
- Inês, só entre nós, por favor. Depois acerto isso com você. Só você está sabendo disso, se escapar sei que foi você, entendeu?! Mas sei que você é uma pessoa confiável. - Dei um sorriso, agradeci ela com um cafuné no ombro e saí. Talvez eu entenda porque a Milena tem um capanga no nome de assistente pessoal. Nesse tipo de coisa eu deixaria o problema na mão dele. Sem contar que imagina eu chegando na loja e falando Fernanda Ganate, caraca, ninguem esquece da fazenda Ganate, do azeite Ganate, ia me dar mais trabalho.
Coloquei a mochila nas costas e peguei a primeira saída do ambulatório, dá pra chegar ao alojamento por dentro, mas vou levar uma vida desviando das pessoas. Peguei o corredor estreito do alojamento, mas tinham pelo menos umas 10 portas, qual porta entrar? Não posso abrir todas elas. Por sorte divina, tinha um rapaz saindo do alojamento, eu parei ele e perguntei:
- Você sabe em qual quarto está a doutora Caroline?
- Putz dra, não tenho certeza, ontem ela foi lá pra frente, acho que uma daquelas portas - ele falou apontando para as portas da frente do corredor, eu logo associei as coisas, a Marcela estava no quarto da direita, provavelmente a Carol estava lá também. Abri a porta com o máximo de cuidado possível, apenas uma frestinha para olhar, tinham duas malas vermelhas grandes, em pé, na mesma posição, milimetricamente posicionadas ao lado do armário. Mala vermelha e organizado, é o quarto da Carol. Entrei em silêncio.
A Caroline estava deitada na cama, com o cabelo castanho meio bagunçado atrás e com um pouco caído no rosto. Eu olhei ela por alguns segundos, apreciando quem mais acalma meu coração. O rosto dela ainda estava inchado, bem menos que da um ultima vez que encontrei ela. Ela estava com uma expressão mais leve, mais calma.
Meus olhos querem chorar, acho que por um misto de saudade, de vontade de querer abraçá-la, com um pouco de raiva de não ter ficado com ela no Brasil e de não saber que ela chegava, mil coisas. Me sentei no chão gelado, ao lado da cabeça dela, e ainda em silêncio comecei a fazer carinho nela. Coloquei o cabelo dela para trás, duas ou três vezes. Passei o dedo sob o corte da cirurgia, nesse momento ela fez um barulhinho, como se estivesse doendo. Ela já estava acordada, e como conheço bem, está fingindo para ganhar mais carinho. Passei os dedos nos lábios dela e depois voltei para o cabelo, tirei a mecha que estava em cima da orelha e aproveitei para dar alguns beijinhos.
- Eu sei que você está acordada - falei baixinho, ao pé do ouvido dela.
- “Num” tô não. Pode continuar - pegou minha mão e colocou de volta no cabelo dela, para que eu continuasse o carinho. Eu apenas dei uma risadinha e continuei, depois de um tempo ela tombou para o lado, virando o rosto na minha direção, abriu os olhos e voltou a falar - Quando você chegou?
- Hoje cedo, vim direto pra cá, nem passei em casa.
- Hum.
- Desculpa amor, eu não sabia que você voltava essa semana. Eu até sabia que era por essa ou a outra semana.
- E porque não me atendeu? Te liguei mil vezes e mandei mensagem mais outras tantas. Teve até uma hora que atendeu, mas ficou em silêncio.
- Meu celular parou de funcionar, não sei bem o que aconteceu. Desculpa, eu deveria ter ficado. Porque você não foi lá pra casa? Você não tem a chave? - todo o tempo eu fiquei fazendo carinho nela
- Eu não quis incomodar, não posso ficar na sua casa sem sua autorização.
- Para com isso amor, nunca me incomoda. E aquela casa é sua.
- Não Fer, a casa é sua, eu sou visita. Por isso que eu vou alugar um lugar pra mim, não posso ficar lá na sua casa. Você tem sua vida, seus amigos, melhor não ter isso.
- Claro que não Carol, que bobagem é essa. - Cheguei perto do ouvido dela e falei - e quando você quiser me atacar a noite?
- Eu levanto eu vou lá. Até parece que sou de passar vontade.
- Não passa vontade? Nunca?
- Normalmente não.
- Nem agora Carol? - olhei bem na sedução pra ela.
- Nem agora. E eu estou bem chateada com você pra sex*.
- Achei que era por causa do lugar, sei lá, medo de me comer aqui e alguém chegar.
- Não tenho medo disso, pelo contrário. Ah, não sou que criei esse lugar e não sou eu que estou mal na fita da Marcela.
- Mas nem com medinho da Marcela entrar?
- Fernanda, se você quer sex* tranca a porta e vem. - ela tava irritada e eu morrendo de vontade de rir e mais ainda com vontade dela.
- Assim? Agora?
- A escolha é sua. - Eu ainda estava sentada na frente dela, durante toda essa conversa, quando ela ainda deitada só passou a mão pela minha cabeça, me aproximando dela. Primeiro enquanto uma das mãos dela dava apoio, com o nariz foi percorrendo meu rosto, fazendo carinho. Depois o nariz foi para próximo da minha orelha, mas quem ganhou espaço foi a boca, onde eu ganhei mordidas e alguns beijinhos na orelha. Depois ela desceu com a língua pelo pescoço, voltando pra orelha e descendo novamente. Com ela ainda deitada de lado na cama do alojamento, uma das minhas mãos subiu aos seios dela, por cima da blusa, onde apertei com força, por cima do sutiã.
A Caroline não se importou nem um pouco com esse apertão e continuou me provocando. Encostou os lábios na minha boca, primeiro com pequenos beijinhos, depois estreitou mais ainda o espaço e com a língua forçou minha boca, me beijou gostoso, quente, as vezes com mordidas nos labios, outras ch*pões. Quando o beijo já estava bem quente e aquecendo mais, ela me soltou e levantou da cama, sem uma redução da velocidade, sem nenhum sinal, só levantou.
- O que é isso Carol? Volta aqui. - Ela não respondeu, andou até a porta e deu duas voltas na chave. Eu juro que não acredito nisso, ela vai mesmo fazer isso? Olhou para a janela, como se certificasse que a janela era alta, sem acesso a ninguém, olhou de volta pra mim e falou:
- Tira a calça.
- Sério?
- Não me faz pensar muito Fernanda. Agora - Enquanto isso me empurrou na quina de uma das beliches e voltou a me beijar, sem nenhum apoio das mãos, que estavam primeiro no botão da minha calça e depois no zíper. Enquanto eu tentava de alguma maneira ajudar a minha calça a sair, ela parou de me beijar e olhou pra mim, daquele jeito lindo e profundo que ela me olha - As mãos lá em cima, no alto. - E voltando a me beijar, dessa vez no pescoço, empurrou meus braços para cima, sem cuidado algum, forte. Segurou eles por alguns segundos, enquanto parou o beijo e voltou a olhar nos meus olhos, era um olhar diferente, profundo como sempre, mas com raiva, não sei explicar exatamente. Fechou os olhos de rapidamente levantou a minha blusa, sem tirar, abaixou um lado do sutiã e começou a lamber, delicadamente o bico, suave, dócil, enquanto a outra mão apertava por cima da mão o outro. Enquanto eu claramente estava começando a me contorcer com a contração do meu sex*, que já estava piscando, a Caroline met*u uma mordida no bico do meu peito que, por algum senso que eu nem sabia que eu tinha, não gritei. Que dor. Ela abriu os olhos e me olhou claro e nítido, eu sabia o significado daquilo, era a raiva que ela estava de mim. Depois da mordida, passou a língua em cima, leve, devagar, sem pressa alguma e em seguida soprou, gerando um contraste de sensações delicioso.
Soltou o meu peito e desceu pela barriga, com pequenos beijinhos e mordidas. Eu ainda estava em pé, mas a Carol desceu e se ajoelhou, minha calça já estava no chão, ela tirou uma das pernas, eu dei uma ajudinha. Em nenhum momento ela fechou os olhos ou desviou o olhar. Segurou a minha perna direita, eu entendi o que queria fazer e ajudei, ela colocou minha perna no ombro dela, dando-a completamente todo o acesso que ela quisesse ao meu sex*. Ela não teve o trabalho de tinhar minha calcinha, não deve ser importante na verdade, apenas colocou de lado e segurou com a mão. Primeiro passou os lábios por cima, apenas sentindo o espaço, a área. Eu já estava completamente perdida pela situação, nunca me imaginei fazendo sex* no alojamento, muito menos que a senhorita Carol certinha fizesse isso, ela me deixando com mais vontade estava mesmo me fazendo perder a linha.
Com a mão que segurava a calcinha abriu um pouco dos pequenos lábios e colocou a língua quente e úmida dentro. Olhou mais intensamente pra mim, seus olhos ardiam. Só o toque da língua já fez eu ir ao paraíso e voltar. Começou um vai e vem com a língua molinha, apenas explorando, sentindo o espaço, provocando. Eu soltei uma das mãos lá de cima e coloquei no cabelo dela, fazendo carinho. Na mesma hora ela parou e olhou pra mim, com os olhos quase fechados estreitos e falou:
- Mãos lá em cima, se soltar de novo eu paro! - Eu concordei com a cabeça, em silêncio absoluto e coloquei minhas mãos de novo lá em cima. Ela piscou calmamente e depois voltou a olhar pra mim, com o mesmo olhar sedutor e ardente que estava. Novamente deu alguns beijinhos em cima, nos pelos, e voltou a língua para o meu sex*, onde eu realmente eu queria ela. Voltou a passar a língua lentamente, explorando toda a área e depois aos poucos, começou a ch*par os grandes lábios, tracionando eles. Com a mão livre, passou no clitoris e deve ter sentido o quão duro e excitado estava, porque logo em seguida, com cuidado, mas forte, colocou dois dedos dentro. Enquanto continuava a explorar fora, as pontas dos dedos se mexiam com calma dentro de mim. Ainda me olhando ela estreitou o olhar e direcionou a língua ao meu clitoris, duro e inchado, começou a passar a língua dura nele, enquanto os dedos entravam e saiam fortes, primeiro lentamente, os dois movimentos sincrônicos, depois cada vez mais e mais forte.
Primeiro eu estava me segurando, querendo gem*r alto pra ela ouvir o quanto estava gostoso, mas eu não posso, não aqui no alojamento. Quanto mais rápido foi ficando eu não consegui mais segurar a mão lá em cima e acabei colocando no ombro dela, apertando forte a cada contraída que meu sex* dava nos dedos dela. Quando o primeiro gemid* escapou, ela apenas me olhou dando bronca e empurrou mais fundo os dedos, mais forte e mais rápido. Eu não conseguia mais segurar o barulho, respirei fundo e comecei a rebol*r na mão dela e a gem*r baixinho. Quanto mais eu acabava gem*ndo, mais ela forçava lá embaixo. Quando eu não estava mais aguentando, já gem*ndo relativamente alto, ela tirou rápido os dedos e me beijou. Pude sentir meu gosto e meu cheiro, mas nem me concentrei nisso, porque ela continuou me tocando, no lugar onde estava a lingua, agora com os dedos, bem rápido, bem gostoso, intenso. Minhas duas mãos já estavam no cabelo dela, segurando forte. Minhas pernas ficaram moles e gemi bem forte com a boca dela colada na minha, essa foi a sorte, porque senão todo mundo iria ouvir eu goz*ndo. Coloquei minha mão no ombro dela, como sempre faço, dando o recado para ela parar. A Carol entendeu, mas de ruindade ainda passou o dedo no meu clitoris duas vezes, só pra ver minha expressão.
Ela estava completamente descabelada e eu com a cara clássica de quem acabou de trans*r. Ganhei um selinho rápido e o recado, ao pé do ouvido:
- Coloca a roupa, preciso abrir a porta. - Só quando ela falou da porta que eu voltei em mim, puxei a calcinha e a calça de qualquer jeito e acenei pra ela, que destrancou a porta. A Carol apenas olhou pra mim plena, calma, em paz e entrou no banheiro do quarto. Eu aproveitei esses segundinhos para arrumar a calça corretamente e colocar a camisa nos prumos, pra dentro da calça. Penteei meus cabelos com a mão, só para acertar os fios e dei uma olhada no espelho, dava para passar batido. Fiz aquele coque mal feito que sempre faço e deitei lá na cama dela, esperando.
Alguns minutos depois ela voltou do banheiro, com o rosto lavado, sem cheiro de Fernanda nela, já tinha penteado o cabelo e acertado a roupa. Não falou nenhuma palavra, foi na mala dela, abriu um bolsinho lateral e pegou um perfume que estava lá. Espirrou o produto embaixo do braço e no pescoço. Jogou algumas espirradas pelo quarto. Guardou calmamente o produto e aí sim olhou pra mim e falou:
- Vamos trabalhar? Eu tenho uma palestra com esse pessoal novo agora as 13 horas e depois tenho paciente. O que você tem hoje?
- Cara, como você consegue? Eu to destruída aqui ainda.
- Minha cara, de onde veio essa, vem muito mais. Só você se comportar.
- Eu sempre me comporto.
- Ah, não mesmo. Eu preciso ir e antes colocar um gelo no rosto, está inchando. Eu deveria estar em repouso.
- Eu pego o gelo pra você, pode ir indo para o auditório.
- Não Fer, vai pelo menos lavar esse rosto e tirar essa cara de sex*. Eu pego o gelo e vou indo para a palestra.
- Vou levar suas malas lá pra casa.
- Eu não vou pra lá Fer, vou ficar aqui no alojamento.
- Não vai não, não vou deixar você aqui, sozinha, com um monte de gente. Sem contar que esse rosto precisa de cuidado e você de carinho e cafuné. Não vai ficar aqui e eu não vou mais discutir isso. Quando você terminar os atendimentos, eu venho te buscar.
- Fer…
- Nem mais, nem menos. Você vai lá pra casa, temos muitas coisas pra conversar.
- Tudo bem. Eu vou aceitar por causa do rosto. - ela respondeu finalmente cedendo
- Sim, por causa do rosto. Vem cá minha bravinha, estou muito feliz de ter você de volta, aqui em Urros, comigo. Sei que você está brava, mas vou melhorar, eu prometo.
- Estou atrasada Fer, depois temos essa DR. Estou cansada demais para fazer isso agora. E vai lavar esse rosto, você cheira a sex*. - Deu um sorriso malicioso e saiu do quarto, sem olhar pra trás.
Quando ela saiu fui ao banheiro, lavei o rosto para tirar o cheiro de periquita e penteei o cabelo. Coloquei a minha mochila nas costas e atravessei o corredor em direção a outra ponta do ambulatório, onde fica a minha sala. Quando encontrei a Inês falando com a Marcela meu coração gelou, ela vai comer o meu fígado, apenas olhou pra mim e empurrou o rosto, como se mandasse eu entrar na minha própria sala. Confirmei que já estava entrando. Aproveitei que a Inês estava livre e passei instruções diretas sobre levar as duas malas vermelhas da Caroline lá pra casa, era para ela pedir para alguem fazer. Ela confirmou isso e que já havia enviado o celular para a outra cidade. Agradeci e entrei na minha sala, para a sessão de tortura preparada pela Marcela.
- Senta aí Fernanda, vamos conversar. Já falou com a Caroline?
- Eu conversei com ela coisa rapida, a noite vamos conversar melhor.
- Ela vai ir pra sua casa ou ficar aqui?
- Por enquanto vai lá pra casa, ela precisa de cuidados com aquele rosto, ainda está bem inchado.
- Sim, muito. Sabe quando ela consegue voltar a operar?
- Acho que se falar com ela, hoje mesmo, mas é melhor esperar até semana que vem, pra não forçar mais o rosto, ela ainda está meio anêmica.
- Tudo bem. Recebi mais alguns pedidos de cirurgia na área dela, veja quando ela pode começar a operar e me avise.
- Tudo bem, eu vejo com ela. Marcela, desculpa pelo que aconteceu, eu realmente esqueci que chegavam ontem. Está tudo prontinho para a inauguração na sexta, a partir de amanha já vou levar as pessoas para conhecerem e organizarem suas estações de trabalho. Obrigada por ter colocado a Carol para falar com eles.
- Fernanda, estou cansada dos seus erros, é o segundo apenas essa semana. Não vou mais discutir quanto a isso.
- Eu sei, você tem completa razão.
- Não sei se você prestou atenção, mas o pai dela não veio.
- Quem? - me assustei com o que ela falou.
- Eu sei que você foi atrás do Braga, convenceu ele de vir a Urros, convenceu ele a vir ficar com a filha. Por sorte eu descobri a tempo e me intrometi. Ele não vem mais, não é pra ele vir.
- Porque mexeu com isso? Era uma surpresa pra ela.
- Já perguntou se ela quer isso?
- É o pai dela, ele tá vivo, é gente boa.
- Você queria seu pai aqui?
- Claro que não, o meu não era gente boa, nada disso.
- Pensa que delícia vai ser pra ela, lidar com o trauma do sequestro, com a Milena, com a sua indecisão, com uma cidade e vida nova, e com o pai que sumiu a anos, tudo junto, ao mesmo tempo.
- Você não tem esse direito Marcela! Não tem que met*r o bedelho.
- Vou met*r sim, pode ficar puta o quanto quiser, está feito, eu vetei a vinda dele. E se não estiver satisfeita você me demita, porque aqui ele não coloca o pé. Entendeu?
- Quem está errando agora é você e errando feio.
- Não estou nem aí, eu fiz e faria de novo. E já que você está puta comigo, vou falar mais uma coisa. Você vai perder a Caroline se não decidir logo entre a Milena e ela, já te falei isso e vou falar de novo. Está na hora de começar a ouvir. Já te dei os recados que eu precisava, já pode ir.
- Essa sala é minha também.
- Se quiser sentar aí pra trabalhar fica a vontade. Minha raiva até vai passar, mas pode ter certeza que não vai ser agora.
- Eu vou ir ver a palestra da Carol, dar um apoio emocional pra ela.
- É bom, ela vai gostar. Mas pensa no que eu falei.
Apesar do que a Marcela ter falado, estou irritada, mas não com raiva dela. Ela deve saber o que faz, por mais que eu não queira, ela não tem erros grotescos desse tipo. Eu queria sim o Braga aqui, por alguns motivos, e um deles era fazer uma surpresa pra Carol, dela estar com pai novamente. Mas eu pensei apenas no que eu queria que acontecesse e não no que isso pode significar pra gineco. A caminhada até o anfiteatro não foi longa, não costuma ser, abri a porta mais uma vez com calma e silêncio.
A Caroline estava no palquinho da sala, firme e direta como ela é. Quando ela me viu abriu um sorriso lindo, que a sala toda olhou pra mim na porta, eu fiquei roxa de vergonha, por mais que não pareça sou bem timida e na minha. Depois que ela percebeu o que fez ficou também, até deu uma risadinha e soltou um: “Vamos voltar pessoal, comentários depois, comentarios depois”. Eu sentei no cantinho da sala. Ela dando a palestra era algo de fazer eu perder a linha e a noção do tempo, ela consegue ser ao mesmo tempo aquela mulher selvagem que a menos de uma hora me fez goz*r no alojamento e agora está séria, firme, profissional, dando uma palestra, muito bem dada, explicando com qualidade cada emergência de uma gestante e de quem acabou de ter um filho. Essa é a mulher que eu quero para sempre comigo, mesmo com as brigas, com os problemas que vão surgir, é com ela que quero minha vida.
A primeira palestra demorou uma hora e meia aproximadamente, quando ela deu um intervalo, as pessoas estavam cansadas, mas cheias de pergunta pra ela. A Carol com toda a delicadeza e a calma do universo, sentou na beirinha do palco, ficando bem próximo as pessoas que ali estavam e passou quase que o intervalo todo tirando dúvidas. Prometeu algumas outras aulas no decorrer dos dias. São esses pequenos detalhes que me encantam nessa mulher, a atenção que tem com qualquer pessoa, ao mesmo tempo que é séria e bem profissional, o modo como me deixa louca. Quando finalmente não tinha mais ninguém em cima dela para tirar dúvidas, eu consegui chegar perto.
- Muito boa palestra amor.
- Gostou? Sempre fico insegura para falar assim.
- Nem aparentou, estava super bem. Amor, a Marcela veio me perguntar quando você pode começar a operar. Ela tem alguns pacientes que os hospitais próximos pediram ajuda.
- Que hospital próximo? O mais próximo daqui é a 100 km. - ela própria deu risada do veneno.
- Amanhã eu converso com ela e defino quando começar a operar. A médica que operou o meu rosto pediu 20 dias sem plantões pesados, mas dependendo do que eu tenha que operar já dá pra fazer. Vejo isso com ela amanhã cedo, fica tranquilo. De todo modo, tem duas moças gestantes, que eu atendi hoje, que já marquei o parto para sexta feira. Conversei com a Marcela, já podemos começar. Não posso mais perder nenhuma criança por atendimento errado, agora temos um hospital aqui.
- Tudo bem amor. Eu pensei em ir indo pra casa, não tem comida lá, nem nada. Posso arrumar alguma coisinha gostosa pra gente comer, enquanto tomamos um vinho e temos aquela conversa. Tudo bem se eu for indo?
- Eu sei bem o que eu posso comer a noite - a maneira como ela me olhou, quase fez eu tirar a roupa ali mesmo, mas apenas sorri e mantive uma compostura. Mais um deslize e a Marcela me desliga do meu próprio hospital.
- Isso você pode comer também, mas o que quer jantar?
- Qualquer coisa, só não macarrão. Comida, comida.
- Tudo bem, vou ver o que eu consigo fazer pra gente. Tudo bem você ir sozinha pra casa? Quer que eu venha te buscar? Eu já mandei levar suas malas lá pra casa, então nem precisa se preocupar com isso.
- Que eficiência. Não precisa me buscar não, eu volto sozinha.
- Então fechou, espero você em casa, ok?! Te amo. Cuidado na volta. - ela confirmou com a cabeça e subiu novamente no palco, para colocar a próxima apresentação. Já eu sai do prédio dos ambulatórios, direcionada a ir primeiro ao mercadinho que tem no bairro e segundo para casa, onde eu finalmente vou poder esperar ela, com calma, banho tomado, comida pronta e uma roupa bem bonita, cheia de más intenções e claro, um gelo para aquele rosto lindo.
Fim do capítulo
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