Capitulo 04

Às 8:00 horas, eu cheguei no World. A primeira pessoa que encontrei foi o Arnold, logo na entrada.

— Como foi sua noite com a Mel? — Perguntou todo sorridente.

— Foi legal!

— Legal? — Arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Sim! Queria que tivesse sido melhor? — Perguntei pois sabia o que eles haviam planejado na noite anterior.

— Não acredito que você não ficou com ela. Droga! Margareth, a gente tinha planejado tudo tão certinho.

Comecei a rir.

— Haviam planejado, mas você sabe que eu tenho um problema — Falei enquanto entravamos no elevador.

— Um problema que não dá a mínima para você — Arnold revirou os seus olhos.

— Eu sei...  — Abaixei o meu campo de visão.

— Mas você não deu nenhum beijinho nela? —         Inquiriu com malícia e comecei a rir.

— Sim! Nos beijamos.

— Eba! — Ele começou a bater palmas — Sabia que você não ia deixar aquela mulher passar.

— Ai, Arnold, só você mesmo.

— Então... — Ele me cutucou após sairmos do elevador — Vocês ficaram e você escondendo tudo, né?

— Não estava escondendo nada, só que não é como você está pensando.

— Como assim, não é? Vocês não vão namorar?

— Arnold...

— Margareth, não acredito. Você vai dispensar a Mel por conta de seu "problema". Tem gente que nunca vai deixar de ser trouxa mesmo.

— Quero ir com calma. Não posso magoar a Mel — Sentei em minha cadeira e o Arnold também se sentou.

— Você não ficando solteira e criando 50 gatos é que importa —Ele resmungou.

— O que você tem contra ter 50 gatos?

— Nada, mas do jeito que você tá... vai ficar solteirona.

— Não vou ficar solteirona. Eu disse a Mel que quero ir com calma.

— Calma? Sei... Você deveria é se esquecer desse seu "problema" — Arnold cruzou os braços. Parecia estar chateado.

— Não consigo — Fiquei encarando a tela de meu computador.

— Mas devia... olha — Arnold encarou as pessoas que estavam saindo do elevador. Fiz o mesmo e meu coração falhou uma batida. Charlotte estava saindo do elevador acompanhada por uma morena. Minha chefe estava sorrindo — Até ela resolveu se dar uma chance agora.

Fiquei encarando Charlotte e ela ao me ver fechou a cara. É, parecia que o sorriso dela só pertencia a outra mulher. Se isso me doeu? Sim, e muito. Como o Arnold vivia dizendo, eu era muito trouxa. Morria de amores por alguém que não dava a mínima para mim.

— Conhecem? — Priscila foi até nós e indagou.

— Não, nunca havia visto essa mulher por aqui — Arnold respondeu.

— Pelo visto, você perdeu, Margareth — Priscila colocou a sua mão em meu ombro ao comentar.

— Não perdi nada. Nunca tive! — Comecei a arrumar uns papéis que estavam sobre minha mesa. Como estava nervosa, eu derrubei alguns. Chamando a atenção das pessoas.

— Calma, Margareth, ela não te merecia. Você não precisa ficar assim por causa dela — Arnold falou após me ajudar a pegar alguns papéis que haviam caído no chão.

Depois da cena, como havia sido o meu dia no trabalho? Horrível, se eu pudesse tinha voltado para casa mais cedo, mas não dava. Todos no trabalho estavam comentando a respeito da mulher que estavam com a Charlotte. Até os entendo, Charlotte não era do tipo que andava acompanhada, não depois da morte da esposa. Isso tudo estava me machucando, pois vi Charlotte sorrindo para a outra mulher. Ela nunca havia sorrido para mim, mesmo eu fazendo de tudo para lhe agradar.

— Droga, sou muito trouxa mesmo — Comentei pois não estava conseguindo escrever a próxima matéria.

— Nisso eu tenho que concordar — Arnold comentou em meio a risos — Ei não fique assim, isso tudo foi para te mostrar que você tem que buscar sua felicidade, Margareth. Você não pode ficar se remoendo agora por causa dela. Liga pra Mel... Façam algo juntas. Tenho certeza que ela vai saber muito bem te consolar.

— Não quero usá-la.

—Mas tenho certeza que ela está doidinha para ser usada por você — Ele piscou para mim.

— Acho que farei isso — Comecei a arrumar as minhas coisas. Talvez eu fosse mesmo fazer o que o Arnold havia me sugerido, mas estava tão sem cabeça para me encontrar com alguém.

Após organizar minha mesa, eu me despedi de Arnold e sai. Quando cheguei a calçada da empresa, eu me deparei com Charlotte e a tal moça que eu ainda nem sabia o nome. Elas estavam entrando em um carro. Charlotte e essa mulher haviam passado o dia inteiro juntas. Isso me fez ter certeza que Charlotte havia resolvido reconstruir sua vida, no entanto achava a outra mulher muito diferente da minha chefe. Nunca pensei que Charlotte pudesse gostar de mulheres mais despojadas. Confesso, a outra mulher era muito linda, porém não tinha nada a ver com a Charlotte. Eu sei, não tenho nada a ver com a Charlotte também, mas eu gosto muito dela e isso faz muito tempo, porém acho que nunca fui notada por ela.

Passei pelo carro de Charlotte com a cabeça abaixada nem queria nem pensar na possibilidade de vê-las se beijando.

Quando cheguei próximo ao meu carro, eu tomei uma decisão.

— Mel?

— Olha... Sabia que não iria conseguir ficar muito tempo sem mim.

Comecei a rir. Ela era convencida demais.

— Posso ir a sua casa? — Perguntei com certa ansiedade.

— Sério mesmo? — Ela parecia surpresa.

— Sim — Já estava ficando arrependida.

— Claro, pode vim... Eu estava esperando muito por isso, mas achei que você iria ficar me ignorando.

— Acho que não resisti aos seus encantos — Brinquei com ela.

— Venha, vou ficar te esperando.

— Está bem... Já estou indo. Beijos, até mais!

— Beijos, minha linda.

Terminei a ligação e fiquei um pouco arrependida pelo que iria fazer naquela noite, contudo estava cansada. Cansada de não ser notada... De ficar esperando alguém que nunca iria me dar a mínima. Acho que eu precisava ter alguém que gostasse mesmo de mim.

— Pai, hoje não vou dormir em casa. Então não precisa me esperar para o jantar — Falei após ligar para meu pai.

— Aconteceu alguma coisa, Margareth? — Ele perguntou. Pelo tom de voz parecia preocupado.

— Nada, pai, só vou dormir na casa de uma amiga — Sabia que ele não iria acreditar muito nessa parte da amiga.

— Espero que você esteja fazendo isso porque realmente quer e não porque está com a cabeça quente.

— Eu quero muito isso, pai...

—Então espero que você tenha uma boa noite com sua amiga.

—Obrigada, pai... Tenha uma boa noite o senhor também.

Fim do capítulo