Carolina chegou em casa e sua cabeça ainda não tinha processado completamente o que tinha acontecido, viu sua vida mudar totalmente em poucos minutos, ainda não conseguia acreditar que de uma hora pra outra virou dona do Hospital mais bem-conceituado da cidade.

            Olhando para trás pensou em todo caminho que percorreu até chegar àquele momento, nunca teve tanta ambição, tudo que ela queria era fazer o bem, cuidar das pessoas, o que ela não percebeu foi que ela nunca cuidou de si mesma, precisou passar por um acidente que quase ceifou sua vida para entender isso.

            Justamente quando se permitiu ser feliz com alguém, o destino pareceu não ficar satisfeito e levou sua amada para longe, quase sucumbiu à dor, quase se entregou completamente ao desespero, tinha passado tanto tempo se protegendo que não sabia como lidar com a ausência de um amor.

            Depois de perder Ângela, subiu suas muralhas com maior resistência, não se permitiu mais nem se aventurar com outra pessoa, Claudia tentou fazer contato com a cardiologista, mas não obteve sucesso. Tudo o que ela fazia era trabalhar, se dedicar novamente à medicina. Ela agora chegou a um degrau que nunca imaginou que iria atingir, e iria se dedicar ainda mais a ajudar as pessoas.

            Carlos foi buscar Roberta no trabalho e quando chegaram em casa, encontraram Carolina sentada no sofá com o envelope que o advogado a entregou, estava criando coragem para ler as palavras que Samantha deixou para ela. Sabia que seria difícil, mas precisava encarar aquelas palavras.

 

 

-- Oi Carol. – Carlos fechava a porta –

 

 

-- Oi amiga. – Sentou ao seu lado – Que cara é essa? – Jogou a bolsa sobre a mesa de centro –

 

 

            Carolina levantou o envelope e mostrou aos dois, Roberta reconheceu a letra de Samantha e sentiu um aperto no peito.

 

 

-- Samantha. De novo?

 

 

-- Sim, vocês não sabem o que aconteceu hoje. Melhor você sentar, Carlos.

 

 

-- O que aconteceu? – Puxou uma cadeira e sentou –

 

 

            Carolina contou sobre a visita do advogado, tudo o que ele contou, a doação dos bens de Samantha, a transferência do Hospital para o seu nome. Como sua vida mudou a partir daquele momento.

 

 

-- E no final ele deixou essa carta, Samantha escreveu e deixou para me entregar.

 

 

            Roberta e Carlos tiveram a mesma reação das médicas, ninguém sabia o que dizer, Roberta tinha lágrimas nos olhos, o sentimento era parecido com o de Raquel, sentiu muita raiva de Samantha durante os anos que ela as fez sofrer, e agora, parecia que a loira tinha finalmente encontrado um caminho decente para seguir, o destino resolveu brincar com sua vida, primeiro a doença e depois sua morte trágica para salvar Carolina.

 

 

-- Carol, quer dizer que você é dona do hospital inteiro? – Carlos estava espantado –

 

 

-- Sim. O Hospital Matriz é meu.

 

 

-- Caraca! Eu não sei o que dizer. – Passou uma das mãos no cabelo –

 

 

-- Honestamente, nem eu. Ainda não caiu a ficha. Estou até com medo de tudo isso ser um sonho e que eu vou acordar a qualquer momento.

 

 

-- Eu te belisco. – Mostrou os dedos --

 

 

-- Sai pra lá, Beta. – Afastou-se –

 

 

-- Só pra garantir ué. – Riu –

 

 

-- Você vai fazer o que?

 

 

-- Eu não sei ainda. – Balançou a cabeça – Eu não pensei no que fazer, ainda estou processando isso tudo. Além do hospital, ainda tem o apartamento e os carros, preciso pensar com calma o que vou fazer.

 

 

-- Você vai vender o hospital? – Roberta perguntou –

 

 

-- Não, pretendo ficar com ele e trabalhar lá, vou precisar de ajuda com isso.

 

 

-- Eu te ajudo no que você precisar, amiga. – Segurou a mão de Carolina –

 

 

-- Eu sei, obrigada Beta. Com certeza vou precisar muito da sua ajuda.

 

 

-- E essa carta aí? – Carlos apontou –

 

 

-- Eu estou criando coragem para abrir. – Olhou triste –

 

 

-- Se quiser ajuda...

 

 

            Carolina suspirou e abriu o envelope, puxou algumas folhas de papel e mais uma vez viu a caligrafia desenhada da modelo, se emocionou ao lembrar de Samantha, tão cheia de vida, vida até demais, tanto que ela não conseguia ser simples, tudo com Samantha era demais, intenso demais, paixão demais, erros demais.

            Tentando tirar uma força que ela sabia que existia quando precisava, Carolina respirou fundo e começou a ler em voz alta para Carlos e Roberta.

 

 

 

            Carol

 

 

            Quando você estiver lendo essa carta, certamente minha jornada aqui nesse mundo já estará completa, eu estou doente, meu médico já me avisou que eu preciso aproveitar pois não devo alcançar o próximo ano, no início eu fiquei triste com essa notícia, pensei em várias loucuras, você me conhece, mas depois eu apenas aprendi a aceitar os fatos, eu levei meu corpo ao limite em muitos aspectos, e hoje tudo o que eu estou passando é apenas resultado da minha vida louca e como você dizia, desregrada.

            Você me avisou inúmeras vezes, você me alertou, tentou me ajudar a mudar, tentou me fazer entender o que era melhor pra mim, mas eu confesso que nunca liguei para o que você dizia, nunca liguei para o que ninguém dizia, por pensar que nada de ruim poderia me atingir, e hoje vejo que eu estava errada, mais uma vez.

            Eu tenho certeza que você irá se perguntar por que eu não te contei, não fique chateada comigo, é apenas porque eu sempre te arrastei para minhas loucuras, e dessa vez eu só queria que você tivesse paz, e não me senti no direito de te levar mais um problema que não era seu, pois eu sei que você tomaria para si e tentaria me ajudar mais uma vez entre tantas outras que eu ignorei completamente, mas dessa vez, não tem remédio que traga cura para o meu corpo, eu perdi essa batalha, mas eu vou com a certeza de que meu caráter e minha integridade eu recuperei graças à sua ajuda e insistência.

            Tenha a certeza que a única lembrança boa que eu levo daqui dessa vida foram os momentos em que passamos juntas, você sempre me trouxe leveza, paz e calmaria, você sempre tentou ver o melhor de mim, e você via algo bom, mesmo eu não vendo, mesmo eu sabendo que não era uma boa pessoa, você persistiu tanto que eu acreditei.

Você foi a única pessoa que realmente se importou comigo e esteve comigo verdadeiramente, além de Maria, ela eu levo no fundo do meu coração, ela faleceu ano passado e eu rezo todos os dias pra que se eu puder ir para algum lugar tipo o paraíso, que ela possa me receber, gostaria de ver meu pai também, para pedir perdão por ter abandonado a casa em um momento tão difícil. Não sei se existe paraíso, mas se for parecido com seu apartamento eu vou ficar muito feliz. Brincadeira, foi só pra descontrair. A essa altura você já deve estar chorando, mas eu te digo, não chore mais por mim, eu vou com o sentimento de que cumpri meu papel, principalmente agora que eu te dei uma mãozinha pra você subir mais um degrau.

            Eu vou viajar pelo mundo e gastar um pouco do dinheiro que eu guardei para coisas boas e não com drogas e bebidas, conhecer lugares novos, gente nova, sem me preocupar com futilidades, apenas quero sentir as experiências que eu vou encontrar, vou aproveitar o que me resta dessa vida, pois quando eu tinha saúde, eu ignorei todas as coisas simples da vida e agora que eu estou por um fio, vejo o quanto isso me fará falta.

            Eu mudei, mudei por você, mas principalmente mudei por mim, e espero que pela primeira vez em toda minha vida, você sinta uma pontinha de orgulho do que eu fiz. Você já sabe das minhas decisões, espero que você aproveite essa oportunidade para ajudar mais pessoas, você é uma pessoa iluminada e com um hospital inteiro, tenho certeza que você vai realizar maravilhas, você nasceu para fazer a diferença na vida das pessoas, e faz isso com tanta naturalidade, tanto carinho, cumpra sua missão de salvar o próximo, e seja feliz! Você merece paz, encontre sua paz e seu amor, não deixe o seu amor morrer.

            Eu me despeço te desejando toda felicidade que você puder suportar, e que você se lembre de mim como uma grande amiga louca que passou pela sua vida feito um furacão e que você fez toda a diferença na minha jornada.

 

            Eu te amo, sempre te amarei.

 

            Beijos

 

            Samantha.

 

 

 

            Ao final da leitura, os três estavam chorando, Cada um com suas impressões, Carolina sentia o peito arder, com todas as mágoas que sofreu nas mãos de Samantha, ela sentia amor pela modelo, não de amantes, mas compaixão, ela conhecia a essência de Samantha, e sabia que se ela tivesse escolhido um caminho diferente, ela teria sido uma mulher de sucesso, tanto profissional, como em sua vida pessoal. Ela tinha a esperança que um dia veria Samantha mudada, vivendo uma vida pacata, sem vícios e feliz, mas tudo acabou abruptamente.

            Em um piscar de olhos, tudo o que restou foram palavras escritas em um papel colorido, onde sentimentos foram expostos de maneira sublime, onde a saudade daquela que um dia foi sua prioridade ficou eternizada.

            Samantha escreveu aquelas palavras sem saber que seu destino estava marcado para cruzar com Carolina ainda uma última vez, e sua redenção foi extrema e fatal, mas depois de tudo, como poderia ser diferente? Esse era o seu destino, viver e morrer intensamente, nada poderia ser simples com Samantha.

            Roberta abraçou Carolina e deixou que a amiga desabasse suas dores, tudo veio como uma cachoeira, as lembranças, a saudade, a ausência que agora era eterna.

            Samantha agora era literalmente apenas uma lembrança, de um tempo que Carolina não vai esquecer nunca. E nem queria esquecer.

 

 

 

******************************

 

 

 

            Uma semana passou muito rápido, o advogado ligou novamente para Carolina e foi até a clínica levar a documentação homologada com a transferência da empresa que administra o hospital e entrega-la.

 

 

-- Bom dia doutora Carolina, como vai? – Estendeu a mão em cumprimento –

 

 

-- Eu estou bem, Sr. Antonio. Entra. – Retribuiu o cumprimento –

 

 

-- Eu vim trazer os documentos, o Hospital é definitivamente seu. – Entregou a pasta com o contrato –

 

 

-- Muito obrigada. – Pegou a pasta – Eu nem sei por onde começar.

 

 

-- Que tal ir até o seu hospital e se apresentar como nova proprietária?

 

 

-- Isso ainda é demais pra mim, eu não estou acreditando que Samantha fez isso.

 

 

-- Acredite, já é um fato consumado. – Sorriu –

 

 

-- O que eu preciso fazer?

 

 

-- Nada, é só chegar lá e ocupar sua cadeira.

 

 

-- E a atual diretoria?

 

 

-- Estão aguardando a execução do inventário dos bens de Lucia, soube extraoficialmente que a diretora interina está pensando que receberá o hospital depois que terminar os trâmites jurídicos. – Disse em um tom mais baixo –

 

 

            Carolina achou graça da forma como o senhor falou, parecia que ele estava se divertindo com a falta de informação de Vera com a transferência do hospital para Carolina.

 

 

-- Então eles não sabem que Samantha transferiu a empresa para o meu nome?

 

 

-- Não, ninguém sabe, como eu te falei, Samantha pediu sigilo nesse processo, o que eu sei é que como a empresa estava em nome de Samantha e ela tinha deixado tudo pronto e em testamento, por saber que estava doente, o hospital não participará do inventário, ou seja, ele é seu sem mais nenhuma burocracia.

 

 

-- Entendi.

 

 

-- Bom, eu vou embora, meu trabalho terminou aqui. Eu te desejo boa sorte, e foi um grande prazer te conhecer, doutora Carolina.

 

 

-- Obrigada. O prazer foi meu.

 

 

 

            O advogado de Samantha deixou a clínica e Carolina sentou em sua mesa, pegou os papéis que ele tinha deixado e folheou, não tinha lido todos os detalhes quando assinou o contrato, e ficou impressionada com o valor atribuído do hospital que recebeu de Samantha. O advogado tinha razão, o fato estava consumado, ela se tornou dona de um hospital avaliado em mais de cinquenta milhões de reais.

            Ligou para Roberta e pediu que a amiga a encontrasse em seu apartamento à noite, fez o mesmo com Izabel e Raquel. Precisava da ajuda das amigas.

            À noite, todos estavam reunidos no apartamento da cardiologista, Carlos também estava presente, ainda estava no Rio, pediram pizza, conversaram e finalmente, Carolina começou a explanar o que tinha em mente.

 

 

-- Gente, eu pedi pra vocês virem aqui hoje, porque eu preciso muito da ajuda de vocês.

 

 

            Todos escutavam atentos ao que Carolina dizia, ela sabia que a partir daquele dia, tudo mudaria em sua vida, e queria contar com as pessoas que ela mais confiava para conseguir dar conta de tudo que precisava fazer.

 

 

-- Hoje o advogado de Samantha, trouxe o contrato do Hospital Matriz e eu sou a única proprietária de todo o complexo.

 

 

            As meninas fizeram uma pequena algazarra, Carlos assobiou, e Carolina sentiu o rosto queimar, sabia que era muita responsabilidade, mas não a queria apenas para si.

 

 

-- Mas eu não quero assumir isso sozinha, eu gostaria de convidar vocês três para compor a diretoria do hospital.

 

 

-- Como é? – Roberta se espantou – Mas o que eu tenho com isso?

 

 

-- Roberta, você tem tudo com isso, você é advogada e minha melhor amiga, eu confio em você de olhos fechados e vendados, portanto, não poderia pensar em ninguém para cuidar do jurídico do hospital.

 

 

-- Nossa, amiga, eu não sei nem o que dizer. – Emocionou-se --

 

 

-- Sim, ué. – Raquel olhou para Roberta –

 

 

            As meninas riram e Roberta concordou, Carolina logo voltou sua atenção para Raquel e Izabel.

 

 

-- E você e Izabel, também vão entrar nessa comigo. Não pensem que vocês vão escapar.

 

 

-- Carol, Samantha deixou tudo pra você, é você quem tem que assumir o hospital. – Izabel ponderou –

 

 

-- Bel, Samantha mudou minha vida, mas eu tenho certeza que ela sabia que eu teria ajuda. E eu não posso fazer isso sozinha, eu preciso das minhas amigas, preciso de vocês comigo.

 

 

-- E a clínica? – Raquel se preocupou –

 

 

-- Se vocês concordarem, eu pensei em deixar Aline à frente da clínica, e nós nos dedicamos ao hospital.

 

 

-- Acho justo. – Izabel encostou no sofá –

 

 

-- Ela é capaz de assumir sozinha. – Raquel concordou – Se precisar, nós damos suporte a ela com a administração.

 

 

-- Então vocês se preparem pois teremos uma reunião segunda-feira com a atual diretoria para nos apresentar. – Sorriu maliciosa –

 

 

-- Eu não perco isso por nada! – Raquel esfregou as mãos –

 

 

-- Será que a Vera ainda está por lá? – Izabel cruzou as pernas –

 

 

-- Pelo que o advogado falou, acho que está, é hora de colocar os pingos nos is. – Carolina cruzou os braços --

 

 

-- E eu? – Carlos perguntou –

 

 

-- Você é irmão da dona do Hospital Matriz. – Riu -- Se eu fosse você, pedia transferência pra cá, sua namorada vai ficar meio ocupada daqui pra frente. – Sorriu –

 

 

-- Vou começar a pensar no assunto. – Abraçou Roberta –

 

 

 

 

**************************

 

 

            No dia marcado para a reunião, Carolina foi com Roberta e encontrou com Izabel e Raquel no Hospital Matriz, se identificaram na recepção e foram para a sala de reuniões na cobertura do prédio, quando chegou na recepção da administração, a secretária abriu um enorme sorriso ao saber que a nova proprietária do hospital era Carolina, já a conhecia da época que a cardiologista trabalhava com a residência, e saber que Vera sairia era como um presente divino.

            As quatro amigas foram encaminhadas para a sala de reunião, dois conselheiros chegaram em seguida e conversavam com Carolina e Roberta quando a porta se abriu e Vera entrou displicente, sabia que teria uma reunião com os conselheiros, mas não imaginava que encontraria Carolina na sala da diretoria.

            Foi quase cômico, Raquel teve que segurar o riso quando viu a expressão de incredulidade da cirurgiã plástica quando viu Carolina sentada na cabeceira da mesa ao lado de um dos conselheiros, a cardiologista estava vestindo um vestido preto, com a saia longa, um estilo bem diferente do que estava acostumada, estava elegante e ao mesmo tempo simples, do jeito que ela gostava.

            Vera parou no meio da sala e deixou o queixo cair, o que aquelas mulheres estavam fazendo na diretoria com os conselheiros?

 

 

-- O que você está fazendo aqui?

 

 

-- Bom dia para você também! – Carolina foi irônica –

 

 

            Reencontrar com a mãe de Ângela foi como reviver o dia em que sua amada foi embora, lembrava da cena no estacionamento, a agressão no corredor do hospital, queria perguntar sobre a ex-noiva, mas sabia que não conseguiria nenhuma resposta dela.

 

 

 

-- Que palhaçada é essa? Quem permitiu que essa mulher entrasse aqui na administração?

 

 

 

            Vera caminhou com passos firmes até a mesa e jogou a bolsa em uma cadeira, se apoiou inquirindo os conselheiros e ficou esperando uma resposta.

 

 

-- Quem iria proibir a proprietária do hospital de subir até sua sala? – Raquel foi sarcástica --

 

 

-- Como assim?

 

 

-- Doutora Vera, a doutora Carolina é a nova proprietária do hospital, aqui estão os documentos.

 

 

            Um dos conselheiros estendeu cópias do novo contrato social do hospital, e Vera pegou para ler, colocou seus óculos de leitura e seu queixo foi despencando a cada linha que ia lendo, o nome de Carolina estava nas páginas do contrato, o hospital não estraria no inventário, pois não estava no nome de Lucia, a médica ficou atordoada ao perceber que seus planos de receber o controle total do hospital estava indo por água abaixo.

            Leu e releu novamente, com Carolina no comando, ela com certeza iria alterar a ata do hospital e tiraria Vera da diretoria. A possibilidade de perder o controle do hospital estava apavorando a cirurgiã plástica e o silêncio na sala estava gritando aos seus ouvidos, ela só pensava que o poder que ansiava estava escorrendo por seus dedos.

 

 

-- Isso não é possível. Lucia enlouqueceu. O inventário ainda não saiu, como isso é possível?

 

 

-- Como você pode ver no contrato, o hospital era da Samantha, esposa de Lucia, e antes de falecer, ela passou a empresa para Carolina, o que a torna proprietária do hospital. – Roberta tomou a palavra --

 

 

-- Quando Lucia fez isso? – Sentou em uma cadeira perplexa – Não pode ser.

 

 

-- Aqui está a nova ata para a nova diretoria, levaremos para o conselho hoje à tarde, de nossa parte, avaliamos os documentos e está tudo de acordo. – Disse um dos conselheiros –

 

 

-- Isso não pode estar acontecendo. O hospital é meu. – Bateu na mesa –

 

 

-- Doutora Vera, controle-se. – Um dos conselheiros advertiu –

 

 

-- Essa mulher não tem o direito de estar aqui, -- Apontou para Carolina – você não é digna de conduzir esse hospital, eu construí uma reputação aqui, e não vou permitir que você destrua tudo.

 

 

            Carolina levantou e apoiou as mãos na mesa, seus nervos estavam a flor da pele com o ataque que estava presenciando, sentia que na verdade foi o contrário, ela sofreu as maiores perdas por causa da loucura de Lucia e da ganância de Vera, perdeu a residência, foi expulsa do hospital, foi ameaçada, e agora sentia que a justiça estava finalmente sendo feita.

 

 

-- Na verdade Vera, foram você e Lucia que destruíram a filosofia do hospital, aqui nunca foi um hotel cinco estrelas, esse lugar foi construído para ajudar pessoas, curar pessoas, não enriquecer gente inescrupulosa como você. Portanto, eu sugiro que você se retire do meu hospital, ou eu dessa vez, vou realmente chamar a segurança. – Estreitou os olhos --

 

 

            Vera espantou-se com a segurança de Carolina, estreitou os olhos e ao invés de retrucar, resolveu ir embora para evitar escândalos, já estava sob a mira da justiça, não precisava de mais uma superexposição, pegou sua bolsa e antes de sair olhou para Carolina e a ameaçou.

 

 

-- Você receberá notícias minhas.

 

 

-- Espero que não.

 

 

            Vera saiu caminhando firme e deixou a sala de reunião, os conselheiros discutiram ainda alguns pontos com Roberta e Carolina e marcaram a reunião com o restante do conselho para a parte da tarde.

Depois de deliberar, a nova diretoria foi aceita e agora, Carolina dividia as responsabilidades da gestão do hospital com Raquel, Izabel e Roberta. De volta ao lugar que ela amava, onde tudo começou, Carolina sentiu um pouco de paz, conseguiu até sentir um pouco de esperança de que suas dores fossem amenizadas. Uma nova era começava em grande estilo.

Fim do capítulo