Capítulo 16 Wind Of Change
Carolina abria os olhos, estava exausta. Não tinha pregado o olho na noite passada, passava as mãos pelos lençóis e ainda sentia Marina ali, sentia seu cheiro inebriante pelo quarto. Levou as mãos na cabeça tentando se desvencilhar do desejo que em sua boca havia, o de sentir o beijo da loira novamente.
Já era segunda feira e só Deus sabe o quanto ela quis continuar naquela cama, o quanto ela se culpava por suas atitudes na noite passada, mas agora não adiantaria tais lamentações, resolveu se levantar e fazer um café bem forte para poder tirar o gosto da boca que havia provado na noite passada.
Respirou fundo e com o gole de café nada havia mudado, estava perdida em seus pensamentos e não conseguiu não esboçar um sorriso ao lembrar dos olhos de Marina que lhe aqueciam o peito. Estava ali agora entregue a doces lembranças, deixou a razão novamente de lado e seu coração que embalava seus pensamentos.
*****
Marina estava sentada com a sua xícara de café no sofá enquanto acariciava Kiko que a olhava com ternura, ela tentava agora se concentrar na ameaça que havia recebido, estava ali pensando em quem poderia querer ela morta e deu um sorriso irônico ao lembrar o tamanho da lista.
Graças ao seu trabalho bem sucedido ela tinha uma lista grande de inimigos que não a amedrontavam, nada a faria parar, ela sempre se dizia isso.
Seus pensamentos eram interrompidos a todo o instante por flashbacks da última noite e as palavras duras de Carolina que toda vez que eram repetidas em sua mente faziam uma lágrima teimosa brotar em seus olhos.
Levantou e quis sair daquele marasmo, mas sabia que o dia não seria fácil, teria uma entrevista que já não sabia mais se sua convidada iria, 'talvez vá só pra ter o prazer de me ver infeliz' ela pensou com uma certa raiva tomando seu peito.
Logo parecia acordar de um transe quando seu celular tocou, era o despertador e ela percebeu que também não havia dormido aquela noite.
Respirou fundo e olhou para a janela de seu apartamento, já via raios de sol colorindo o nascer do dia.
Começou a se arrumar vagarosamente, não tinha pressa alguma de retomar sua rotina.
******
Carolina estava chegando em seu trabalho, estava alguns minutos atrasada, logo que entrou em sua sala se deparou com uma pilha imensa de papéis, fez uma careta, era tudo o que ela não desejava, mas ao mesmo tempo pensou que seria bom para ocupar seu tempo. Antes de ir para a sua mesa foi até a máquina de café e se serviu de um expresso, voltando para a papelada em sua mesa.
Estava revisando uma pilha de papéis e o seu telefone toca, até que ela percebeu o quão insistente era aquela ligação, mas ela teimava em não atender, até que entra Rafaela em sua sala com os braços cruzados.
-
Não vai me atender princesa?
-
Ué, não tá vendo que tô trabalhando?
-
Tu não tem nenhum compromisso hoje não?
-
Tenho?
-
Tem, temos uma entrevista lembra?
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Sim, mas já fiz questão de esquecer e aproveito pra te avisar que não vou.
Pelo tom de voz Rafaela percebe que é realmente melhor não tocar mais no assunto e fica observando a morena que se quer levantou o olhar para olhá-la, sabia que havia algo errado ali, mas também sabia que não era a hora certa para perguntas.
O telefone que toca agora era o de sua sala, havia a ocorrência para atender, ela correu até seu armário e sem hesitar vestiu seu equipamento tático e ao sair na porta Rafaela já a aguardava tentando terminar de colocar o colete.
-
Tu é rápida hein princesa?
-
Pois é, vem cá que te ajudo.
-
Agora sim, vamos logo!
-
Vamos!
******
Marina estava bebendo seu café sentada a mesa da cozinha quando escuta batidas a porta, ela vai até a porta e olha pelo olho mágico e não há ninguém, quando ela se vira para ir até a cozinha e voltar para o seu café ela se depara com algo que já lhe é familiar, outro bilhete, mesma fonte utilizada no bilhete anterior, só que dessa vez lhe fazia uma ameaça indireta e ela não conseguiu interpretar bem o que aquilo significava.
"Nunca me ignore, agora tu vai descobrir da pior forma possível o que essa tua ação vai te custar. Em 24hrs. Até mais Marina."
Ela levou as mãos a cabeça e jogou o bilhete em cima da mesa, andava de lado para o outro, não conseguia imaginar o que ou a quem aquele pedaço de papel se referia, mas sentiu um aperto em seu peito.
Levantou-se e foi para seu escritório, no caminho tentava ligar insistentemente para Fran, mas sem sucesso, o que a fez se preocupar ainda mais. "Preciso comprar um carro, não posso ficar apressando o Uber" pensou, olhando para a tela do seu celular que ainda não tinha sinal de vida de sua amiga.
*****
Carolina desceu do carro e de arma em punho corria atrás do homem que se distanciava, a operação em busca de drogas havia dado errado e eles já esperavam pela polícia e assim eles perdiam o elemento surpresa.
Ela corria e tentava controlar sua respiração ofegante, até que ela ficou encurralada em uma viela e o confronto com o meliante não podia mais ser adiado.
Ela correu até poder se abrigar atrás de um container de lixo que lhe oprimia um pouco a visão a longo alcance, mas continuava a atirar contra o homem que tinha uma visão privilegiada de sua localização, os tiros eram trocados e Carolina só podia escutar que ele estava por um fio de acerta-la, então finalmente pediu reforços.
Ela se reposicionou e ao procurar uma melhor visão do rapaz que tentava lhe alvejar foi ferida gravemente na perna, levou uma das mãos ao ferimento tentando estancar o sangue que morava enquanto ela ainda trocava tiros com o suspeito, até que ela pode ouvir o seu rádio, tentavam entrar em contato com ela, ela não conseguia responder.
Sua respiração estava ofegante e ela já estava quase inconsciente, tentava recuperar seu tino, mas a última coisa que ela vê é uma bomba sendo lançada em sua direção, ela só teve tempo de se abrigar embaixo de um carro e ver a fumaça subir, agradeceu a Deus por ter conseguido chegar ali, ouvia passos quando apagou, repentinamente.
****
Marina corria para os braços da amiga que olhava um vídeo no computador, atônita com as notícias e sem entender se assustou com a ação da loira.
-
Que susto Mariiii! O que te deu?
-
Nada, só tava preocupada, tu não me atendeu e....
Mari parou de falar e ouvia o que o repórter da Live do YouTube dizia, o que a fez entender o que o bilhete dizia.
"Hoje pela manhã em uma operação em busca de drogas, dois policiais foram mortos e três ficaram gravemente feridos, há boatos que os feridos e mortos se desviaram da operação para pegar um foragido que trocava tiros com os policiais... em breve teremos novidades e os nomes dos PMs mortos na operação"
-
Era isso? Será que era isso?
-
Era isso o que Mari? Tu anda tão estranha.
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Eu ando recebendo ameaças anônimas e...
Franciele abriu a boca e a interrompendo respirou fundo e falou.
-
E quando tu ia me contar?
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Não achei que era algo sério e....
-
DESDE QUANDO ISSO NÃO É SÉRIO?
-
É que não tinha acontecido nada até hoje, se é que isso tem haver, aí meu deus
Disse Mari andando de um lado para o outro falava com pressa, tentando se entender e entender o que estava acontecendo, Fran franziu as sobrancelhas com um semblante preocupado e levantou-se segurando a loira pelos braços a fazendo parar de andar.
-
Respira fundo. Te acalma, eu tô aqui. Conversa comigo.
-
Eu dormi com ela e será que agora ela tá morta? Meu Deus
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Ela quem?
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Carolina
-
Mentiiiiiiira?
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Queria eu que fosse, mas não, não é.
-
Marina, calma, nem sabemos se ela estava na operação.
-
Preciso saber, Fran. Preciso!
-
Então vamos lá na delegacia ver se descobrimos algo, Mari, mas mantenha a calma.
A loira respirou fundo, mas nada a fazia ter calma, ela pegou sua mochila e elas chamaram um Uber e se dirigiram até a delegacia, Mari tinha o coração na boca e uma angústia que tomava conta de todo o seu corpo.
Ainda tentando se acalmar, mal esperou o carro estacionar e correu para a delegacia em busca de informações, Fran pagou o motorista e correu logo atrás, não conseguia entender a impaciência da amiga, mas sabia que a loira precisava dela.
Ao entrar na delegacia Fran se depara com a loira abraçada na amiga da Carolina.
Rafaela está com os olhos marejados e suja de sangue, tem um pesar muito grande e seu peito e em sua voz e ao ouvir a pergunta de Mari sobre a amiga chora copiosamente.
Fim do capítulo
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