Júlia

Tudo estava indo muito bem, todos animados e se divertindo. Alguns até se aventurando a dançar, inclusive meus sogros, minha mãe e Eduardo. Fui de encontro com a minha garota que estava conversando animadamente com Anny do outro lado da mesa, sorri me aproximando e dizendo:

– Me daria a honra de dançar comigo?

– Com certeza meu amor. – dei uma piscadinha para minha irmã e estendi a mão que Layla pegou a trazendo para meus braços.

Seguimos para junto do pessoal, uma música mais lenta começou a tocar e colei nossos corpos, ela jogou os braços em volta de meu pescoço e não dissemos nada, apenas sentimos o momento e nos deixamos levar. Dançamos umas três canções até minha mãe anunciar que iria cortar o bolo, olhei para Layla sorrindo e sussurrei:

– Preciso ir ao banheiro, você pode enrolar dona Helena um pouco?

– Claro amor, mas se demorar muito. – beijou meus lábios dizendo marota: – Vou atrás e sua mãe não vai cortar esse bolo hoje.

– Promete? – sorri e ela me empurrou de leve pelos ombros, entrei em casa.

Aproveitando que estava no banheiro, joguei uma água no rosto e dei uma ajeitada no meu cabelo que estava mais bagunçado que o normal. Estava passando em frente ao meu quarto quando alguém me puxou para dentro dele, estava escuro. Sorri achando que era Layla, ilusão a minha quando ouvi a voz que dizia:

– Finalmente consegui um minuto com você!

Bati a mão na parede em busca do interruptor e quando acendi vi para meu desespero que Gabriele estava começando a arrancar a roupa dela, a empurrei dizendo:

– Você está maluca, saia já do meu quarto e coloque essa roupa?

– Porque, você estava bem animada quando eu a puxei para cá.

– Eu achei que fosse a minha namorada. – me virei para sair e ela me puxou de volta, dessa vez tentando me beijar e como na primeira vez mordeu meus lábios, sem calcular os meus movimentos a juntei pelos braços, e para não dar na cara dela a joguei em cima da minha cama e saí do quarto.

A intensão era procurar pelo Eduardo e falar com ele, quando saí da cozinha, alguém me viu e começaram a cantar os parabéns, Layla veio em minha direção cantando e sorrindo também. Fiquei sem ação, e ao notar meu olhar ela questionou muda, olhando para meus lábios e naquele momento a doida saiu de casa também. Com as roupas rasgada e fingindo choro dizendo:

– A Júlia me atacou lá dentro, olha o que ela fez com as minhas roupas!

Foi em direção ao pai dela e automaticamente olhei de Layla e para minha mãe que veio em minha direção, todos pararam de cantar e me olhar. Voltei meu olhar para minha namorada e tentei dizer:

– Amor... Não, eu não fiz isso... Ela está louca... – olhei para minha mãe desesperada tentando dizer novamente: – Eu juro mamãe, eu não fiz isso. – meu sangue ferveu, já estava com raiva daquela garota, dei dois passos na direção dela e segurei seus braços dizendo entre os dentes: – Retire o que você falou, ou não respondo por mim.

– Você me puxou para seu quarto e tentou arrancar minha roupa, vai negar isso?

Soltei o braço dela como se tivesse levado um choque, dei dois passos para trás colocando as mãos na cabeça, rindo de desespero, pois não estava acreditando que aquilo estava realmente acontecendo, me virei na intenção de explicar o que tinha acontecido, mas Layla passou igual um furacão por mim dizendo:

– Agora você vai ter o que merece sua vadia!

– Amor, não...

Ela já tinha avançado na moça, deu um tapa em seu rosto que a desequilibrou e caiu, Layla avançou para cima dela desferindo tapas em todos os lugares que alcançava, a outra ainda tomada pelo susto de ter sido pega de surpresa tentava se defender sem muito sucesso, mas de certa forma conseguiu se esquivar levantando do chão não indo muito longe, minha namorada passou a mão no cabelo dela e puxou.

Quando se viram cara a cara, Layla desferiu outro tapa, dessa vez a moça caiu por cima da mesa, exatamente onde o bolo estava. Desabando tudo no chão, fiz uma careta olhando para minha mãe, meus amigos começaram a rir, foi realmente engraçado, mas a situação era delicada. Não contente ainda a doida gritou jogada no chão no meio do bolo:

– Se você quiser experimentar o seu bolo de aniversário Júlia, vai ter que me comer também.

Layla avançou para cima dela dizendo palavras desconexas ao meu ouvido, por alguns segundos fiquei sem ação, mas fui de encontro a elas tentando separá-las, olhei em direção ao Diego e o Júlio que estavam próximo pedindo ajuda:

– Vocês podem me ajudar aqui? – ambos rindo de se acabar, mas finalmente separamos as duas, Layla ainda possessa dizia:

– Na primeira vez eu deixei passar, mas dessa vez eu vou quebrar a sua cara.

– Agora é tarde, eu já peguei o que eu queria. – devido ela estar cheia de bolo pelo corpo foi impossível conseguir mantê-la em meus braços, escapou acertando em cheio o rosto da moça também dizendo:

– Cala a sua boca...

Peguei Layla dessa vez levantando-a do chão e me afastando com ela em meus braços, a outra ria e falava coisas atrás de nós, mas Eduardo se postou em sua frente dizendo:

– Cala a boca Gabriele, você é uma vergonha para mim. – a moça sentiu as palavras do pai e se acalmou, e ele continuou: – Não quero mais olhar na sua cara, me espera no carro que vou te levar em casa, amanhã você vai pegar o primeiro avião e voltar para casa de sua mãe.

– Mas pai, eu não fiz...

– Cala a boca, faça já o que eu mandei antes que eu mesmo o faça.

Ela deixou os ombros caírem e se desvencilhou dos meninos passando por nós, em seus lábios marca de sangue, mantive Layla ainda presa porque ela queria avançar na moça que seguia em direção ao carro do pai. Minha namorada se acalmou um pouco, vi quando o namorado de minha mãe disse alguma coisa para ela e veio em minha direção dizendo sincero:

– Desculpa Júlia, estou envergonhado pelo que aconteceu aqui hoje, aquela menina não devia ter feito o que fez.

– Tudo bem Eduardo, você não tem culpa, ninguém tem culpa. – olhei com vergonha para ele dizendo: – Eu não fiz aquilo a ela, não seria capaz de atacá-la como disse.

– Eu acredito em você! Mais uma vez peço desculpa, as duas por tudo o que aconteceu aqui e outro dia, vou arcar com todo o prejuízo já falei com Helena, volto mais tarde para conversarmos com mais calma.

Concordei e ele foi em direção a filha, olhei para Layla que ainda estava tremula em meus braços, nós duas estávamos parecendo um chantilly ambulante. Anny se aproximou nos olhando e depois para a bagunça que estava onde antes era uma mesa com um bolo, passou o dedo no rosto de Layla e depois levou a boca dizendo:

– O bolo era de pêssego, que desperdício.

Aquilo foi a gota, todos começaram a rir, seria cômico se não fosse trágico, tive que rir também, mas Layla ainda bufava em meus braços nervosa, me aproximei beijando o rosto dela dizendo:

– Você está deliciosa amor. – ela me olhou incrédula e se afastou de meus braços dizendo:

– Ainda vamos conversar sobre isso, não pense que vai passar batido.

– Mas eu não fiz nada. – ela foi em direção a casa e entrou, Diego e o pessoal se aproximaram fazendo graça:

– Tenho que confessar Júlia, você e sua família sempre souberam fazer uma boa festa.

Todo mundo caiu na risada de novo, dei um empurrão de leve nele rindo também e fui até minha mãe que passou a mão em meu rosto dizendo:

– Desculpa filha, não imaginava que fosse acontecer isso.

– Tudo bem mamãe, eu estou bem. – fiz menção de abraça-la, mas me afastei dizendo: – Melhor eu ir tomar um banho primeiro.

– Sim, e fale com a sua gata selvagem lá dentro, para tomar um banho também, nós arrumaremos tudo aqui.

– Obrigada mãe, te amo!

Falei rapidamente com meus sogros que estavam por ali, no semblante deles aparentava divertimento, me tranquilizaram dizendo estar tudo bem e fui de encontro a Layla no interior da casa. A encontrei no banheiro se olhando no espelho, quando me viu pelo reflexo, se virou em minha direção perguntando:

– Agora me explique, o que foi que aconteceu aqui hoje?  

Fim do capítulo