Escuridão - Capítulo 23
- Mel – Jaqueline entrou na sala – Como está?
- Um pouco chateada.
- O que aconteceu?
- Eu e a Annie...
- Mel... você sabe que mulher grávida fica com os hormônios loucos.... releve amiga.
- Eu disse a ela que iríamos tentar um tratamento em outro país para ver se a cegueira dela poderia ser reversível e ela foi inflexível Jaque... disse até em separação.
- Mel... se coloque no lugar dela... você tinha que ter falado com ela antes e juntas vocês iriam decidir isso... você foi errada amiga.
- Eu pensei nela Jaque!
- Eu sei que sim, mas há coisas que não depende apenas do nosso querer Mel... Porque é tão importante para você o fato dela enxergar? Ela não é maravilhosa do jeito dela?
- É sim Jaque... e não foi por isso.. eu só..eu só queria que ela visse nossos filhos, a mim e tudo o que conquistamos.
- Mel... ela não precisa ver nada disso... Esqueça essa história e fique bem com a sua esposa... Ela já está perto de ter os bebês não é um momento bom para brigas e separação.
- Não posso perdê-la Jaque.
- Então Mel, respeite as decisões dela e esqueça isso... caso ela queira aí sim você pode mover céus e terras para ajudá-la, mas agora apenas a apoie e esteja ao lado dela para tudo.
- Você tem razão – sorriu – Esquecer essa história...
- E os bebês?
- Estão bem... a medica disse que estão tendo ótimo crescimento – sorriu – Estamos bem.
- Contando os dias para ver meu afilhado – sorriu.
- Você e a Márcia já decidiram quem irá batizar quem? – sorriu.
- Não falamos sobre isso ainda - sorriu maliciosamente.
- Nooossa... isso que é tesão – disse movimentando a cadeira – Quando irão oficializar?
- Não comece com isso Melissa! Oficializar o que? Estamos muito bem assim...curtindo!
- Gente! A situação é pior do que eu imaginei! – gargalhou – Jaque, você sabe que quanto mais tempo ficar nisso mais irá se envolver...
- Melissa! – disse chateada – Estamos nos curtindo e está bom demais assim.
- Meu bem.... se fosse apenas curtição não estariam escondendo– piscou.
- Não estou preparada para relacionamentos serio!
- Seeeei.... Acho que você está doidinha para ser a nova comprometida do pedaço– gargalhou.
- Melissa, se você não parar com essa história pode ir esquecendo a nossa amizade – disse levantando – Já está em meu horário até mais – saiu batendo a porta.
- Jaque, Jaque... aí tem coisa – sorriu sozinha.
A medida que os meses iam passando o cuidado excessivo de Melissa era mais visível, o medo que algo de ruim acontecesse a Annie e os bebês a deixava inflexível. O medo de viver novamente a dor de perder a pessoa que amava fazia o instinto de proteção aumentar e consequentemente elas voltaram a ter problemas.
- Annie, você está no 7º mês e a qualquer momento você pode ter os bebês.
- Eu sei disso Melissa, mas eu não posso ficar presa em minha própria casa! Isso é um absurdo!
- Você não está presa Annie!
- Não? Eu não vou mais a associação, todo lugar que quero ir você tem que me levar ou então pede a Jaque ou outra pessoa.
- Você sabe que não dava mais para trabalhar Annie, a médica aconselhou que você parasse de ir. Meu amor, você está com duas crianças nessa barriga linda – sorriu.
- Não estou brincando Melissa! Você está me sufocando, me prendendo nessa casa por causa de um medo sem sentindo! Para! Para com isso!
- Não é sem sentido Annie você está vulnerável!
- Então toda mulher que engravida não sai mais de casa?
- Annie...
- Eu sei cuidar de mim Mel, não preciso de uma babá ou uma mãe!
- Não comece Annie – disse controlando – Não comece!
- Você que começou essa loucura Melissa e quando eu pensava que não tinha mais o que inventar você deixa um taxista 24h à disposição.
- Caso você precise comprar alguma coisa ou comer algo que não tem aqui ou ir a algum lugar, isso é errado? Eu não posso ficar o dia todo com você Annie!
- E nem eu quero que fique! Preciso do meu espaço Melissa! Quero respirar, andar normalmente, ir aos lugares que sempre fui sem ter alguém ao meu lado me dizendo o que fazer!
- Pare de ser infantil Annie! Estou pensando em você e nessas crianças que estão aí e é assim que você se sente? Presa? Sufocada?
- Você está pensando também em você Melissa tudo por causa desse medo idiota e sem sentido de me perder! – disse sem medir a intensidade das palavras.
- Não é medo idiota e sem sentido Annie – disse magoada – É a minha dor, a MINHA dor... E desculpe se eu tenho um medo absurdo de te perder – respirou fundo – Faça o que você quiser Annie estou indo para a delegacia – disse séria – Você sabe como falar comigo só volto tarde.
Melissa saiu sem despedir-se de Annie estava magoada com o que tinha escutado, sabia que estava exagerando na proteção e cuidado com ela e os bebês, mas não queria que nada de ruim acontecesse com eles, não suportaria a culpa se algo acontecesse com o bem mais precioso de sua vida. Estava magoada, triste e iria focar apenas no trabalho para tentar esfriar a cabeça.
Às vezes pequenas atitudes pode mudar tudo... Às vezes por não sabermos como será o próximo passo deixamos de fazer o que realmente importa. Na maioria das vezes pensamos que o futuro é algo concreto.... Ah! Se soubéssemos que nem mesmo os minutos seguintes são nossos seríamos diferentes. Sorriríamos mais... abraçaríamos mais.... diríamos o quão importante aquela pessoa é em nossa vida. Mas esquecemos desse detalhe e nos achamos os donos do tempo.
Talvez se soubesse o quanto tudo pode mudar em milésimos de segundo Melissa não teria saído de casa sem abraçar e beijar Annie... E Annie não teria falado daquela forma e teria mostrado as lágrimas de arrependimento que chorou... Se lembrasse do quanto somos frágeis e indefesos Melissa não havia deixado o celular na gaveta e ido para as ruas. E Annie não teria pensado que estava sendo ignorada e não sairia de casa... Mas elas não lembraram, ninguém lembra não é mesmo? Só quando acontece e não há mais jeito, e quando se chega a esse ponto não há mais nada a ser feito.
E se fosse possível voltar o tempo? Elas fariam diferente? Só que o tempo não volta... ele segue seu rumo... não para... não volta. Apenas segue. E não é possível imaginar o que pode acontecer.
- Ela diz que eu sei como encontrá-la, mas não atende o celular – Annie disse irritada – Está bem Melissa você disse que eu posso fazer o que quiser, então vamos la.
-D. Annie, a senhora está precisando de algo? – o porteiro perguntou ao ver Annie saindo do elevador – Posso pedir para algum dos meninos lhe ajudar.
- Está tudo bem – disse irritada – Só vou ali do outro lado - disse abrindo a guia.
- Precisa não d. Annie, o Marquinho vai lá para a senhora.
- Obrigada Sr. Jorge, não precisa.
Passou pela portaria e andava devagar, usava a guia para poder orientar-se melhor. Não iria muito longe.... voltaria logo... Apenas iria comprar algo que não tinha em casa... Não iria demorar... estaria em casa logo...
-Drª, sua esposa ligou várias vezes querendo falar com a senhora.
- Obrigada Lucas – disse entrando na sala.
Abriu a gaveta e viu as ligações de Annie decidiu não retornar naquele momento, ela teria que saber medir as palavras e ser menos impulsiva para algumas coisas. Pediu espaço... Melissa estava dando.
- Depois eu vejo qual foi o incêndio – murmurou ao deixar o celular na gaveta.
É engraçado como as coisas perdem a importância com uma rapidez absurda, a certeza se desfaz como um castelo de cartas. Quem está com a razão? Não importava mais, pois não havia mais razão... não havia mais orgulho... não havia mais certeza de nada.
Jaqueline abriu a porta no exato momento em que Melissa atendia ao telefone, ela fez um gesto com a mão para que a amiga aproximasse.
- Sim, é ela, pois não?
Jaqueline viu as feições da amiga mudar drasticamente, o semblante sério e sisudo deu espaço à palidez. Jaque conhecia aquela expressão de Melissa... a respiração curta, o rosto pálido, as mãos trêmulas... Deu a volta na mesa e parou em frente a Melissa sabia que ela estava começando a ter ataque de pânico... reconheceu de imediato... os mesmos sinais.
- Mel o que?
Melissa soltou o telefone e sentiu o corpo todo paralisar uma dor intensa e profunda invadiu o seu peito e teve a sensação de que o chão se abria embaixo de seus pés. Sentiu as mãos firmes de Jaqueline segurando os seus braços. As lágrimas vieram sem aviso. Sentiu o corpo trêmulo.
- Foi...foi.. hospital – não conseguiu falar.
- O que houve Mel? – perguntou angustiada – Diga por favor.
- A Annie... ela...ela... sofreu... um acidente e está.. está... em estado grave – abraçou a amiga e chorou compulsivamente.
Fim do capítulo
Olá, queridas!
Nossa história chega a reta final e isso significa que iremos sofrer um pouco, ou muito rs. Agradeço a companhia e leitura de cada uma de vocês! Sei que estou em falta quanto aos comentários, maaaas teremos um feriado prolongado pela frente ^ ^
Abraços a todxs e quinta-feira teremos mais!
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 16/04/2019
Poxa autora
Que isso espero que os bebês a Annie saiam bem do acidente.
Se algo acontecer Mel não se perdoaria e pode cometer uma loucura.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Tudo pode acontecer... não prometo nada... até o ultimo capítulo tudo é possível ;(
A Mel mais uma vez se percebe responsável pelo que aconteceu, como se ela pudesse ter o controle sobre tudo, e a vida as vezes nos mostra que estamos errados. Será que ela conseguirá tirar algum tipo de aprendizado? Haverá tempo para ela? Cenas do proximo capítulo. :D
[Faça o login para poder comentar]
dannivaladares
Em: 16/04/2019
Me fez chorar novamente!
Resposta do autor:
Esses proximos capítulos, ate ó final serão de choro e ranger de dentes rsrsrsrsrrss
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]