- Como está sentindo Annie? – a médica perguntou ao aproximar-se de Annie que estava deitada.

- Com todos os sintomas de uma grávida – sorriu.

- Isso é maravilhoso! Estranho seria se não estivesse sentindo nada.

- No início é algo difícil mesmo, mas depois vai melhorando.

- Ou não  - Melissa sorriu.

- Quero saber se o nosso bebê está bem – Annie falou apreensiva.

- Estamos aqui para isso – a médica tocou carinhosamente no ombro de Annie – Vamos ver como está o bebê.

Melissa estava impaciente com aquela demora toda e o silêncio que a médica fazia estava lhe deixando irritada, não entendia como Annie conseguia manter-se tão calma com aquela demora toda. Será que havia algo estranho com o bebê? Alguma coisa fora do normal? Mas era tão minúsculo ainda... E não conseguia entender nada do que aparecia na tela.

- Bom – a médica começou a falar depois de um silêncio torturante – Estava tirando todas possíveis dúvidas.

- Como assim? – Annie perguntou preocupada – Há alguma coisa errada? O que aconteceu? – apertou a mão de Melissa.

- Ei, calma, calma – sorriu – Não é nada disso! Está tudo bem, mas – fez uma pausa – As garotas serão mamães de gêmeos!

- Como é que é? – Melissa soltou a mão de Annie – Você quer dizer que...

- A Annie está grávida de gêmeos.

- Não deu algo errado?

- Não Melissa – sorriu – Aqui – virou o monitor – Não há dúvidas! Vocês terão dois bebês!

Por impulso Melissa soltou a mão de Annie e afastou-se um pouco, foi nítida a reação que ela teve ao receber a notícia que Annie esperava gêmeos. Não conseguiu esconder o que estava sentindo naquele momento.

- Sabíamos que isso poderia acontecer – a médica disse após segundos incômodos – A possibilidade de dois ou mais é sempre possível.

- Não tem problema – Annie sorriu – Estamos felizes não é meu amor? – Annie chamou por Melissa.

- Sim.. claro… - respondeu distante

- Bom, iremos marcar as próximas consultas e vocês estão liberadas.

Melissa fez todo o percurso da clínica para casa em silêncio, sabia que naquele momento deveria comemorar com Annie, mas não conseguia fingir algo que não estava sentindo e o silêncio que instalou era incômodo. Ao chegar ao apartamento Melissa foi direto para o quarto, pois precisava pegar o material para ir à delegacia.

- Estou indo Annie – falou ao sair do quarto -  A noite estou de volta -  deu um leve beijo na testa.

- Melissa – disse séria – Porque você não disse uma única palavra? Porque agora foge dessa forma de uma conversa? Porque não encara as coisas de uma vez?

- Annie – respirou fundo – Eu não estou fugindo de nada...

- Então me diz por que você está tão decepcionada! Fale comigo Melissa! – os olhos encheram de lágrimas – Diga o que você está sentindo, eu não preciso enxergar para saber o tamanho da sua decepção. É porque teremos gêmeos não é? Foi difícil aceitar um... dois é algo impossível para você – as lágrimas molhavam o rosto de Annie – Você não quer essas crianças não é isso Melissa?!

- Ei.. calma – aproximou-se e a abraçou – Calma Annie... não é assim – abraçou forte – Eu preciso acostumar com a ideia... eu sei que as chances disso acontecer eram enormes, mas não pensei... eu...

- Será mais um peso para você não é isso? – disse nervosa.

- Não, não, não! Não é nada disso meu amor – colocou as mãos no rosto de Annie – Eu não estava preparada para essa surpresa Annie, só isso – encostou a testa em Annie – Eu te amo meu amor e já amo os bebês que estão aí dentro... só que... eu preciso acostumar com isso... estava preparada para um filho, mas isso não significa que não amarei dois – sorriu – Eu só preciso acostumar com a ideia....

- Não quero que você...

- Não termine essa frase – encostou os dedos nos lábios de Annie – Só tenha um pouco mais de paciência comigo – a abraçou com carinho – Preciso ir agora, a noite nos falamos – beijou os lábios de Annie suavemente – eu te amo.

Aos poucos tudo foi entrando nos eixos e a felicidade foi maior quando souberam que esperavam um casal. Annie estava imensamente feliz e Melissa não disfarçava a alegria que sentia. Estava vivendo intensamente aquele momento junto com Annie, modificou o design do apartamento e o quarto de hóspede aos poucos estava transformando-se em um lindo quarto de bebê. Melissa adorava acompanhar todo o processo de arrumação e decoração.

- Annie, para a menina poderíamos comprar o enxoval lilás.

- Amor, você sabe que comigo não funciona assim – sorriu.

- Bom, fico entre as cores lilás e rosa, mas a minha preferida é lilás – sorriu – Só não sei se vou encontrar algo que te faça saber como é.

- Você faz isso divinamente bem meu amor – sorriu.

- Está bem amor... O rosa é.... é como.... um sorvete de morango! Isso! – sorriu.

- Ahhhh eu adoro!

- O lilás... o lilás é um perfume bem suave...daqueles que a gente sente e não sabe de onde vem, mas sente aconchegada.... é isso... o lilás é um perfume de sândalo.

- E para o menino?

- O verde é como o cheiro de limão.... o azul é a brisa que bagunça os nossos cabelos e arrepia a nossa pele... o amarelo.... o amarelo é como o calor do sol em nossa pele logo pela manhã – sorriu – Ah! Annie...não levo jeito.

- Você foi fantástica! E já tenho meus preferidos... só preciso saber se são iguais ao que você quer.

- Você que manda meu amor – sorriu – A última palavra é sua!

E decidiram levar lilás, rosa e branco...

As manhãs eram terríveis para Annie e nesse período do dia os enjoos viam com toda força, Melissa se fazia presente nesses momentos auxiliando em tudo, mas Annie sabia que isso sobrecarregava a delegada que já tinha uma rotina estressante na delegacia.

- Annie? – Melissa acordou e não viu Annie deitada – Amor?

Levantou-se rapidamente e foi direto ao banheiro e encontrou Annie sentada no chão, os olhos estavam fechados e o rosto estava pálido. Aproximou-se dela apoiou-se nos joelhos e abraçou.

- Meu amor, você está gelada – falou preocupada.

- Não... não estou mais aguentando isso – as lágrimas começaram a cair.

- Estou aqui meu amor – levantou-se e puxou Annie para seu corpo – Vou cuidar de você – retirou a mecha de cabelo que estava no rosto de Annie – Porque você não me chamou?

- Não queria te incomodar Mel... todos os dias você acorda muito cedo por minha causa.... não quero que se canse tanto.

- Eu quero que você me chame a qualquer hora – encostou  Annie na pia enquanto retirava a blusa que ela usava – Nada é mais importante para mim do que você Annie, nada importa mais do que você. Não faça isso sozinha pode ser perigoso para você e para nossos bebês. Vou cuidar de você – a abraçou com amor.

Após ajudar Annie no banho e deitá-la confortavelmente na cama, Melissa preparou um chá e levou para Annie com algumas torradas.

- Quero só o chá – disse sentindo-se ainda bastante enjoada.

- Está uma delícia – sorriu.

- Estou tão cansada amor...

- Ei.. não chora... imagino que esteja sendo difícil, mas eu estou aqui com você meu amor e vou cuidar de vocês – beijou carinhosamente – Beba um pouco de chá.

- Você está atrasada amor....

- Não irei!

- Mas...

- E te deixar aqui desse jeito? Não mesmo meu amor, você é minha prioridade.

- Liga para minha irmã.... ela ficará comigo...

- Eu sou a sua esposa então eu ficarei com você – retirou a bandeja da cama – Venha, descanse um pouco.

-Amor, você precisa trabalhar.

- Vamos dormir um pouco – Melissa abraçou Annie por trás – Vou cuidar de você meu amor.

- Já disse que te amo?

- Pode falar quantas vezes quiser – a abraçou com amor.

- Eu te amo – aninhou-se mais nos braços de Melissa – te amo meu amor – recebeu o carinho de Melissa.

Os enjoos matinais foram diminuindo e na mesma proporção a barriga crescendo, Melissa adorava ficar olhando para Annie ela estava a cada dia mais linda. Ficava encantada quando Annie deslizava as mãos pela barriga com suavidade, carinho e amor, era lindo vê-la naqueles momentos. Sentia-se hipnotizada e  que mais gostava de fazer era passar hidratante no corpo dela e massagear a barriga que naquele momento já estava grande.

- Adoro suas mãos em meu corpo amor – Annie disse inclinando pescoço para trás – São tão quentes, seguras, firmes....

- E ela adora a sua pele – encostou mais em Annie e deslizou as mãos na barriga – E eu adoro tudo – mordeu a orelha.

- Mel – gem*u quando Melissa subiu as mãos para os seios grandes – hummm.

- Quero você – massageou com desejo os seios.

- Não podemos – tentou resistir.

- Podemos sim... eu quero... você quer.

Melissa chegou mais perto e com seus dedos contornou o rosto de Annie e ambas sentiram as respirações fortes, o cheiro da pele e se encontraram num beijo suave e cálido de outono, se tocaram nos rostos, se olharam, e viam nos olhos uma da outra desejo, amor. Foram intensificando os beijos, se tocando, Annie nem parecia que tinha uma enorme barriga. Deitaram na cama e Melissa beijava os seios e acariciava aquela barriga linda, admirava, ia de encontro a Annie num amasso de louca e loucas se tocavam nos sex*s, Annie ensopada gemia com os dedos da outra, as estocadas iam e viam ao ponto de quase goz*r, ela pedia para lambê-la, sugá-la, e Melissa lambeu, sugou, provou... nesse frenesi todo, com a barriga no meio, elas goz*ram e o que sentiram foi muito mais que prazer, foi amor...

Depois de um tempo abraçadas, Annie de costas para Melissa e esta com seus braços enormes ao redor da barriga da outra disse:

- Amor... eu quero escolher o nome da nossa menina...

- Podemos escolher juntas – beijou o pescoço de Annie.

- Não amor... eu quero escolher o nome da nossa filha... posso? – perguntou tímida.

- Só eu escolher o do menino – deslizou a mão na barriga.

- Fechado – sorriu.

- Nosso filho chamará Johan... Amo esse nome – sorriu.

- Lindo amor – entrelaçou as mãos nas de Melissa.

- E como chamará a nossa princesa?

- Só quando ela nascer.

-  Sério?

- Sim... até lá... fica a curiosidade...

- Espertinha você – as mãos tocaram novamente os seios de Annie

- Não te incomoda essa minha barriga, atrapalhando, não deixando fazer certas coisitas?

- Não, não me incomoda, aliás, você ficava com receio... para mim não teve problemas nenhum... e você?.

- De forma alguma! E falando nisso, estou louca para ser lambida de quatro, de costas, do jeito que você quiser...

Essa fala direta e forte estremeceu Melissa por dentro, se abraçaram se agarraram e Annie virou-se de mansinho e Melissa correndo sua língua pelas costas ia descendo até seus quadris, bumbum, mexeu em seu sex* por entre as pernas, lambeu-a de todas as formas, sentia Annie gem*r de desejo estremecer em seus dedos e língua... Deitou ao lado de Annie que acabara de goz*r a abraçou por trás e ficou massageando o cabelo dela até que o corpo relaxasse completamente... Amava aquela mulher e era amada por ela e a felicidade que sentia não dava para ser medida.

Mas não eram apenas flores e sorrisos Melissa com a sua mania de controlar e resolver tudo, as vezes excedia em suas decisões e isso chateava Annie.

- Meu amor, nós iremos passar uns meses fora – disse com naturalidade – Irei tirar licença do trabalho e os meses restantes eu falarei com um delegado amigo meu que me dará um suporte.

- Como assim? Você irá fazer algum treinamento?

- Não Annie – segurou as mãos dela – Com minha influência consegui agendar com um médico especialista em cegueira reversível   - disse com entusiasmo - Você será assistida pelos melhores médicos te prometo.

- E isso foi desde quando?

- Ah, já tem um tempo que estou vendo isso – sorriu – eu não te disse antes porque não queria criar expectativas, mas ontem meu amigo me telefonou que é apenas para nos programarmos aqui e irmos, não é bom meu amor? – perguntou sorrindo.

- Não, não é – levantou-se da mesa – O que você pensa que está fazendo? – perguntou séria.

- Annie.... eu só..só

- Pensou em meu bem? Então pare de pensar em meu bem Melissa! Pare com essa mania de querer resolver tudo por conta própria... eu tenho vontade sabia?

- Annie... você era muito nova quando tentou tratamento... as coisas mudaram muito meu amor, o avanço da tecnologia nos permite coisas que tempos atrás eram impossíveis.... Podemos tentar Annie.

- Eu não quero Melissa – disse decidida.

- Meu amor...

- Me responda uma coisa com sinceridade Melissa... O fato de eu ser cega te incomoda tanto? Você se incomoda em ter uma esposa cega?

- Annie! Assim você me ofende. É claro que não incomoda em nada – aproximou-se de Annie – Eu te amo.

- Quando você me conheceu sabia que eu era cega e sempre achei que isso nunca te incomodou, mas agora eu não tenho tanta certeza.

- Meu amor, por favor, eu só pensei em seu bem... Você não sentirá vontade de ver como serão os nossos filhos? De saber como eu realmente sou? De ver o mundo?

- Eu não preciso ver para saber que te amo Melissa, eu te conheço mais do que qualquer pessoa que te ver todos os dias. Eu já amo os meus filhos de uma forma sem explicação e não precisarei da visão para conhecê-los, para ter certeza que são parte de mim e para amá-los de forma incondicional. É claro que ver fisicamente é importante e não nego que sentirei curiosidade, mas conhecer com o coração é muito mais importante. Eu nunca precisei olhar em seus olhos para ter certeza que nunca amei uma pessoa como eu te amo, isso Melissa sentimos.

- Annie eu...

- E quem disse que eu irei gostar do seu mundo? E se eu fizer esse tratamento, cirurgias e sei lá o que mais para perceber que o seu mundo é uma ilusão? Não vou dizer que tive uma vida fácil, um deficiente visual sofre muito Melissa, pois a sociedade pensa em um lugar feito apenas de pessoas ditas como perfeitas, mas nós existimos e estamos a todo instante pedindo para termos os mesmos direitos.

- Passe pelo menos pela avaliação médica Annie... é uma oportunidade.

- Mel, minha infância e adolescência toda passei de médico em médico, hospitais, clinicas, exames e mais exames até que eu decidi  ser feliz do jeito que eu sou. Não irei passar por tudo aquilo outra vez.

- Annie... as coisas mudaram e...

- Não irei Melissa... e se a minha cegueira é algo tão ruim para você acho melhor pararmos por aqui.

- Como assim?!

- Isso mesmo que eu você ouviu Melissa... Ou você me aceita do jeito que sou, com todas as minhas limitações, do jeito que me conheceu ou é melhor cada uma ir para o seu lado.

- Annie, não! Não! Não! – falou nervosa – Eu te amo do jeito que você é e..e.. foi essa sua sensibilidade em tudo e como você me ensinou a ver o mundo... por favor meu amor – colocou as mãos no pescoço de Annie – Não cogite essa possibilidade nem por um só segundo.

- Você me conheceu assim e se me ama de verdade aceitará como eu sou – disse prendendo as lágrimas – Pense muito bem Melissa e veja o que realmente você quer. Eu sempre me virei sozinha e agora não será diferente.

- Eu quero você Annie! A nossa família... os nossos filhos... isso  é mais importante do que qualquer coisa... Eu pensei que... que talvez você quisesse, mas.. mas isso não significa que você é um peso para mim... você me trouxe à vida Annie... eu te amo com todas as minhas forças – as lágrimas molhavam o rosto – Me perdoe.

- Eu não preciso enxergar para ter certeza que te amo e que amo os nossos filhos... eu não preciso comprovar com os olhos aquilo que está tão enraizado dentro do coração. Os olhos podem enganar o coração não... Essa conversa termina aqui Melissa você já sabe a minha decisão.

Annie saiu e deixou Melissa na sala pouco tempo depois escutou a porta abrindo e sendo fechada e deduziu que Melissa estava indo para a delegacia. Sabia que havia sido dura com suas palavras, mas não podia deixar de falar todas aquelas coisas. Há decisões que devem ser tomadas em conjunto e Melissa havia passado dos limites, ela a amava muito, mas não iria permitir que todos os limites fossem ultrapassados daquela forma.

Fim do capítulo