Layla

Passava um pouco do meio dia quando segui para a Base, buscar a Juh para irmos almoçar, quando encostei o carro, ela estava à minha espera, sorriu se dirigindo a mim:

– Oi pequena! – saí do carro, sorri me aproximando e ganhando um beijo, senti alguém em meus pés e me abaixei pegando nosso filhote no colo dizendo:

– Oi Faisquinha, como está meu bebê, a mamãe cuidou bem de você?

Que recepção hein? Ele me lambeu todinha e a Juh só ficava nos observando, quando o desci no chão ela disse animada:

– Ele colocou dois gatinhos que costumavam vir aqui para correr. – sorriu.

– Tadinhos dos gatinhos! Faísca mal! – me olhava mostrando a língua e abanando o rabinho, a Juh me abraçou sussurrando:

– Relaxa amor, depois eles voltaram e fizeram as pazes, são amigos agora.

Sorri recebendo aquele olhar maroto que eu tanto amava, ficamos conversando um pouco. Dei um beijo no rosto dela dizendo que ia falar com meu pai rapidinho e sairíamos na sequência, concordou dizendo que ia pegar a mochila. Subi as escadas e bati na porta, ele autorizou a entrada, quando me viu veio em minha direção me saudando:

– Oi meu amor! – me prendeu em seus braços me levantando e dando dois beijo no rosto concluindo: – Saudades, a Júlia está roubado você de nós.

– Olá papai! – sorri do drama que ele fez: – Nos encontramos ontem, não fica de charme.

– Não tente amenizar a culpa de sua namorada, ela está na minha lista negra.

Sorriu me conduzindo para o sofá onde nos sentamos e conversamos um pouco. Mas, a fome começou a bater e ainda precisava voltar a trabalhar, disse:  

– Estamos indo para a casa da dona Helena, o senhor não quer vir conosco?

– Até gostaria amor! Inclusive sua mãe está lá também. – ele se levantou me acompanhando até o pátio e terminou dizendo: – Mas tenho uma reunião agora na prefeitura, irei almoçar com o prefeito e alguns vereadores.

– Homem importante é assim, temos que agendar para almoçar com ele.

– Se você soubesse como são chatas essas reuniões, não diria isso.

Gargalhei da cara de tédio que ele fez, nos despedimos e segui para o carro com a Juh no volante. No caminho me contou mais das traquinagens do Faísca, falou também da festinha surpresa que fizeram para ela. O dia estava indo bem, até olhar para a cara daquela sonsa na varanda da casa de minha sogra.

A Juh é um doce, viu minha tensão até se ofereceu para irmos almoçar em outro lugar, mas não faria isso com ela. Hoje é um dia especial e nada iria atrapalhar, a tranquilizei dizendo que estava tudo bem e seguimos de encontro a Anny que havia acabado de encostar o carro.

As duas se abraçaram e ficaram trocando farpas como sempre, as deixei para trás e segui pela lateral da casa até a cozinha onde encontrei minha mãe e dona Helena conversando, dei um beijo nas duas e minha sogra logo perguntou:

– Onde está o meu bebê?

– Brigando com seu outro bebê lá fora! – sorri abraçando minha mãe pelo ombro, enquanto minha sogra balançava a cabeça dizendo sorrindo:

– Essas duas não tomam jeito. – saiu pedindo licença, sorri olhando para minha mãe dizendo:

– Papai não vem, tem reunião na prefeitura!

– Pois é, ele me ligou mais cedo. – continuou a mexer na panela enquanto falava: – Rafa vai almoçar no trabalho mesmo, e disse que viria mais tarde com a namorada. Paulo só virá a noite também.

Estava observando o molho que ela estava fazendo e arqueei a sobrancelha dizendo sorrindo:

– Calma, Rafa está namorando? – sorri e ela deu de ombros dizendo:

– Sim, segundo ele, já estão namorando a quase um mês. – minha mãe apagou o fogo no momento em que as mulheres da casa adentraram a cozinha, com Anny dizendo provocando:

– Eu só acho que a culpa da Juh ter sumido é da Layla! – e me olhou com aquele mesmo olhar maroto da irmã concluindo: – Ops, quero dizer...

– Eu tenho culpa do que? – olhei interessada na conversa, a Juh veio em minha direção me tomando pela cintura e beijando meu rosto dizendo:

– Relaxa amor, ela está atacada hoje. – deu um beijo no rosto de minha mãe e sorriu dizendo: – Humm, que aroma delicioso.

– Está mesmo amor, e eu estou morrendo de fome!

– Nesse caso, peço a gentileza de todos que se retirem de minha cozinha. – dona Helena pegou o pano batendo em nós dizendo: – Eduardo e Gabi estão arrumando a mesa lá fora, vão ajudá-los. Daqui a pouco nós iremos servir o almoço.

– Minha mãe não pega leve nem no meu aniversário! – a Juh ia dizendo enquanto saímos da cozinha e correu desviando de outro ataque da mãe dela.

Apesar das brincadeiras e muita risada o almoço foi tranquilo, minha mãe claro, começou a narrar histórias de quando eu era bebê, já viram néh? Todo mundo começou a pegar no meu pé depois disso. Quando terminamos, segui com Layla para o quarto para ela trocar a camiseta, sem querer deixei cair molho em sua roupa, felizmente ela tinha algumas peças no meu antigo quarto.

Quando saímos, se despediu de todos e fui acompanhando-a até o carro, quando nos aproximamos a virei em meus braços sussurrando:

– Precisa mesmo ir trabalhar?

– Oh meu amor, eu até tentei trocar o plantão, mas não consegui.

– Tudo bem pequena, só estava de charme. – sorri e ela apertou meu nariz, me deu um beijo e conclui: – Quer que eu leve você?

– Não precisa meu bem, fica curtindo sua mãe um pouco. – sorriu divertida: – Deixe-a mimar o “bebê” dela um pouco.

– Hum!! – sorri a trazendo para meus braços beijando de leve seu pescoço e sussurrando em seu ouvido: – E você, vai me mimar quando?

– A noite, depois da festa! – me empurrou delicadamente mordendo de leve meus lábios dizendo entre eles: – Vou retribuir o presente que me deu hoje de manhã.

Gemi involuntariamente e ela me beijou, só para provocar claro, depois entrou dando partida e foi embora me mandando beijo, fiquei ali olhando até o carro sumir. Virei para entrar em casa, Jonas apareceu jogando a bola, veio para cima de mim, desviei e corri pela quadra jogando a bola na cesta, sorriu dizendo:

– Está em forma irmãzinha, nem parece que está fazendo trinta anos.

– Ah pirralho, venha aqui que vou mostrar para você como se joga.

– Já vou adiantando, irei facilitar para você só porque hoje é seu niver.

– Não precisa, faça o seu melhor...

Joguei a bola para ele e começamos a jogar, duas horas depois o placar estava empatado. Paramos para beber alguma coisa, Eduardo que estava por perto me jogou uma latinha de cerveja, agradeci e abri bebendo quase meia lata de uma vez, passei a mão na testa para tirar o suor, senti que alguém me olhava e ao passar os olhos pelo lugar, vi que Gabriele estava logo a frente, e sinceramente, não gostei da forma como ela me encarava.

Embora tenha visto que eu percebi, nem disfarçou, Jonas apareceu e me distrai com ele. Jogamos cerca de uma hora a mais, foi um jogo difícil, mas virei nas últimas jogadas e acabei levando a melhor. Claro que tive que aguentar ele dizer depois que me deixou ganhar, mas levei na esportiva.

Corri um pouco pelo gramado com o Faísca latindo atrás de mim, depois acabei rolando com ele me mordendo e lambendo toda. Levantei a cabeça quando Anny apareceu perguntando:

– Você vai crescer quando mesmo?

– Porque, se já temos você de irmã mais velha e responsável?

Levantei me aproximando, deu dois passos se afastando, comecei a correr atrás dela rindo, a peguei no colo e fiquei rodando, igual quando fazíamos quando éramos crianças, claro que aquilo não acabou bem e fomos parar no chão com todos rindo de nós e ela me batendo. A prendi em meus braços me defendendo até que se acalmou, Faísca veio para junto de nós e comentei com ela:

– Não estou gostando da forma como a filha do Eduardo fica me olhando. – saiu de meus braços se sentando ao meu lado comentando também:

– Percebi, mas é só não ligar Juh.

– Eu estou tranquila, o problema é se ela aprontar igual fez na cachoeira. – deitei na grama olhando para a árvore e perguntei preocupada: – Acha que devo falar com o Edu sobre isso?

Desviou os olhos de mim e olhou na direção onde a moça estava e voltou a falar:

– Deixa, ficarei de olho! Qualquer coisa eu comento com ele. – levantou me estendendo a mão perguntando: – Vamos lá buscar seu bolo?

– Preciso de um banho, porque não chama a sua outra irmãzinha?

– Boa ideia, assim vou sondando o território.

Dei uma piscada para ela agradecendo, entrei em casa e segui para meu quarto. Anny saiu para ir buscar o bolo e levou a moça. Quando voltei do banho fiquei conversando com Eduardo e rindo um pouco, o cara era uma figura. Jonas o desafiou para jogar e fiquei observando os dois, mas acabei ficando sonolenta e fui me distrair na sala.

Dona Laura foi embora prometendo voltar mais tarde, me joguei no sofá e fiquei brincando nos canais até parar em um desenho. Ariel, adorava aquela princesa, olhei o relógio, passava um pouco das três. Adormeci.

Fim do capítulo