Júlia

Corri para a cozinha, no caminho meu celular tocou. Voltei para a sala e me joguei no sofá atendendo:

– Oi mamãe, bom dia!

– Bom dia meu amor, feliz aniversário. – parecia toda animada: – Mais um ano abençoado filha, que seus sonhos e desejos sejam realizados, e que Deus cubra ainda mais de benções sua vida.

– Obrigada mãe, eu te amo.

– Também amo você meu bebê! – sorri balançando a cabeça, trinta anos e ainda sou o bebê dela, dei uma divagada e ela perguntou:    

– Que horas você e a Layla pretendem vir para cá?

– Depois do almoço eu vou mãe, mas acho que Layla vai se encontrar comigo aí só à noite, pois ela vai trabalhar.

– Ok! Laura esteve aqui ontem e daqui a pouco virá me ajudar com o restante dos preparativos.

– Mãe, eu já disse que não quero festa! – revirei os olhos e ela prosseguiu como se eu não tivesse dito nada.

– Eduardo ficou de trazer a carne no final da tarde, Anny vai pegar o bolo depois do almoço e só falta preparar os aperitivos.

– Mãe? – continuou a falar como se eu nem estivesse ali, sorri e a chamei novamente: – Mamãeee?

– Sim filha?

– A senhora ouviu o que eu falei?

– Bobagem minha filha, todo mundo quer uma festa de aniversário. – pareceu ainda mais agitada e concluiu: – Agora, tratem de aparecer aqui ou vamos todos para o apto de vocês.

– Fiquei com medo agora! – sorri e ela foi taxativa:

– Não estou brincando Júlia, estamos conversadas.

– Sim senhora! – sorri quase batendo continência pelo tom de voz dela, quando finalizamos a conversa segui para a cozinha.

Preparei nosso café da manhã e logo Layla se juntou a mim e o tomamos. Saímos juntas para o trabalho, como a tarde eu não iria trabalhar, deixei o carro com ela. Me deixou na CBM, entrei com o Diego pegando no meu pé:

– Mais um aninho de vida meu amor!

Me abraçou me dando um beijo estralado no rosto, sorri agradecendo e entramos na base. Tinha essa mania de me chamar de amor, segundo ele, éramos casados no trabalho. Entramos rindo e já encontramos o pessoal bem animado ajeitando o equipamento. Seguimos para a quadra e fiquei apenas observando de longe o treinamento, fiz algumas observações com Diego para melhoramento.

Meu telefone tocou e sorri olhando o visor, detonei três ligações dela apenas para deixá-la irritada. Na quarta chamada atendi sorrindo:

– Bom dia maninha!

– Só se for para você!

– Opa, sinal vermelho. – sorri e ela bufou do outro lado dizendo brava:

– Porque você nunca me atende na primeira ligação?

– Estava ocupada aqui! – sorri e quase pude vê-la fazer alguns gesto nada delicado para o telefone, continuei: – Mas atendi agora, como você está?

– Estou bem, mas vejo que você está bem melhor! – alguém a chamou do outro lado e deu uma pausa no fone, quando retornou disse animada: – Parabéns maninha, vai almoçar na mãe hoje?

– Obrigada Anny, mas sobre o almoço eu não sei. Combinei com Layla!

– Entendi, agora você precisa pedir ordem para sair de casa? Preciso ter uma conversa com a sua namorada. – sorri dizendo:

– O que vai falar para ela? Você quem nos apresentou para começar, a culpa é sua.

– Aff, ainda tenho que ouvir deboche.

– Relaxa maninha, na hora do almoço você desconta sua raiva em mim pessoalmente.

Ela gargalhou gostando da ideia, conversamos mais um pouco e logo desligou. Estava distraída ali com o telefone, o pessoal chegou sendo liderado pelo Diego me fazendo uma pequena surpresa, um bolo e todos cantando parabéns, fiquei emocionada com aquele gesto. Apesar de todos os anos acontecer a mesma coisa, nunca estamos preparados quando aparece várias pessoas cantando parabéns ao mesmo tempo. Agradeci e recebi abraço de todos, cortamos o bolo e comemos animados.

A sirene tocou e logo fomos acabando com a festa, combinando de terminarmos a noite na casa de minha mãe, que aliás, todos já sabiam da tal festa. Quem contou? Diego a pedido de dona Helena, ele me confessou depois. Um grupo saiu para atender o chamado e o restante do pessoal ficou por ali separando as duplas para a próxima sessão de treinamento.

Passava um pouco do meio dia quando Layla chegou, me deu um beijo e foi falar com o pai que estava em uma ligação na sala dele. Minutos depois retornou e fomos para casa de minha mãe. Fomos conversando animadas, contei da surpresa que fizeram para mim e ela contou da ligação que recebeu de Anny. Sabia que minha irmã o faria.

Logo que encostamos na frente da casa, Eduardo estacionou atrás. Saímos do carro e para descontentamento de minha namorada, quando ele se aproximou para nos cumprimentar, Gabriele apareceu na varanda da casa de minha mãe o chamando. Pediu licença indo de encontro com a filha e me aproximei de Layla dizendo:

– Você está bem amor? Se quiser podemos falar com minha mãe e vamos almoçar em outro lugar?

– Eu estou bem amor! – passou a mão em meu rosto beijando de leve meus lábios, sorriu concluindo: – Não vamos estragar o seu dia por nada hoje!

A peguei em meus braços e beijei seu rosto, ficamos trocando palavras carinhosas. Anny encostou o carro na entrada da garagem nos saudando e seguimos até ela. Estava com aquele famoso frio na barriga sabe? Aquele que dizia que algo de errado não está certo? Inspirei fundo e entramos, sinceramente, eu esperava que nada desse errado.

Levantei correndo e fui tomar um banho, infelizmente teria que trabalhar naquele dia e não iria aproveitar o dia com a Juh, mas compensaria ela depois por isso. Saí do banheiro colocando uma calcinha e uma camiseta e fui de encontro a ela, no corredor senti aquele aroma delicioso de café que tinha acabou de sair. Faísca estava por ali também e me saudou quando cheguei.

Sorri brincando um pouco com ele, a Juh me olhou por sobre os ombros, sorri, me aproximei abraçando-a pelas costas encostando meu rosto em seu ombro. Ela é bem mais alta que eu, sorriu segurando em meus braços e se virou me tomando em seu abraço me beijando, quando nos separamos sussurrou perguntando:

– O que quer para o café da manhã?

– Humm!! Tenho direito a escolha é?

– Sim senhora, e se não tiver eu vou na padaria ali na esquina buscar.

– Não precisa se preocupar amor, a mesa está maravilhosa. – beijei seus lábios concluindo: – Mas era eu quem deveria estar preparando o seu café da manhã, não?

– Por quê?

– Porque hoje é o seu aniversário amor. – fez uma careta e sorri dizendo: – Sem fazer careta, agora deixe-me te dar um abraço!

– Dessa parte eu gostei.

Sorriu e me encaixei em seus braços apertando-a com todas as minhas forças, nos separamos um pouco apenas para eu dizer:

– Feliz aniversário meu amor, que esse seja o primeiro de muitos que iremos passar juntas.

– Obrigada pequena, você é o meu melhor presente. – sorri e ela me beijou, a puxei pela camisa colando nossos corpos, sussurrei entre nossos lábios:

– Você quem faz aniversário e eu que ganho o presente? Desse jeito vou sempre ficar ansiosa pelo seu niver amor.

– Eu... – desviou os olhos dos meus ficando vermelha.

Acreditam que depois de todo esse tempo junto comigo ela ainda corava? Sorri passando a mão em seu rosto e trazendo seus olhos para os meus novamente e disse:

– Você me encanta a cada segundo Juh. Eu amo você sabia?

– Me ama e fica me deixando envergonhada.

– Eu adoro provocar você amor. – gargalhei diante do olhar maroto dela e disse: – Vamos tomar café, infelizmente terei que ir trabalhar.

– Poxa, eu fui dispensada hoje, mas vou passar por lá agora de manhã e ver como está o treinamento do pessoal.

– Não fique assim amor, compenso você depois! – dei uma piscadinha e ela sorriu dizendo:

– Promete?

– Sim senhora! – me servi de café perguntando: – Agora, me fala um pouco desse treinamento?

Tomamos café e ela me contou toda animada sobre as mudanças que estão ocorrendo no CBM, rimos bastante também. Terminamos o café e voltamos para o quarto para nos arrumarmos, quando estávamos de saída ela me entregou as chaves do carro dizendo:

– Amor, pode ficar com o carro hoje!

– Mas, e você vai ficar a pé?

– Não, depois eu pego carona com o Diego até a casa de minha mãe. – saímos do apto, ela trancando a porta e eu estava com o Faísca na coleira, mas no colo. Em seguida me abraçou e seguimos para o elevador com ela dizendo sorrindo: – Preciso pegar a minha bicicleta, estou ficando muito mole andando só de carro.

– Vai trabalhar de bicicleta? – vi seu sorriso maroto e ela dizendo:

– Sim, preciso me exercitar.

– Ir trabalhar de bicicleta da casa de sua mãe tudo bem amor, fica perto. Mas, daqui fica muito longe, não?

– Eu ia quando morava sozinha aqui e não tinha carro, estou acostumada meu amor. Tudo bem.

Olhei desconfiada para ela que deu um toque em meu nariz beijando minha testa sorrindo. Seguimos para a garagem, entramos no carro comigo no volante e seguimos para a base. Quando encostei e ela saiu vindo me dar um beijo perguntando manhosa:

– Podemos almoçar juntas hoje?

– Sim amor, vamos almoçar na casa de sua mãe?

– Provavelmente, daqui a pouco alguém nos ligará intimando. – sorri já imaginando quem ligaria e concluí:

– Essa manhã ficarei no hospital, seguimos para lá no almoço.

– Agora eu fiquei feliz. – me deu um beijo estralado no rosto sussurrando: – Passa aqui para me pegar depois?

– Mas você quer que eu pegue você aqui na frente de todos? – a puxei pela farda nos aproximando mais e senti o calor emanando de seu rosto e sorri concluindo: – Relaxa amor, estou brincando.

– Hoje você está com tudo néh? – sorriu divertida, liguei o carro e disse antes de sair:

– Você me deu muita alegria essa manhã amor! – sorri dando uma piscadinha para ela no momento em que o Diego apareceu e pegando nossa última conversa dizendo sarcástico:

– Pelo menos alguém se divertiu essa manhã!

– Bom dia Diego! – me saudou e saí dizendo: – Tchau amor, bom trabalho para vocês.

Segui para o hospital. Quando cheguei, a ambulância estava saindo para uma emergência, me ofereci para ir junto e segui com eles. Quando retornamos, não saímos mais, encontrei com o Júlio no refeitório e o acompanhei no café, tinha virado o plantão e parecia super abatido.

Pouco antes de sair para buscar a Juh, Anny me ligou me intimando. Olha que a Jú havia dito mais cedo que isso aconteceria, sorri e ela continuou, pediu que levasse a irmãzinha dela para almoçar com a família. Até brinquei dizendo que não iria, mas segundo minha cunhada as ordens eram de minha sogra, melhor não contrariar néh, marquei com ela dizendo que chegaríamos na hora.

Fim do capítulo