Capítulo 10. Halo
Era sábado de manhã, Carol ouviu o despertador tocar, ainda estava acordada.
O efeito do álcool havia passado e ela ainda tinha a lembrança daquele beijo, a música tocando e aqueles olhos cinzas que pareciam ver sua alma a encarando no fim do beijo a provocavam sensações estranhas.
Se virou na cama e tapou o rosto com as mãos, não queria ter que levantar e viver a realidade daquilo que havia acontecido, sabia que Rafaela comentaria e aquilo voltaria a lhe atormentar.
Finalmente decidiu levantar, respirou fundo e se vestiu, vestiu sua coragem também para enfrentar algo que lhe atormentava. "Quem viu? O que vão falar? O que vão pensar? Não acredito que fiz isso, não acredito!". Essas questões não saiam de sua mente assim como o gosto da loira não saia de sua boca.
Nem tomou café, tomaria na rua, queria sair daquela casa, esperava que a correria do dia-a-dia a fizesse esquecer.
Dirigiu até a cafeteria perto de seu serviço e pegou um expresso pra viagem e se encaminhou para a delegacia, com a música no volume máximo, achava que a canção iria substituir seus pensamentos.
******
O despertador tocava também na casa de Mari que o desligou rapidamente, queria poder voltar para a noite passada, o corpo daquela morena que outra hora odiava tinha o encaixe perfeito com o dela, continha a respiração para tentar acalmar seu coração.
Os minutos se passaram e finalmente resolveu levantar, foi para o banho e fechou os olhos, ainda podia sentir Carolina ali, mesmo assim tentou focar seus pensamentos no trabalho, no cachorro, qualquer coisa que a fizesse voltar a antes de tudo aquilo.
Ao sair do banho vestiu-se e foi para a cozinha preparar o seu café, enquanto tomava o café e conversava com o Kiko viu um bilhete entrar pelo vão da porta. Abriu a mesma e tentou ver se havia alguém conhecido por ali, mas já não havia ninguém. Voltou pra dentro e abriu a carta, sentou-se na cadeira e começou a ler pausadamente o bilhete.
"Talvez você se sinta segura demais, há outros meios de te atingir, de te fazer sofrer antes de te fazer implorar por sua vida. Repense seu trabalho ou irá se arrepender."
Respirou fundo, pensou no que faria. Pensou, pensou e pensou.
Por um momento pensou em não procurar a polícia e resolver isso por conta própria. Não iria parar com seu trabalho e por consequência as ameaças não parariam também.
"Prenderam a pessoa errada? Será que isso é muito maior do que posso imaginar? Ou será que vem de alguém que nem imaginamos?" Nada fazia sentido, seus pensamentos foram interrompidos por Kiko que latiu e pulou em suas pernas.
-
Eu sei meu amor, já vamos pro parque.
E assim seguiram para o parque, resolveria o que faria depois. Precisava pensar melhor sobre aquilo, mas seus pensamentos se intercalam com a noite passada que ainda não saiu de sua mente.
*****
-
Mas porque tu não respondeu nenhuma das minhas mensagens Carol? As meninas me disseram que tu saiu assim do nada e eu fiquei até sem saber o que tinha acontecido.
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Não aconteceu nada Rafa, só resolvi ir.
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Ah eu só achei estranho, porque da última vez que eu vi tu tava de amasso com a lindinha.
-
Não aconteceu nada, deixa disso. Vamos logo.
Para o alívio de Carolina elas haviam chegado no local que foi indicado para a captura de um foragido da justiça e ela poderia fugir novamente desse assunto, ela já tinha evitado Rafaela boa parte da manhã o que foi em vão, porque sua colega sabia ser insistente.
Desceram do carro e subiram as escadas, a morena foi na frente e sua colega atrás. Ela já chegou chutando a porta e gritando para que todos se acalmassem.
-
É A POLICIA, PODE FICAR TODO MUNDO CALMO, DEITA NO CHÃO, VAMOS VAMOS!!
Rafaela lhe dava cobertura e de pronto identificou o indivíduo que estava próximo ao sofá, lhe algemou e o sentou no sofá, Carol continuou pedindo calma e disse que os familiares poderiam se levantar do chão.
Logo Carol começou a falar.
-
Senhor Adriano Correia, o senhor está preso por pedofilia. O senhor será conduzido para a delegacia onde prestará depoimento e dará a sua versão.
Adriano ainda tentou resistir a prisão, mas Rafaela o arrastou com força e com ajuda da morena coloram-no carro e voltaram para a delegacia. No caminho seguiu-se tudo tranquilo e ambas estavam caladas.
Chegando na delegacia Carol foi fazer a papelada para a prisão do indivíduo enquanto Rafa o levava para a sala de interrogatório.
Carol ficou feliz por poder novamente se enfiar no trabalho e assim o fez até o fim do dia, saiu uns minutos mais cedo para fugir de sua colega e conseguiu.
Foi para casa e os pensamentos agora eram mais latentes, desde o caminho até sua chegada em casa.
Jantou sozinha e quando tomava uma taça de vinho em sua varanda, lendo um livro, escuta batidas em sua porta, olha o relógio e estranha o horário, mas as batidas continuam, resolve ir atender para ver quem estava tão aflito a sua porta.
******
Mari voltava de seu passeio com Kiko, sentou-se no sofá e ele sentou ao seu lado. Ela colocou o notebook, que estava em uma mesa auxiliar em sua frente, e o colocou em seu colo, abriu o e-mail e começou a escrever para encaminhá-lo para Carolina.
Queria ser informal, mas não achava que tinha intimidade o suficiente pra isso, o objetivo era convidá-la para uma entrevista sobre o caso no qual Mari esteve envolvida, pensou até mesmo em ligar,as a timidez tomou conta dela, tamborilava os dedos no teclado procurando as palavras que teriam de ser dito.
Pensou novamente em ligar, seria melhor, mas ficou com medo de ela tocar no assunto, largou o telefone e voltou ao teclado.
"Olá senhorita Carolina, gostaríamos de cordialmente convidá-la para uma entrevista do caso no qual tivemos envolvimento, gostaríamos de fazê-la o quanto antes. Esperamos a resposta.
Att, equipe do canal Correio."
"Informal demais? Acho que ela vai achar que eu não gostei da noite passada, bom mas aí eu digo que foi a Fran que usou meu e-mail pra enviar, é isso."
Satisfeita colocou um documentário que passava no canal History e passou o dia assim, relaxando no sofá.
Já anoitecia e ela olhou pela janela do apartamento pensando em qual seria seu próximo passo, com os braços cruzados observava o pôr do sol tentando encontrar respostas.
"O que fazer com o bilhete? E o que fazer com essas coisas que aquela guria tá me causando?" pensava sem ter respostas, o coração acelerava só de lembrar daquela boca e isso a fez sorrir inconscientemente.
Olhou para seu filho de quatro patas e o perguntou:
-
Afinal o que eu faço agora Kiko?
Voltou a admirar a vista do sol sumindo no horizonte
Fim do capítulo
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