Capítulo 10
POV Sacha:
Nem nos meus sonhos mais loucos eu imaginaria tudo que aconteceu. Comecei essa viagem de mochilão imediatamente após a minha formatura em medicina. Ao invés de uma grande festa onde a minha mãe se exibiria para todos os parentes e conhecidos eu optei por pegar a grana e me mandar. Me formei em gabinete já com a mochila arrumada no chão e tão logo recebi o diploma meti o pé na estrada. Os meus planos eram me afastar por pelo menos 6 meses da minha família louca. Nada havia me preparado para os acontecimentos que vivi nessas últimas duas semanas. Tudo de sobrenatural que eu conhecia vinha dos livros da Anne Rice, Entrevista com Vampiro e outros...
Antes de começar aquela trilha me avisaram no Hostel que poderia ser perigosa e uma holandesa insistiu para que eu fosse no dia seguinte junto com ela e outra moça, mas obviamente eu fiz as coisas do meu jeito. Fechei a conta no hostel decidida a iniciar a trilha e terminar somente em outro estado, de mapa em punho e com a bussola no celular eu estava certa que conseguiria me virar sem problemas.
Se não fosse o encontro com uma vampira e uma loba provavelmente meu corpinho estaria apodrecendo embaixo de alguma samambaia nesse momento.
Estava tudo indo bem e eu estava me sentindo mais livre do que nunca andando sozinha por aquela floresta, tendo tudo que precisaria comigo. Até escutar a risada dos dois homens vindo ao meu encalço. São os mesmos dois caras com armas de caça no carro, mesmo que agora a caça não esteja liberada, eles estavam armados até os dentes com roupas camufladas. Me deram um olhar comprido que eu ignorei enquanto pegava um café no posto de gasolina 10 quilômetros atrás.
Com eles vindo atrás de mim gritando obscenidades eu tinha certeza o que o destino me reservava e me arrependi amargamente de não ter ido direto para o litoral ao invés de fazer uma trilha até lá. Me arrependi de tudo que não vivi até hoje por medo de decepcionar a minha mãe. Tentei apressar o passo ao máximo quando senti uma mão segurando o meu braço. Em fração de segundos eu já estava no chão com um dos homens sobre mim tentando tirar a minha roupa e outro apenas olhando e rindo esperando pela sua vez. Lutei com todas as minhas forças e quando estava prestes a desmaiar alguma coisa atacou o agressor e o derrubou.
E ali diante dos meus olhos eu vi uma moça que devia ser alguns anos mais velha do que eu, franzina e pálida quebrar o pescoço de um homem de quase 2 metros e 100 quilos como se fosse um palito de fosforo. Enquanto essa moça tentava me trazer de volta à realidade pude olhar melhor para o que havia derrubado o agressor que estava em cima de mim. Um cão enorme, talvez fosse um lobo, com pelo cinza e olhos amarelos. Com sangue até o focinho se deliciando nas entranhas do homem já sem vida. Incrivelmente eu não senti medo. Diante dessas duas criaturas me sentia segura. Naquele momento um mundo novo se descortinou. E quanto mais eu conhecia aquelas duas mulheres, sim o lobo era outra mulher, mais eu me sentia a vontade.
Após passar o choque de quase ter sido estuprada e assassinada a loira franzina que só podia ser uma vampira me convidou para ficar com elas pelo tempo que eu quisesse e sem poder raciocinar direito eu aceitei. A vampira se chama Sophie e a loba que eu vi se transformar de um enorme lobo de pelo cinza e sujo de sangue em uma mulher de 1.76 de altura é a Ashley. E a relação das duas pelo que entendi no primeiro momento era de guarda e realeza.
Com o passar dos dias eu vi que haviam muitas cosias mal resolvidas entre aquelas duas criaturas divinas. Paixão platônica ou apenas paixão mal resolvida. Era muito nítido que elas se comportavam como um casal. A relação de cuidado se estendia além da loba.
No dia seguinte a elas me recolherem na floresta tomamos um café da manhã onde extrai o máximo de informação possível das duas. Pelos olhares que elas trocavam tenho certeza que estavam me contando coisas que nenhum outro mortal deveria conhecer.
E quanto achei que nada mais poderia me surpreender uma equipe que poderia ser comparada à um Bope vampírico apareceu para sequestrar e levar a princesa Sophie. Pelo que entendi ela é uma ameaça ao governante atual e por isso a sua guarda real – Ashley fugiu com ela. Nesse momento eu tinha certeza que a minha hora chegou. E percebi que não poderia ter ideia nem de uma fração das habilidades e destreza de Ahsley que conseguiu nos salvar e de quebra ainda ‘lanchou’ um dos agressores. Por mais que eu me sinta segura na companhia delas toda essa selvageria e adrenalina foi demais para mim, não consegui parar de tremer e me encolhi em um canto...não sem antes vez que Sophie estava desacordada e Ashley a carregava para dentro da casa.
Dois dias depois eu estava com elas indo de carona para São Francisco como se nada tivesse acontecido. Durante a viagem fomos conversando e nos conhecendo de verdade, ou seja, as duas me interrogando.
“Então foi assim. Tão logo me formei, botei a mochila nas costas e me aventurei. Precisa de um pouco de distância de toda loucura dos Vnuknavŭlka”. Disse eu para as duas, mal terminei a frase e Ashley parou o carro abruptamente.
“O que você disse? “, me perguntou ela com um olhar arregalado, que me deixou um pouco assustada.
“Que eu terminei as aulas basicamente com uma mochila nas costas pronta para botar o pé no mundo?” – respondi eu.
“Não! O seu sobrenome...repete!” – falou Ashley impaciente sob o olhar atento de Sophie.
“Vnuknavŭlka, os nossos antepassados vieram da região dos Balcãs, meu bisavô veio da Bulgária no início de 1900.”
Ashley agarra o meu braço e pergunta se eu sei o que significa meu sobrenome em Búlgaro. Respondo que não. E ela me olha mais uma vez, dessa vez com olhar terno e responde: “Vnuknavŭlka quer dizer netos do Lobo”.
Fim do capítulo
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Donaria
Em: 20/04/2019
Ola autora....que bom que retornou!! passei por sua historia algumas vezes...fiquei louca com a sinopse, com os comentarios, mas confesso que fiquei com medo de começar a ler...historia interessante demais pra começar e não ter final. Mas com seu retorno tomei coragem e vou começar a ler...boa sorte e boa inspiração. beijos
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