Vamos surtar um pouco com a Lia nesse capítulo. Pode parecer exagero, mas acreditem, esse processo é bem natural e necessário para ela.
Capítulo 7 - Reação exagerada
Capítulo 7 – Reação exagerada
Assim que acordou no dia seguinte, leu a seguinte mensagem:
Liz: "Não precisa ficar tão nervosa, além do mais, não aconteceu nada. Não quero que a gente perda a amizade por isso, ok?"
Não sabia o que responder. Tinha muita vontade de falar com ela, mas ao mesmo tempo tinha muito medo do que estava sentindo. Lia tinha consciência de que se Cris não tivesse chegado naquele momento, nem mesmo saberia o que teria acontecido. Liz tinha uma coisa que a atraia, desde quando brigaram, seus gostos eram parecidos e isso era essencial. Ela tinha muito estilo, além de ter uma beleza única era extremamente atraente, tinha o sorriso mais lindo e verdadeiro, um cheiro maravilhoso e aquela boca...
A cabeça de Lia já começava a doer de tanto pensar. Bastava deixar seus pensamentos rolarem soltos que os detalhes dela praticamente saltavam em sua mente a deixando ainda mais atraente, sem falar naquela vontade curiosa que tinha secretamente de beijar aquela boca intensamente e descobrir se era tudo o que imaginava e se sentiria aqueles clichês que ela sempre leu sobre, mas nunca chegara nem perto de descobrir como era.
Não que Lia nunca tivesse sentido desejo em sua vida, claro que já, mas isso ela resolvia até sozinha quando não conseguia mais suportar, mas sentir atração e desejo assim por um outro corpo, isso nunca tinha acontecido antes. Antes só tinha curiosidade de beijar Liz, mas depois daquela tarde, depois do quase beijo em que seus corpos estavam tão próximos, não consegui mais deixar de lembrar perfeitamente daquela energia que sentiu correr pelas veias misturada com nervosismo.
Não sentiu isso por ninguém antes. Nem pelas paixonites de adolescência, nem por Carlos e muito menos por Rodrigo. Será que nunca sentiu isso antes porque na verdade era de meninas que ela gostava? Será que era de fato lésbica? Não conseguia suportar tais pensamentos. No entanto, tão pouco se sentiu atraída por outras garotas antes, nunca mesmo. Até Liz.
Angustiada Lia decidiu que faria algo a respeito. Aquilo não poderia continuar, não podia aceitar isso. Por Deus, quase beijara outra mulher e tinha medo de ceder ao desejo ou curiosidade e acabar gostando. Imaginava o tamanho do problema que teria com a própria família se assumisse algo assim. Lia não era preconceituosa. Por ela, a opção sexual de ninguém lhe importava. O que importava mesmo o caráter da pessoa. No entanto, a sociedade era preconceituosa. Tinha certeza de que morreria primeiro antes de dar um desgosto tão grande assim para seus pais que eram cristãos e com certeza jamais aceitariam uma filha assim.
Decidiu que iria se afastar dela por um tempo. Se ficasse na cidade não conseguiria resistir, ainda mais se continuassem próximas em uma amizade. A contragosto, mesmo não querendo ir para casa, Lia falou com sua mãe dizendo que pegaria o próximo ônibus para passar as férias em sua cidadezinha pacata. Afinal já haviam se passado dez dias, resolveu que passaria uns vinte ou quinze dias, ao menos até colocar suas ideias no lugar.
Depois de tomar o café da manhã com Cris que se surpreendeu com sua decisão, foi até o ponto do ônibus e comprou a passagem para um que sairia da cidade pela tarde, chegaria em casa de noite e depois veria o que aconteceria. Não falou com Liz, mas ligou para Rodrigo e se sentindo desapontado ele pediu que passassem um pouco de tempo juntos antes da viagem e que a levaria até o ponto de ônibus depois.
Assim que voltou para casa, arrumou sua mala com coisas básica, afinal seria poucos dias e lá ainda tinha várias coisas suas que poderia aproveitar, logo estava tudo pronto. Cris decidiu fazer o almoço como uma mini despedida para Lia, que agradeceu o gesto, não tinha a menor vontade de sair. Logo após o almoço Rodrigo chegou e Lia o convidou para que fossem ao seu quarto.
- Não sabia você ia voltar para casa. Disse que queria ficar por aqui.
- Eu sei, mas os meus pais insistiram muito. Dizem que estão com saudades.
- Eu entendo. – Falou compreensivo. – Quem vai ficar com saudades sou eu agora.
Lia não respondeu, apenas o olhou. Eles estavam deitados na cama. Rodrigo apoiava as costas na parede e Lia deitara entre suas pernas. Ele se surpreendeu com o convite, mas foi um perfeito cavalheiro o tempo todo. Lia começou a beijá-lo assim, ele não se fez de rogado e correspondeu pondo as mãos por dentro da sua blusa, tateando suas costas. Lia retesou por um momento, mas decidiu deixar. Não era isso mesmo que queria?
Ela não parou de beijá-lo, e embora o beijo fosse bom, o cheiro dele fosse gostoso e que ele não tentou nenhuma outra gracinha, respeitando-a, não conseguia sentir aquela mesma combustão e emoção de quando estava com Liz, e é porque nem chegaram a beijar. Ele a beijava de forma ardente o que estava tomando todo o seu ar. Não suportando tanta proximidade, Lia se afastou um pouco e o olhou. Ela via nos olhos dele o quanto ele a queria e podia sentir seu desejo, mas não conseguiu prosseguir.
- Tudo bem? – Perguntou preocupado. – Eu fiz algo errado?
- Está tudo bem, você não fez nada errado. É só que...
- O quê?
- Nada. – Lia sorriu e lhe deu um selinho. – Queria agradecer por ter sido tão bom e atencioso comigo essas últimas semanas.
- Não fiz mais que minha obrigação. Qualquer mulher devia ser tratada assim. – Disse, fazendo Lia se surpreender.
- Você é um dos poucos que pensa assim. – Falou com sinceridade. Rodrigo parecia ser um bom rapaz. – Você é muito especial.
- Vou ficar aqui esperando que volte. Vai passar o mês todo lá?
- Acho que umas duas semanas, não sei bem.
- Ok. – Ele suspirou. – A gente continua de onde parou quando voltar.
- Não quero que se sinta preso a mim. – Lia acariciou sua face. – Curta, se divirta. Quando eu voltar a gente vê no que dá.
Eles passaram mais um tempo conversando até que deu a hora de Lia ir. Rodrigo e Cris foram com ela até a rodoviária e se despediram dela calorosamente.
- Gente, parem com isso. É só duas semanas, eu volto logo.
Depois de abraçar os dois amigos, Lia subiu no ônibus e em pouco tempo o motorista deu partida. Todo tempo ela só pensava em Liz. Ela respeitara o seu espaço e não lhe enviara nenhuma outra mensagem. Lia se sentia aliviada e ao mesmo tempo frustrada. Será que ela ficaria triste quando soubesse que teria saído da cidade? Será que ficaria com raiva ou indiferente? Não sabia mais o que pensar. Queria desligar seu cérebro, talvez estivesse exagerando, mas o simples fato de quase ter beijado já significava muita coisa para ela, pois sabia que no fundo era isso que queria, mas não conseguia aceitar.
Ela escutou The Cranberries o caminho todo para casa, a longa playlist já se repetia pela terceira vez até que finalmente passaram pela placa de boas-vindas à cidade. Ela mandou uma mensagem para sua mãe avisando que já estava perto da parada e começou a organizar as suas coisas para quando fosse descer. Já eram sete da noite quando finalmente chegou até a sua parada.
Assim que desceu do ônibus avistou seu irmão, Pedro, encostado no carro a esperando, com aquele mesmo semblante leve e de bebê, como ela sempre dizia. Correu até ele e o abraçou demoradamente e depois ele a ajudou a pegar sua mala e bolsa e foram para o carro. Enquanto iam para a casa passaram pelo centro da cidade. Lia olhava para tudo com uma certa nostalgia, apesar de não gostar mais tanto assim da sua cidade natal, tinha muitas memórias boas e divertidas dali quando era mais nova, dela e de suas amigas de escola.
- Saudades de casa, maninha? – Perguntou sarcástico. Ele sabia que Lia queria viver coisas novas.
- Mais ou menos. Eu não queria ter vindo, mas... – Se refreou. Geralmente ela contava tudo para ele e eram bastante unidos, mas aquilo ela não ousaria contar. – Não sei, apenas quis voltar.
- O que aconteceu?
- Se um dia eu tiver coragem te conto. – Falou, olhando para as lojas pela janela do carro. Nada ali mudava.
- Nossa! Deve ser algo sério.
Lia e Pedro tinham uma diferença de idade pequena, ele era 3 anos mais novo do que ela, mas para a sua idade parecia ser um rapaz mais velho, eles tinham o mesmo tom castanho nos cabelos e nos olhos. Ela sempre se sentiu muito à vontade em dividir segredos com ele que era sempre muito compreensível e até mesmo "sensível" para um rapaz. Ele também contava tudo para ela. Eram realmente bastante unidos e próximos. De repente Lia se deu conta do quanto sentia falta dele.
Ele não insistiu mais no assunto, ao invés disso, os dois conversaram bastante sobre outros assuntos. Pedro estava no segundo ano e já estava decidido a estudar engenharia e como tinha boas notas já estava mirando em excelentes universidades e era sobre isso que conversaram até chegar em casa, que era típica de uma família de classe média alta e localizada em um bom bairro da cidade.
- Oi meu, bebê. – Sua mãe, Dona Nádia a abraçou demoradamente, ela tinha o olhar e sorriso bondosos e o mesmo cabelo castanho que o dela.
- Oi, mãe.
Como era sábado estavam todos em casa. Em seguida foi o seu pai, Senhor Horácio, que era um grisalho charmoso, ou assim Lia o considerava. Ele também quase não a largava.
- Pensávamos que não viria dessa vez. – Sua mãe falou, metida como sempre. – E como foi esse semestre? Sinto que mal nos falamos esses tempos.
- Desculpe mãe, é sempre tudo muito corrido. Nas férias a galera faz umas oficinas literárias bacanas e eu estava pensando em participar, seria ótimo para horas complementares e claro para o meu currículo acadêmico. Por isso eu vou voltar em duas semanas.
- Realmente é uma ótima oportunidade. - Senhor Horácio era sempre mais sensato.
– Sim, mas fui praticamente intimada a voltar. – Respondeu olhando descaradamente para a mãe.
- Eu não sabia que você tinha isso, você deveria ter dito. – Respondeu tentando ser indiferente.
- Uhum. Ok, mãe. Mas enfim, não vai faltar oportunidade e agora estou aqui. Estava com saudades de vocês.
Lia os abraçou mais uma vez e foi para seu quarto com Pedro em seu encalço. Os dois deitaram na cama e ficaram conversando mais um pouco até que sentiu-se cansada e resolveu tomar um banho para ir jantar logo. Tomou um banho quente relaxante e quando terminou de se vestir, viu que recebera uma nova mensagem. Automaticamente seu coração disparou, mas era a Cris, perguntando se havia chegado em segurança. Só agora lembrara que havia prometido avisar quando tivesse chegado a ela e Rodrigo, respondeu rapidamente aos dois.
Apesar de se sentir um pouco "sufocada" naquela cidade que não tinha nada para fazer, Lia sentia falta do tempo em família, sentia falta da comida da mãe e da leveza que sempre os rodeava nas conversas enquanto tinham as refeições. Depois da refeição, Lia pediu para conversar a sós com eles sobre um intercâmbio que pensava em fazer quando se formasse, aquele seria o seu presente de formatura. Queria ir para a Inglaterra.
- Filha, vamos tentar aumentar a sua mesada, mas você tem que começar a economizar um pouco mais. A gente tira quase dois mil reais todo mês para aluguel e para as suas despesas. – Falou Dona Nádia.
- Eu sei, eu sei. Vou tentar economizar mais ainda. Isso seria incrível para o meu currículo e seria uma realização pessoal também.
- Nós sabemos que isso é o seu sonho. Vai ser a primeira Alcântara a viajar para fora do país. – Seu pai falou todo orgulhoso.
Ambos seus pais vinham de famílias humildes, mas como sempre foram muito esforçados nos estudos seu pai era concursado e trabalhava a sete anos na Receita Federal da cidade vizinha e sua mãe trabalhava no banco da cidade, assim os dois conseguiram construir aos poucos uma casa boa e grande, com deque e piscina e sempre pagaram bons colégios para ela e seu irmão. Os dois sempre foram muito francos e econômicos e ensinavam aos filhos desde cedo que com dinheiro não se brincava, isso os ajudaram a se tornarem adolescentes responsáveis e conscientes.
Quando voltou para o seu quarto já estava com muito sono. Antes de adormecer não conseguiu controlar e abriu a rede social de Liz. Tinha uma nova publicação lá, mais especificamente um novo vídeo dela tocando. Apertou o play ansiosamente e começou a ouvir. Ela cantava "Lovesong" do The Cure. Lia não pode deixar de derreter, era uma música linda e romântica, logo ficou pensando naquela tarde e no quase beijo que haviam trocado até adormecer.
Uma semana se passou e Liz não havia mais entrado em contato. Se sentia aliviada e ao mesmo tempo decepcionada. No fundo queria muito falar com ela. Depois do terceiro dia de uma espera interminável, Lia digitou umas trezentas mensagens para ela, mas nenhuma era boa o suficiente e assim se seguiu os dias e simplesmente não tinha coragem de falar com ela. Chegou a curtir o vídeo dela na esperança de que ela visse e falasse algo. Porém, nada aconteceu. Todo dia antes de dormir ficava olhando as fotos dela e seu peito chegava a doer de apreensão e saudades. Em uma dessas noites o mais clichê aconteceu:
"Lia estava parada no meio de um salão de festas enorme, mas não havia mais ninguém ali. Estava tudo iluminado como se uma festa enorme estivesse acontecendo e ela sabia que tocava alguma música, mas não conseguia ouvir nada. De repente Cris, apesar de não conseguir ver bem o seu rosto sabia que era ela ali, a pegava pela mão e a conduzia até um canto mais distante do salão e apontou para uma porta vermelha enorme em um formato bem antigo. Elas não falaram nada, Lia apenas abriu a porta a chutes e entrou no cômodo correndo, sentia-se ansiosa.
O quarto estava escuro, mas logo uma leve luz estava iluminando um local específico. De repente Liz apareceu deitada em um tecido vermelho brilhoso que estava posto sobre o chão, ela vestia uma roupa preta e rebelde como sempre e a olhava, um desejo louco tomou conta do seu corpo. Andou até ela com seu coração pulando de alegria e se jogou sobre ela com vontade, elas rolaram pelo chão e se olhavam com desejo, até que Liz ficou por cima dela e se inclinou para beijá-la."
Acordou babando na colcha e apertando o travesseiro. Assim que a luz atingiu seus olhos ela se transportou para a realidade. O sonho havia sido tão real que se fechasse os olhos ainda podia sentir o perfume maravilhoso de Liz. Se sentou no colchão ofegante. Sua pele estava quente e ainda podia sentir o desejo pulsando... não podia acreditar, mas será que nem em sonhos conseguia parar de pensar nela? A distância não estava ajudando em nada e não sabia mais o que fazer, sinceramente estava pirando. Não tinha como negar que ela a queria, queria muito, queria beijar aquela boca até perder a respiração. Sentiu uma pontada no peito quando pensou: e se ela não estiver mais interessada? Liz parecia estar sempre rodeada de pessoas que a adoravam e isso incluía várias garotas também, percebia que ela com certeza já ficara com muitas meninas e não tinha nada sério com ninguém.
Atordoada, ainda pensou em se tocar e saciar seus desejos sujos, mas resolveu ir dar um mergulho na piscina e negar mais uma vez o que estava sentindo. Era terça feira e já passava das nove da manhã, estava sozinha, exceto pela diarista, Silvia, que estava ali limpando a casa. Seus pais estavam no trabalho e seu irmão estudava pela manhã. Ela cumprimentou Silvia e foi até a piscina. Estava com fome, mas comeria quando saísse, sentia necessidade de gastar um pouco de energia com algum exercício.
Nadou por uns trinta minutos e depois sentou na espreguiçadeira para tomar um pouco de sol. Tomou um banho para tirar o cloro e merendou algo que sua mãe deixara preparado. Foi até a sala para assistir a uma série que amava e que havia atualizado há poucos dias. Pelo menos aquilo havia servido para distraí-la. Pedro chegou e a fez companhia, embora passasse muito mais tempo no celular do que assistindo. Lá para uma da tarde eles esquentaram o almoço e fizeram a refeição na TV mesmo, Lia não conseguia parar de assistir de tão bom que estava.
Seis da noite sua mãe chegou trazendo uma pizza para a janta e Lia ficou muito feliz com isso, amava pizza. Seu pai chegou pouco depois e logo os quatro estavam sentados à mesa, jantando e conversando sobre o dia. Os assuntos eram sempre intermináveis e variados, principalmente com sua mãe que quando começava a falar não parava mais. Pedro comunicou que iria até uma balada que teria no clube da cidade e chamou Lia para ir junto, que recusou na hora. Ele riu e bagunçou seu cabelo:
- Você não muda mesmo.
- Sai seu chato! – Retrucou mal humorada.
- Que horas você vai voltar? – Nádia perguntou preocupada. – Está perigoso a noite, Pedro.
- Eu vou com os meus amigos não se preocupe. Vamos e voltamos juntos.
- Deixa o menino se divertir, Nádia. – Horácio interviu. Ele sempre foi mais liberal. – Só cuidado para não voltar com alguém dirigindo bêbado.
- Não se preocupe pai, qualquer coisa venho de táxi.
Lia voltou para a sala e continuou assistindo a série. Seus pais foram para o quarto, estavam cansados e lhe desejaram boa noite. Concentrada ouviu quando seu celular chamou. Era Liz. Como sempre seu coração disparou, estava nervosa não sabia o que dizer. Correu para o deque e a atendeu, sentando no sofá que lá tinha.
- Oi. – Lia falou com receio.
- Oi. – As duas ficaram em silêncio, Lia não sabia o que dizer. – Como você 'tá?
- Tô bem. – Mentiu, não sabia o que diabos estava sentindo. – E você?
- Confusa.
- Por quê? – Ficou interessada.
- Você tá fugindo de mim, Liana?
Um arrepio passou por sua coluna, gostava quando ela a chamava pelo seu nome todo. Fechou os olhos e suspirou.
- Não exatamente. Por quê está dizendo isso?
- Cris me convidou para ir assistir filme noite passada, quando cheguei lá e perguntei por você ela disse que você tinha ido para sua casa em outra cidade.
- Ah, é eu vim, eles estavam me cobrando uma visita.
- Por que não me contou? – Cobrou, mas em um tom divertido.
- Eu não sei, precisava pensar.
- Lia você não precisa ficar assim. Nada aconteceu.
- Mas ia acontecendo, Liz...
- Ia, mas não aconteceu. – Liz a interrompeu. – Você não respondeu minha mensagem. Fiquei preocupada. A gente precisa conversar.
- Eu sei, eu quis responder, só que não sabia o que dizer. – Falou com sinceridade.
- Eu pensei que você também queria. Desculpe se entendi errado. Não vamos deixar nossa amizade por isso.
- Eu não sei, Liz. Eu nunca fiquei em uma situação dessas antes, quer dizer, não com outra mulher pelo menos. Nunca.
- Percebi. – Liz falou rindo. - Você pirou. Não precisa ficar assim, Lia. Eu sinto muito.
- Tudo bem, eu devia ter feito algo, me afastado logo, sei lá.
- Uhum. – Liz suspirou pesadamente. – Mas era isso que você queria?
- O quê? – Não sabia o que responder. Estava ficando ainda mais nervosa.
- Parar?
Fechou os olhos. Liz tinha esse tom de voz sensual que despertou sua vontade novamente, mas não tinha coragem de assumir. Estava completamente assustada.
- Lia? Você tá aí?
- Tô. – Limpou a garganta.
- Não vai me responder? – Insistiu novamente.
- Liz... o que você quer que eu diga? Eu não sou lésbica. – Falou no impulso, mas se arrependeu daquela resposta obtusa. – Quer dizer... desculpe!
- Eu não estou perguntando o que você é. – Respondeu firme. – Estou querendo saber se você queria me beijar. Eu queria...muito!
Ali foi o fim para Lia, sabia que não ia conseguir evitar aquilo por muito tempo, estava nervosa, ofegante e cheia de desejo. Não queria nem pensar se elas realmente chegassem a ter esse contato mais íntimo, aquilo era loucura, nunca havia se sentindo tão sem controle antes.
- Para, Liz. – Sussurrou.
- Ok. Não vou mais avançar nisso com você. Eu não devia ter ligado. Desculpa.
- Espera...
Mas ela desligou. Lia se sentiu totalmente perdida. Não queria tê-la frustrado, mas aquilo era demais para processar. Ainda mais depois do que ela dissera. Ainda ficava com vergonha e assustada ao admitir que estava atraída por outra mulher. Ainda discou o número dela de volta, mas o que iria dizer? Desligou rapidamente e suspirou. Estava confusa, se sentia estranhamente vazia e febril, queria ela ali agora. Estava totalmente perdida.
Deveria se afastar, iria tentar novamente, não poderia permitir, era errado, era pecado, não poderia... mas queria, queria muito. Voltou para a casa e tentou voltar a assistir, mas não conseguia mais se concentrar e resolver dar a noite por encerrado. No quarto, rolou de um lado para outro na cama sem conseguir dormir e não conseguiu evitar, mandou uma mensagem para ela.
Lia: "Desculpe. "
Ficou por muito tempo olhando para a tela do telefone, mas não veio nenhuma resposta. Suspirou pesadamente e finalmente conseguiu dormir.
Fim do capítulo
Achei a reção da Lia bastante exagerada, mas ela é assim. Pareceu o certo. Me baseei muito em mim mesma para essas reações dela. rsrsrs
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Brescia
Em: 26/05/2019
Oi mocinha.
Eu não tinha comentado antes e o reli. É sempre bom quando lemos pela segunda vez, parece que entendemos melhor certas coisas. Entendo que a Lia esteja confusa e acabou ofendendo a Liz, mas tb já percebeu que está mais envolvida do que desejava.
Baci piccola.
Resposta do autor:
Boa noite mocinha. Rsrsrs
Concordo com você, é sempre bom reler, faço muito isso com as histórias que eu gosto.
A Lia é pra lá de confusa, tem muito de mim nela e sim, ela estava já apaixonada pela Liz.
Bjs!
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