Capítulo 27 Chantagem
Elisandra
Todos que presenciaram a cena, assustaram-se. O pânico se instalou e a correria foi geral, os polícias presentes sacaram suas armas e cercando a camionete, procuravam um alvo, o atirador, mas ninguém viu nada, nenhuma movimentação, nenhum suspeito.
Rapidamente, ignorando o perigo eminente, dona Teresa, Joaquim e eu, corremos para socorrer Carmen, que estava caída na calçada aparentemente confusa.
--Meu Deus minha filha!
--Amor! Meu Deus...
Ajoelhei-me ao lado de Carmen, enquanto Joaquim socorria dona Teresa que acabara passando mal ao ver a filha coberta de sangue.
--Carmen?! Fala comigo... Por favor!
Ela me olhava, atônita, perdendo os sentidos. Ouvi ao longe alguém dizer.
--A ambulância está vindo!
As coisas aconteceram tão rápido que eu nem lembro ao certo como havia chegado até ali. Estava sentada ao lado de dona Teresa e Joaquim, na sala de espera do hospital Darci Bigaton. Nesse instante, depois de horas de espera, o médico nos tirou dos nossos pensamentos.
--Com licença! Vocês são os familiares da paciente?
--Sim... É minha filha!
--Pois bem! A Dra. Carmen, como vocês devem saber, foi vitimada por um ferimento de arma de fogo, que ocasionou uma pequena fratura no membro superior direito, foi submetida a tratamento cirúrgico das lesões, com bons resultados imediatos.
Após alguns segundos em silêncio, manifestei-me.
--O que isso significa?
Ele sorriu, e calmamente explicou.
--Significa que apesar do susto, ela está bem e fora de riscos. Claro que seu caso inspira cuidados, mas ela ficara bem.
--Graças a Deus! Não sei o que faria se acontecesse algo com minha filha.
Cai sentada em uma cadeira, as lágrimas involuntárias desceram pelo meu rosto, dona Teresa que assim como eu chorava, sentou-se ao meu lado e me abraçou, me confortando e se confortando.
* * * *
O médico permitiu que dona Teresa visitasse a filha, ela estava sedada, mas ainda assim ela a queria ver. Joaquim acabou indo para a fazenda, pois estávamos à horas na cidade, sem dar notícias aos meus irmãos e a esposa de Joaquim. Enquanto dona Teresa estava no quarto com Carmen, fui surpreendida com a presença de Fabrício, que se sentou ao meu lado.
Assustada, levantei em um sobressalto encarando-o espantada, era a segunda vez que ele aparecia na minha frente do nada naquele dia.
--Mas que diabos você faz aqui?
Proferi entre dentes, causando um sorriso sínico que jamais vira no rosto do homem por quem um dia tive sentimentos.
--Acalme-se Elisandra! Não quer que eu me chateie com você e desconte no seu "projeto de homem" não é?
Ele estava ameaçando Carmen? Ali? Descaradamente dentro de um hospital? Enfureci-me, indo a sua direção para esbofeteá-lo. No entanto, por ser homem e bem mais forte que eu, ele levantou segurando meus braços e me pondo junto de seu corpo.
--Ousa bem o que vou lhe dizer coração! O que aconteceu com ela hoje foi só uma demonstração do que virá, caso não aceite minhas condições.
--Como é que é? O que você fez seu filho da puta?
--Olha a boca mocinha! Não fui eu quem atirou nela, mas não nego que tenha participado do plano kkkkk
--Seu miserável! Poderia tê-la matado...
--Poderia! Posso! Mas não era essa a intenção, não quero ter que matar aquela sapatão dos infernos! Mas farei se você não der o que eu quero.
--O que você quer?
Soltando meus braços, ele ajeitou o nó da gravata e sorrindo continuou.
--Primeiro! Quero que a deixe. Termine o que tem com ela... Então depois, eu direi o que realmente quero.
--Está louco?! Eu a amo, não vou deixá-la!
--Tudo bem! Mandarei uma coroa de flores para o funeral.
Ele ia dando-me as costas, mas o impedi que saísse.
--Espera! Você não pode fazer isso... Será preso.
Ele riu alto.
--Acha mesmo? Kkkk não seja ingênua meu amor. Nada prova meu envolvimento no que aconteceu hoje, ou no que acontecerá se não terminar com ela ainda hoje.
--Ela está num hospital seu cretino!
--Foda-se! Ou você acaba com ela, ou eu acabo... Literalmente kkkkk
Mantive-me em silêncio, aquilo não podia estar acontecendo. Não sabia o que fazer.
--Preciso de tempo.
--Eu disse HOJE!
--Por favor, Fabrício...
Ele parou, pensou e respondeu.
--Tudo bem! Tem dois dias pra terminar com ela. Aí eu entro em contato com você.
Ele saiu do hospital, me deixando sem chão, mais uma vez.
* * * *
Quando dona Teresa saiu, eu estava sentada na mesma cadeira de quando ela entrou.
--Ow minha menina! Ela está tão abatida... Está dormindo, mas me parece tão fraquinha.
Uma dor imensa tomou meu peito, saber que fora eu quem colocou Fabrício na vida de Carmen, para trazer toda aquela dor e sofrimento, me matava por dentro.
--Vou ficar com minha filha essa noite... Vá pra casa Lisa, fique com seus irmãos.
--Não! Melhor eu ficar e a senhora ir... Não vou ficar tranqüila sem vê-la.
Mais lágrimas escaparam dos meus olhos, então dona Teresa compadeceu-se.
--Tudo bem! Mas mande notícias ok?
--Ok!
Então chamei Joaquim para buscar dona Teresa e levá-la pra fazenda. Já era noite, quando o médico permitiu minha entrada no quarto.
Entrei devagar, apenas um abajur estava aceso iluminando parte do quarto. Carmen estava deitada de costas, dormindo serenamente. Meu coração se apertou, o remorso bateu. Eu só trouxe dor e sofrimento a ela, a mãe dela e acho que a todos da fazenda. Cheguei à conclusão que eu não fazia parte daquela família, eu não era uma Romero, por mais que me esforçasse, jamais seria.
Sentei ao seu lado na cama, tomada de tristeza por saber que amava aquela mulher mais que tudo, e que pelo seu bem, teria de sufocar, matar esse amor. Acariciei levemente seu rosto, imaginando ver um leve sorriso em seu rosto, apesar dela estar adormecida. Beijei sua testa, e em seguida sentei na poltrona que havia no quarto.
A noite passou lenta e angustiante, não consegui dormir por nenhum momento, "vi" o sol nascer, ali sentada velando o sono da mulher que amava e que abandonaria para seu próprio bem.
Fim do capítulo
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