Capítulo 17 Habeas Corpus
Carmen
Não podia crer em quem estava ali, Juliana definitivamente não me daria sossego tão cedo. Andou em minha direção sensualmente, não podia negar que era linda, mas eu já não sentia nem desejo ao olhá-la, principalmente naquela situação. Tentou beijar-me, porém me afastei, já irritada.
--O que faz aqui?
--Vim te ver, ou vai dizer que não sentiu a minha falta?
Sentei-me na cadeira fria que havia na sala, colocando os pés sobre a mesa e em seguida cruzando os braços. Definitivamente, preferia continuar sem receber visitas, a ter Juliana ali.
--Quando é que você vai entender, que não há nada entre nós, e que jamais haverá?
--Não me subestime Cah, eu tenho tudo o que quero, não importa o tempo que leve...
--Se esquece que eu não sou um objeto...
--Carmen entenda, não vai encontrar ninguém melhor do que eu...
Sorri, lembrei de um par de olhos cor de mel, que de longe superavam toda a sensualidade e beleza de Juliana, ou de qualquer outra mulher.
--Isso é obsessão Juliana. Olha pra mim...
Abri os braços para chamar sua atenção.
--Estou presa, acusada de diversos crimes... Não faço a mínima idéia de quantos anos mais vou ficar aqui.
--Nenhum. Seu advogado é bom...
--Conhece Fabrício?
Seus olhos desviaram ligeiramente dos meus.
--Não! Ouvi falar que ele é bom. E outra, Rogério está ótimo, nem foi tão grave assim como disseram...
--Não?
--Não! Ele te odeia, assim como odiou Joan Romero, quer te ver destruída, e fará de tudo pra conseguir isso...
--Entendo seu ódio, chamei a atenção dos seus filhos diversas vezes, o ameacei, provoquei um acidente, quase que custara sua vida e dessa vez, sem motivos...
--Acha mesmo que foi sem motivos? Kkkkk Rogério paga os colegas dos filhos dele, para perseguirem os filhos de Joan, depois que você o ameaçou ele começou a "atingi-los" indiretamente...
--Filho da puta!
Soquei a mesa, para em seguida levantar e começar andar impacientemente pela sala.
--Como sabe disso?
--Meu irmão me contou.
Só ai lembrei, que o irmão mais novo de Juliana, também estudava na antiga escola que meus meninos, e que era colega dos gêmeos filhos de Rogério.
--Podemos usar isso a seu favor... Caso você esteja interessada.
Sabia que quando ela falava assim, é porque estava querendo levar vantagem.
--O que quer?
--Carmen meu amor, sou filha do prefeito. Meu pai tem todos dessa cidade nas mãos, posso ajudar o seu advogado a provar sua inocência perante a justiça...
--Eu não sou inocente Juliana...
--Sei que não. No entanto tudo o que você fez, tem uma justificativa, e podemos provar ao juiz que tinha motivos pra perder a cabeça como perdeu... Basta você aceitar...
--Aceitar o que?
--A nos dar uma chance... Formamos um belo casal Carmen.
* * * *
Elisandra
Os homens logo resolveram cavalgar pela fazenda, então Joaquim acompanhou-os para que não se perdessem, juntamente com Ernesto e Juanes, que estavam adorando a companhia de Emília que fora junto com Moisés. Restando assim, mamãe, eu e a vovó que logo fora em busca de dona Teresa na cozinha.
--Então minha filha?!... Não tem nada pra me contar?
--Como assim mamãe? Do que fala?
Realmente não entendia a que mamãe se referia.
--Da espanhola! Como se chama mesmo? Carmen?
Engoli em seco, não acreditava que mamãe estava me questionando sobre Carmen, afinal ela não sabia de nada. Será que ela havia desconfiado de algo? Será que eu havia deixado alguma coisa escapar?
--Não te entendo mãe...
--Ah minha filha, me poupe. Sou sua mãe e entenderei qualquer escolha sua...
Dei as costas a minha mãe, não conseguia me manter perante o olhar questionador dela.
--Elisandra meu bem, sempre soube que não amava Fabrício... Apesar de ser um rapaz lindo, educado, de boa família...
--Lindo sim, de boa família também, agora educado? Desculpe mamãe, mas educado ele é só quando lhe convém...
--Pois bem, nunca entendi porque mantinha esse relacionamento...
--Porque eu gostava dele...
--Não gosta mais?
--Como a Sra. mesmo disse, nunca o amei... Apenas gostava...
--Não gosta mais?
--Mamãe... Ele se tornou inconveniente, chato, mesquinho... Insiste em casamento...
--Só por isso?
--Uhum...
--Não quer se casar não é?
--Não...
--Então porque não rompe com ele?
--Porque ele é a única chance de Carmen ser absolvida...
--Está com ele por Carmen?
--Prometi que a tiraria da prisão...
--E vai continuar com Fabrício pra ajudá-la?
--De certa forma...
--Ele não é o único advogado do mundo...
-- É o mais eficiente que conheço...
--Entendo. Mas vai romper com ele assim que ela for libertada, certo?
Desviei o olhar mais uma vez.
--Por Deus! Vai contar pra mim o que está acontecendo ou vai continuar me deixar imaginando?
Não consegui controlar, as lágrimas desceram por meus olhos.
--Minha filha, vou entender... Conte pra mim...
Aceitei seu abraço, permitindo que toda angústia e tristeza que havia tomado conta de mim durante todo aquele mês, viesse à tona. Chorei copiosamente em seus braços, recebendo todo carinho de mãe, que acalentava a alma, e acalmava o coração.
--Eu amo...
--Quem filha?
--Eu amo a Carmen...
Mamãe me apertou em seus braços, deixando que eu pusesse pra fora, toda angústia que me afligia.
* * * *
Carmen
No dia seguinte a visita de Juliana, fui levada pela carcereira até a "sala de visitas". Lá estava Fabrício e mais alguns policiais.
--Trago boas notícias... Seu habeas corpus saiu.
Respirei fundo. Como definir os sentimentos que me tomavam naquele instante? Não sei se estava feliz, aliviada, contente, ou se estava com medo, medo de encarar Elisandra, medo de vê-la com o banana, ou ainda, se sentia raiva por estar em dívida com o homem que se deitava com a mulher que eu amava e queria pra mim, queria no passado porque depois de suas mentiras, e dos últimos acontecimentos, as coisas entre nós mudariam bastante.
Cheguei à fazenda na companhia de Fabrício, que embora estampasse um sorriso vitorioso no rosto, mantinha um brilho diferente no olhar, receio talvez.
Já havia anoitecido, pois o habeas corpus saiu no fim da tarde e até sairmos do presídio e irmos pra fazenda, anoiteceu. Entrei na sala devagar, queria e não queria ver Elisandra, porém, o destino quem decidiu.
Não havia ninguém na sala, então Fabrício se dirigiu até a cozinha e eu fui atrás, pois se ouviam muitas vozes vinda de lá.
Meu coração acelerou, minhas mãos suaram, meu corpo deu sinal. Milhões de sensações tomaram posse de mim, ao ver Elisandra sentada na ponta da mesa, toda sorrisos a... Júlia? Afinal o que a família dela estava fazendo ali? Ao lado de Júlia estava a senhora, aquela senhora toda confusa que Elisandra havia chamado de vovó quando a conheci. Estavam na mesa também, um homem que provavelmente era marido de Júlia, uma garotinha que deveria ter a mesma idade de Ernesto, que também estava ali ao lado de Juanes. E por fim, mamãe. Lá estava a mulher que eu mais admirava e amava no mundo, a única pessoa que eu poderia contar em todas as horas, e ao me ver, deixou o pranto tomar conta, e correu para meus braços.
--Carmen! Minha filha...
A abracei forte, com toda saudade que sentia dela, com todo amor que sentia por ela, com todo remorso que sentia por ter sido a causa do sofrimento dela.
--Minha menina... Deus ouviu minhas orações...
--Como está mamãe?
--Morrendo de saudades...
Mamãe afastou-se um pouco de mim, e segurando em meus braços, olhou para meu corpo como quem inspeciona um produto.
--Você está muito magra minha filha...não se alimentou direito...está com olheiras...venha sente-se, vou te servir...
--Obrigada mamãe, mas estou sem fome.
Nesse instante Ernesto já estava enroscado no meu corpo, amava aqueles meninos como se fossem meus.
--Carmen, você foi presa pra nos defender?
Afaguei seus cabelos, e apertei-o em meus braços. Juanes juntou-se ao irmão.
--Obrigada Cah...
--Pelo que garotão?
--Por ter defendido a gente... Como papai pediu.
--Nunca permitirei que façam mal a essa família.
Sorri retribuindo os sorrisos dos meus garotos, e em seguida, encontrei com os lindos olhos cor de mel, marejados a me encarar. Ela se levantou um tanto tímida, confusa, como quem quer se aproximar, no entanto lembrei-me de tudo que havia passado, dos beijos e carícias que havíamos trocado, das visitas que não aconteceram, do noivo engomado que ela havia mandado pra me defender, pondo o meu ego na lama, e pior, lembrei-me do casamento que aconteceria logo.
Ergui a cabeça, encarando com raiva aqueles olhos que tanto amava, e mais, com ciúmes ao ver Fabrício rodear a cintura dela depositando um beijo em seus lábios e proferindo a frase.
--Aí está meu amor! Tem sua madrinha, já podemos marcar nosso casamento.
Só Deus sabe a vontade que tive de avançar sobre aquele playboyzinho, e fazê-lo engolir aquele riso estúpido. Poder gritar aos quatro cantos do mundo, que o seu amor, amava beijar a minha boca.
Fim do capítulo
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Rosi
Em: 22/03/2019
Quem sabe agora que a familia toda esta reunida alguém perceba a canalhice que Fabrício esta fazendo com a defesa de Carmem
Força Carmem quero vx fora dai pra dar ims supapos nesse titica de galinha
Resposta do autor: Hahahaha Logo logo ela fará isso. Beijo
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nany cristina
Em: 22/03/2019
Olá natalía
Estou adorando sua história, li todos os caps. que você já postou Pôxa é muito sofrimento pra Lisa e a Carmen.
Ansiosa pelos próximos capítulos
Resposta do autor: Olá. Muito obrigada, fico extremamente feliz que esteja gostando.
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