Capítulo 10 Quem é Fabrício?
--Eu tive um problema, não consegui ligar...
--xxxx
--Não Fabrício, eu não consegui ligar mesmo...
--xxxx
--Também...
--xxxx
--Uhum... Olha, preciso desligar...
--xxxx
--É que as coisas estão complicadas aqui, amanhã conversamos ok?
--xxxx
--Tchau.
--xxxx
--Fabrício...?!
--xxxx
--Não, não é...
--xxxx
--Também te amo. Tchau.
--xxxx
Mas que diabos foi aquilo? O que já estava estranho piorou muito com aquele "também te amo", quem era Fabrício afinal? Da família não era então, só podia ser namorado, ou pior, marido dela. Aquilo me irritou tanto que não fiquei pra ver o que ela faria ou me diria, fui para o quarto e tranquei a porta, não que acreditasse que ela me procuraria, mas se caso o fizesse eu realmente não queria vê-la, ou falar com ela, não mais durante aquela noite. Esmurrei a porta após fechá-la.
--Inferno!
Como eu podia ter deixado as coisas chegarem aquele ponto? Como eu pude me envolver com a filha de Joan daquela forma desrespeitosa? Pior, como eu pude me envolver emocionalmente com uma mulher que se não era casada, no mínimo era comprometida? Eu realmente não entendia, e me revoltava ao lembrar que a minutos atrás ela estava agarrada, suspirando em meus braços, e agora se declarava ao namoradinho imbecil. Esmurrei uma segunda vez a porta. Depois de muito revirar sobre a cama, finalmente o cansaço me venceu.
* * * *
Elisandra
Assustada, ofegante, e completamente irritada com a interrupção, eu atendi o celular tentando não demonstrar tanta irritação na voz, pois já estava com um péssimo pressentimento, imaginava quem era aquela hora.
--Alô?!
--Elisandra?
--Fala Fabrício...
--Porque não me ligou como pedi?
--Eu tive um problema, não consegui ligar...
--Não conseguiu ou não quis ligar?
--Não Fabrício, eu não consegui ligar mesmo...
--Tudo bem, é que estou com tantas saudades suas...
--Também...
--Preciso de você, quero te ver logo...
--Uhum... Olha, preciso desligar...
--Ow amor, você parece nem sentir mais a minha falta...
--É que as coisas estão complicadas aqui, amanhã conversamos ok?
--Fazer o que não?
--Tchau.
--Tchau? Nossa quanta insensibilidade, falta de amor...
--Fabrício...?!
--É pedir muito demonstrações de amor da namorada?
--Não, não é...
--Então? Diz que me ama vai?
--Também te amo. Tchau.
--Tchau amor.
Ao desligar o celular, voltei-me na direção de Carmen, sabia que ela havia presenciado uma conversa nada fácil de assimilar, e que provavelmente estava confusa pois não sabia da existência de Fabrício. No entanto, ela não se encontrava mais na sala, fiquei chateada, decepcionada, pois ainda sentia as reações no meu corpo ao seu toque.
Queria vê-la, queria estar com ela de novo, eu já não raciocinava direito, não permitiria que aquele telefonema inoportuno do imbecil do Fabrício, impedisse nosso momento, pois eu já admitira a mim mesmo que a queria, a queria com todas as minhas forças.
Subi as escadas as pressas, ao chegar à porta do quarto de Carmen, pouco antes de tocar na maçaneta, ouvi uma pancada na porta, como se estivessem esmurrando a parede, e logo em seguida um xingamento de Carmen.
--Inferno!
Fiquei ali paralisada, com dezenas de pensamentos tomando conta da minha razão, ela só podia ter se arrependido do acontecera a pouco, com toda certeza estava lembrado-se da tal namoradinha e agora estava se sentindo culpada, achando que eu era uma atirada, devia estar pensando horrores sobre mim, e eu ali louca pra estar com ela. Não acreditava no papel que estava me prestando, eu era uma imbecil mesmo.
Fui para meu quarto sentindo um nó na garganta, não queria, não podia me permitir ter sentimentos por Carmen, mas algo me dizia que já era tarde, meus olhos ardiam, e as lágrimas desceram indomáveis. Somente, horas depois consegui dormir, quando já estava mais calma.
* * * *
Carmen
Levantei mais cedo que o normal, não queria correr o risco de encontrar-me logo cedo com Elisandra. Trabalhei durante aquela manhã, como se minha vida dependesse daquilo. Ajudei a peonada a domar um puro sangue, e ajudei na contagem de parte da boiada, não queria ocupar a cabeça com besteiras, e muito menos dar ouvidos as piadinhas de Joaquim, que passara a manhã toda a meu encalço. Estava desencilhando Tornado no estábulo, quando finalmente prestei atenção no fato de Joaquim estar desde cedo na minha companhia, e não ter ido levar os meninos na cidade.
--Joaquim, quem levou os meninos pra escola hoje?
--Ninguém! Eles não foram à escola hoje.
--Por quê?
--Não sei, dona Elisandra me procurou ontem após o jantar, para avisar que eles não iriam à escola hoje, pois ela precisava resolver uns problemas.
--Que problemas? Aconteceu alguma coisa com eles?
--Não sei, ela não me disse.
Só ai lembrei que Elisandra havia dito na noite passada, que havia me esperado para resolver alguns problemas. Preocupada com os meninos, voltei imediatamente para o casarão, entrando pela cozinha encontrei mamãe pondo a mesa.
--Bom dia mãe.
--Bom dia Carmenzita, saiu cedo hoje.
--Sim, tenho muito trabalho a fazer.
--Vá se lavar, já vou servir o almoço...
--Estou sem fome. Mamãe?!...A Senhora sabe o que aconteceu para que os meninos não fossem a escola?
--Sei sim minha filha, mas é melhor que converse com a menina Lisa.
--Por quê?
--Ela é que tem que te falar sobre isso, eu não.
Quando abria a boca para questionar mamãe, fui surpreendida por Elisandra que adentrava na cozinha acompanhada pelos irmãos, que aparentemente estavam muito felizes. Ernesto tirou minha atenção daquela linda mulher.
--Carmen? Porque não nos leva mais pra cavalgar?
--Ah... Muito trabalho garotão, mas prometo levá-los a cachoeira amanhã, certo?
--Eba, Adoramos ir lá, não é Juanes?
--Verdade, Elisandra também gostou de lá.
Lembrei dos momentos que passamos juntas na cachoeira, lembrei também da noite passada, e principalmente do namoradinho. Senti raiva da forma leviana que Elisandra havia me tratado.
--Sra. Romero precisamos conversar.
--Dispenso.
Como é que é? Ela me beija, mente pra mim trai o namoradinho comigo, e dispensa conversar comigo no outro dia? Não devo ter entendido certo.
--Agora.
--Eu disse... Que eu dis-pen-so.
Me aproximei de onde ela estava, sobe os olhares curiosos e assustados de mamãe e dos meninos. Ficando frente a frente com ela, insisti.
--Posso falar aqui mesmo, se a Sra. prefere...
--Não! Não pode ser mais tarde?
--Eu disse, a-go-ra.
Após longos instantes, fitando desafiadoramente os meus olhos, Elisandra dirigiu-se ao escritório, fazendo com que eu a acompanhasse.
Fim do capítulo
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