Cap. 12 – Layla – A cicatriz
Layla
O jantar foi maravilhoso, dona Helena não poupou as mãos naquele cardápio, sem contar a companhia daquela família que estava me encantando cada segundo que passava com ela. Percebi que eles gostavam muito de pegar no pé da Juh, muitas vezes a deixando sem jeito, outras ela até se saía bem. Durante o tempo que ficamos lá, ela não deixou de dar atenção para mim um só segundo.
Sempre muito carinhosa perguntava se estava tudo bem comigo, via preocupação em seus olhos e a vontade de agradar em cada gesto, toque ou palavra que ela lançava a mim. Em alguns momentos conseguia me deixar sem jeito porque me flagrava olhando para ela que sorrindo perguntava se estava tudo bem, mal sabia ela que eu estava com a minha cabeça e meu coração acelerado só por estar ao seu lado e de sua família.
No meio do jantar seu amigo levantou a taça e fizemos um brinde a ela, ele até deu um pequeno discurso que a emocionou de verdade, pude ver em seus olhos a admiração de ambas as partes, sem dúvidas eles eram irmãos de pais diferentes. Ela se levantou dando a volta na mesa e o abraçou carinhosamente, percebi sua emoção, na verdade todos estavam emocionados diante da declaração de seu amigo.
Mas logo o mesmo começou a fazer graça e todos já estavam rindo na mesa, e assim terminamos o nosso jantar. Depois nos sentamos na sala conversando, ela passou a mão por sobre o meu ombro e entrelacei nossos dedos brincando com suas mãos e analisado como elas se encaixavam, quando percebeu que fiquei em silêncio, sussurrou em meu ouvido:
– Está cansada?
– Não, só estava vendo as nossas mãos e admirando a forma como elas se encaixam. – sorriu cobrindo as minhas com as delas concluindo: – Tem as mãos grande.
– Você quem tem as suas pequenas demais. – sorriu marota e gostei entrando na brincadeira:
– Mas você viu do que elas são capazes néh? – deslizei meus dedos pelo seu braço e vi com prazer sua pele se arrepiar, sorri dizendo: – Viu, o tamanho é apenas um detalhe.
– Hei casal... – Diego se levantou e se dirigiu a nós sorrindo: – Temos que ir embora, a Van vai viajar amanhã cedinho.
– Pois é, e ainda tenho que fazer as minhas malas. – sorriu quando o rapaz a abraçou e concluiu: – Deixo tudo para última hora.
– Compartilhamos do mesmo sentimento de culpa Vanessa, eu também deixo tudo para última hora. – Anny apareceu com uma taça na mão dizendo divertida.
Sorrimos, o casal se despediu de todos e a Juh se levantou para se despedir dos amigos que agradeceram o jantar, quando ela foi levá-los até o carro, sua irmã se sentou ao meu lado perguntando:
– Como anda o seu plano?
– Que plano? – sorri aceitando uma taça que o Júlio me entregou esperando uma resposta dela que logo veio:
– De conquistar a minha irmãzinha!
– Ah, esse plano! – sorri tomando um gole e olhando-a de longe que abraçava a mãe e sorri dizendo: – Acho que estou falhando completamente.
– Porque? Vocês parecem tão bem? – ela me olhou divertida e sorri dizendo:
– A Juh me conquistou primeiro, dessa forma não terei forças para resisti-la.
– Eu te avisei que as irmãs...
– As irmãs Oliveiras são boas na conquistas. – terminei a frase por ela que sorriu, concluí: – Não tem problema, estou adorando o poder que ela tem sobre mim.
– Vocês são tão melosas, credo.
Naquele momento o marido dela se sentou ao seu lado e ficou cheio de carinhos com ela que se derreteu toda, sorri comentando baixinho antes de me levantar:
– Nós que somos melosas néh? Percebo que você é bem resistente. – ela me olhou desafiante e sorri dizendo: – Se me dão licença, estou sobrando aqui.
Naquele momento a Júlia veio ao meu encontro me convidando para passear, apesar do adiantar das horas eu queria muito ficar em sua companhia. Ela queria me mostrar algo e fiquei surpresa quando vi que era uma bicicleta, fiquei cismada porque tinha medo daquele ser de duas rodas. Quando eu era mais nova e estava aprendendo a andar, caí e quase fui atropelada, daquele dia em diante nunca mais cheguei perto de uma.
E agora lá estava eu sendo carregada por ela, que de tão animada acabou me contagiando e não resisti por muito tempo. O caminho todo íamos conversando e rindo de uma coisa ou outra que dizíamos. Sem contar que ela estava falando bem próxima ao meu ouvido tornando o nosso contato ainda mais gostoso.
Seguimos para um parque a quinze minutos de sua casa, onde nos deitamos na grama e ficamos namorando. Sim, estávamos namorando, essa era a palavra para o momento, percebi que ela estava mais solta e segui naquele caminho deixando que ela nos conduzisse. No final se ofereceu para me levar em casa porque já estava tarde, me convidou para um sorvete e no caminho começou a brincar e perguntou:
– O que tem contra as bicicletas?
– Não tenho nada, desde que elas fiquem longe de mim.
– Vai, deve ter alguma coisa aí. – ela estava com os braços em volta de meus ombros e me fez olhá-la, estava com um sorriso lindo nos lábios que contei sobre minha experiência com as bicicletas. No fim ela disse ainda sorrindo:
– Você ainda vai pedalar comigo por essa ciclovia! Anota o que estou dizendo!
– Mas nem em sonhos! – disse firme concluindo: – Ando com você se quiser, porque sei que posso confiar em ti, mas não monto em uma dessas sozinha nem que me paguem.
Gargalhou ao meu lado me fazendo amar o som de sua risada rouca e por hora ela se deu por vencida, mas algo em seus olhos me fizeram crer que aquele assunto não estava encerrado.
Em poucos minutos chegamos a sorveteria e ela pediu a barca de açaí, adorava aquele sorvete e ficamos brincando com as frutas, vi que gostava bastante de morango, minha fruta favorita, fiquei cortando os pedacinhos e colocando em sua boca. Às vezes deixava respingar em seu rosto próximo a sua boca, não de propósito, mas adorava capturar com meus lábios sentindo assim o gosto do sorvete e de sua pele.
Em alguns minutos me perdia olhando para ela e comecei a estudar seus traços, em seu rosto pequenas cicatrizes como por exemplo próximo ao seu supercílio esquerdo e outra que me chamou bastante atenção foi próximo ao seu queixo, formava um “C”, perguntei curiosa:
– Qual a origem dessa cicatriz? – apontei seu queixo sorrindo, ela pareceu pensar um pouco e disse:
– Ganhei essa cicatriz, no dia em que perdemos meu pai. – desviou os olhos dos meus e brincou com a colher, segurei sua mão e disse:
– Não precisa falar, está tudo bem.
– Tranquilo, foi engraçado até, por causa dela eu não fui naquela missão. – sorriu triste olhou pela janela e começou a dizer baixinho: – Eu estava completando dois anos na CBM, e estava chovendo muito naquele dia aqui na cidade, chegamos de um chamado e meu pai estava saindo com uma segunda turma, para irem a uma cidade vizinha ajudar em um incêndio na escola. – deu uma parada e inspirou fundo, depois me olhou sorrindo triste comentando: – Desculpa, não costumo falar muito sobre isso.
– Tudo bem, se não quiser continuar eu entenderei.
– Eu quero te contar. – sorriu tocando meu rosto e continuou: – Então, quando chegamos que eu soube para onde estavam indo, disse para eles me esperarem que iria apenas trocar a minha roupa, e corri em direção ao vestiário. Só que acabei escorregando e caí batendo o queixo na quina da escada, cortou e começou a jorrar sangue. – ela deu uma parada sorrindo, e continuou: – Abriu e precisei ir para o hospital, aquela foi a última vez que vi meu pai com vida.
– Own Juh, eu sinto muito! – deixou cair uma lágrima pelo canto dos olhos, me olhou com aquele sorriso triste ainda com os olhos brilhando disse:
– Ele era o nosso Capitão, me abraçou e ordenou que eu fosse ao hospital, Diego quem me levou, levei oito pontos. Mas, sabe o que é engraçado? – me olhou sorrindo e continuou: – Formou a letra “C” néh?
– Sim, por isso perguntei como a arrumou!
– É a primeira letra do nome de meu pai, Carlos.
– Sério? – concordou com a cabeça passando a mão na cicatriz sorrindo, me aproximei e beijei seus lábios, ela retribuiu o beijo, meu coração se encheu de amor e paz naquele momento, quando nos separamos, encostou a testa na minha dizendo:
– Nunca contei isso para ninguém. – sorri sussurrando:
– Obrigada por confiar em mim!
– Obrigada você por estar aqui comigo! Significa muito, gostei de compartilhar isso com você.
– Você é muito especial sabia, já comentei o quanto é doce?
– Sim, na primeira vez em que nos beijamos. – sorriu me dando um selinho e sorri dizendo:
– É verdade, quando você me colocou na bancada da cozinha de sua mãe. – sorri achando graça do rubor dela e disse: – Relaxa meu bem, aquele foi um beijo maravilhoso.
– Foi sim, você passou a noite me provocando e ainda confessou isso moça, nada justo.
– Ora, foi você quem começou!
– Eu porquê? – me olhou intrigada, sorri dizendo:
– Começou com esses sorrisos perfeitos, esse seu jeito maroto e tímido me deixando curiosa e eu quis provar.
– E provou néh, quase me fez fazer uma loucura na cozinha de minha mãe!
– Iria até o fim? – dessa vez eu a olhei me admirando quando sorriu concordando com a cabeça, depois me beijou sussurrando:
– Mas não fui, porque você merece mais, você é uma mulher incrível e quero poder retribuir essa sua atenção para comigo.
– Acredite, você já o faz!
Ela me olhou e sorri tomando seus lábios em um beijo apaixonado. Saímos da sorveteria e voltamos para sua casa, lá me despedi do pessoal e ela me levou em casa. Fomos conversando e rindo o caminho todo, quando chegamos marcamos um almoço no dia seguinte e ela se aproximou me beijando, ficamos namorando um pouco. Depois a vi entrando em seu carro e segui para o meu quarto onde tomei um banho e caí na cama sorrindo, tive uma noite maravilhosa.
Acordei na manhã seguindo cheia de disposição, tomei um banho bem relaxante e desci para tomar café com meus pais, mas apenas a minha mãe estava lá.
– Bom dia mamãe! – dei um beijo em seu rosto perguntando: – Papai já foi trabalhar?
– Bom dia amor! – retribuiu o beijo dizendo: – Ele foi mais cedo hoje, tinha uma reunião.
– Entendi, depois eu passo lá para dar um beijo nele.
– Só nele que você vai dar um beijo mesmo? – sorriu faceira e não pude deixar de rir também dizendo:
– Fui tão transparente assim?
– Filha, você anda nas nuvens esses dias meu amor. – sorri inspirando fundo me servindo de um café e concluí:
– Acho que estou apaixonada mamãe! – ela jogou a cabeça para trás rindo e dizendo:
– Você acha? Eu não tenho dúvidas.
Conseguiu me deixar ruborizada, na verdade era uma das poucas pessoas que conseguia essa faceta, mesmo assim não desviei os olhos dos dela e sorri dizendo:
– Você conhece a Júlia mamãe?
– Desde que essa menina se tornou o xodó de seu pai! – parou pensativa e concluiu: – Acho que foi no mesmo ano em que você foi embora. Quando ela se tornou Capitã do CBM.
– Aí vocês resolveram me substituir? – disse com a boca aberta mais divertida, ela me olhou sorrindo e dizendo:
– Acho que essa moça ajudou seu pai a suportar um pouco a sua ausência, mas não que isso fosse uma substituição meu amor.
– Eu sei mamãe, relaxa. Estou brincando!
– Está toda animada, sei! – se virou na pia e me olhou perguntando: – Porque acordou tão cedo? – tomei um gole de café respondendo-a:
– Resolvi deixar a preguiça de lado e começar a correr pela manhã novamente.
– Olha que maravilha, vê se consegue levar o preguiçoso do seu irmão também.
– O Rafinha?
– Não, Rafinha está fazendo voluntariado no Canil da cidade. Ele está terminando a Faculdade de Veterinário.
– Ele leva jeito com os pets mesmo, e Paulo o que está fazendo da vida?
– Terapia do sono! – disse séria, mas logo caiu na risada.
Entrei na graça com ela e ficamos conversando mais um pouco, terminei o café e voltei para o quarto. Lá calcei um tênis confortável, peguei meu celular e fone e saí em disparada pela avenida. Corri cerca de uma hora, desviei o caminho e segui para o Corpo de Bombeiro, queria dar bom dia para a Juh.
Quando avistei a base diminui o ritmo e cheguei colocando as mãos nos joelhos e abaixando a cabeça, tirei o fone e vi que os caminhões não estava ali, fiquei triste. Mas logo meu sorriso se ampliou quando um deles parou buzinando nas minhas costas pedindo passagem. Diego quem estava dirigindo, e para minha alegria ela desceu antes dele guardar o mesmo e veio em minha direção. Sorrindo faceira se aproximou tirando o capacete e dizendo:
– Surpresa agradável!
Não tive como não o fazer, me joguei nos braços dela depositando um beijo suave em seus lábios, senti suas mãos em volta de minha cintura e o abraço sendo retribuído, logo um pedido de desculpa:
– Estou toda suada Layla, desculpa.
– Tudo bem Juh, eu também estou. – me afastei um pouco e mostrei minha camiseta dizendo sorrindo: – Estava correndo e resolvi dar uma passadinha para te dar um “oi”. – sorri voltando para os braços dela dizendo sensualmente: – Oi?
– Olá moça, tudo bem com você?
Que sorriso lindo gente, vocês precisam ver, respondi no mesmo tom brincalhão:
– Eu estou ótima, mas pelo seu humor vejo que está bem também. – concordou ainda sorrindo e perguntei: – Saíram cedo hoje, chamado urgente?
– Não, rotina apenas! – olhou na direção do segundo caminhão ABT que encostou e me afastou do caminho para ele entrar e terminou dizendo: – Um terreno baldio que colocaram fogo, perto do shopping. Essa molecada não tem mais o que fazer.
– Mas você está bem néh, não se feriu novamente. – passei as mãos por dentro da jaqueta dela fazendo cocegas e se encolheu toda dizendo sorrindo:
– Estou bem, não me machuquei, estou cumprindo com a promessa.
– Que promessa?
– A que você me fez fazer ontem, para não me machucar mais.
– Humm! – olhei de relance e aquele grupinho de garotas estavam do outro lado da rua novamente, dentre elas as duas que estavam babando pela Juh outro dia, para provocar me aproximei do ouvido dela sussurrando: – Você é obediente! – sorriu entrando na graça dizendo:
– Sou uma boa garota!
Não resisti gente, tomei seus lábios com os meus e a beijei ali mesmo na frente de todos e todas, ela não me afastou, pelo contrário, retribuiu o beijo, o pessoal atrás começaram a assobiar e brincar com ela que sorriu entre nossos lábios. Quando nos separamos se desculpou dizendo:
– Precisamos arrumar nosso equipamento, infelizmente terei que deixar você. – sorriu tirando uma mexa de cabelo de meu rosto concluindo: – Mas o almoço ainda está em pé se você quiser!
– Vou adorar almoçar com você meu amor! – sorri piscando, ela me deu um beijo no rosto também sorrindo e concluiu:
– Te pego as treze! – pegou minha mão beijando e concluindo: – Passo na sua casa!
– Você pode me pegar a hora que quiser, sabe disso néh? – sorri e vi o primeiro rubor do dia aparecer no rosto dela, me aproximei tocando-a e sorrindo me desculpando: – Desculpa, foi uma brincadeira.
– Tudo bem, tenho que me acostumar com você. – ainda ruborizada disse também brincando: – Mas, não fica me testando moça.
– Ou...? – disse provocando-a que sorriu apenas balançando a cabeça e se despediu ainda sorrindo, me lembrei de algo e perguntei: – Meu pai está por aqui Juh? – ela se voltou pensativa e disse:
– Ele está na prefeitura em reunião, provavelmente só estará na base depois do almoço.
– Obrigada!
– Disponha moça e cuidado na volta para casa!
– Sim senhora, Capitã! – bati continência.
Ela sorriu e deu um tchau de longe e lhe mandei um beijo, inspirei fundo colocando o fone de volta e comecei a caminhar, atravessei a rua e pude senti os olhares das garotas em mim, sorri apenas e comecei a correr. Satisfeita por mostrar a elas quem saiu ganhando naquele jogo.
Fim do capítulo
Boa tarde meninas, tudo bem??
Não deu para passar no final de semana, sinto muito... Fiquei focada em um sonho tenso que tive... hehe e acabei ficando um tempo brincando de escreve-lo... Logo mais postarei para vcs verem...
No mais, espero que tenham gostado desse caps... Voltaremos amanhã com mais...
Bjs a todas...fiquem em paz...
Bia
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Pandora
Em: 19/03/2019
Oi moça, estou bem e vc?
Meu deus como elas são fofas juntas, tá certa em mostrar que a Juh tem alguém, pelo jeito essas meninas não tem o que fazer da vida kk só ver eles se molhar lavando o caminhão ;)
Volta logo, a história está incrível *-*
beijos.
Resposta do autor:
Olá Pandora, tudo bem?
Eu estou ótima hoje, obrigada por perguntar!
A Layla marcando território, bem a cara dela isso mesmo... Valeria a pena perder alguns minutos do dia para ver a Juh tomando um banho na calçada, não? hehe
Obrigada pelo carinho moça... S2
Bjs, se cuida
Bia
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