Capítulo 8 - Marcação
A semana estava demorando a passar e Beatriz teve alguns problemas no escritório, para completar Marcella estava marcando em cima, voltou a mandar mensagens e e-mails com declarações, para piorar agora estava pedindo para voltar também. Há um tempo atrás com certeza ela voltaria, mas agora não...
Expediente terminado e foi para casa na tentativa de descansar. Ao entrar, ouviu seu celular tocar, caçou o aparelho na bolsa e encontrou o sorriso da ex aparecendo no visor, ignorou a chamada e subiu correndo para o quarto. Perdeu as contas de quantas ligações de Marcella ignorou naquela noite. Já estava com problemas demais em sua vida, não estava buscando mais um para sua coleção.
Largou o celular de lado e se empolgou assistindo alguns episódios de Grey’s Anatomy, há muito não tirava um tempo para fazer isso. Só se deu conta de que as horas haviam avançado quando ouviu um toque diferente no celular, o puxou rapidamente e viu uma foto de Sophia flutuar na tela, já passava de uma da manhã.
Nova mensagem de Sophia Machado_ Oie Beatriz, desculpa o horário, rs, acharia estranho se dissesse que passei a semana pensando em vc?! Boa noite, ou melhor, boa madrugada, bjs!
A mensagem a deixou surpresa, nem sabia que podia receber mensagens de contatos que não fossem “amigos” no Facebook. Ela e as redes sociais realmente nunca foram bons amigos, e desde que terminou com Marcella pouco utilizava aqueles aplicativos.
Beatriz Queiroz_ Oi Sophia, não chamaria de estranho, apenas diferente! Como você está?
Já estava deitada quando o celular tocou novamente.
Nova mensagem de Sophia Machado_ Diferente é uma boa definição! Estou bem, nem perguntei como vc estava, que vergonha, kkk. Tudo bem? Te acordei?
Beatriz Queiroz_ Tudo bem por aqui, não me acordou, mas lembrou que devo ir dormir, rs. Me passei no horário aqui. Agora me diz uma coisa, quando terei o prazer de te ver cantando novamente?
Nova mensagem de Sophia Machado_ Não vá me dizer que estava trabalhando até agora... Dizem que advogados não dormem, será que é verdade? Duas vezes por mês toco em um barzinho na Ondina, sábado estarei por lá, se quiser aparecer, sinta-se convidada. Será uma honra para mim.
Beatriz Queiroz_ Bem tentadora a sua proposta, estou precisando mesmo sair. Quanto a sua pergunta, alguns podem até não dormir, mas eu durmo sim, não estava trabalhando, fiquei assistindo uma série aqui e esqueci completamente do horário. Qual o horário que tocará no sábado?
Nova mensagem de Sophia Machado_ A partir das 20h, aparece lá, prometo que se vc for, minha atenção será exclusivamente sua!!!!!
Beatriz Queiroz_ Não sei se devo, rsrs. Agora é sério, vou tentar aparecer por lá, mas não prometo nada. Agora preciso ir, ou então te deixarei falando sozinha, meus olhos estão fechando já. Foi um prazer falar contigo, até mais, bjs.
Nova mensagem de Sophia Machado_ Tá bem, oportunidades não faltarão. Obrigada pela conversa, até mais, fica bem... bjs!
Assim que viu a mensagem da moça, fechou os olhos adormecendo de imediato. Acordou com uma leve dor de cabeça, as poucas horas de sono eram a causa daquele desconforto. Tinha marcado de tomar café da manhã com os pais e assim o fez. Passou o dia inquieta, detestava as crises de enxaqueca.
– Painho, vou embora! Minha cabeça tá latejando, não aguento ler mais nada hoje.
– Quer que eu te leve princesa? – beijou o rosto da filha.
– Não precisa, quero ver se consigo dar uma passada no shopping, preciso comprar algumas coisas para mim. Acho que será melhor ir logo, do que ir para casa me dopar e dormir o resto do dia.
– Vai sim filha, se ver que a dor está aumentando, vai para casa. Um passeio sempre ajuda, como sabe também não sou muito fã de remédios quando a enxaqueca ataca.
– Conheço bem a sua teimosa, – sorriu abraçando-o – mas deixa eu ir, – sacudiu o celular – meu taxi já está chegando. Te amo.
– Qualquer coisa liga, melhoras, te amo filhota.
No caminho para o shopping recebeu uma mensagem da amiga, que estava com a tarde livre e queria marcar alguma coisa. Combinaram de se encontrar na praça de alimentação e lá decidiriam o que fazer.
– Boa tarde, – beijou o rosto da amiga – Como vai?
– Não tão bem quanto você, mas vou indo.
– Sua cara não está mesmo das melhores! Problemas?
– Antes fosse, – sorriu lembrando da semana tumultuada que tinha tido no trabalho – brincadeira, tive problemas demais essa semana, mas já resolvi. Hoje é a praga da enxaqueca mesmo.
– Quer ir para casa, eu te levo. Imagino que esteja sem carro?!
Apertou os olhos, a claridade estava começando a incomoda-la.
– Não quero ir para casa, me dopar não estava nos meus planos.
– Brigando com a dor, sério isso? – gargalhou – Está mudando mesmo, hein. Em outros tempos já estaria em casa pedindo carinho a outra lá.
– Eu mudei sabia? – sorriu provocando a amiga. – Já que tocou no “assunto”, passei a noite em fuga ontem.
– Mentira! Conta essa história com todos os detalhes. – Beatriz entregou o celular a amiga sorrindo da alegria dela. Quando terminou de ler as mensagens, Marilia disse debochada: – Com quem você aprendeu a ser ruim assim? Nem respondeu a moça, que coisa feia. Isso não se faz Bia.
– Estou vendo a sua cara de tristeza por eu não ter respondido as mensagens dela.
– Sabe o que eu acho? – Bia balançou a cabeça ainda sorrindo. – Ela teve o que mereceu, palhaçada, estava com você e te esnobou, agora fica aí prometendo o céu só porquê quer voltar.
– Estou com os olhos bem abertos quanto a isso.
Marilia ficou encarando a amiga por alguns minutos até perguntar curiosa:
– Não sente mais nada por ela?
– Seria hipocrisia dizer que já a esqueci. Mas, não acho que devo entrar nessa de novo. Depois do que ela fez na casa do seu irmão, na frente da namorada ainda por cima, fiquei com o pé bem atrás. Ela pode ter feito coisas muito piores quando estava comigo.
A professora engoliu a seco, já deveria ter contado a amiga tudo o que sabia da ex, mas sempre teve medo de Bia não acreditar no que ela dizia e assim acabar estragando a amizade delas.
– Bom, seu pensamento faz sentido. Fico muito feliz que esteja se desintoxicando do veneno chamado Marcella. – Decidiu mudar o assunto, não tinha porque manter a jornalista como assunto – Estou com fome, vamos almoçar?
– Não queria, mas é melhor colocar alguma coisa no estomago, vou tomar uma aspirina, não aguento mais essas pontadas – apertou as têmporas.
Passaram a tarde entrando e saindo de lojas, resolveu deixar a dor de lado, não valia a pena perder o dia reclamando dela. Estavam entrando no carro quando lembrou da conversa da madrugada.
– O que vai fazer amanhã?
– Renato me convidou para sair, mas ainda não é certeza, ele tem um compromisso no interior e está com receio de não chegar a tempo.
– Ponto para mim. Posso pagar de vela amanhã?
– Desde quando você gosta dessas coisas – gargalhou da careta que a amiga fez.
– Vou abrir uma exceção amanhã. Quer dizer, vocês bem que podiam combinar de se encontrar no mesmo barzinho que Sophia vai tocar, assim eu consigo unir o útil ao agradável. E você não fica sem companhia se o seu digníssimo não aparecer!
– Ahh, então a questão é essa! – desviou a atenção do trânsito e encarou Beatriz: – Vou fazer esse esforço apenas porque gostei dela. Caso contrário, nem em sonho mudaria meus planos.
Continuaram trocando farpas pelo caminho. Já em casa, Beatriz tomou um banho relaxante e se jogou na cama, viu apenas uma mensagem de boa noite enviada por Sophia quando despertou no meio da madrugada, achou que tivesse apenas sonhado com a mensagem e voltou a dormir.
Fim do capítulo
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