Patrícia

No outro dia de manhã acordei sozinha na cama. Ao meu lado uma rosa e um bilhete. Ele dizia que a minha namorada me esperava na piscina para o café da manhã e, como eu estava dormindo “tão linda” não quisera me acordar. Fofa! Coloquei um biquíni, uma saída de praia, óculos escuros, uma rasteirinha e fui andando descansada até o café da manhã que era servido à beira da piscina.

Procurei a minha namorada pelo ambiente não a encontrei em lugar nenhum. A fome era tanta que fui me servir e achar uma mesa para a gente. Lorenza devia ter ido ao banheiro ou algum outro lugar. Logo estaria de volta.

 Estava completamente entretida pegando alguns bolos e pães, que estavam com uma cara ótima, quando ouvi uma gargalhada conhecida. Segui o som e eis que vejo do outro lado da piscina, de óculos escuros, sunga, parte de cima de um biquíni e BOTAS, a senhorita LORENZA ROMAGNA! E o pior, passando protetor solar nas costas de uma SIRIGAITA,

— Posso saber que porr* é essa, Lorenza? – Falei baixo, com os dentes trincados e me segurando para não encher aquela rapariga de tapas. A minha namorada me olhou espantada.

— Paty... Oi, coração... Lembra da Flavinha? – A fuzilei com os olhos. — Eita, claro que não... Flavinha veio estudar no Rio antes de você ir morar com a sua avó! Flavinha é irmã mais nova do Ramiro... – A moreninha bunduda que mais parecia aquelas formiguinhas tanajuras, me olhava dissimuladamente me cumprimentando com dois beijinhos. Falsa!

— Você é a famosa, Patrícia? Achei que você era diferente.  – A menina que deveria ter uns vinte anos no máximo me olhou com desdém. “Puta merd*! Isso não vai prestar!”

— Em carne, osso e gostosura... – Lorenza disse com um sorriso lindo me olhando de cima a baixo com admiração.

— Prazer. – disse com zero de empolgação.

— Lô disse que vocês vão voltar hoje? – O projeto de piranha colou o corpo na minha Lolô e levantou o pezinho! LEVANTOU o PEZINHO, como se fosse um filme romântico! — Ah, fiquem essa semana! Eu tô aqui com um grupo de amigos da faculdade... Fica Lô... Tô morrendo de saudade de você! – Ela se agarrou no pescoço da minha namorada como se eu não existisse. “Eu vou quebrar esses dois bracinhos dela se ela não tirar daí. Ah, se vou!”.

— Flavinha, né? – Puxei Lorenza para o meu lado tirando-a das garras da piriguete juvenil. — Não vai dar não... Pena né? É que eu e a Lolô já tínhamos planos para essa semana... E sabe – Me aproximei como se fosse contar um grande segredo. — Esses planos envolvem uma cama e algemas... Então não tem espaço para mais ninguém... Desculpa, lindinha! – Me distanciei um pouco. — Vem, Lorenza. – Sem olhar para trás andei até a mesa onde havia deixado o meu prato e comecei a comer como se não houvesse acontecido nada.

— Coração... Você não tá com ciúmes da menina, né? Eu a vi nascer! É como se fosse minha irmãzinha... – Larguei o garfo e segurei firme a sua mão. Lô me olhou espantada.

— Lorenza... A próxima vez que eu ver você sendo tão solícita com outra mulher... Passando protetor solar...

— Coração, não tem cabimento você achar... – Apertei a sua mão discretamente.

— A próxima vez... Sou capaz de fazer uma loucura na frente de todo mundo! Você vai ficar sem os seus dedinhos e a rapariga mirim sem os dentes, entendeu? – Lorenza começou a rir. — Não é para você rir!

— Paty, eu tô amando você com ciúmes! Nossa! Você tá toda cheia de si... “Ah, vou quebrar! Ah, vou arrebentar!” parece uma Barbie Manhã no MMA... Vem, coração... vamos pro quarto, vamos. Isso me encheu de tesão! – Ela começou a beijar meu pescoço.

— Eu tô falando sério, para. – Não queria, mas eu ri. Lolô segurou meu rosto e encheu de beijinhos me chamando de “Minha ciumentinha”. — Lô, sério. Não faz mais.

— Não vou fazer amor, mas a menina é uma criança...

— Lô, que idade você acha que AnaLu tem? Ela deve ser mais nova que essa garota! – Ela ficou pensativa. — E não se esqueça que a Luiza é madrinha dela...

— Eita diacho, é mesmo...

— Então, Lô... – Segurei seu pescoço e a puxei para meus lábios. — Você é minha. Não quero ninguém tirando lasquinha de você.

— Ô, coração... Você desse jeito tá me deixando louca... Vamos terminar o café no quarto, vamos...

— Ai, Deus! O que eu faço com você? Para quieta e toma seu café... E Lô, botas? – Comecei a rir.

— Coração, eu não tinha outra coisa pra colocar, eu esqueci as chinelas! Eram as botas ou o sapato social.

— Então, por que não ficou descalça!

— Porque o Sol tá quente e ia queimar meu pé nesse chão fresco cheio de pedrinha...

— Você tá parecendo aquele cara no Times Square de New York, sabe? Aquele que fica de sunga e botas?

— Claro, o Naked Cowboy... Eu até tenho uma foto com ele!

— Ai, jura? Essa eu não posso deixar de ver!!! – Enfim tomamos nosso café da manhã sobre o olhar atento da chiranha anã.

Nesses últimos meses, desde a minha ida ao neurologista, a minha vida havia melhorado muito. A cada dia eu me sentia mais segura com o meu corpo e no meu relacionamento com a Lorenza. Maurício não incomodou mais e o processo de divórcio logo acabaria e eu seria livre novamente.

A doutora panicat ainda rondava meu terreiro, enchendo o celular da Lô com mensagens! Até nude aquela ridícula já enviou! A minha vontade foi fazer um escândalo, mas Lô a bloqueou na hora! Vovó me aconselhou a não fazer nada impensado, porque senão a louca e grossa seria eu. Lorenza já estava bem avisada e tem ignorado a mulher que, segundo Júnior, estava cada vez mais louca com isso.

A abertura da clínica foi um sucesso! Realmente vovó tinha razão em dizer que eu teria uma clientela certa! Eu quase não tinha tempo para mais nada.

Ainda bem que Mônica estava me ajudando! Ela sim foi um achado! Até já falei com o seu Tônico para colocá-la em um curso técnico para que ela se especializasse, e quem sabe, fizesse faculdade de veterinária. Lô me deu o maior apoio quando tive essa ideia.

Nesses dias trabalhei tanto que estou pensando em procurar um veterinário para me auxiliar. O certo é que vou urgentemente procurar uma secretária porque a Mônica não dava mais conta de tudo sozinha, não!

Lô viajou novamente e, sempre que isso acontecia, eu morria de saudade. O sex* por vídeo não chegava nem perto ao que tínhamos quando estávamos juntas. Principalmente devido ao fato de que eu fiquei mais segura comigo mesmo. A cada dia eu me soltava mais... Eu queria mais... Eu experimentava mais.

Uma coisa não saia da minha cabeça e me dava um tesão louco... A lembrança da minha namorada completamente entregue a mim, as paredes do seu sex* apertando meu dedo... O seu gozo... Puta merd*, mano! Eu me peguei pensando nisso inúmeras vezes e fiquei excitada em todas! Além disso, para piorar a minha situação, a Jana me enviou fotos com as novidades e eu vi um p*nis duplo que eu nunca havia sequer imaginado existir. Fui pesquisar e nossa! Naquela noite eu sonhei que estava comendo Lô com aquilo... E sendo comida... Ai, PUTA MERDA... Fiquei excitada de novo!

Lorenza

Eu nasci para fazer essa pequena feliz, porque eu digo isso? Porque é quando eu a faço sorrir que eu me sinto mais realizada! Era quase impossível ficar longe dela. Eu contava as horas do dia para poder vê-la. Nesses meses o mais difícil foram as viagens. Nossa, passar o dia e saber que a noite a teria nos meus braços era uma coisa... Outra era trabalhar e apenas vê-la através da tela do computador. Chegava a doer a falta que ela me fazia. A falta que eu sentia de sentir o seu corpo junto ao meu, seu cheiro, seus seios fartos nas minhas mãos... Boca... Diacho!

Já fazia uma semana do casamento e eu tive que viajar às pressas para acompanhar os partos de um lote dos embriões mais caros que eu já vendi. Se eu pudesse mandaria outro em meu lugar, mas o valor era alto e eu não podia deixar de dar a devida assistência. Depois de quase 24 horas sem dormir eu só queria me atirar em uma cama, mas a saudade estava me matando.

Entrei na clínica louca para fazer uma surpresa para minha Oncinha, afinal ficamos quase quatro dias sem nos vermos, mas Mônica me informa que ela estava na aula de defesa pessoal. “Eita diacho, mas ela disse que ia começar só semana que vem para eu pode estar junto!”

Sai quase voando porta afora me dirigindo para a academia. Não iria deixar a minha Oncinha sozinha junto daquela bofinha predadora que ficava falando das mulheres que pegava para todo mundo! Entrei na academia indo direto até as salas de aula onde eram ministradas as artes marciais.

— Lô... – Natalia me empurra para dentro de uma sala vazia. — Tá fugindo de mim por que?

— Nat... Eu tô com pressa.

— Lô, você não me responde, me bloqueou... Poxa, achei que era minha amiga. – eu a empurro delicadamente.

— Natália você vai arrumar incomodação pra mim. Você é linda mulher! Tem tanto homem atrás de você....

— Se você me acha linda mesmo... – Ela me abraça e tenta me beijar, mas eu viro o rosto e ela acerta o lado da boca, não pegando os lábios. — Fica comigo, me faz goz*r gostoso... Lembra quando você me ch*pou aqui nessa sala mesmo?

— Natália, porr*! Não quero ser grossa, mas tá difícil! – Empurrei bruscamente e fui até a próxima sala a encontrando vazia. “Diacho! Já acabou!”.

Eu estava como louca olhando todos os ambientes procurando a Paty ou aquela professora metida a gostosa. Fui até o banheiro e paralisei com o que eu vi. A filha da puta da professora com as duas mãos nos Montes Everests apalpando enquanto a Paty sorri e diz para ela:

— Viu? Não é silicone nada, boba! – Ela olha para a porta abrindo um sorriso quando me vê. — Lôooo! Você chegou mais cedo!!! – ela se atira nos meus braços e eu a agarro olhando por cima dela com cara feia para a Roberta, que olhava para o chão.

— Oi.

— Lô, fala pra Beta que não é silicone! Mesmo ela pegando ainda não tá acreditando. Ainda não entendi a dúvida porque eles nem são perfeitos, menina! – A minha oncinha ingenuamente falava com a professora. Me virei para a professora e se olhar matasse ela estava mortinha ali. - Vou tomar uma ducha rapidinha e a gente vai, tá? – Paty pegou sua bolsa e começou a tirar a roupa sobre o olhar a atento da outra mulher.

— Coração, melhor tirar dentro do reservado. Aqui tem um vento frio e você tava resfriada, melhor prevenir.

— Ah, melhor né? – me deu um selinho nos lábios. – Tchau Beta, até semana que vem! Adorei a aula!

Assim que Paty traçou a porta do reservado, Roberta tentou passar por mim, mas me adiantei a imprensando na parede.

— Onde você pensa que vai? – Eu disse baixo, praticamente colando meu rosto no dela.

— Lorenza, não é nada disso que você está pensando, nós só estávamos conver...

— Cala essa sua boca, sua escrota! Só vou te avisar duas coisas. Ai de você se eu suspeitar que você falou algo da minha namorada pra alguém, eu te juro que eu arrebento essa sua cara lerda...

— Eu só estava conversando...

— Eu não terminei de falar... Ela é desligada e muitas vezes sem maldade, mas eu não! Se eu souber que você a tocou mais uma vez que não seja de uma forma estritamente profissional, dê adeus a esses seus dentes... Você entendeu? Nós estamos entendidas? – Encarei seus olhos sem piscar. Ela fez que sim com a cabeça e eu a soltei.

Ela pegou sua mochila no chão, e saiu praticamente voando do banheiro.

Me sentei no banco tentando conter a ira dentro de mim... Não tinha nem como eu brigar com Patrícia: sua auto estima baixa não a deixava perceber as cantadas e os olhares dos homens e, agora, dessa escrota. Essa filha da puta apertando os meus Montes Everests... Levantei-me, não estava cabendo em mim... Eu já ia esmurrar a parede quando ouvi minha pequena começar a cantarolar:

♫Meu amor
Eu vivo no aguardo
De ver você voltando, cruzando a porta
Pararara

Comecei a sorrir reconhecendo a música que ela me passou na noite seguinte em que eu viajei, após fazermos sex* virtual... E que desde então, eu como uma boba, colocava para repetir... E repetir...

Ei, diz pra mim o que eu quero escutar
Só você sabe adivinhar
Meus desejos secretos

Ei, faz de conta que não percebi
Que você não esteve aqui
Com teu jeito singelo

Eu fui literalmente atraída pelo canto da sereia... Comecei e tirar as minhas roupas com pressa, as deixando de qualquer jeito em cima do banco mesmo. Me aproximei da porta ainda ouvindo sua voz e o som da espuma caindo no chão.

Ai, amor
Será que tu divide a dor
Do teu peito cansado
Com alguém que não vai te sarar?

Meu amor
Eu vivo no aguardo
De ver você voltando, cruzando a porta

Pararara ♫

— Oncinha, abre aqui rapidinho... – Disse ao mesmo tempo em que batia na porta.

Ouvi o som do trinco e seus olhos arregalados ao se deparar comigo nua. Eu fiz uma mesura bem exagerada...

— Tá doida, Lolo? – Ela disse me puxando para dentro e trancando a porta. — Alguém podia ter entrado e te visto assi... – Não dei tempo dela terminar a frase, me encostei na parede a trazendo comigo, e a beijei com saudade!

Fim do capítulo