CapÃtulo 2 O encontro
Carmen
Dois dias depois da conversa reveladora com Joan, eu desembarquei em Gramado RS. Odiava viajar, odiava aviões, odiava outras culturas, odiava tudo que tirasse-me de minha rotina mas, como fora um pedido de Joan que além de meu patrão era o homem depois de meu falecido pai, que eu mais admirava e respeitava, atendi sem pensar duas vezes.
No entanto, lá estava eu feito um peixe fora d'água, tinha consciência que era uma mulher bonita apesar de não ter vaidade, 1,75m de altura, pele morena e olhos verdes claros, corpo definido devido ao trabalho braçal e normalmente usava um estilo legítimo de cowgirl. Porém, como não estava "em casa", vesti-me de forma mais discreta mas sem sair dos meus "padrões", e definitivamente estava me sentindo incomodada com os olhares sobre mim.
Hospedei-me em um hotel comum da cidade, ostentação definitivamente não era minha praia. Carregava comigo uma missão, além de uma pequena bagagem. Acordei algumas horas depois de chegar no hotel, estava exausta mas não podia perder tempo, tinha que encontrar alguém em uma cidade com milhares de habitantes em um estado desconhecido. Peguei um táxi na porta do hotel, dando a ele o endereço que Joan havia confirmado ser onde Júlia vivia, durante o trajeto prestei atenção na cidade, o pouco que havia visto já tinha me encantado, o estado tinha fama de ser um dos mais lindos do país, a cidade era a prova disso e as mulheres? Nem se fala, são magníficas, não sei se já mencionei mas, gosto de mulheres (rs).
Ao chegar no destino desejado, fiquei por longos minutos em frente a duplex azul, estava nervosa confesso, eu podia tocar a campainha e dar de cara com a filha de Joan, e assim cumprir minha missão, mas também podia ter uma grande decepção e acabar sem nenhuma pista do paradeiro da tal mulher.
Respirei fundo, e subi os degraus da escada ficando diante da parta, toquei a campainha e aguardei alguns instantes, até que uma senhora abriu a porta.
--Buenas! Estou procurando uma pessoa, uma mulher... Júlia, Júlia Carvalho, a Sra. conhece?
--Hum...quem quer saber?
--Uma antiga amiga, deram-me este endereço, ela mora aqui?
--Quem quer saber?
--Eu Sra. m chamo Carmen, a conhece?
Antes que a Sra. que me pareceu um tanto confusa responder, uma mulher que aparentava pouco menos de 50 anos apareceu.
--Mamãe, já disse pra Sra. não abrir a porta, deveria ter me chamado...
Enquanto ela me pareceu estar dando um sermão na mulher mais velha, prestei atenção em cada detalhe seu lembrando das palavras que ouvi de Joan antes de viajar. Cabelos loiros, olhos castanhos claro, pele alva, era ela, só podia ser ela.
--Ow me desculpe...posso ajudar?
--Sim, estou procurando uma mulher chamada Júlia, deram-me este endereço então...
--Porque a está procurando?
Revirei os olhos impaciente, pelo visto a desconfiança era um mal de família, a filha tinha o mesmo receio da mãe, eu estava exausta, irritada e começando a perder a paciência com aquelas duas.
--Sra. direi o motivo pelo qual a procuro somente a ela, se a Sra. a conhece útimo, se não a conhece passar bem.
Fiz menção de dar-lhe as costas mas ela impediu que eu o fizesse.
--Espere! Desculpe a indelicadeza mas, não é sempre que estrangeiros me procuram.
Realmente, apesar de falar português fluentemente, não conseguia esconder o sotaque chileno, pois papai fizera questão de me ensinar espanhol, e exigiu que assim falasse durante toda a vida, para que não perdesse as origens, e ela logo percebeu...espera, ela? Ela? Era ela? Júlia? Eu havia encontrado a mãe, conseqüentemente, a filha de Joan.
--A Sra. é Júlia Carvalho?
--Sim...
Dei um longo suspiro com a confirmação, eu cumpriria o último desejo de Joan.
--Sra. Carvalho, o assunto que tenho pra tratar contigo é longo, teria como me dar um pouco de sua atenção?
--Ahm...claro...entre.
Aceitei o convite e entrei na casa, sentando me logo em seguida com a senhora ao meu lado e Júlia na poltrona a minha frente.
--Pois bem, diga-me quem é, e a que veio?
--Claro. Me chamo Carmen Montero Garcez, venho de Bonito Mato Grosso do Sul, a pedido de Joan Sebastian Romero...
Vi os olhos castanhos me olharem incrédulos, sua boca abriu e fechou diversas vezes, resolvi prosseguir.
--Creio que a Sra. saiba de quem estou falando...então vou ser mais objetiva possível. O que me trás até aqui, é a filha que a Sra. teve com o Sr. Romero...
Júlia não teve tempo de tentar argumentar, fomos surpreendidas com a chegada repentina de uma jovem que era sua cópia, porém absurdamente mais linda. Cabelos loiros ondulados, pele levemente bronzeada, olhos castanhos que mais pareciam mel, e o sorriso absurdamente lindo, o qual me ofereceu ao se dar conta da minha presença.
--Olá.
Eu estava muda, não consegui responder ao cumprimento da moça, não só por ter certeza que havia encontrado a filha de Joan, mas porque eu simplesmente jamais havia visto mulher tão linda quanto ela.
* * * *
Elisandra
O dia havia sido uma droga, apesar de ser formada em uma das áreas que mais empregam no país, não havia conseguido nenhum emprego mesmo tendo passado o dia todo procurando. Fabrício meu namorado, estava cada dia mais chato com a história de casamento, não era hora de casar, havia acabado de me formar, queria conquistar minha independência, não me tornar dependente de um homem, sem falar que eu era muito jovem ainda pra me casar.
Depois que Fabrício saiu do escritório (de advocacia onde ele era sócio), nos encontramos para tomar um sorvete e conversar, foi aí que discutimos mais uma vez pelo mesmo motivo. Estava cansada de fugir das investidas dele, dos pedidos de noivado e etc. Mas dessa vez ele me pressionou e foi taxativo.
--Você não quer se casar é isso? Não quer ficar comigo?
O que eu iria responder? Gostava dele, não sei se o amava, na verdade não sabia o que era amor, nunca havia vivido um romance feito os de novela, mas não queria perdê-lo, sei lá o que eu queria.
--Fabi...já conversamos sobre isso.
--Não conversamos não, você foge toda vez que entro nesse assunto.
--Por favor Fabrício, não seja tolo...
--Tolo? Realmente é assim que me sinto, um tolo. Porque está claro que você não quer se casar comigo...
--… claro que quero, mas não agora...ainda é cedo...quero fazer diversas coisas antes disso...me entenda.
--Pelo visto tudo é mais importante do que eu né?
Fabrício não esperou a resposta para sua pergunta, levantou-se deixando-me sozinha na sorveteria.
--Fabrício?!
Chamei-o em vão, ele não parou, não se voltou a mim, simplesmente me ignorou. Sabia que havia ficado chateado, mas era difícil fazê-lo entender que eu tinha sonhos, ambições, e casar não estava entre esses desejos. … claro que gostaria de me casar, de construir família, mas acreditava que tudo tinha o seu tempo, e esse tempo ainda não havia chegado pra mim, aliás, nem sei se o homem certo havia chegado pra mim.
Voltei pra casa com a cabeça a mil, não estava sendo fácil encontrar um emprego na minha área, e já não podia continuar vivendo as custas de minha mãe, afinal ela tinha um marido, tinha minha avó (sua mãe), e minha irmã, claro que seu marido jamais se importara com essa situação, muito pelo contrário, ele era quase que um pai pra mim mas, eu não era sua filha, e me sentia mal com essa situação. Naquele momento pensava até em arrumar qualquer outro tipo de emprego, temporariamente é claro, para poder colaborar nas despesas de casa, com o tempo eu encontraria algo na minha área, era impossível que não encontrasse.
Cheguei em casa pouco antes das sete horas da noite, entrei distraidamente pela porta da sala, quando "dou de cara" com minha mãe sentada em uma poltrona, com cara de quem havia visto um fantasma, minha avó estava sentada ao lado de uma mulher jovem que eu não conhecia. Nesse instante, prestei atenção na visita que ali estava, ela tinha a pela morena, cor do pecado sabem?! Cabelos negros longos e lisos, e quando encarei seus olhos fiquei instantaneamente constrangida com a intensidade daquele olhar, eram verdes, claros, extremamente marcantes. Ela me olhou dos pés a cabeça me deixando totalmente sem jeito, a cumprimentei não só por educação, mas pra tentar fugir daquela situação embaraçosa.
--Olá!
A mulher inicialmente não respondeu, ficou por longos instantes ainda em silêncio, me encarando com aqueles olhos. Até que de repente como quem acorda de "um transe", ela se levantou demonstrando não só educação para comigo, mas também um corpo definido, lindo, e me cumprimentou cordialmente, "COM UM SOTAQUE ESPANHOL INACREDITAVELMENTE SEXY". Mas que porcaria de pensamentos são esses? Deve ser a abstinência (rs).
--Buenas!
--Boa noite... não sabia que tinha visitas...mãe.
Cumprimentei-a e logo pus minha mãe na conversa, para fugir daquele embaraço que eu mesma havia me metido, ela sorriu de uma forma estranha quando falei com minha mãe, que estava mais estranha que qualquer um ali, definitivamente, eu estava mais perdida que minha avó naquela conversa.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 14/03/2019
Eita revelação.
Resposta do autor: Olá. Obrigada por acompanhar. Beijo
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zilla
Em: 13/03/2019
Essa história é maravilhosa já tinha lido ela antes!
Agora vc vai terminar ela né?????
Qnd será os dias de postagens???
E The punisher qnd será postado ???
Resposta do autor: Olá. Vou terminar sim. Postagem diária de A fazenda, pois já está completa. The Punisher de dois em dois dias, exceto essa semana que voltarei a postar somente na sexta. Obrigada pelo carinho. Beijo
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