-- Haidê, a polícia foi antes ou depois do seu acidente?

-- Antes. – estava saindo do banho.

-- Vem aqui, senta comigo. – pediu com carinho. Ela sentou e recebeu um beijo – Agora me fala o motivo de terem matado sua família.

-- Entrei na academia por influência de Ulisses, como lhe falei. – sorriu com a lembrança. – Eu o imitava em tudo. Assim como eu, era da Polícia Internacional. Trabalhávamos na mesma equipe... – disse com nostalgia. - Agentes O’Brien e Aqueu.

-- Acho seu nome lindo. – revelou com um sorriso bobo.

-- Diz à lenda que as mulheres da família O´Brien receberam o dom da profecia e da luta. Algumas poderiam prever o futuro, enquanto outras seriam guerreiras, um dos favores de Moira oferecido ao clã dos O´Brien, algo haver com Finn Mac Cumhaill.

-- O Robin Hood irlandês?

-- Sim. Nós ouvíamos falar em suas grandes aventuras, e apesar de Ulisses ser um legítimo grego, não se deixava influenciar pelas lendas. No começo foi duro, mas Ulisses me ajudou, ele era mais velho e meu exemplo. Nesta ocasião conheci Roberto, ele era muito amigo do meu irmão, nos envolvemos e acabei grávida. – Os olhos verdes se arregalaram em surpresa, mas Haidê não a deixou interromper. – Eu tive nosso filho, ele era lindo, parecia-se muito comigo, quando vi aquele ser tão pequeno, completamente dependente de mim... – as lágrimas rolaram pelo seu rosto. – Desisti da polícia, resolvi me dedicar só a ele. – Deu de ombros e baixou a cabeça, fixando o olhar sobre a cama. - Eu era formada em direito, iria espera-lo crescer um pouco mais, e montaria meu escritório de advocacia, mas, ao contrário do que planejei, fiquei muito tempo na fazenda, ajudando papai... – limpou o rosto e voltou a encarar os olhos verdes. - Enfim, virei uma fazendeira. – forçou um sorriso – Muitas habilidades profissionais.

-- Sente falta da vida na fazenda? – ela pensou um pouco.

-- Não. – puxou a cabeça loira para um beijo. – Estou feliz como estou e com quem estou. Fazenda foi uma época feliz. – abraçaram-se.

**********************************

A festa acontecia em uma casa, à beira mar. A lua estava cheia, o que deixou tudo mais bonito, em um clima romântico. Havia um caminho feito com tochas acesas e espalhadas, dentro e fora da casa que levava próximo às águas do mar. Como era uma festa a fantasia, várias cores vibrantes espalhadas tornavam o ambiente mais alegre. Lívia chegou de mãos dadas com Haidê, o que chamou atenção de muitos convidados, apesar da fantasia da morena cobrir o rosto, a altura e o corpo que contrastava com a roupa justa, anunciava a bela mulher por trás da máscara.

-- Droga Lívia! Você vem de rainha egípcia loira e eu de cavalheiro do zodíaco. – resmungou ao perceber todos os olhares se voltarem para elas. – Não poderíamos ter vindo de Curupira e Cuca? – Lívia a olhou séria.

-- Não quero nem imaginar quem seria o Curupira ou lhe transformo na mula sem cabeça. – a morena sorriu – Eu sou Atena, uma deusa grega, enquanto você está de Zorro e não cavalheiro do zodíaco.

-- E por que eu tenho que vir vestida e você seminua?

-- Simples: todas já me conhecem, não sou novidade, enquanto você é a “carne nova” do pedaço. – Haidê a fitou com os olhos semicerrados.

-- Coisa machista!

-- Não é pior do que o termo: “venha que vou lhe usar”. – Forçou um sorriso de deboche para morena.

-- Oh Lívia! – fingiu decepção - Pensei que você gostasse daquela tapinha no seu bumbum e a frase mágica. – retribuiu o sorriso da loira com uma expressão cínica. Quando Lívia fez menção em respondê-la, Rachel se aproximou chamando-as.

-- Salva desta vez. – disse entre os dentes. Seguiram de mãos dadas.

-- Lívia, você está ótima de Atena. – abraçaram-se – E você deve ser Haidê.

-- Pensei que conseguiria me disfarçar de Zorro. – falou com sarcasmo e as duas amigas se entreolharam.

-- Não liga Rachel. Ela está assim, louca para tirar meu manto sagrado do Olimpo. – sorriu e viu quando a morena lhe fez uma careta.

-- Eu sou Rachel... – estendeu a mão para morena que recebeu, sendo mais simpática – E esta... – olhou em direção a outra morena que se aproximava. – É a minha esposa Keila.

-- Muito prazer.

-- Meninas, ela é minha noiva e logo será minha esposa. – respondeu feliz. As amigas gritaram juntas e se abraçaram. Haidê levou um susto com os gritinhos de felicidades. Quando pararam com as comemorações entre si, olharam para a advogada que as encarou e por último gritou, sem os pulos. Lívia puxou seu braço, fazendo-a ficar quieta. – Consegue se comportar um pouco? – falou baixinho.

-- Pensei que fosse um ritual. – respondeu no mesmo tom e forçou o sorriso em direção ao casal de amigas.

– Meninas, estamos muito felizes por vocês. – Rachel declarou, enquanto Keila analisava a advogada.

-- Nós que estamos felizes, por comemorar mais um ano de união das duas. – olhou para noiva esperando que ela falasse algo.

-- Oh sim, muito feliz. – completou.

-- Nosso presente é uma linda noite de amor para vocês comemorarem sozinhas. – piscou.

-- Lívia, nosso presente é vê-la com alguém... – olhou para Haidê. – Que parece normal e séria. – Keila disse quebrando o silêncio.

-- Obrigada, amiga. – abraçaram-se.

-- Ei, vejam Atena aqui. – uma menina de cabelos com mechas vermelhas gritou.

-- Artémis... – abraçaram-se – Onde está Afrodite?

-- Judy... – gritou para uma loira que veio em sua direção, sorridente.

-- Ei, Rachel nos falou da sua namorada...

“Lá vamos nós de novo... Um, dois, três...” – Haidê se dizia mentalmente, alertando sobre o momento certo dos gritinhos e pulos. Lívia percebeu sua expressão de cinismo e resolveu conter as amigas. Depois das devidas apresentações, elas permaneceram conversando por algum tempo, até que colocaram um estilo de música oriental e o grupo de deusas e deuses do Olimpo se juntaram ao meio do palco improvisado.

-- Do que se trata? Uma irmandade em honra a Safo? – perguntou a Keila que permanecia a seu lado.

-- Quando nos conhecemos, estávamos no pré-carnaval. Eles eram da mesma turma, uns estudando biologia e outros cursando apenas algumas disciplinas. Estavam todos fantasiados de deuses, dançavam sobre um carro intitulado Monte Olimpo. Rachel me olhou lá de cima, e nos apaixonamos. Esta festa a fantasia foi para ela relembrar à primeira vez que nos vimos. – Haidê achou a história boba e brega, mas riu se perguntando por que o amor tornava as pessoas bobas e bregas? Lembrou do quase beijo que Lívia lhe deu na cozinha da casa da sua mãe, na mesma noite em que se conheceram, depois se sentiu idiota, por chegar a fechar os olhos e aguardar o beijo que não veio. Keila a fitou de forma avaliadora – Parece idiota, mas foi assim.

-- O que no amor não parece idiota?  Amar é sinônimo de piegas. – respondeu-lhe sem tirar os olhos da loirinha.

-- Ei, gostei da sua resposta. – a advogada voltou-se para sua interlocutora e sorriu.

-- Lívia me ensinou isso.

-- Como se conheceram?

-- Eu era noiva do meio irmão dela.

-- Do meio irmão? – passou a mão pelo rosto. – Santa confusão! Você era noiva de Jacques. – afirmou ainda atordoada. Haidê sorriu com o jeito da morena.

-- Esta é a reação de todos, exceto de Franciele e a de Jacques.

-- Jacques sempre infernizou a vida de Lívia. E você era noiva dele... Que baita tapa com luva de pelica! – Haidê olhou para uma mulher que estava se aproximando.

-- Aquela ali é Elisângela?

-- Você a conhece?

-- Ela era casada com uma grande amiga minha.

-- Silvana?

-- Sim.

-- Ainda bem que se conhecem e são grandes amigas, eu não sabia que Rachel havia convidado, acabei...

-- Chamando Silvana. – concluiu bebendo um pouco de vinho.

-- Exato!

-- E ela está por aí?

-- Ainda não chegou. – Viram a bióloga se aproximar com uma mulher vestida de hippie.

-- Keila, minha querida, parabéns! – disse antes de perceber a presença da morena.

-- Obrigada. – abraçou a mulher que carregava uma barriga de pouco mais de seis meses. – Como sua barriga cresceu...

-- Estou quase com sete meses. – sorriu – Onde está Rachel?

-- Dançando... – apontou para o grupo.

-- Linda como sempre. – viu a loirinha dançando - Olha Lívia... – observou – Fazia tempo que não a via. – voltou a olhar a amiga. – Por isso Milena me pediu para vir junto.

-- Você a trouxe? – Keila perguntou e Haidê ouviu, interrompeu a conversa entre as duas.

-- Milena... Ela está aqui? – Haidê tirou a máscara.

-- Haidê? O que faz aqui? E essa máscara e chapéu?

-- Milena está aqui?

-- Ali... – apontou – A mulher gato ao lado de Lívia.

-- Droga! – saiu em direção à namorada e a abraçou por trás. Lívia sentiu a tensão da morena e virou, encarando-a.

-- Algum problema? – os olhos verdes fitaram os azuis.

-- A mulher gato...

-- O que tem ela? – perguntou olhando de lado e achando-a parecida com alguém.

-- É Milena. – Lívia a olhou melhor e se virou para noiva, puxando-a para um beijo apaixonado.

-- Uau! Aquela é mesmo Haidê Aqueu? – Elisângela perguntou surpresa.

-- Não sei o sobrenome, mas ela é amiga de Silvana, pelo que me falou.

-- Não sabia que ela era lésbica.

-- Era noiva do irmão de Lívia, até se conhecerem.

-- Ah, então é alguma vingança da loirinha. – Constatou.

-- Não é não. Elas estão noivas.

-- O que? – ficou observando as duas e não notou sua ex se aproximando acompanhada de Rachel.

-- Oi gente! – Silvana cumprimentou um pouco acanhada.

-- Silvana! – abraçaram-se. A juíza falou com todas e por último com sua ex, avaliando sua barriga.

-- Oi Gê. – disse timidamente.

-- Olá. – estava um pouco deslocada.

-- Sua barriga está grande.

-- Quase sete meses. – forçou o sorriso e foram interrompidas pela atual mulher da bióloga.

-- Amor, eu vou dançar com Milena, você não se incomoda?

-- Não. – fingiu naturalidade, mas a mulher de longos cabelos crespos e com mechas de várias cores olhou para a juíza, avaliando-a. – Zélia, essa é Silvana.

-- Silvana? Acho que lhe conheço de algum lugar, mas não me lembro de onde... Acho que de algumas fotos de Eli?

-- Querida, acho que Milena está lhe esperando. – tentou encerrar a conversa, a juíza segurou o sorriso ao ouvir que sua ex ainda tinha suas fotos. – Ela é esquecida.

-- Claro. – concordou. – E deve ser adepta de algumas ervas perigosas, também.

-- O que está insinuando?

-- Nada. - sorriu – Como estão as coisas?

Rachel chamou a esposa de lado e falou baixinho.

-- Quem convidou Milena? Não gostamos dela.

-- Amor, Elisângela quem a trouxe.

-- Bem provável de Lívia ir embora, ela não estão se falando.

-- Agora ela sabe que estão noivas e...

-- Não é para ninguém saber que irão se casar.

-- Ué, por que?

-- Lívia pediu, vamos respeitar.

-- Mas já falei para Elisângela.

-- A festa toda vai ficar sabendo, meu Deus!

 

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-- A festa acabou de perder a graça – afirmou emburrada.

-- Por que? Não dê audiência para ela, isso que pretende.

-- Por causa dela... – apontou com a cabeça em direção a mulher. - Nós brigamos diversas vezes e não quero que isso volte a acontecer.

-- Lívia, nós brigamos por causa da sua audiência nela. Esqueça que existe e vamos dançar. – voltaram a se beijar – Mas antes, eu quero lhe fazer um pedido.

-- Sim.

-- Posso tirar essa máscara? Estou suando com toda essa roupa, máscara e chapéu. – a loirinha riu, depois tirou a máscara e baixou o chapéu da morena.

-- Pode levantar o punho da camisa se quiser. – Haidê a puxou para um beijo e começaram a dançar de forma sensual, chamando atenção das outras pessoas da festa.

-- Sua amiga pegou a mais cobiçada da turma. – Elisângela constatou, enquanto olhava as duas mulheres dançarem.

-- Elas estão apaixonadas. Haidê me contou que pretende se casar com ela.

-- Formam um belo casal, resta saber se conseguirão manter a relação. Lívia sempre foi pegadora e instável.

-- Talvez seja por isso o ciúme desmedido que sente por Haidê. Acredito que serão felizes.

-- Lívia com ciúmes? – sorriu – Agora acredito em milagres.

 

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-- Haidê...

-- Hum...

-- Aquela com Keila e Rachel é sua amiga? Aquela assanhada que deu em cima de você? – perguntou olhando em direção as três mulheres.

-- É Silvana, a juíza que estudou comigo. Ela era casada com uma amiga sua. – disse após olhar de lado.

-- Qual amiga? – levantou a cabeça olhando-a nos olhos.

-- A grávida.

-- Elisângela? – permaneceu olhando-a nos olhos – Ela era da minha turma. – observou a mulher. – Ela está linda grávida.

-- Mulheres grávidas ficam lindas. – constatou.

-- Haidê... Você já pensou na minha proposta de ter um filho nosso? – a morena parou avaliando-a.

-- Poderemos adotar.

-- Sim, mas também quero ter um filho nosso. O que eu mais quero, além de tê-la comigo é carregar um pedacinho seu dentro de mim.  – Haidê parou de dançar, fitando-a nos olhos.

-- Eu te amo Lívia, você é meu mundo. – A loirinha sorriu e lhe beijou.

-- Isso é um sim? – a morena voltou a beijá-la.

-- Eu me curvo a todos os seus desejos. – respondeu sorrindo. A felicidade das duas não fugiu dos olhos atentos de Milena.

 

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Enquanto Haidê conversava com Silvana, Lívia colocava os assuntos em dia com Elisângela, Rachel e Keila.

-- Nós adotamos dois irmãos, não iríamos separar as crianças. Para mim foi a melhor coisa que fizemos em nossas vidas como casal.

-- Não só como casal, Keila. A maternidade me deixou mais responsável, viva, com vontade de ser cada vez melhor como mãe, esposa, profissional...  – Rachel admitiu com um brilho especial nos olhos.

-- E onde eles estão agora?

-- Na casa dos avós, os pais de Rachel.

-- Ela fala assim, mas sente a maior saudade. Tenho certeza que vai reclamar sentindo falta deles quando a festa acabar.

-- Ah Rachel, como se você conseguisse ficar longe.

-- Eu queria muito ser mãe. – Elisângela revelou com pesar depois de olhar para Silvana que estava do outro lado da sala, conversando com Haidê.

-- E Silvana não quis. – Lívia deduziu após acompanhar o olhar da amiga.

-- Eu torço para Haidê ser diferente, não pensar tanto na vida profissional e esquecer a pessoal. – forçou um sorriso – Afinal, ela já foi mãe. – Elisângela compartilhou seu pensamento.

-- Já foi? Não é mais? – Keila perguntou com uma preocupação real.

-- O filho dela morreu em um acidente de carro. – Elisângela respondeu olhando para Lívia.

-- O filho, o irmão mais novo e os pais. – Lívia completou se sentindo desconfortável.

-- Nossa! Loira, você tem que ser compreensiva e cuidar dela.

-- Eu sou... Consciente de alguns erros que não cometerei... – viu Milena se aproximar e falou em um tom mais baixo - Novamente.

-- Lívia será que podemos conversar?

-- Não quero falar com você.

-- Gente, ela está se tornando um bichinho de estimação daquela morena. – disse a todas as amigas da loirinha que conversavam em uma animada roda, até sua chegada. – Só faz o que ela permite.

-- Não é bem assim... – Lívia foi interrompida pela amiga.

-- Olha, eu não lhe conheço bem, mas sou amiga de Lívia e nunca a vi tão feliz como agora. – Rachel interrompeu, para cortar as investidas de Milena. – Por isso, e pelo fato de não querer falar com você, eu lhe peço que não insista. – antes que Milena respondesse, Haidê se aproximou.

-- Licença meninas, algum problema?

-- Não amor. – olhou para as amigas – Eu acho que já podemos ir embora. – Haidê a abraçou e beijou sua cabeça.

-- Sim minha “deusa”. – sorriu – Boa noite para quem fica. – Despediu-se enquanto entrelaçava a mão com a de Lívia. Quando estava saindo, voltou-se para Milena, observando-a.

-- Eu não tenho medo de você.

-- E por que deveria ter? – a olhou nos olhos e arqueou a sobrancelha - Eu não estou lhe ameaçando e sim comunicando para se afastar de Lívia.

-- Ou? – Haidê deu de ombros.

-- Vai preferir não ter nascido. – respondeu baixinho. Sorriu e saiu de mãos dadas com Lívia.

 

******************************

-- Jacques, eu preciso conversar com você.

-- Milena? O que você deseja minha querida? – perguntou com malícia.

-- Podemos marcar um almoço ou jantar?

-- Não estou na cidade, mas poderemos marcar para próxima semana.

-- Tudo isso? É um pouco urgente.

-- Isso tudo é saudade das nossas brincadeiras?

-- Jacques isso é sério... É sobre Lívia.

-- O que tem ela?

-- Melhor conversarmos pessoalmente.

-- Na próxima semana estarei aí. – despediram-se e desligaram. Jacques se sentou em uma poltrona, refletiu sobre o telefonema. Estava perdido nos seus pensamentos, quando um moreno alto, com forte sotaque, aproximou-se, chamando-lhe a atenção.

-- O que aconteceu?

-- Milena, a ex de Lívia, quer conversar sobre ela.

-- Não adiantou o assunto? – Jacques balançou a cabeça em negativo. – Espero que seja algo que nos favoreça.

-- Acho que a vida delas está muito tranquila.

-- Depois de terem eliminado três dos nossos homens e colocado mais quatro fora de circulação?

-- Haidê é muito boa. – Jacques constatou de forma pensativa – Por isso ela tem de ser minha.

-- Bem, não está funcionando com ela, então vamos focar os esforços em Lívia. Eliminando os galhos, fica mais fácil acabar com a raiz.

-- Melhor isso ficar entre nós dois, a chefe não pode saber disso.

-- Não sei o que ela viu em você. – sorriu. - Como dizem vocês brasileiros: mamãe passou mel em você

 

****************************************

 

Haidê desceu do carro e puxou a loirinha para um beijo apaixonado.

-- A noite está tão linda, não quer passear um pouco na praia? – Lívia sorriu de lado e olhou para seu corpo.

-- Morena, estou de deusa... E se aparecer alguém? – sorriu.

-- Não tem problema. – voltou a beijá-la. – Só estamos subindo a hierarquia de anjo a deusa. – sorriu e pegou em sua mão. – Felizardo daquele que ver essa deusa, terá seu milagre concedido. – beijaram-se. – Seis dias para nosso casamento. – Haidê comentou casualmente.

-- Está contando os dias? – segurou o sorriso. – Não sei... Acho que já é domingo, então são cinco.

-- Ainda? – Lívia se soltou e correu.

-- Ah loirinha, você acabou de comprar uma briga. – correu em sua direção, pegando-a em seguida e enchendo-a de beijos.

-- Morena... – chamou ofegante.

-- Hum...

-- Eu quero...

-- Eu também. – enfiou as mãos por baixo da saia da loira, puxando sua calcinha para o lado. – Eu preciso sentir seu gosto. – disse com urgência. – Gostosa...

-- Preciso sentir você, minha morena. – sussurrou entrelaçando os braços pelo pescoço da mulher maior. Haidê voltou a lhe beijar e mudou de posição, enquanto introduzia o dedo no sex* encharcado da loira.

-- Amo quando você fica assim... – sussurrou olhando-a nos olhos. Lívia puxou sua camisa, abrindo-a em seguida, iniciou com leves movimentos circulares pela pele da morena, provocando arrepios. – Loirinha... – falou com malícia.

-- Quero você dentro de mim. – Haidê massageou o sex* encharcado, quando sentiu as unhas da loira lhe arranhando, gem*u e introduziu mais dois dedos, estocando-a. – Ah... Isso... Não para... Aha...

-- Gostosa... – abriu mais as pernas da surfista e se colocou entre elas. – Eu quero sentir seu gosto. – introduziu a língua, ch*pando-a e estocando-a.

-- Aahahahahaaaa... Isso... Ahaaa.... – o corpo menor tremeu por baixo do seu. Os dedos da morena ainda estavam dentro de Lívia, ao retira-los, sentiu os espasmos da loirinha que parecia em transe. Haidê beijou cada lado da região interna de suas coxas, subiu sobre o corpo menor, deixando um rastro molhado.

-- Amo você.

-- Estou temporariamente sem forças e sem condições de falar... – confessou quase sem voz. A advogada lhe fez cócegas, levando-a a rir. Quando parou, Lívia inverteu as posições. – Agora eu lhe deixarei da mesma forma. - Haidê sorriu e olhou em direção ao mar.

-- Vamos entrar na água? – Lívia a olhou.

-- Está falando sério? – deixou um sorriso malicioso aparecer.

-- Nunca fiz algo assim... É tão público, transgressor... Excitante! – Lívia percebeu um brilho diferente nos olhos azuis, isso a excitou mais. Ela se levantou e deu a mão para a morena que aceitou com um sorriso.

-- Vamos?

-- Primeiro quero eliminar esse excesso de roupa. – abriu sua camisa, retirando-a em seguida, fez o mesmo com a calça, deixando-a só com a calcinha e sutiã. Lívia lhe olhou sem piscar, parecia ansiosa – Eu disse que cavalheiro do zodíaco era muita roupa. – a surfista fez menção de falar algo, mas foi interrompida. – Não fale nada sobre couro. – ela apenas a puxou e se beijaram. – Vamos? A água parece ótima!

 

************************************

-- O que vocês aprontaram agora? – Lívia estava com o lenço preto do Zorro e a imensa camisa da morena. Haidê estava com a calça preta e sua calcina saindo pelo bolso, cobria os seios com a capa do cavalheiro negro.

-- Resolvemos nos refrescar um pouco... – Lívia respondeu segurando o sorriso. A velha senhora olhou em direção a Haidê, ela deu de ombros e soltou a roupa de deusa, que a loirinha usava.

-- E eu pensei que você tivesse juízo. – disse para Haidê.

-- Com todo respeito dona Dirce, juízo é o que me falta quando essa loira está por perto. – respondeu séria e Lívia lhe abraçou.

-- Ela é tão linda! – a senhora as olhou e jogou as mãos para cima.

-- Eu desisto Senhor! – saiu em direção ao interior da casa – E vocês tomem logo um banho, ou acabarão com um forte resfriado. – as duas se olharam e Lívia a puxou para o quarto.

-- Segunda parte? – perguntou empolgada. Haidê balançou as sobrancelhas.

***************************************

 

Lívia havia acabado de chegar da prova do vestido, estava procurando a noiva quando Bá surgiu.

-- Está na varanda, lendo.

-- Como sabe que estou procurando por ela? – perguntou sorrindo.

-- E você faz outra coisa na vida? – revirou os olhos e passou a mão pelo rosto da loirinha.

-- Faço sim, mas isso é segredo. – Bá lhe lançou um olhar recriminador.

-- Sem comentários. Onde você estava que demorou?

-- Fui provar meu vestido. – Confessou baixinho e beliscou as bochechas de Bá.

-- Vai casar com um vestido de noiva? – estava surpresa.

-- Bá, não pensou que casaria com a aquela deusa usando uma roupa de mergulho ou surf.

-- Não minha filha... – corrigiu-se. – Imaginei que seria mais simples e ela que vestiria.

-- Bá, Haidê já casou e passou por todas essas “vontades” que os pais e algumas noivas nutrem de tudo completo. Ela nunca gostou disso, vou respeitar, mas quero ter direito a experimentar na minha vez. Apesar da festa ser apenas uma pequena recepção, estou casando com a mulher da minha vida e vai ser algo para sempre. – Bá se emocionou e puxou a loirinha para um abraço.

-- Quando você amadureceu assim?

-- No momento que Haidê aceitou ser minha companheira pelo resto de nossas vidas. – sorriu fazendo umas ruguinhas no nariz.

-- Vá até lá, ela está lendo na varanda.

Haidê estava sentada com as pernas esticadas, cabelo solto contra o vento e óculos.  Lívia se aproximou e ela abriu um sorriso, beijaram-se rapidamente, a surfista pegou o copo de suco sobre a mesa e sentou-se ao seu lado.

-- Bichinho selvagem, você já comprou sua roupa?

-- Para?

-- Estou “zen”, com todos os chakras alinhados, então farei de conta que não escutei a pergunta. – respondeu após respirar fundo  soltar o ar com calma. Haidê segurou a vontade de rir.

-- Não pode ser algo que já tenho? – queria provoca-la.

-- Casar com roupa usada? Está louca Haidê?

-- E precisa ser nova? Algo tão simples... – retirou os óculos e explicou – Olha que coisa mais desnecessária: em menos de meia hora a juíza nos fará duas perguntas, basta marcar a alternativa “sim” e está resolvido. – Lívia estreitou os olhos verdes perigosamente, avaliando-a.

-- Está querendo me enganar para que eu fale qual será minha roupa.

-- Eu? – arqueou a sobrancelha.

-- Sim. Você está fazendo isso para descobrir como estarei vestida.

-- Suponhamos que esteja certa...

-- EU SABIA! – gritou, interrompendo-a.

-- Suponhamos... – voltou a repetir. – Qual a roupa que usará?

-- Não se fala para noiva qual roupa você “usará”. – fez aspas com os dedos e estirou a língua.

-- Não sei o motivo disso. – disse com enfado.

-- Por causa do azar.

-- Não se pode acreditar em crendice. Não há evidências científicas sobre isso. – usou o mesmo tom de enfado.

-- Existe vó Lena, representante real do clã O´Brien. – Haidê deu uma gargalhada.

-- Isso não são evidências, são lascas de loucuras.

-- Não me engane doutora... – a olhou nos olhos - É a mesma coisa. – Afirmou sorrindo.

-- Não é não... – cantou.

-- É sim.

-- Então darei uma dica do que vestirei e se acertar, você fará o mesmo. – a loira aceitou o desafio.

-- Vestido branco?

-- Passou perto...

-- Perto? – aproximou-se da morena, deixou seus rostos próximos.

-- Bem perto... – fez um gesto com os dedos e apertou a ponta do nariz da loira. - Mas não acertou. – depois fez um bico com os lábios, levantou-se e saiu em direção à piscina. Lívia ficou de boca aberta, apreciando o andar cadenciado e a forma como a morena se espreguiçou.

-- Ai meu Deus, essa mulher ainda vai me matar! – bufou. – E o pior é que eu vou amar morrer naqueles braços. – correu em direção à noiva, abraçando-a por trás. Haidê sentiu os braços envolvendo-a e se virou, ficando de frente.

-- Não importa a roupa, o local, festa ou convidados... – beijou seus lábios. – Para mim, o importante é a presença da juíza e a sua. – abraçou forte e a olhou nos olhos. - Eu amo você Lívia, juro que lhe farei a mulher mais feliz do mundo. – fitaram-se por alguns segundos em silêncio, foram interrompidas por Fernando.

-- Boa tarde! – disse após limpar a garganta. As duas mulheres se afastaram e olharam em direção ao homem.

-- Nando? Que milagre é esse? – Lívia perguntou indo em sua direção, abraçando-o depois.

-- Precisava falar com você. – respondeu e sorriu para Haidê – Eu fui o melhor amigo do pai dela, depois do tio, além de ser o padrinho... – ele resolveu brincar. - E se está pensando em casamento, deve me falar sobre suas intenções e pedir a mão dela. – Haidê arqueou uma das sobrancelhas e cruzou os braços.

-- As piores possíveis...

-- Encher essa casa de filhos, ensinar a todos como incomodar Bá é uma delas... – Lívia completou de forma divertida. Ouviram os latidos do cachorro

-- Claro que não esquecemos de você, Radar. – Haidê fez um carinho na orelha do cachorro. Lívia a olhava com completa devoção. Fernando olhou de uma para outra e sorriu feliz.

-- Muito bom ver a sintonia de vocês.

-- Muito bom ter essa morena na minha vida, esqueço até os problemas.

-- Por falar em problemas, como será essa recepção que Lis não soube falar? – Haidê sentou e explicou ao homem o que estava acontecendo, sem entrar em muitos detalhes para não deixar preocupado.

-- Agora preciso falar sobre outro assunto importante. – olhou para loirinha. - Lívia, não é nada bom o que vou falar.

-- Fala logo. – pediu impaciente.

Fim do capítulo