CapÃtulo 14 - Por onde andei?
Carolina ligou para Roberta e contou sobre a aparição da antiga colega das duas, a advogada ficou irritada com essa perseguição e disse a mesma coisa sobre a ordem de restrição para Carolina, mas concordou que não tinha nada concreto ainda para fazer esse pedido naquele momento.
-- Carol, eu vou ficar com você hoje. Deixa só eu ver se minha avó está bem, ela hoje passou mal de tarde e mamãe está com ela.
-- Beta, não precisa, eu estou bem agora, fica aí com sua vó, ela pode precisar de você, dá um beijo nela que eu estou mandando. – Sorriu –
-- Tem certeza? Vou mandar Carlos voltar pra casa então, não quero que você fique sozinha aí.
-- Não se preocupe, eu já falei com os porteiros daqui e ninguém sobe sem ser anunciado, só liberei a entrada de Ângela, Carlos e você. – Bebia um copo de água – Aproveita e namora bastante, eu vou ficar bem.
-- Carol, eu vou te perguntar de novo, tem certeza?
-- Sim, podem ficar tranquilos. – Revirou os olhos --
-- Carlos tá dizendo que ele vai dormir aí, então se cuida até ele chegar.
-- Cara, qual parte vocês não entenderam que eu estou segura aqui? Pode relaxar e curtir seu namorado, por favor?
-- Tudo bem, qualquer coisa liga pra gente. Amo você, amiga! Beijo.
-- Também amo vocês. Beijo. Divirtam-se.
Depois de desligar o celular, mandou uma mensagem carinhosa para Ângela e se jogou no sofá, por mais que quisesse passar para os outros que estava bem, Carolina estava apreensiva com essa atenção repentina que estava recebendo de Lucia, queria apenas viver em paz, fazendo o seu trabalho e namorando com sua mulher. Estava feliz e de repente se viu dentro daquele turbilhão de sentimentos confusos novamente.
Não tinha a menor dúvida sobre os sentimentos que nutria por Ângela, ao contrário, a cada dia, sabia que elas foram feitas uma pra outra. E isso fazia tudo ficar muito mais tenso, não queria que nada acontecesse com sua amada.
Sentou no sofá e deixou a cabeça cair sobre o encosto, esgotada, o dia não poderia ter sido tão desgastante, não pelo trabalho, mas pelo medo que se instalou e martelou em sua mente cada minuto em que ficou sozinha no consultório, e ali naquele momento também.
Seu celular tocou e ela sorriu ao ler a mensagem de Ângela reclamando da saudade e do plantão interminável que ela tinha acabado de começar. Riu da ansiedade da namorada e respondeu sua pergunta, ela queria saber se ela estava bem. Apesar de não estar, disse que sim, mas percebeu que não foi convincente. Despediu-se de sua namorada e levantou, caminhou até a janela e debruçou olhando a rua, um vento batia de leve, o outono já avançava, as temperaturas já estavam começando a amenizar.
Ficou ali observando o movimento dos carros pela avenida, as pessoas andando pelas calçadas, pareciam tão distantes, assim como sua paz agora parecia novamente distante de si. Respirou fundo e voltou a caminhar dentro da sala pequena, parecia que iria sufocar dentro daquele apartamento. Foi na geladeira pensando em beber um suco, mas viu algumas latas de cerveja que Carlos havia comprado para beber, em um impulso inusitado, pensou em experimentar uma latinha daquelas, a fim de relaxar, afinal, todo mundo diz que beber uma cerveja relaxa e afasta o estresse. Pegou uma latinha e abriu, hesitou um pouco, mas já que tinha dado o primeiro passo, resolveu ir em frente. Afinal, que mal poderia fazer uma lata de cerveja?
-- Vamos lá menina! – Disse para si mesma – Já que estamos mudando, por que não uma mudança completa? – Deu de ombros –
Carolina virou a lata de cerveja e bebeu aquele líquido meio amargo, fez uma careta depois de engolir o primeiro gole generoso que derramou em sua boca.
-- porr*! Como isso é ruim! Não sei como eles conseguem beber com tanto gosto! – Fechou um dos olhos e colocou a língua pra fora –
Seria cômico se não fosse estressante, estar naquela posição não estava agradando a médica, e só porque queria se permitir experimentar novas sensações terminou com muito custo aquela lata de cerveja. Como não está acostumada a beber, ficou realmente relaxada depois que ingeriu aquela latinha.
Ao caminhar pela sala, lembrou-se da carta que Samantha havia deixado para ela, foi até o aparador e pegou aquele envelope que estava ali esquecido por algumas semanas. Olhou aquele pedaço de papel escrito com uma caligrafia desenhada e suspirou. Existia pesar em seu coração por saber que Samantha desperdiçou sua vida por causa de dinheiro e poder.
Carolina caminhou até o sofá e criou coragem para abrir aquele pedaço de papel e ler o que Samantha tinha de tão importante para lhe dizer. Com cuidado, em meio a uma ansiedade quase gritante, ela soltou a ponta do papel e com as mãos trêmulas rasgou a lateral, retirou uma folha dobrada e a abriu.
Sentiu a emoção lhe atingir novamente, a caligrafia desenhada de Samantha estava ali, em todo o espaço do papel, estava tão magoada que quase desistiu de ler, Samantha era sim inteligente, sua letra era linda, desenhada, como nunca tinha visto antes, uma mulher linda, mas que se perdeu em mundo que ela nunca conseguiu acessar, sempre ficou de fora esperando receber uma migalha que sobrasse daquela excitação que era a vida dupla que a modelo levava.
Encheu o peito de coragem e pegou o papel nas mãos novamente. Pôs-se a ler:
“Carol,
Eu tentei falar com você pessoalmente, mas descobri que estou proibida de ir te visitar, com certeza estou proibida no seu apartamento também, depois de tudo que eu fiz, não te recrimino, se fosse o contrário eu faria a mesma coisa, talvez até pior.
Mas eu preciso te pedir pela milésima vez que você me perdoe. Peço perdão pelas minhas atitudes, pelo meu egoísmo, pelo meu egocentrismo, peço perdão pelas mentiras, pelas traições, pela minha ausência. “
A essa altura, Carolina deixava algumas lágrimas escaparem, lembrava dos momentos que passou com a modelo, o tempo em que namoravam, as conversas cheias de significados, mas ao mesmo tempo, vinham as lembranças das noites ausentes, os dias de sumiço sem explicação, os vícios, as más companhias, as brigas e as decepções. Enfim, Samantha entendia suas falhas, não com Carolina apenas, mas com si própria. Continuou a leitura.
“Carol, eu assumo meus erros, não apenas com você mas comigo também, permiti que meus impulsos fossem mais fortes que minha razão, rejeitei toda ajuda que você me ofereceu, e eu sei que você foi a única que realmente se preocupava comigo, o amor que senti por você, não posso dizer isso no passado, pois ainda te amo, de um jeito diferente talvez, mas ainda te amo, esse amor é o que me mantém de pé, é nele que eu consigo me encontrar. E eu perdi todas as chances que eu tive com você, e eu sei que não foram poucas.
A minha inconsequência superou minha integridade e hoje sou apenas uma sombra atrás de uma realização que nunca virá. Você tinha razão, você sempre teve razão em tudo, precisamos ter a nossa própria vida e não podemos projetar nossas realizações em outras pessoas, isso não é viver, é parasitar a vida de alguém, eu fiz isso com meu pai, fiz isso com você e agora faço isso com Lucia. Mas me enveredei em um mundo que eu não consigo mais voltar, e isso significa perder você mais uma vez, e dessa vez, quase te perdi para sempre, e meu coração não aguentaria conviver com a dor de ser responsável por aquele acidente, por ser responsável por sua morte.”
Carolina já chorava mais intensamente, pausou a leitura e reviveu aquela noite, sempre revivia aquela discussão, e se perguntava por que não tinha percebido nada, por que foi tão cega. Por que permitiu que Samantha causasse tantas dores, mas tinha certeza que agora tudo aquilo era passado, pelo menos para ela. Retornou a ler, estava terminando.
“Agora eu me despeço com a esperança de que algum dia você possa me perdoar pelo mal que eu te causei, por todo o sofrimento que eu te fiz passar, e desejo com todo o meu coração e meu amor que você seja feliz. Eu sempre irei te amar, mesmo do meu jeito torto, você desperta o que há de melhor em mim, e hoje eu não lutaria contra isso.
Adeus
Por Onde Andei
Nando Reis
https://www.youtube.com/watch?v=D01_oeTJ5ZI
Desculpe estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei errado
E eu entendo
As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias
Até pra uma criança
Por onde andei
Enquanto você me procurava?
E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava?
Amor, eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama
Por onde andei
Enquanto você me procurava?
E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava?
Amor, eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama
Por onde andei
Enquanto você me procurava?
E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava?”
Ao final da carta, Samantha escreveu a letra da música do Nando Reis, mostrando que percebeu o quanto desmereceu tudo que Carolina fez por ela, e hoje ela sabe que não existe mais esperança nem de retomarem uma amizade, muito menos um relacionamento, mas sentia a necessidade de ser perdoada pelas mágoas que deixou pelo caminho.
Carolina foi até o som, e colocou o pen drive, buscou a música que queria ouvir e deixou a voz marcante do Nando Reis invadir a sala, escutava aquelas palavras recebendo aquela mensagem, em seu íntimo, tinha certeza que não voltaria para Samantha, mas com toda a mágoa, ela perdoava, não a ponto de voltar a ter contato com a modelo, apenas para deixar leve o seu coração.
Não ia procurar Samantha para conversar, não depois do que Lucia fez naquela manhã, ia deixar que o destino se encarregasse de reuni-las novamente, ele sempre fazia isso.
Fim do capítulo
Oi meninas.
Desculpem a falta na quarta, mas eu estava viajando, voltando à realidade, triste por deixar meu amor, minha parceira de vida, minha noiva, a mulher que me faz feliz, para voltar para casa, aí eu acabei ficando sem internet por dois dias, viajar de carro de Salvador ao Rio não é mole não. Mas estou de volta. Prometo recompensar.
Capítulo novo, fresquinho, pequeno, mas com muito significado, Carolina finalmente abre a carta de Samantha, todas sabiam que ela iria pedir perdão, novamente, mas a novidade é que ela assume os erros e os reconhece, será que nossa modelo está mudando?
Espero que vocês curtam o capítulo e aproveitem o fim de semana, talvez eu tenha um extra pra segunda.
Obrigada pelo carinho, Mille, NovaAqui, Lis, Kemely, viinha, patty_321, Milanay, Pollyan e crisley.
Beijos
Cris Lane
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Pollyan
Em: 11/03/2019
Cris, fico feliz que tenhas achado o seu amor e a viagem é cansativa, mas sempre válida, né? Rsrs Tudo de lindo pra vocês!
Quanto a estória, super entendo o lado da Carol em ter medo da desequilibrada da Lúcia, ela prova seu desequilíbrio quando acha que o dinheiro vai comprar o amor da Samantha amor, carinho, afeto é tanto mais que isso... Enfim, acho que a Carol tem um coração lindo, que a Ângela tem muita sorte e que a Samantha perdeu a dela. Espero de verdade que ela possa se reerguer, até pq gente feliz não incomoda e acho que Carol precisa mesmo é de paz, mas não só pela Carol é também pq ela precisa tomar tento e perceber que a vida é muito mais que festa, drogas e sabe lá mais oq ela entende como vida... Espero ver essa evolução dela.
Obrigada pelo capítulo. Arrasou!
Resposta do autor:
Oi Pollyan
Lucia sempre teve inveja da Carol com Samantha e agora explodiu em atitudes que evidenciam isso. Carol está com medo, pois ela é rica e pode prejudica-la se quiser.
Mas o apoio de Ângela está dando forças para ela seguir, esse amor a salvou e está trazendo paz para a vida dela.
Acho que a Sam está passando por essa evolução, tardia, mas sempre bem vinda, uma hora ela irá entender seus erros e tentar ser uma pessoa melhor.
Obrigada pelo carinho.
Beijos
Cris Lane
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viinha
Em: 10/03/2019
Um passado qe deveria ser esqecido mais nda e como qeremps,espero qe Lucia suma rsrs adorando *.*
Resposta do autor:
Oi viinha
Mas para ser esqucido, ele precisa ser superado, e Carol está fazendo isso.
Lucia tem que sumir, mais um voto para isso, rsrs.
Obrigada pelo carinho.
Beijos
Cris Lane
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NovaAqui
Em: 09/03/2019
Os pedidos de perdão de Samantha têm sido sempre mais do mesmo, ou seja, da boca para fora, porém eu acredito que dessa vez seja verdadeiro. A ficha dela caiu tarde demais. Agora é seguir a vida junto de Lúcia ou sumir no mundo.
Continuo achando que as duas vão se matar.
Não sei não, mas acho que teremos mais alguma bomba de Lúcia. Ela está disposta a se vingar de Carol. Essa Lúcia é recalcada, invejosa e burra. Carol e Ângela que fiquem espertas com ela.
Abraços fraternos procês aí!
PS: apaguei o comentário repostei pois estava com um erro de Português
Resposta do autor:
Oi NovaAqui
Esse é o padrão dela, Sam sempre funcionou dessa maneira, mas talvez agora pode ter percebido como ela perdeu tempo e vida com esses vícios.
Guarda essa aposta aí, eu já escrevi o desfecho das duas, então, vamos ver quem vai acertar.
De Lucia pode esperar tudo, não é, vai ter drama? Espere e verá.
Obrigada pelo carinho.
Beijos
Cris Lane
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Mille
Em: 09/03/2019
Ola Cris
Carol provando cerveja foi hilario, para quem não gosta realmente é ruim.
A carta da Sem foi emocionante, talvez ela tenha chance mais para isso a nossa querida autora teria que cortar a Lucia, tipo um acidente. Kkkk
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oi Mille
Jogue a primeira pedra quem nunca torceu o nariz para o primeiro gole de cerveja?
Comigo não teria mais chance não, rsrs. Acho que Sam está aprendendo, mas demorou muito pra cair a ficha.
O povo quer ver mesmo a caveira de Lucia, rsrs.
Obrigada pelo carinho.
Beijos
Cris Lane
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