Coincidências por Rafa e
CapÃtulo 21
-- Não.
-- Quando então?
-- Lívia eu...
-- Quando vai viajar Haidê? – a olhou, só então a morena percebeu os olhos verdes nublados.
-- Querida, eu disse a ele que não podia e...
-- Até quando vamos viver assim? Ontem estávamos em um momento gostoso e olha como acabou... – passou a mão pelo cabelo loiro, amarrando-o em um rab* de cavalo. – Não temos vida própria, estamos sempre com medo, olhando para os lados, temendo que algum carro esteja nos seguindo... Seu irmão nos monitora a cada segundo, nunca estamos sozinhas, ele sempre está nos vigiando de alguma forma... – andou pelo quarto e declarou cansada - Enchi Haidê.
-- Como encheu? – perguntou temendo a resposta.
-- Isso tudo... Eu amo você, mas não estou disposta a lhe perder.
-- Perder como? Lívia está desistindo da gente? – aproximou-se a olhando nos olhos.
-- Desistir de você é desistir de mim. – forçou um sorriso – Mas não quero vê-la se matar, perseguindo uma vingança... – voltou-se para morena – Eu não quero isso... – acariciou o rosto da advogada – Quero amá-la livremente, sem medos e amarras. Eu não sou de cristal, Haidê. Posso ficar ao seu lado.
-- Está me deixando sem opção. – afirmou encarando-a.
-- Estou lhe dando a opção de vivermos e nos amarmos... Tocarmos nossas vidas sem medo. – passou o dedo pelos lábios da advogada – Eu sei que o motivo de não estarmos juntas, casadas é pelo seu medo... Haidê, você morre de medo que lhe aconteça alguma coisa e eu fique sozinha, sofra...
-- Lívia... – não conseguia falar nada, estava com a voz embargada.
-- Eu não quero lhe perder, não quero deixar de viver isso que nós temos de tão bom... – estava emocionada – Eu quero fazer parte da sua vida, por favor, desista ou... – pediu olhando-a com os olhos cheios d´água.
-- Ou?
-- Deixe-me lutar ao seu lado. Somos mais fortes juntas.
-- Eu... – também estava emocionada – Lívia, não posso imaginar isso... Eu não suportaria lhe perder. – pegou a mão da loirinha. - Entenda meu anjo, eu devo isso a Ulisses, ele segurou tudo ao redor quando eu precisei e...
-- Mas esse preço é alto.
-- Por favor, sem minha ajuda, ele pode se perder... É meu irmão.
-- Então me deixe participar, não me afaste.
-- Não... – a abraçou forte e se afastou para encara-la. – Eu não me perdoaria se lhe acontecesse algo. – Lívia abaixou a cabeça, escondendo as lágrimas que corriam, pegou sua bolsa e saiu sem olhar para trás. Haidê sentiu as lagrimas rolarem pelo seu rosto. – Vou me arrepender disso. – falou para si mesma e foi atrás da loirinha.
-- Lívia... – chamou. – Tudo bem. – a surfista a olhou.
-- Sem segredos?
-- Sem segredos. – ela foi até a morena e a olhou dentro dos olhos.
-- Aceita que fique ao seu lado?
-- Sempre. – respondeu e sentiu a mão da loira limpando seu rosto.
-- Vamos para o quarto.
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Haidê acordou com telefone tocando insistentemente, ela pegou sem olhar, não queria que Lívia acordasse.
“Quem quer morrer tão cedo?” – pensou em falar. – Alô.
-- Eu quero propor um acordo. – Haidê olhou para Lívia dormindo ao seu lado e se levantou para não a acordar.
-- Jacques, eu não sei se sabe, mas não faço acordo com bandidos.
-- Haidê, você não tem escolha. – sorriu. – Não sabe o que posso fazer?
-- Claro que sei, esta semana mandei alguns dos seus homens para cadeia. – imaginou a expressão do ex.
-- Eu vou acabar com ela se estiver duvidando.
-- Qual proposta?
-- Nossa mãe está passando dificuldades, quero ajuda-la e como a filha ingrata dela não liga...
-- Quanto?
-- Ah, gostou da proposta, não é? Pensei em uma boa mesada e você.
-- Eu? – deu uma gargalhada. – Sem possibilidades.
-- Está disposta a pagar para ver?
-- Estou disposta a me livrar de vocês.
-- Veja bem minha querida, eu não abro mão de você nem morto. – afirmou com sarcasmo.
-- Quando estiver morto não diga que não avisei.
-- Então melhor preparar a missa dela. – desligou o telefone. Haidê colocou o celular sobre a mesinha e viu o mar pela janela.
-- O que você avisou a ele? – Haidê se assustou e virou em direção a loirinha.
-- Está acordada? – Lívia se sentou e apontou para o lado da cama.
-- Vem aqui bichinho selvagem. – Haidê subiu pelo corpo menor enchendo-a de beijos. – Não enrola, você disse que seriamos uma só. – a advogada deslizou e sentou na cama.
-- Era seu amado irmão.
-- O que aquele verme queria?
-- Um acordo. – Lívia a olhou surpresa. – Ele me queria e em troca lhe deixaria em paz. – jogou a cabeça de um lado a outro. – Além disso, pediu uma mesada para sua mãe.
-- Mais? Eles acham que sou a casa da moeda? – a olhou séria. – O dinheiro eu posso passar, mas você: nem pensar.
-- Não vai passar nada. Não tem negociação para você, somos uma da outra e sem mais conversa.
-- Assim que se fala. – a beijou. – E nada de Jacques perto de você.
-- Vamos nos levantar.
-- Já? Pensei em brincar mais um pouco. – perguntou se insinuando.
-- Eu não gostei do tom seguro de Jacques.
-- E vamos fazer o que?
-- Eu vou lhe deixar em um local seguro, depois vou me encontrar com Ulisses.
-- Nem pensar e sem discussões Haidê Aqueu. O que combinamos ontem?
-- Eu tenho medo de lhe perder.
-- Eu também tenho. – a olhou com censura. - Por isso ficaremos juntas, e se alguém se perder, que sejam as duas juntas. – Haidê revirou os olhos e depois concordou.
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As duas desceram sorrindo de mãos dadas, exalavam felicidade, o que foi imediatamente percebido por Helena e Yan.
-- Tia, a senhora “tá” feliz. – constatou e olhou para loirinha – Tia Lívia também.
-- Acho que temos novidades Yan. – Helena constatou após perceber o anel da sogra na mão de Lívia.
-- Que novidades tia? – Haidê percebeu o olhar da avó.
-- Meu querido... – abaixou-se até a altura da criança – Eu vou me casar.
-- Jura? – sorriu – Com tia Lívia?
-- Com ela mesma. – Olharam para surfista, ela transmitia felicidade.
-- Obaaaa! – pulou em direção à loirinha para abraça-la.
-- Estou muito feliz por vocês, meninas. – Helena puxou as duas para um abraço.
-- Obrigada vó.
-- O anel das mulheres de nossa família ficou lindo na mão de Lívia. – A loirinha olhou e sorriu.
-- E como sou a única filha que restou... – constatou com pesar.
-- Estou duplamente feliz: pelo pedido da morena e por ter o anel de família.
-- E eu por ter aceitado. Pensei que esse pedido nunca sairia. – Helena brincou.
-- Vovó!
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-- Oi maninha.
-- Seu barbeador quebrou? – ele estava com a barba por fazer e uma aparência de cansado. Ele olhou para Haidê e logo depois Lívia apareceu.
-- Ela?
-- Agora somos uma dupla. – Lívia comunicou se abraçando a morena.
-- Por que não me surpreendo? – revirou os olhos.
-- Qual a novidade? – Haidê perguntou e Ulisses olhou de uma para outra.
-- Certeza que são mesmo uma dupla?
-- Ulisses, você me pediu para vir a São Paulo porque queria me falar algo de importante, então fale. – ele olhou para Lívia que deu um meio sorriso e um sinal com a cabeça.
-- Olha loirinha, isso pode lhe irritar. – as duas se olharam. – Investigamos seu amigo advogado.
-- Augusto? Mas por quê?
-- Sim. – ele ignorou e continuou, achou melhor sua irmã explicar. - Esse cara era irmão da tal Jeanine.
-- Sim, eles eram irmãos por parte de pai, mas isso vocês poderiam ter me perguntado.
-- Ele não é de confiança Lívia. – Haidê a interrompeu.
-- Como assim?
-- Fui visita-lo e quando estava de saída, Jacques ligou para ele.
-- Por isso fui atrás de informações. – Ulisses completou. Lívia pensou um pouco.
-- Haidê, depois quero saber sobre esta visita. – a morena fez uma expressão de blasé e seu irmão sorriu de lado. Lívia olhou para Ulisses. – Descobriu mais alguma coisa?
-- Foi realizado alguns depósitos com regularidade na conta de Augusto. – assobiou. – Uma quantia muito boa. - antes que Haidê falasse Lívia prosseguiu.
-- Uma boa quantia em sua conta e contato com Jacques... – disse pensativa. – Gente, Augusto não falava com ele desde a morte de Jeanine... – estava nervosa. – Jacques me culpou porque estava enchendo com a questão de namoro e ela não aguentou a pressão e se matou...
-- Por que ela pressionando por namoro não me surpreende? – as duas olharam e Ulisses se rendeu. Lívia continuou.
-- Outra teoria era de que Jacques a havia violentado e ela se matou. Esta teoria foi descartada pelos investigadores, mas todos concordaram que foi suicídio, exceto...
-- Você e Augusto. – Haidê concluiu.
-- Sim. Milena também evitava Jacques, mas uns dois anos atrás eles tiveram um caso. – sorriu com pesar. – Isso eu descobri nas minhas investigações.
-- Ou rede de fofoca. – Ulisses concluiu e as duas olharam para ele.
-- Agora nós temos uma grande questão: como uma pessoa que culpa outra pela morte da sua irmã mantém contato com ele? – Haidê questionou.
-- Esses depósitos mensais? – Lívia perguntou.
-- Dinheiro vivo e em caixa eletrônico. – olhou para irmã. – Haidê, esse cara está envolvido em coisa grande.
-- Poderíamos faze-lo falar e...
-- Não Lívia. – Haidê a interrompeu. – Não posso me arriscar em colocar você sozinha com esse cara.
-- Haidê...
-- Nem pensar. – encerrou e Ulisses interrompeu antes que brigassem.
-- Lívia, quando essa garota morreu?
-- Jeanine? – expressou um sorriso, estava nervosa. – Eu tinha quatorze anos e ela quinze.
-- Como Jacques se envolveu com ela? Ele é bem mais velho.
-- O pai dela fazia gosto, ele é um Di Monti. – respondeu com pesar e Haidê percebeu.
-- Ulisses, estamos cansadas da viagem e ainda fomos acordadas por Jacques.
-- O que ele queria?
-- Um acordo.
-- Acordo?
-- Dinheiro de Lívia e que eu ficasse com ele.
-- Vai sonhando. Depois termino o relatório, estou quebrado. – espreguiçou-se. – Eu vou dormir mais um pouco, ainda está cedo. – bocejou. – Haidê, você conhece a casa melhor que eu, qualquer coisa só chamar. – saiu deixando-as sozinha.
-- Conhece melhor que ele?
-- Eu morei aqui, esse apartamento era do nosso pai. – foi até Lívia e a abraçou. – Está tudo bem?
-- Dentro do possível. – retribuiu o abraço. – Amo tanto você. – Haidê beijou o topo da cabeça loira.
-- Eu também lhe amo. – se beijaram. – Vamos guardar as coisas, depois quero lhe levar em um lugar.
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-- Que lugar é esse?
-- Onde aprendi artes marciais. – sorriu. – Agora vou lhe apresentar, meu mestre. Pensei que seria uma boa aprender mais algumas coisas do que bater com bandeja e salto.
-- Haidê, não me provoque. – ela se curvou um pouco e disse baixinho.
-- Eu adoro provocar você. – Lívia a olhou surpresa.
-- Comporte-se!
-- O´Brien... – um senhor se aproximou com as mãos para trás. A morena ficou séria e juntou as mãos. Lívia conheceu mais um lado da mulher que amava e se sentiu feliz, ela estava compartilhando todos os momentos e, os segredos, aos poucos estavam acabando.
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-- Dormiu? – Ulisses se espreguiçou.
-- Foi uma noite e tanto. – olhou pelos lados. – Cadê sua guarda-costas loira?
-- Foi tomar banho. – serviu-se de suco. – A levei para conhecer o mestre.
-- Uau! O lance então é sério. – pegou o copo de suco da mão de Haidê antes que ela bebesse.
-- Educado.
-- Educado que protege a irmã e a loirinha irritante dela. – deu uma gargalhada. – Interrogamos Cicatriz e só com a lembrança de deixa-lo perto de Lívia, ele abriu o bico.
-- Ainda bem que prefere ficar longe, ou faria mais cicatrizes naquele corpo asqueroso. – sentou-se a mesa e Ulisses roubou algumas batatinhas fritas.
-- Sabe aquele telefone?
-- Alguma novidade?
-- Todas. Ele ligou de volta para Jacques, o negócio ali é pesado. – foram interrompidos por Lívia.
-- Que negócio?
-- Tráfico de drogas. – Ulisses concluiu e bebeu mais um pouco do suco.
-- Como assim?
-- Haidê, ela não sabe o que é tráfico de drogas?
-- Querida, eu suspeitava disso, mas agora que confirmou...
-- Esse sujeito é só a ponta de um esquema que se funde ao que aconteceu com nossa família.
-- Eu nunca suspeitei de Jacques, não para esse tipo de coisa. Ele tem aquela mania de ser saudável... Drogas? – Lívia completou.
-- Amor, ele não consome. É tráfico, para ele são negócios.
-- Ele chefia isso?
-- Ele não é o cabeça.
-- Temos algum nome? – foi a vez de Haidê perguntar.
-- Rosário Provence.
-- Rosário Provence? – Lívia perguntou surpresa e Haidê se aproximou.
-- Amor, você a conhece?
-- Ela é a avó de Augusto e já morreu. – os irmãos trocaram olhares.
-- Lívia, por favor, fale tudo o que se lembra.
-- Não tem o que falar. Ela era a avó de Augusto e Jeanine, morreu poucos meses antes de Jeanine. Elas eram muito apegadas.
-- Ela era brasileira? – Ulisses perguntou.
-- Não. Ela era uruguaia, assim como o pai.
-- Lívia, fala dessa família. – Haidê pediu.
-- Estão desconfiando dela? Gente, ela morreu quando eu era uma adolescente. – revelou sorrindo.
-- Não estamos suspeitando dela, mas de alguém que está usando o nome dela.
-- Tem mais um uruguaio, Javier. Ele quem comanda essa parte do transporte entre vários países.
-- Javier Provence? Ele é o irmão mais velho deles.
-- Tudo bem... – Haidê disse pensativa. – Nós temos dois nomes que são irmãos, uma pessoa com falsa identidade que não sabemos se é mulher ou homem e Jacques.
-- É mulher. – Haidê o olhou. – Todos relatam que é uma chefe, além de interceptarmos uma mensagem de voz feminina. – terminou de comer a batatinha. - Ela falava em inglês. Toda a conversa era em inglês.
-- Inglês?
-- Imagino que tinha outra pessoa ouvindo. – Haidê olhava com curiosidade para o irmão que pegou um envelope lhe entregou. – Interceptamos várias ligações, mensagens de texto e voz, além de fotos.
-- Esse é o Johnny. – disse surpresa após abrir o envelope. – Esse ao lado é Lavário?
-- O próprio.
-- E quem são eles? – Lívia perguntou com curiosidade.
-- Johnny é um dos agentes da Interpol que trabalha conosco. – Ulisses explicou.
-- Um traidor?
-- Sim. Lavário vende armamento pesado para grupos guerrilheiros, está na lista da Interpol e CIA.
-- E um traidor americano que se envolve com um procurado pela CIA... – Haidê constatou pensativa. – John já sabe disso?
-- Deve chegar amanhã com mais dois agentes.
-- Seatle e Houston?
-- Cidades? – Lívia perguntou sem entender.
-- Apelidos e coisas do tipo.
-- Então maninhas... – olhou de uma para outra e Lívia sorriu com a declaração. – O bicho vai pegar, oficialmente e declarado.
-- Quando irão prender o Johnny?
-- Primeiro vamos conversar com John, mas, provavelmente vamos oferecer mais corda para ele se enforcar. Agora vamos almoçar? Estou com fome. – ele se sentou e Lívia olhou para a namorada.
-- Sou maninha? – antes de Haidê responder Ulisses interrompeu.
-- Fazer o que? Pescou minha irmã, agora vai ter que levar o pacote família completo.
-- E aquele negócio de loirinha irritante? – ele deu de ombros.
-- Haidê também é muito irritante... – olhou a irmã abraçada a loira. – E esquisita, gosta de enfi*r a boca...
-- Ulisses! – o olhou de forma ameaçadora e ele ergueu as mãos.
-- Almoçar? – chamou as duas que se sentaram a mesa.
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-- Oi amor...
-- Loirinha, você já almoçou?
-- Estava esperando um convite especial.
-- Posso saber de quem? – fez uma voz alterada e Lívia sorriu.
-- Da mulher mais linda que já vi: a minha.
-- Ah bom. – sorriu feliz. – Passo aí em quinze minutos.
-- Amor, não posso demorar muito, tenho uma reunião daqui a pouco.
-- Não tem problema, eu levo a comida.
-- Cuidado.
-- Prometo não chutar nenhum traseiro. – Lívia riu e voltou a analisar as fotos que seriam incluídas no material de marketing da empresa.
-- Lívia... – a loirinha olhou para cima e viu Elisabete.
-- Oi Lis.
-- Augusto está aí. – ela a olhou preocupada. – Deixo entrar? – Lívia ponderou um pouco.
-- Haidê está chegando.
-- Como Fernando diria: “danou-se!”.
-- Lis, deixa a porta da sala de reunião entreaberta para ela ouvir a conversa e pede para esperar.
-- E se estiver armado? Ele é perigoso... Haidê não vai esperar, será difícil segura-la.
-- Diga que eu pedi... – suspirou – Ela atende a tudo que peço e ele não terá coragem de me fazer alguma coisa aqui. – Lis saiu.
-- Lívia, eu posso entrar? – ela levantou a cabeça e encarou o advogado, acenou para que ele entrasse. O rapaz olhou algumas fotos que ela analisava. – Lindas modelos.
-- Elas são lindas mesmo. – concordou sem tirar os olhos das fotos.
-- Antes você estaria mais “animada”, avaliando-as. – apontou para uma das fotos em que a modelo estava apenas de biquíni. – Parece nem gostar mais de mulher. – sorriu e se arrependeu ao perceber o olhar frio que lhe foi lançado.
-- Eu não deixei de gostar, apenas transferi todo o meu sentimento para uma só mulher. – ajeitou-se na cadeira. – Augusto, nada do que vivi faz a menor diferença, parece que minha vida começou a partir do momento em que encontrei Haidê. – fez uma pausa analisando o advogado e foi irônica. – Você como meu amigo deveria se sentir feliz, por mim.
-- Feliz? Lívia parece que nossa amizade acabou... – aproximou-se da loirinha e se abaixou, ficando da mesma altura – Eu sempre estive ao seu lado, nunca fizemos nada separados, agora existe um abismo imenso.
-- Abismo?
-- Isso... – apontou para amiga – Você não liga mais para nós dois. Até Milena você jogou para escanteio.
-- Mas vocês que são festeiros demais, eu não tenho ritmo para isso. – segurou a raiva.
-- Não seja cínica. – bateu na mesa. – Eu e Milena que ficamos ao seu lado quando Jeanine morreu. Apoiamos, saímos, ficamos até tarde...
-- Espera aí... – o olhou irritada. – Eu viajei com meu pai, sai da cidade e quando voltei você empurrou Milena para cima de mim... Augusto, eu era a namorada da sua irmã. – passou a mão pelo rosto. - Isso não foi justo.
-- Eu sei, mas pensei que Milena faria você melhorar. Ela gostava de você.
-- Sabe que ficamos e não deu certo, ficou no passado. Eu não sinto mais nada por ela, então não adianta falar que foi Haidê quem tirou ela da jogada.
-- Nós três nos divertíamos. – justificou.
-- Diversão? Augusto, você mesmo insistia para que eu saísse e encontrasse alguém legal.
-- Não ela. – gritou, ele não sabia que Haidê estava ouvindo toda a conversa.
-- Juro que se ela não tivesse pedido, entraria aí agora e arrancava...
-- Haidê. – a repreendeu.
-- Entendi. – fez sinal com a mão. – Eu vou esperar.
-- Por que ela “não”? – perguntou exaltada e ele abriu a boca para falar e não saiu nada. – Fala! – gritou.
-- Porque ela é mais velha. – respondeu alto. - Não compartilha da mesma forma de pensar que a nossa... Uma metida, não sabe nem advogar, mas se acha. – alegou com pressa. – Lívia, ela tem o que? Quarenta anos? - perguntou com sarcasmo – Parece até mais velha.
-- Não fiz a datação pelo carbono, não posso responde-lo - respondeu com sarcasmo.
-- Oh loirinha boa! – fez um gesto de vitória. Lis a olhou surpresa. - Essa conversa está ficando quente... – disse com ironia. – E só para constar: eu tenho trinta e cinco anos. – forçou um sorriso.
-- Aceita um café? Uma água? – ofereceu na tentativa de desviar atenção da morena que estava cada vez mais irritada.
-- Chá de cicuta, assim eu posso fazê-lo beber, também. – respondeu com desdém. A secretaria pigarreou, sem saber o que fazer.
-- Viu? Só ela tem razão. – passou a mão pelo rosto – Lívia, eu sempre lhe amei, tenho certeza que posso fazê-la feliz.
-- Já conversamos sobre isso. Antes queria que eu ficasse com Milena, depois que saísse com outras, agora me ama... O que vai ser mais?
-- Com outra mulher posso ficar com você, nem que seja por uma ou duas noites... Eu posso fazê-la feliz. Lembra-se quando dormimos com aquelas garotas? Você gostou, fez até um...
-- Você é doente. – Empurrou o rapaz interrompendo-o, mas ele a pegou entre seus braços e a beijou a força. O silêncio deixou Haidê em alerta.
-- Chega! - levantou-se irritada.
-- Haidê, por favor... – a morena abriu a porta e viu o jovem advogado beijando sua namorada.
-- O que é isso? – viu Lívia tentando se desvencilhar dos braços de Augusto. Ele era mais alto e mais forte, mas ela o empurrou após mordê-lo no lábio inferior. Ele ergueu a mão para bater na loirinha, mas, foi detido e quando olhou para trás viu os olhos azuis que pareciam labaredas de fogo.
-- Nem pensar nisso. – declarou com uma voz rouca, contendo a raiva.
-- Eu a beijei e fui retribuído. – Lívia a olhou e sentiu um frio ao ver seus olhos azuis tão escuros.
-- Haidê... – segurou a morena pelos braços tentando chamar sua atenção.
-- Viu Lívia? Ela é uma primitiva.
-- Para! – gritou – Não está vendo que você vai piorar as coisas? – o rapaz continuou sorrindo até sentir um peso sobre seu rosto, que o deixou no chão. Lívia sabia que ela seria capaz de mata-lo, tinha que segura-la.
-- Haidê... – Lívia se jogou na frente da namorada, impedindo-a de bater mais em Augusto. – Sai daqui, Augusto. – gritou e chamou a secretaria – Lis chama os seguranças.
-- Já chamei. – avisou após entrar acompanhada de Fernando.
-- Haidê, não vale a pena, venha. – Fernando pediu com tranquilidade, mas ela parecia alheia às vozes, permanecia com o olhar fixo no jovem advogado.
-- Haidê, por favor, olha para mim... Esquece ele amor. – Lívia pediu mais uma vez, segurando-lhe o rosto em sua direção.
-- Assim é fácil, esconder-se atrás dela. – Afirmou após se levantar e voltou a cair com outro soco. Os seguranças chegaram e seguraram a morena que se soltou após derrubar os três homens.
-- Ela não. – Lívia gritou – É ele quem está incomodando. – Apontou o advogado. – Os seguranças se entreolharam sem entender, levantaram-se e olharam para Fernando que fez sinal com a cabeça.
-- Não ouviram? Quem está incomodando é ele. – apontou.
-- Isso não vai ficar assim. – gritou enquanto era levado. – Eu vou lhe pegar Haidê, sabe disso, não é? Vou tirar sua máscara de boa moça.
-- Eu quero que demita esses homens. – Declarou irritada por não ser atendida de imediato. Haidê observou a tudo e puxou a loirinha para si.
-- Lívia, eles viram Haidê machucando seu melhor amigo, é normal. – Fernando falou em tom apaziguador.
-- Não... – foi interrompida pela morena.
-- Claro Fernando. – segurou mais forte a loirinha. – Você tem razão. – As duas mulheres se olharam, Lívia pareceu entender que era para encerrar a conversa.
-- Acho que vocês estão certos, eu que estou nervosa. – falou mais calma. – Você pode nos dar licença? – o homem mais velho assentiu e saiu, fechando a porta. – Haidê, eu não sei o que está pensando, mas eu juro que só queria provoca-lo para ele soltar algo. – explicou-se.
-- Calma. Eu vi e ouvi tudo. – puxou para um abraço – Não tente isso de novo, ele não vai soltar fácil.
-- Você ficou irreconhecível.
-- Sabe que seu plano, não impede o ciúme de tramar uma renda.
-- Querida, eu não troco você por nada. – disse olhando-a nos olhos e se beijaram.
-- Foi ele quem começou. – declarou segurando a raiva. Lívia a observou e voltou a beijá-la e só então falou.
-- Por que encerrou o assunto com Fernando?
-- Aqueles seguranças trabalham aqui faz muito tempo?
-- Não sei, contratamos uma empresa e não tenho contato com todos.
-- Pode parecer loucura... – acariciou o rosto da loirinha. – Só achei estranho eles questionarem sua autoridade e a troca de olhares entre eles e Augusto, só atenderam quando Fernando mandou.
-- Acha que Augusto... – colocou os dedos sobre os lábios da loirinha.
-- Não. Vamos almoçar?
-- Onde vamos?
-- Eu vou pegar, deixei na sala ao lado. – ela saiu e pegou as sacolas com a comida. – Lívia, você pode pedir a essa empresa a lista de seguranças que trabalham aqui?
-- Claro. – a olhou após pegar a comida. – Quer vê-la?
-- Quero saber quem faz a segurança da minha namorada.
-- Noiva. – corrigiu.
-- Futura esposa está melhor?
-- Melhorou. – sorriu e deu a comida na boca de Haidê que adorou o tratamento.
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-- Lívia! – uma morena, mais ou menos da mesma altura, veio em sua direção com os braços abertos e as mãos cheias de sacolas, abraçando-a depois. – Querida, eu tentei falar com você algumas vezes esta semana, mas parece que estava muito ocupada.
-- Desculpa Rachel, estava cheia de compromissos e quase não parei na fábrica.
-- Sim, Lis me falou da correria, deixou escapar uma pequena novidade. – Sorriu com malícia.
-- O que aquela fofoqueira deixou escapar? – perguntou sabendo do que se tratava.
-- Alguém está namorando sério, quase casada.
-- Bem, eu me sinto casada, completamente. E respondendo a sua curiosidade: sim. Estou namorando sério.
-- Nossa! – a puxou pelo braço. - Vamos sair do corredor, quero um local para tomar café e colocarmos a conversa em dia.
-- Não posso demorar.
-- Quero apenas que me fale as novidades, assim aproveito para lhe fazer um convite. – Sorriu e se explicou - Por isso liguei várias vezes esta semana.
-- Não é nada novo. – Apontou a mesa para sentarem. – Acabamos de fazer seis meses juntas.
-- Menina, eu estou tão orgulhosa de você. – Segurou as mãos da loirinha – Sempre achei aqueles seus amigos, destrutivos e tinha medo que impedissem sua felicidade.
-- Milena e Augusto? – perguntou com desânimo.
-- Lógico! Quem lhe afastou de nosso círculo?
-- Augusto saiu da fábrica há três meses. Vacilou com algumas coisas. – Balançou a cabeça em negação – Perdi alguns contratos importantes por irresponsabilidade e falta de profissionalismo. Quanto a Milena, ela se afastou espontaneamente depois que Haidê a colocou para correr.
-- Haidê? Este é o nome da sua heroína? – Lívia balançou a cabeça em afirmação. – Já amei esta mulher. O que ela faz? Eu a conheço de algum lugar? – Lívia falou sobre a advogada e a forma como se conheceram. Rachel era sua amiga de faculdade, viviam juntas, mas se afastaram após algumas interferências de Augusto e Milena. – Gente, essa morena roubou meu coração! Estou apaixonada por ela e os milagres que operou em você. – Sorriu – Lívia, você é uma pessoa maravilhosa, merecia alguém especial.
-- Ela é mesmo, muito especial. – respondeu com um sorriso.
-- Então quero saber: voltou a escrever?
-- Tenho ocupado todo meu tempo à empresa e a minha morena.
-- Ela sabe que você escreve?
-- Não. – Sorriu – Dia desses abriu um dos meus livros e leu. Fiquei ansiosa para ouvir sua opinião.
-- E ela deve ter amado a forma como você escreve.
-- Sim, ela adorou. – voltou a sorrir. – E eu amei a forma apaixonada como ela descreveu o livro.
-- Falou que era seu?
-- Não. – respondeu triste.
-- Faça isso, ela precisa saber quem você realmente é.
-- Eu sei, mas acharei um tempo apropriado. – voltou a sorrir. – Agora preciso ir, tenho um jantar para aprontar e um presente a comprar.
-- Presente?
-- Uma surpresa especial. – Sorriu.
-- Deixe-me falar o motivo que lhe procurei. Próximo final de semana, ofereceremos um jantar e estou convidando os amigos que participaram do meu casamento. – segurou a mão da loirinha. – Você nos apresentou e praticamente é nossa madrinha. Quero muito que vá.
-- Claro que irei, não faltaria por nada.
-- Leve sua namorada, quero conhecê-la.
-- Eu não deixo aquela morena sozinha, em um sábado à noite, por nada.
-- É linda assim?
-- Muito. – Conversaram mais um pouco e se despediram.
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-- Mari estou satisfeita com o trabalho destes dois. – referia-se ao advogado recém-contratado e o estagiário.
-- Se soubesse que um advogado que acabou de sair da faculdade iria trabalhar tão bem assim...
-- Teria largado aquele “lesbão” antes. – Interrompeu e as duas começaram a rir.
-- Esse termo eu não conhecia.
-- Aulas práticas com Dona Helena. – riram. – Quanto ao estagiário?
-- Sem reclamações, conduta irrepreensível. Uma palavra? Ótimo!
-- Eu sei, ele é muito bom e tem me ajudado com os contratos de Lívia.
-- Por falar nisso, estou com dois deles que me pediu para avaliar.
-- O que achou?
-- Fiz algumas anotações que poderemos alterar.
-- Podemos conversar amanhã sobre isso? – levantou-se, estava apressada e foi em direção à porta.
-- Para onde vai com tanta pressa?
-- Quero fazer uma surpresa para Lívia, nossa papelada saiu. – jogou a cabeça e fez uma careta – “Quase casamento”.
-- Uau! Parece que foi ontem.
-- Parece mesmo. – disse pensativa – Agora tenho que ir, beijos. – saiu quase correndo do escritório.
Haidê estava distraída, mas, seu sexto sentido sempre alerta, percebeu que alguém a observava. Olhou ao redor e não localizou ninguém, achou melhor ser rápida, saiu do estacionamento do edifício. Por mais que quisesse pegar quem a seguia, sabia que seria muito pior se chegasse atrasada ao jantar de Lívia. Conhecia bem o gênio da loirinha, isso a fez sorrir.
-- Garota, melhor me adiantar, pior do que enfrentar bandidos, é enfrentar seu ciúme e sua ansiedade.
Fim do capítulo
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Gaa
Em: 05/03/2019
Olá, autora!!
Estou esperando a conclusao da estória pq sou bem compulsiva hehehehe
Gostaria de saber qnto a Saga da família Mateus, vc pretende concluir??? Poxa pra quem lhe acompanha a anos é bem ruim a falta de conclusão....Estou cobrando pq realmente admiro sua escrita e seu trabalho!
Resposta do autor:
KKKKKKKKK.... Então tá, quem sou eu para discutir com compulsivas por leitura. Olha Gaa, estou passando uma fase pesada na vida e não tive cabeça para correr atrás da editora, mas a história já está completa. Aproveitando, se alguém tiver dicas de editoras... Bjs
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Mille
Em: 05/03/2019
É isso ai Haide, Lívia junto é melhor assim não fica preocupada com ela sozinha e nao tem brigas.
Sera que vão estragar o jantar???!!!
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
O certo seria: cuidado Haidê, agora Lívia vai aprontar mais. kkkkkkkkkkkk Olha, sempre tem bafos nestes jantares delas. Bjs
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