Capítulo 48
Capitulo 48 - linha tenue
Digitei no GPS o caminho até o escritório de advocacia e solicitei uma farmácia no meio do trajeto. Ela entendeu que o som ficaria ligado, colocou um óculos de sol e ficou olhando para a rua, admirando o caminho ou simplesmente dormindo, não sei ao certo. No meio do trajeto parei em uma drogaria, assim que o carro parou ela desceu para ir pegar a medicação, voltou uns 5 minutos depois com uma garrafa de água e uma latinha de energético. Eu apenas acompanhei o movimento dela, evitando ao maximo puxar qualquer tipo de assunto com ela. Da farmácia seguimos o caminho para o escritório da advogada, eu percebi que periodicamente ela olhava no celular, acho que para ver se o escritório estava chegando ou não. Assim que eu parei na frente do predio do escritorio, ela mais uma vez bem disponivel e me assustando desceu tranquilamente. Aparentemente ela reconheceu o prédio e falou, não pra mim exatamente, mais como pensamento alto.
- Que criatividade, tinha que ser escritorio de algum paciente.
- Oi?! Falou comigo?
- Claro que não. Não tenho nada pra falar com você.
- Educada não?!
- Me erra. - ela esta viva, grossa como um cimento. Seguimos em direçao a recepçao, onde me identifiquei e ela tambem. Ela já deve ter vindo aqui com a Caroline. Subimos ate o escritório, mantendo o silencio entre as duas. Ao entrar no escritorio, ela saiu comprimentando a recepcionista e depois que um homem que apareceu, pelo que eu entendi é o marido da advogada, o moço que a Carol falou que cuidado dos problemas juridicos da clinica e de cunho financeiro geral.
- Vamos entrar Christiane? - eu falei isso pra miss pinga, que me olhou com uma cara de merd* absurda, mas acenou com a cabeça, pediu licensa para o cara e me seguiu.
- Você vai entrar comigo? A Caroline vai te pagar em sex* pra me seguir? Ate que por esse bem valido. - ela falou isso baixinho, querendo me tirar da calma que eu estava.
- Vou entrar sim, pra garantir que vai assinar essa merd*.
- Se eu não assinar, vai fazer o que? So pra eu saber? Me bater? Me atacar? Ou simplesmente contar pra sua namoradinha? Não esquece que ela pode ser sua namoradinha, mas ainda esta casada comigo. - ela queria mesmo me tirar do serio, ignorei firmemente os comentários dela, não quis dar corda pra irritaçao dela. Abri a porta da sala da advogada e esperei ela entrar.
A dra nanci se assustou com a minha chegada, principalmente eu com uma outra mulher. Antes de tudo eu já me expliquei:
- Tudo bem dra? Marquei esse horario pra essa moça aqui assinar o divórcio dela com a Caroline. Lembra? - ela fez uma cara de surpresa, nada discreta.
- Ah claro. Peço desculpas, minha memoria esta horrível esses dias. Você é a esposa da Caroline ne?! Vou pegar a documentaçao. Desculpa minha intromissão, não sei a história de voces e tudo mais, mas você esta aqui coagida, obrigada a algo? Se estiver essa assinatura não tem valor algum. - de bate pronto, sem olhar para tras ou nem piscar, a louca respondeu:
- Nanci, me poupe não?! Acha que perco tempo do meu dia ouvindo alguem me mandar fszer algo? A criança aqui me ofereceu uma carona e eu aceitei. Sabe, já levou minha mulher, o minimo é me dar uma carona. Pega os documentos pra eu dar uma olhada e acabar com isso logo. - ou ela esta aprontando algo comigo ou voltou aquela calma da hora que estava tomando cafe. Enquanto a advogada foi pegar o documento, ficamos em silencio mortal, apenas interrompido pela mesma recepcionista da porta, oferecendo um cafe, que tanto eu como ela aceitamos. Quando a advogada chegou com um calhamaço de papeis, a louca se arrumou na cadeira, tomando uma postura firme, centrada e começou a ler cada virgula do documento. A sala novamente entrou no silêncio absoluto.
- Quer negociar alguma coisa?
- Não. Eu concordo com absolutamente tudo que a Caroline deixou aqui. A unica coisa é que preciso ficar na casa peli menos uns 2 meses, para me dar tempo de achar outra casa e me mudar. O que é dela se mantem com ela, da máquina de cafe ao carro. Preciso apenas disso, 2 meses para mudar, levo apenas o que é meu proprio, roupas, livros meus. O resto eu deixo tudo e ela faz o que quiser.
- Eu preciso entrar em contato com ela para ver essa negociação. Você aguarda?
- Claro. Eu espero.
- Doutora, por favor, se puder não contar que estou aqui, é melhor. Depois converso com ela sobre isso.
- Ok. - foi o maximo que ela falou. Da mesa dela, na nossa frente mesmo, ligou para a recepcionista, solicitando a ligaçao para a Caroline. Logo em seguida o telefone da advogada tocou, repassando a ligaçao com a Caroline. Eu fiquei ouvindo atenta a ligaçao no viva voz.
- Caroline, bom dia. Aqui é a doutora Nanci, tudo bem?
- Bom dia doutora. Tudo bem. Alguma novidade?
- então, eu estou aqui com a sua esposa, a Christiane, ela veio assinar o divorcio.
- jura?! É verdade mesmo? Achei que essa mulher nunca fosse assinar o documento. Ela já assinou? Estou livre? - olhei rapidamente para o rosto da Christiane, que murchou completamente.
- Então, ela aceita os termos por completo, acha que foi justo a divisão dos bens. A única solicitação é que ela precisa de pelo menos dois meses para poder encontrar uma nova moradia e poder devolver a casa. Você concorda com esses termos? Posso fechar com ela?
- Não tenho objeção alguma quanto a isso, desde que ela mantenha as regras de deixar na casa as minhas coisas. Pode deixar 3 meses para ela se organizar. Sem problemas.
- Tudo bem Carol, vou negociar com ela e depois entro em contato com você ok?!
- Tudo certo. Eu agradeço. Aguardo seu retorno. - ela desligou o telefone e voltou a falar conosco
- Acredito que ambas tenham ouvido a conversa. Podemos deixar assim então? Prazo de 2 meses para a devolução da casa, com expansão de mais um se necessario?
- Sim. Eu concordo. Vai precisar refazer todo esse calhamaço?
- Não, apenas um adendo, adicionando essa sua condição, acredito que mais uns 15 minutos, aceitam mais um cafe enquanto aguardam?
- Eu aceito - soltei logo de imediato, só com um bom café para aguentar mais 15 minutos ao lado dessa louca, sem querer matar ela. nos mantivemos em silencio absoluto, salvo apenas pela recepcionista trazendo o cafe e posteriormente pelo tintilar da taça no pires. Eu fiquei o tempo todo olhando pela janela. É engraçado como ao mesmo tempo que me sinto Orgulhosa pela postura que estou tendo em ajudar a Carol, eu me sinto agressiva, invadindo um espaço apenas dela. Mas se for pra errar, que seja para errar ajudando ela. Não demorou muito e a advogada retornou com mais algumas folhas, a Christiane leu e assinou. Antes de sairmos a mulher questionou mais uma vez:
- christiane, preciso perguntar mais uma vez, está assinando esses documentos de espontanea vontade? Alguem esta te pressionando pra isso?
- Nanci, mer poupe. Já te respondi isso, estou aqui de livre vontade, sem pressão de ninguem. É só esses papeis? Já posso ir?
- Claro sim sim. Esta liberada. Vou solicitar a Caroline a assinatura dessa via e posteriormente envio a você sua copia.
Saimos juntas da sala e posteriormente do escritório. Quando entramos no elevador, olhei rápido para a louca, eu juro de pes juntos que havia uma lagrima no canto do olho dela, mas quando olhei de novo, ela já havia secado.
- ei, pode devolver meu celular agora? Já fiz o que você queria - passei a mao no bolso e em segundos eu entreguei pra ela, que completou falando: otimo. Você me trouxe aqui, vai me levar de volta.
- Sou ruim, mas não a ponto de te largar aqui. Te largo na porta da casa da Caroline.
- Ainda é a casa onde eu moro, você é capaz de respeitar isso? É o minimo. - eu me senti um pouco mal, fiquei quieta. Não toquei mais em nenhum assunto, da hora que entramos no carro ate a hora que chegamos na frente da casa delas. Estacionei de frente e esperei que ela saisse do carro, mas não aconteceu. - Fernanda, podemos conversar um pouco, prometo ser breve, vamos entrar.
- Não temos nada pra conversar cara. Não vou entrar.
- Entao vou falar aqui mesmo e peço que você me escute, por favor. Não quero falar sobre mim, e sim sobre a Caroline.
- Você fudeu com ela, acha que tem direito de falar algo sobre ela?
- O que eu vivi com ela ou não, não cabe a você.
- Aff, desce logo do carro e da linha. Não me faz te arrancar como ontem.
- Promete cuidar dela? Proteger a Carol.
- Ela é uma mulher forte, firme, não acho que vá precisar de cuidados, mas se precisar, estarei junto dela, protegendo.
- A Carol é uma mulher que teve que amadurecer muito cedo, pra cuidar do Lucas, da mae com cancer, do pai que sumiu. Ela segura tudo, todos, mas quando ela cai é dificil segurar a bomba. Ela precisa de alguem ao lado dela que segure ela nos pesadelos, de colo depois de um plantao dificil. Ela merece ser amada e cuidada. Você vai conseguir fazer isso?
- Se você sabe de todas essas necessidades dela, porque nunca fez?
- Eu nunca soube dar valor a mulher linda que eu tive, nunca consegui ser só dela, nem tive saco para esse drama emocional. Estou pagando pelo que não soube cuidar. Perdi a mulher perfeita, bem cuidada, que me amava e protegia. Eu perdi. Perdi por conta dos meus erros. Ela não pode perder outra pessoa assim, seja a mulher que ela merece Fernanda, ame a Caroline como eu não consegui.
- Porquê esta me falando isso? Pra eu ter do de vc?
- Se desarma um pouco, por favor. Pensa como pra mim é foda falar isso com vc. Eu amo a Carol, mas sei que passei do tempo de provar isso. Ela vai ir com você, fico feliz de ser com alguém que ama ela. Da pra ver isso pelo cuidado que você teve no dia do sequestro.
- Eu vou cuidar, amar, proteger. Ela me mostrou que ainda sou capaz de amar alguem e …
- Não quero detalhes, não quero saber nada disso. Não quero saber quando vao embora ou onde moram. Não quero! So era isso. Ah, eu vou tirar minhas coisas da casa assim que possivel eu entro em contato pra entregar as chaves. - ela respirou fundo, como se fosse começar a chorar e da mesma maneira como entrou pela manha, sem força bruta, saiu do carro, sem força, por vontade propria, segurando sua copia do divorcio. Ela saiu andando devagar, como se chutasse o ar pesado, não conheço ela, mas deu pra sentir uma tristeza. Eu tambem ficaria em uma situaçao dessa, perder a mulher que gosta, pelo próprio erro e ver ela partindo com outra.
Eu fiquei alguns segundos ainda para na frente da casa delas. Por mais que eu tente me manter longe dessa historia, no sentido de não querer me meter no passado delas, não consegui deixar de imaginar as duas felizes, chegando naquela casa. Sei que a Carol não vai morar comigo em Urros, ela jé deixou isso bem claro, mas quando ela chegar quero fazer alguma surpresa, vai ser um momento muito especial, ainda mais porque vou voltar antes dela.
Coloquei o carro para tocar uma música legal e acelerei rumo ao hotel. O caminho já estava quase de cabeça, depois de fazê-lo várias vezes nesses dias. Como sempre foi um trajeto bem rápido, nem 10 minutos e eu já estava entregando o carro para o manobrista do hotel. Saindo do carro meu celular tocou, com um numero de Portugal, logo embaixo mostrando o nome da Marcela. Atendi de bati pronto.
- Pronto. Fala Marcela.
- Fernanda, tudo bem? Tenho uma notícia ruim pra você.
- Cacete, o embargo da obra não é o suficiente?! O que aconteceu?
- Fui hoje pessoalmente no líder do condado conversar, falou que os documentos podem até ser assinados a distancia, mas sem você pessoalmente aqui, ele proíbe a maternidade e gera uma multa absurda por dia. Fer, eu estou achando isso muito estranho, parece coisa mandada.
- Eu não estou duvidando não, nem um pouco Marcela. De todo modo, eu reservei meu voo para hoje a noite, mas só posso chegar amanha a noite ai, considerando o fuso horário e tudo mais. Ele vai ter que esperar um pouco, tudo bem que atrasar mais dois dias não é algo legal, mas vamos precisar. Ele mostrou algum documento? Algo que mostre que estamos errados?
- Não, falou que a palavra dele como líder do condado deve ser absoluta e que não temos o direito de contestar nada. O que me parece é que ele quer você aqui, independente de qualquer coisa.
- Isso está super estranho. Vou te mandar a imagem da passagem, como vou estar de jato, vou parar em Urros direto, sem precisar escalonar em tras os montes. A Caroline só vai voltar daqui duas ou três semanas, conseguimos assinar hoje o divorcio.
- A esposa dela assinou tranquilamente?
- Não exatamente, dei meu jeito de acelerar o processo. Preciso da Caroline na maternidade comigo, isso ai precisa ser inaugurado rápido, falta tão pouco.
- ok, “ estou a acreditar” que foi apenas pela maternidade esse trabalho seu.
- Ah, claro que não. Quero ela em Portugal comigo também, ora pois.
- Formam um casal muito bonito vocês, de verdade, sabes disso. Falo antes mesmo de vocês se conhecerem. Enfim, ficamos assim, vou avisar ao líder do condado que já estas a “voltaire" e que chegando procuras ele pessoalmente.
- Sim, sim. Vou até tentar ser calma com ele. Tentar.
- Coitado. Então aguado você amanha. Vai me avisando a cada parada do avião.
- Sim, aviso. Segura tudo ai por enquanto.
- Manda um beijo para a Caroline e fala que estamos todos com saudades dela.
- Eu aviso sim, até mais Marcela. - desliguei o celular ainda na recepção e peguei o elevador, subindo vários andares. Quando acessei o meu quarto, abri a porta em silencio, com o máximo de cuidado possível. A ideia era fazer uma surpresa pra ela. Dei uma olhada rápida no espaço e não enxerguei a Carol, em nenhum lugar. A cama estava bem arrumada, ao padrão Dra. Braga, milimetricamente equalizada e esticadinha. Sob o espaço estava uma calça dela e uma camisa. O quarto estava com esmero arrumado, confesso que não deve ter sido algo da camareira, e sim da organização quase doentia da Carol. Até a minha quase mala, estava arrumadinha. Do fundo do quarto, vulgo banheiro, ouvi a voz calma da Carol me chamando.
- Amor, vem cá! - respondi que ja estava indo, apenas parei pra tirar o tênis. Quando cheguei ao banheiro, ela estava calmamente deitada na banheira, com uma expressão leve, que eu não conhecia. Os olhos brilhavam, mas de um jeito novo, e o sorriso era leve, sem pudor algum. O cabelão castanho dela estava amarrado naquele coque tesão e as pontinhas molhadas. Essa é definitivamente uma cena boba e simples que não quero esquecer nunca, não de cunho sexual, não não, mas de cunho emocional mesmo. Quando olhei a Carol assim, leve, simples, descontraída, eu lembrei de cada choro e tensão dela, e soube que essa leveza era pelo divorcio. - Vai ficar ai me olhando com essa cara de bobona?
- Ah, é que você está linda, sério. Sorridente. – agachei ao lado da banheira, para ficar na altura dela.
- Vem cá, entra comigo. Só ficar de boas, descansando o corpo. Onde você estava?
- Fui resolver umas coisinhas. Carol, reservei meu voo para hoje a noite – em automático o rostinho dela murchou.
- Tudo bem, que horas?
- Sai do campo de marte as 19h, tenho que estar lá um pouquinho mais cedo. Vi que você organizou minha mala, já economizou um tempo.
- Achei que fosse ir amanha ou depois, não pensei que fosse assim tão em cima. Te levo ao aeroporto. Vem, tira essa roupa toda e fica aqui comigo, tenho uma coisa boa pra te contar. - ali no banheiro mesmo comecei a tirar a roupa, e vendo toda a organização que ela teve, eu seria mega injusta de deixar as roupas largadas, dobrei peça por peça, do jeito mais organizado que consegui, ou seja, tudo torto. Ela me olhou diretamente a cada peça que eu tirava, me deixando até com uma certa vergonha, rostinho vermelho. Sem nenhuma peça, fui para entrar na agua com ela, mas fui interrompida por um pedido - Fer, pega duas cervejas pra gente, geladinhas. Por favor – pedindo com um bico daqui até Urros.
- Duas? Mais eu estou sem roupa.
- Ah, para com isso, só pra eu ver sua bundinha indo e sua ppka voltando. – automaticamente cai na risada, fui correndo na pontinha dos pes e voltei do mesmo modo, com as duas long neck.
- Mais algum pedido madame?
- Não, só você aqui na agua comigo. – entrei na banheira, a agua não estava muito quente não, mas contrastava de um jeito bem gostoso com o gelado do quarto pelo ar e o congelante da cerveja. Puxei minha camiseta e abri as duas garrafas, entregando uma pra ela e uma pra mim. Ela levantou a garrafa para um brinde.
- Estamos brindando a algo especifico ou só um brinde antes de beber? - perguntei mesmo sabendo da resposta, de certo modo. Ela respirou fundo, olhou pra mim, no fundo dos meus olhos, de modo que eu me perdi no olhar dela, não vi o rosto inchado, roxo, mais nada, apenas os olhos dela. Mesmo sabendo que ela iria falar algo importante, eu puxei e a beijei. Quando finalmente soltei, ela encaixou o rosto no meu ouvido, mordeu minha orelha e depois deu um beijinho. Voltou a olhar pra mim e finalmente soltou:
- Estou oficialmente namorando você.
- Não entendi. Não estávamos namorando já?!
- Eu estava casada, então não podia namorar você. Agora que estou oficialmente divorciada, já podemos namorar mesmo. - eu achei super bonitinho ela falando namorar e tal, me senti com 15 anos.
- Como assim, está oficialmente divorciada?
- A advogada ligou faz uma hora, mais ou menos, a louca finalmente assinou o documento do divorcio. Eu estou solteira, livre, leve e solta. – ela virou quase que a garrafa toda de uma vez e abriu o sorrisão mais uma vez.
- E como você esta se sentindo?
- Leve. Leve, leve. Não sei nem te explicar, parece que saiu uma tonelada das minhas costas. De um certo modo eu fiquei meio baqueada, foram anos juntas e muitas coisas, mas não estava legal já fazia um bom tempo. Fico pensando que levei tanto tempo pra isso. Estou leve, sério. E louca de vontade pra te beijar sem nenhum peso. Apesar de eu estar já separada dela, você sempre soube que eu me sentia culpada. Agora não tem mais motivo pra isso. É só colar essa cara quebrada e ir com você pra Urros.
- Eu nunca fui casada, mas já tive namoros ruins. Talvez eu entenda um pouquinho dessa sua sensação de liberdade.
- Cara, eu to muito feliz, você não tem ideia. Vem cá - Me encheu de mais beijos. – Quero te beijar muito, sem peso algum.
- Tem ate umas 6 da tarde pra me beijar e me usar como quiser. Fica a dica
- Não acredito que você vai ter mesmo que voltar antes. Não dá pra esperar mais um pouco?
- A marcela me ligou agora cedo, a obra está mesmo parada, o líder do condado falou que só negocia comigo pessoalmente. Eu estou achando isso tudo muito estranho, estava tudo certo, foi só eu vir pro Brasil que deu merd*.
- Acha que pode ser armação de alguém? Algo assim?
- Não deve ser não, isso é coisa do cara do condado, que é um perdido. Ele deve ter errado algum documento, algo assim.
- Bem estranho mesmo isso. Não vou te prender aqui, jamais. Daqui umas 2 semanas eu devo conseguir ir pra la. Terça eu faço a cirurgia, dou um ou dois retornos e partiu Portugal.
- Quando você estiver voltando me avisa que eu reservo o jato da fazenda para você.
- Claro que não Fer, eu vou pegar o avião normal, como eu fiz pra ir e vir. Nada de jato.
- Com o jato a gente vai poder se ver mais rapidinho. Você se cansa menos, menos escalas.
- Fer, não vou usar do seu dinheiro, vou comprar passagem aérea normal, não tem discussão. Ponto. – ela ficou brava mesmo comigo
- Não fica brava comigo Carol, eu só quero cuidar de você. Não sei bem como fazer isso, não quero te sufocar. Desculpa.
- Fer, eu entendo esse seu lado, de querer pagar minhas coisas. Mas eu não quero, acho fofo seu jeito de cuidar de mim, mas nesse quesito não quero depender de você. Em urros, vou ter minha casa, meu carro. Vou namorar com você, mas não vou seguir suas regras, nem voce a todo o tempo. Quero ter meu espaço, minha liberdade.
- Sim, eu vou respeitar isso em você, pode ficar lá em casa o tempo que precisar, para se ajustar. Se não quer o jato, não vou insistir, fica tranquila. Só quero que volte logo, não sou boa em ficar longe de você. - fiz carinha de perdida, vai que cola com ela.
- Voce me ganha com essa carinha de cão perdido hein. Vem cá, quero beijo, tipo muitos beijos. Amor, parece que você não ficou surpresa pelo divorcio, é como se soubesse já.
- Que nada Carol, para com isso. Só meio que já esperava.
- Só isso mesmo? Não tem seu dedo nisso não né?! Eu achei até que estranho a Christiane assim assim, tão rápido. Imaginei que levaria uma vida pra isso.
-Eu vou te contar um coisa gineco, mas se você ficar brava comigo, eu vou ficar bem chateada ok?! Sei que você não quer que eu cuide de você e tudo mais, mas quero você ao meu lado, então vou cuidar como eu puder.
- Tá, tá bom, o que foi?!
- Eu fui hoje cedo na sua casa, levei a Christiane até a advogada. Quando ela te ligou pra fazer a negociação eu estava do lado.
- Fer, isso é coação. Não vai ter valor legal algum esse documento.
- Por incrivel que isso parecça, ela não foi obrigada, nem nada. Ela simplesmente entrou no carro, assinou e voltou. A advogada perguntou se eu estava forçando ela ou algo assim. Ela deu “mo come” na moça lá, falou que eu fiquei com a mulher dela o minimo era me dar uma carona.
- Ela foi tranquila assim mesmo?
- Sim, e depois ainda veio falar comigo, pedindo pra eu cuidar de você, que você precisva ser bem tratada e amada. Que ela foi incapaz de fazer isso, mas que eu iria saber cuidar bem de você. Eu fiquei de boca aberta, sério, queixo caido.
- Gente que estranho, será que ela aprendeu algo com tudo isso?
- Não sei, e se aprendeu ou não, isso não cabe mais a nenhuma de nós duas, a ideia mesmo é que ela siga em frente agora, sem você e sem me incomodar.
- Claro.
- Carol, me desculpa por isso. Mais uma vez eu não sabia se estava invadindo ou não seu espaço, me intrometendo ou não, mas segui meu coração, quero ver você bem, livre dela, então me intrometi mesmo e fui atras dela, pra assinar o divórcio. No0 final de tudo, acho que acabei só dando um empurrãozinho, nada de mais.
- Fer, não tem no que se desculpar, você me protege como ninguém nunca fez, de um modo como sempre quis. Isso faz de você alguém diferente, alguém por quem vale a pena largar tudo e ir pra Portugal. Por quem vale começar uma vida nova, principalmente porque você tem o Pingo. Não tem ideia de como estou com saudades dele.
- Você? Saudades do pulguento? Como assim?
- Ah eu gosto muito dele, ainda mais como ele rouba minha comida, sem eu nem reparar.
- E você vai ficar com saudade de mim, enquanto estivermos longe?
- Claro que vou Fer. Não esquece que tenho olhos em Portugal, se você aprontar algo errado por lá eu vou saber.
- E o que eu posso aprontar de errado na sua ausencia?
- Ah, sei la. Visitar a melena, por exemplo.
- Nossa Carol, para com isso. Estarei quietinha em Urros te esperando. Pena que não tem telefone lá, iria te ligar todos os dias.
- Fer, vamos precisar de telefone lá! Não dá para andar 40 minutos ate o telefone ou ir naquela venda escura para usar o orelhão.
- Não mesmo Carol, eu já pedi a instalação de toda a rede de telefonia. Estava marcada para o próximo mês a instalação, mas com esse embargo, nem sei como ficou. Vou descobrir só amanhã. Mas voltando ao assunto Milena, você vai precisar confiar um pouquinho em mim. Nesse começo, até você se instalar direito, resolver suas coisas, vai ser ida e volta frequente do Brasil pra Portugal e vice versa, sem contar que até mesmo lá em Urros, você não vai poder me monitorar ou estar comigo 100 por cento do tempo, precisa confiar em mim, no que eu falo. Sei que isso é dificil, mas precisamos.
- Fer, eu confio em você, só não gosto de pensar em você sozinha com ela. Acredito que o problemas que tivemos com a Christiane não foi nada perto da Milena. Mas com ela eu me resolvo assim que eu voltar para Urros. Ela sabe muito bem com quem esta mexendo e que eu não dou de levar bola pra casa, ela já entendeu isso.
- Até eu fiquei com medo. Para de me assustar e vem aqui, deixa eu ficar no seu colo e aproveitar essa tarde com você.
- Vamos precisar sair daqui umas 4 horas eu acho. Precisamos passar na portaria ainda, para fechar a conta, depois ir pro aerorporto a tempo de você pegar o jato. Apesar que jato se atrasar dá merd*?
- Não perco a passagem, mas se atrasar eu preciso pagar a multa por um novo plano de voo ou vaga de voo, algo assim, de avião eu só sei entrar e ficar. Então - já fiz a cara de cachorro perdido - eu já fechei a conta do hotel. Está tudo acertado.
- Porr* Fernanda, não acabamos de falar sobre isso.
- Eu fechei hoje cedo, antes dessa conversa, não briga comigo.
- Tá, e que horas tem que liberar o quarto?
- Se eu sair até umas 16h30 da tempo - fiz mais cara de cão perdido.
- O que mais Fernanda? Fala de uma vez.
- Eu deixei pago pra você mais 20 dias, acho que é o tempo que você vai precisar para se organizar no Brasil. Você só vai precisar pagar o consumo extra até o final da hospedagem. Pronto, agora pode brigar comigo.
- Não gosto que você faça isso, me sinto tão presa. Eu ia pedir pra ficar na casa da Clara.
- Se vai ficar de favor na Clara, porque não ficar aqui, com conforto, sem incomodar ela? A casa dela é minuscula, é um kitnet que mal cabe ela. O problema não é isso, por muito tempo eu mesma morei em um lugar até menor que o dela, mas se pode ficar confortavel, porque não ter o conforto. Se não pudesse ficar na casa dela, iria pra do Lucas, com a esposa dele pilhando na sua e a Christiane podendo aparecer a qualquer momento. Pode ficar brava comigo oquanto quiser, eu não me arrependo. Já esta pago, se não quiser, vai perder o dinheiro sem nem usar.
- Tudo bem Fer, eu vou aceitar. Mas na proxima a conta é minha ok?! Sem negociação isso.
- Ok princesa, sem negociações. Agora para de brigar comigo e vem me abraçar. Quero ficar no seu colo o maximo que eu puder. - passamos o resto da manha ali mesmo na banheira, curtindo a água morna e ela me abraçando e enchendo meu pescoço de beijos. Não houve sex*, foi apenas um momento de muita intimidade, carinho e amor de nós duas, aproveitando o tempo juntas e já sentindo a saudade começar a bater na porta.
Quando nossas barriguinhas começaram a roncar, foi quando decidimos sair da banheira e pedir a refeição no quarto mesmo, para termos mais tempo juntas. Depois de comer, deitamos juntas na cama do hotel, assistimos um filme para distrair. Na verdade colocamos um filme, ela deitou bem encaixada no meu colo, antes mesmo do filme começar ela já estava dormindo coladinha em mim. Eu não consegui piscar o olho nenhuma vez, fiquei todo o tempo olhando ela dormir, ora mexendo no cabelo dela, ora fazendo carinho no rosto. Quando o celular tocou 16h30 automaticamente meu coração apertou. É hora de me arrumar e voltar para o vilarejo, para os portugueses, para Urros, mas além disso voltar sozinha, deixando meu amor a um continente de distância. Acordei ela com carinho, do jeito mais leve que consegui, mas mesmo assim partindo meu coração.
- Já deu quatro horas?
- Já princesa, você me leva no aeroporto?
- Levo sim. Arruma sua bolsa, vou me trocar e nos vamos.
- Você meio que ja arrumou hoje cedo.
- Sim, confere tudo. Vou me organizar. - eu não tinha muita coisa para levar para portugal, eu vim apenas com a roupa do corpo e meus documentos, em uma das paradas comprei uma camisa e tenhos as peças que a Carol comprou pra mim aqui. Dei uma olhada rápida nas coisas que ela colocou na mochila dela, aquela que o Lucas trouxe com roupas, mas estava tudo lá, dobrada milimetricamente e organizada do modo carol de arrumação. Quanto a isso eu não tive muito trabalho não, conferi o passaporte, meus documento, já estavam todos em arrumadinhos também. Ela ligou na recepção pedindo dois lanches, para que eu pudesse levar na viagem. Mesmo eu explicando que no jato, tem comida,ela fez questão de mandar dois lanches comigo, para eu não desnutrir, segundo ela.
Quando finalmente saímos do quarto, ela estava com a cabeça baixa, pensativa.; Eu entendi bem que era o medo da saudade, da separação. Apenas me mantive também em silencio, mas a todo tempo fazendo carinho na mão dela, como se eu falasse: estou aqui, é coisa rápida, não vai nem sentir falta. Achei super fofo, que ela entrou no carro e logo em seguida, segundos depois, já havia musica tocando. Ela quis dirigir até o aeroporto, eu deixei, afinal o carro é dela. O começo do trajeto foi em silencio absoluto, apenas interrompido por ela colocando a minha mao na perna dela, como se pedisse carinho de alguma maneira. Depois de um tempo nos soltamos, o clima ficou bem mais leve e começamos a floriar sobre urros, o frio, o bruninho, sobre mil coisas.
Ela estacionou delicadamente na area para embarque e desligou o carro. Eu tentei puxar assunto:
- Dessa vez eu não tenho nenhum presente pra você. - e completei fazendo um bico de culpada.
- Nem eu trouxe nenhum ursinho de pelucia, vai ter que viajar sozinha dessa vez.
- Não tem problema, desde que chegando em Urros eu não seja sequestrada. Estou bem feliz.
- Ai, nem brinca com isso. Espero não passar mais por isso e nem desejo a ninguem.
- Quando eu fizer as escalas te aviso. O avião vai direto para Urros, como é um jato, dá para estacionar em uma pista que tem lá. Se fosse comercial, eu teria que descer em tras os montes mesmo. Você vai ficar bem Carol? Estou com um peso na consciencia enorme de te deixar aqui.
- Não fique Fer, sei que não está fugindo de nada, apenas precisa resolver os problemas de urros e garantir sua saude mental, e isso é muito importante, mesmo mesmo. Eu respeito você precisar voltar, não vou surtar nem nada, vou ficar bem. Vou sentir saudades, queria que você ficasse, mas sei que não pode. Quando menos pensar ja estarei com você naquela casinha de pedra linda, sabe disso. Eu te amo Fer, sei que até nos acertarmos de vez vamos precisar passar por essas coisinhas.
- Eu sei amor. Queria que voltássemos juntas jpa. Não quero ficar longe de você.
- Vai Fer, chega de melação. Você tem que voltar e eu não posso ir agora, vamos nos ver em menos de 20 dias. E pensa pelo lado bom, nem estarei com o rosto amassado hahahaha. Você vai gamar na minha cara nova, toda recauchutada.
- Só você para me alegrar e fazer eu rir. Estou te esperando, não esquece disso. ok?! Eu preciso ir, já está quase no horário do embarque. - a mão que estava abraçando ela enquanto conversávamos foi a mesma mão que puxou ela pra perto, para que eu beijasse. Beijo calmo, carinho, de despedida e jpa de saudade, beijo com gostinho de quero mais. Apenas isso, quero mais, não só mais beijo, mais vida com ela, mais tempo.
Fim do capítulo
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