Capítulo 47
Capítulo 47 linha tênue - Fernanda
Nunca na minha vida tive tanta dificuldade para colocar um cartão na fechadura como hoje, enquanto eu tentava abrir a porta a Carol, me abraçando por trás me beijava e me arranhava, apertando os meus seios e me chamando de gostosa. Quando finalmente eu consegui abrir a porta respirei por 2 segundos enquanto eu tirava minha camiseta. Ela estava de vestido e me olhava com aquela cara de domínio, posse, como ela sempre me olhou na cama. Mas não, hoje a coisa vai ser diferente, hoje ela será minha e não ao contrário.
- Deita na cama - eu falei séria, com a cara fechada e firme, bem firme.
- Não não, só vem aqui. Quero terminar o que comecei no carro! - Ela levantou da cama, que estava sentada, e veio até a porta me puxar pela calça. Até dei um passo, mas voltei a minha organização mental.
- Mandei deitar não mandei?! Eu mando aqui hoje! - eu tentando mandar foi tão convincente que eu mesma quase dei risada de mim. Mas hoje eu quero mostrar a Caroline o que eu posso fazer com ela, como eu sei relaxar e acalmar o estresse dela.
- Tudo bem amor. Calma, você manda - ela entrou na jogada falando isso, mas segurando a risada que estava prestes a sair. Como eu já tinha tirado a minha blusa, abri o zíper da calça e tirei ela, ficando apenas com uma calcinha e sutiã, relativamente bem horrível, já que é unica que tenho no momento, que estou usando e lavando desde que cheguei ao Brasil. - Não posso nem te dar um beijo?
- Não, só vai me beijar se merecer. - uma vez ela havia conversado comigo falando que gostava desse “ser dominada”, seguir ordens. É estranho pra mim, sou bruta, mas sou uma geleia, toda melosa com as mulheres. Mas não me deixei reprimir por isso não. Subi na cama e com uma das mãos meio que empurrei ela, fazendo com que a Carol ficasse de costas. Comecei beijando as perna dela e delicadamente sumindo o corpo, mantive ela com o vestido, apenas fui ajustando ele. Voltei descendo pela outra. A Caroline se manteve em silencio todo o tempo, apenas quando eu me aproximei da virilha dela, que ela soltou uma risadinha. Eu olhei firme, forte na hora.
- Parei, parei, não estou rindo mais.- Eu até tentei segurar a risada e me manter firme com ela, mas essa definitivamente não sou eu. Acabei gargalhando junto com ela.
- Para de rir Carol, não consigo assim.
- Não consegue o que? Ser brava comigo?
- É... uma vez você me falou que gostava disso, de ser domada e tals. Tava tentando isso, mas você não me ajuda.
- Para com isso Fer, gosto de você e do seu jeito super meigo comigo na cama. Nem sempre o que eu falo condiz com o que eu quero e nesse momento quero minha Fer, carinhosa, romantica, cuidadosa. Que me olha com essa carinha boba, de apaixonada.
- Nem te olho assim - a Carol sorriu pra mim e me puxou para um beijo. Calmo, leve. Eu fiquei por cima dela, me apoiando nos braços, enquanto ela coordenava tudo. Quando meus braços cansaram tombei para o lado, sem me soltar um segundo do beijo dela. Aproveitei a posição para estreitar o contato com nossos corpos, permitindo que a pele se tocasse. Minha mão foi procurando espaço por baixo do vestindo, tracionando-o para cima, como dava. Ele definitivamente estava atrapalhando meu objetivo final. Quando o ar faltou e infelizmente tivemos que nos separar para respirar, tirei de vez aquele vestido que incomodava, empurrando ele até que finalmente consegui arrancá-lo pela cabeça dela.
Ainda “sentada” nela, amarrei meu cabelo naquele coque bagunçado que a Carol gosta e continuei, dali logo comecei beijando o pescoço dela, enquanto suas mãos hábeis, mas nem tanto, tentavam abrir o meu sutiã que pouco tempo depois já estavam soltos, balançando. Continuei beijando ela, passando por cada roxo que ainda sobrava nos ombros. O sutiã dela eu abri pela frente, liberando seus dois seios, brancos, sem cor alguma mas com ch*pões, que posso dizer que são culpa minha. Já que já tem alguns, porque nao deixar outros? Enchi a mao com um enquanto ch*pei o outro, forte, enchendo de mordidas. Todo o tempo a Carol ficou passando as unhas na minhas costas, estreitando o contato. Me abraçou com as pernas.
Desci mais um pouco, passando a lingua por toda a pele da barriga dela, voltando e beijando a boca e depois voltando pra barriga. Quando cheguei na virilha cravei uma mordida. Ela meio que gritou, não sei se de aflição ou de vontade, mas aquilo me excitou loucamente. Dei dois ou três beijinhos e logo mordi mais uma vez. Ver a contração do corpo dela com um ato tão simples é fantástico. Enchi a parte de dentro da coxa com mordidas e beijos. As vezes algumas lambidinhas mais pra cima, na virilha, outras no sex*, por cima da calcinha. A Carol quase não falou nada, apenas ia dando sinais se estava gostando ou não, apertando meu corpo, gem*ndo, me mordendo.
Quando tirei finalmente a última peça que restava, pude comprovar o quão intenso estava a lubrificação dela, o quando minha namorada estava molhada e excitada. Voltei lá pra cima, enchendo ela de mordidas e beijos dos lábios de cima até chegar aos lábios de baixo. Primeiro ela ganhou beijinhos castos, por cima, eu até poderia falar nos pelos, mas eles estavam aparados de um jeito assustador. Fui passando a lingua por cima, de um jeito delicado, explorando, abrindo espaço, mordendo as beiradinhas, lambendo mais fundo, quando ela estremeceu o corpo e gem*u, soube que o lugar era aquele. Sem me importar com absolutamente mais nada, me dediquei aquele momento por completo. Com a língua alternando entre rígida e flácida, fui estimulando, forçando, soltando. O primeiro dedo apenas forçou a entrada, massageando enquanto eu continuava ch*pando forte. Quando penetrei ela, foram dois de uma vez, não houve reclamação, apenas um pedido sofrido para que eu não parasse.
- Continua Fer, só não pára, não pára agora. Vai mais fundo, mais forte. - continuei ch*pando ate onde eu consegui, mas a intensidade da penetração me fez escolher largar o oral e abafar os gemidos dela com um beijo. Ver ela se contorcendo me deu mais vontade de forçar e assim eu fiz, cada vez mais rapido, mais fundo e mais forte, enquanto a outra mao massageava o clitoris, com rapidez e profundo.
- Não vai parar agora Caroline, só “vais” relaxar se eu deixar. ainda não, continua comigo, continua amor. - Eu perdi completamente a noção do que eu estava fazendo, de tão louco e delicioso que estava sendo o momento. Uma das coisas mais deliciosas da vida é saber que você está proporcionando prazer a alguém, e no momento em que ela gemia alto comigo, apertando meus dedos lá embaixo, respirando com dificuldade, sofrido, eu me senti plena, relaxada. Só voltei em mim, quando ela colocou a mão na minha, pedindo pra eu parar, sem ar nem para conseguir verbalizar o pedido. Eu devagar fui puxando os dedos, deixando com que eles saíssem sem machucar ela. Sei o quanto ela precisava respirar, mas eu nao aguentei, deitei mais uma vez na cama, com o rosto entre suas pernas e ch*pei, leve, devagar, apenas torturando-a e vendo seu corpo tremer cada vez que a língua encostava no clitoris
- Chega Fer, relaxei, relaxei. - escalei o corpo dela que estava fervendo, vermelho, quente, e pousei na boca, onde primeiro encostei nossos lábios, depois abri espaço para nossas línguas brincarem, em paz, calmas, como se nada de ruim fosse acontecer ou tivesse acontecido. Apesar da diferença de altura, eu deitei em cima de dois travesseiros e ela encostou no meu peito, entre o braço e o tórax, onde eu comecei a mexer no cabelo dela, lindo, ondulado, escuro.
- Você está chorando amor? Te machuquei? - Até me assustei, umas duas gotas de água rolaram por mim, incomodando a pele. levei uns segundos para entender que era a Carol chorando, quando perguntei isso, ela secou rápido o rosto e olhou pra baixo, fugindo o olhar de mim - Fiz algo errado?
- Não Fer, não é nada não, ignora isso. - Meio que tirei ela do abraço e desci mais um pouco na cama, ficando rosto a rosto com ela. Sequei mais duas lágrimas que estavam prestes a cair, ela estava envergonhada de chorar
- Como vou ignorar Carol? Fala comigo, o que foi?
- Eu te amo, muito. Isso aqui foi lindo. Não me sinto amada e protegida ha tanto tempo - A mão dela procurou meu rosto para me fazer carinho.
- Amor, no que depender de mim, vai se sentir cuidada assim sempre.
- Eu achei tão lindo o que você fez por mim hoje, você vir de Portugal até aqui para cuidar de mim, você me encanta em tantas coisas tão simples, tão bobas. Desculpa amor, deve ser TPM vindo por ai.
- Carol, você falar dos seus sentimentos não te faz frágil, pelo contrário te faz mais forte do que você já é. E eu amo isso em você, amo esse seu jeito de apesar dos problemas, ainda ser capaz de amar, de sorrir. Não perca isso nunca, sério. Vem cá meu amor, por mim vai sempre ser amada. - puxei ela mais pra perto ainda, bem coladinha pele com pele.
- Obrigada por me esperar Fer. Sério. Desculpa todas essas situações desses dias, essa bagunça toda que vivi e coloquei você junto.
- Meu amor, eu estou aqui, vim pra te ajudar, te dar apoio. A maior parte dessas situações, se não todas, não foi nem sua culpa. Hoje, por exemplo qual sua culpa em ter uma ex louca? Eu e o Lucas só fizemos nossa parte.
- Como um dia com você pode ser tão intenso assim? Tivemos DR, fizemos as pazes, você me salvou da ex louca e bêbada, agora estamos na cama. Gente, não temos como ficar sem emoção.
- Confesso que prefiro a paz de Urros a essa agitação toda.
- Nossa eu tambem, não vejo a hora de poder voltar. Resolver tudo aqui e ir embora. Vou sentir muita falta de tudo, do Bruno, do Lucas, da minha vida aqui, mas nada melhor que começar bem em outro lugar. O mes que passei lá foi tão bom, que se continuar assim, eu vou amar Urros pra sempre.
- Você vai voltar quando?
- Assim que sair a droga do divórcio, o que depende da louca assinar. E tem a fixação da fratura do rosto. Espero que no maximo em mais 2 ou 3 semanas, porque? Você esta com uma carinha estranha. Quer me falar alguma coisa?
- Não amor. Nada - definitivamente não consigo esconder nada dessa menina. Ela sentou na cama quase que em automatico e olhou firme pra mim, com a sobrancelha elevada, quase que com uma tatuagem escrita “ conta logo”.
- Fer, o que está acontecendo? Pode falar amor, eu não vou brigar. Sabe que isso não faz meu jeito.
- Ah não, você nem briga comigo. É cada bronca.
- Nem é assim, tem hora que você pede quase. Mas prometo que não vou brigar, só quero saber se está tudo bem? Você cuida de mim tão bem, deixa eu poder cuidar de você tambem - falou isso me fazendo mais um carinho no rosto, e me olhando com calma, não mais com a sobrancelha elevada.
- São duas coisas na verdade. Uma é que eu te amo e outra que eu quero mais sex*. - automaticamente eu levei um tapa, leve, mas um tapa no braço.
- Palhaça, isso eu já sei. Agora para de me enrolar. O que foi?
- A obra da maternidade foi embargada. A Marcela me ligou hoje, enquanto eu não voltar e assinar alguns documentos o hospital não vai pra frente.
- Mas estava tudo bem até o que... uma semana atras?
- Sim eu achei estranho também, a Marcela falou que o chefe do condado, como se fosse um prefeito, falou com ela pessoalmente, que faltava um determinado equipamento e sem ele não poderia continuar. Eu falei de comprar o tal equipamento, mas não tem dinheiro no caixa do projeto pra isso, ou seja, tenho que tirar da fazenda. E esses documentos de liberação da obra eu tenho que assinar pessoalmente.
- Fer, isso tudo é muito estranho. Estava tudo certo. Como de uma hora pra outra ficou assim?
- Eu não sei amor, não tenho ideia. O ruim é que tenho que que ver isso, não posso atrasar mais a obra da maternidade.
- Você vai voltar pra Portugal?
- Eu preciso. - ela mudou a expressão por completo, de atenciosa para triste, murcha. Me partiu o coração ver o jeito como ela ficou.
- Tudo bem. Já sabe quando vai?
- Ainda não, amanhã cedo vou ligar para reservar o jato.
- Fer, eu não posso voltar com você ainda. Sabe disso né?!
- Eu sei Carol, tenho que respeitar isso. Sei que você precisa desse tempo no Brasil, para organizar suas coisas. Mas eu não posso ficar.
- O que mais está acontecendo? Eu te conheço, sei o quanto é preocupada com a questão do hospital, mas a sensação que eu tenho é que você esta fugindo de alguma coisa. Não quer me contar? Não vou te forçar, mas se quiser conversar estou aqui.
- Ficar no Brasil não está me fazendo bem, por mais que eu esteja a uma semana aqui.
- O que aconteceu? Desculpa Fer foram tantos acontecimentos que eu não consegui cuidar de você. O que foi? - eu estava envergonhada de falar, sempre fico quando o assunto é meu passado com drogas.
- Eu perdi a linha. Estou há uns 15 anos sem usar absolutamente nada, nenhuma. E desde que eu cheguei aqui eu estou morrendo de vontade de usar, tremendo de fissura, de querer.
- Você usou alguma coisa? - dava pra como ela tambem estava desconcertada em conversar sobre isso
- Não usei. Mas tive muita vontade, no dia que eu soube do seu sequestro eu fiquei tão ansiosa e agitada que eu queria muito, e essa noite eu tive de novo a mesma senasação de falta. Eu estou sem essa sensação há quase uns 13 ou 14 anos. Hoje eu perdi a linha, bati na louca Carol. Eu não sou assim. Depois eu tive que ficar com a cabeça na água, igual seu pai ensinou. Eu estou perdendo meu controle e tenho medo disso.
- Calma Fer, Calma. Uma coisa por vez, que eu me perdi. Você teve vontade de usar drogas, bateu na Chris e o que tem meu pai nessa historia? - respirei fundo, tentando me acalmar - Vou pegar algo pra gente beber, você se acalma e fala devagar comigo. - Ela levantou, sem roupa alguma, posso dizer que ver o corpo dela é um bom calmante. Ela andou até o frigobar do quarto, pegou uma água com gelo, tipo H2OH, abriu e me entregou. Enquanto eu bebia ela procurava uma camiseta para ela colocar, dava pra ver que ela estava nervosa tambem, consegui ver isso no momento em que ela bagunçou todas as roupas, não achou nada, voltou e colocou minha camiseta mesmo. - Mais calma?
- Hum Hum
- Ok. Agora começa de novo. Quando você teve vontade de usar?
- A vontade foi quando eu soube que você foi sequestrada, eu fiquei agitada, tremendo, precisando de algo para me acalmar. Não conseguia ficar naquele jato maldito por 14 horas, sem celular, sem saber nada de você.
- E usar iria te ajudar em alguma coisa?
- Claro que não, só me faria surtar mais. Mas a questão é que depois de todos esses anos, eu tive vontade de novo.
- E foi forte o suficiente para não usar, para respirar e segurar a barra. Isso não é importante?
- É importante, fico feliz de ter me segurado e não ter usado. Mas a minha preocupação é o quanto eu quis, eu não tinha isso ha anos amor. Eu estou ficando mais agitada, mais agressiva aqui. Esse lugar não me faz bem.
- O que nos leva a segunda pergunta? Você bateu na Christiane?
- Bati. Desculpa.
- Não é a mim que você deve desculpas, e sim a quem apanhou. Eu, Caroline, não vou te parabenizar pelo que você fez, isso jamais. Mas conhecendo a Chris, eu posso dizer que é bem provável que ela tenha merecido, principalmente ela estando bêbada. Por mais que nada justifique ser violenta com ninguém.
- Quando chegamos na sua casa. casa dela, sei lá. Ela estava dormindo no carro, no colo do Lucas, e não acordava de jeito algum. Eu tentei acordar ela só mexendo e tals, mas chegou uma hora, que me subiu um odio tão intenso, tão pesado, que eu meti a mão nela. Uns dois tapas muito bem dados, no rosto dela, pra ela acordar. Ficou vermelho, minha mao chegou a arder, foi com força.
- E ela acordou?
- Não muito. Conseguiu sentar pelo menos, ai o Lucas carregou ela.
- Não foi o jeito mais gentil de acordar um bêbado, mas eu te entendo de ter dado uns tapas. Se você não se sentiu bem com isso, sente culpa, sei la, depois pede desculpas. Pelo que conheço da Chris, ela ainda vai aparecer mais vezes. Esse foi o momento que você perdeu a linha, foi violenta? - ela não deu risada, nem brincou comigo, se manteve séria, centrada, posso dizer que quase profissional
- Quando eu dei esses dois tapas o Lucas me segurou, pediu para eu pegar leve e tals. Mas depois eu dei um esculacho nela. Puxei ela pela roupa, fiquei olho no olho dela, falei poucas e boas pra ela. Nesse momento que eu fiquei tão nervosa tão nervosa, que eu tremia, tive que colocar a cabeça na água, segurar a respiração, pra me acalmar. E precisei fazer isso várias vezes, de tão nervosa que eu fiquei.
- E a vontade da droga era pra isso, pra se acalmar?
- É… com a droga eu esqueço essa merd* toda, todos os problemas.
- Mas quando você volta da brisa, está drogada, querendo mais e todos seus problemas continuam lá. Adianta alguma coisa? Eu acho que hoje você provou pra você mesma que pode lidar com muitos problemas e com uma raiva enorme, sem usar absolutamente nada. Posso até te fazer uma proposta se você quiser, as vezes que você ficar nervosa desse jeito, querendo usar algo, você usa meu corpo pra te acalmar, pode ser?
- Ai não vale Caroline, vou querer ficar nervosa toda vez. - acabamos rindo juntas
- Fer, eu acho que no final juntou mil coisas juntas, o meu sequestro, medo de me perder, você vir pro Brasil um lugar que te fez tão mal, vir de supetão, ter que lidar com uma louca bebada. Acho que na verdade você está uma bomba relógio de problemas. Mas pra mim, mesmo essa sensação de fissura sendo algo ruim, você não usar, mostra o quão forte e bem você está e é. Não é pra qualquer um encarar tudo isso sóbria, firme. Se você sentir que precisa ir pra Portugal para se afastar de tudo isso eu tenho que te entender e te respeitar, não posso te prender aqui.
- Eu fiquei sabendo do embargo da obra, hoje um pouquinho mais cedo, não sabia se iria ou não voltar. Tipo, a obra até pode esperar um pouquinho, por mais que já esteja bem atrasada. Mas depois dessa sensação ruim, eu não posso mais ficar aqui, preciso voltar pro meu mundo, pra minha paz interior.
- Amor, não quero que você vá, mas sei que você precisa disso, então te respeito.
- Como você consegue ser tão madura? Eu estou louca aqui.
- Adianta eu brigar com você e impor que você fique? Estou com você, mas você não é minha, não é minha propriedade, e nunca vai ser. Só espero que você em Portugal não se perca, e lembre sempre que tem uma namorada em outro continente.
- Não tem como você colar esse rosto lá?
- Não tem amor. Não é só o rosto, é minha vida aqui. Eu preciso pegar minha casa de volta, preciso vender meu carro, deixar uma procuração pro Lucas, preciso colar o rosto e fazer pelo menos um retorno. Nada é tão rapido no Brasil.
- As vezes eu sinto que você não quer ir embora.
- Não começa Fernanda, por favor. Eu realmente preciso fazer essas coisas. Eu tinha te avisado que precisava pelo menos de um mes aqui, e isso foi antes de eu perder quase uma semana disso sendo sequestrada. Por favor não me dá uma de namorada ciumenta e louca. - ela ficou irritada. - Qual o seu medo Fer? E essa pergunta é séria, já que estamos tendo uma DR, mais uma na verdade. To começando a achar que temos cotas de DR para bater no dia. Você anda com medo, ciumenta, tentando ser quem você não é. Essa cobrança de eu voltar rapido. O que está acontecendo?
- Eu sou insegura, pra mim você não vai voltar para Urros, vai conhecer outra pessoa e me largar. Não sei,
- Você ser insegura é uma coisa, mas você duvidar da minha palavra e da minha posição aí é outra e isso me ofende. Se eu falei que vou pra Urros, que vou assumir o hospital e que estou com você, eu não estou brincando. Não sou mulher de mudar minha posição, de voltar atras. Eu preciso de um tempo para organizar minhas coisa, cara eu vivi a vida toda aqui, tudo que eu tenho está aqui. Se fosse ao contrario, você deixar Urros, as fazendas, o hospital, o projeto, a Dna Antonia, o Pingo, tudo isso e atravessar o continente pra morar no Brasil, iria ser rapido Fernanda?
- Não. Desculpa, estou muito insegura com tudo, é uma situaçaõ tão dificil. Você é a primeira pessoa que eu saio depois da Mi, eu to meio perdida.
- Falando em Mi - ela falou isso com um tom ironico - pensa como é legal eu abrir mão, respeitar você, aceitar sua ida para Urros e saber que a Melena vai estar lá?! Isso chama confiar Fernanda, e você vai precisar aprender em algum momento. Eu não sou a Milena, eu não assumo algo e depois fujo. Se eu assumi eu cumpro. Só me dá a porr* do mes que eu preciso pra resolver isso.
- Você está certa em tudo, desculpa.
- Fer, quando eu te conheci você era tão firme, tão cheia de si. Centrada, a brava, mala. E aí? O que mudou? Porque essa insegurança toda? Eu estou aqui, estou com você amor. Não precisa dessa armadura toda.
- Estou com medo Carol. - acabei automaticamente abaixando a cabeça, tentando esconder o rosto.
- Medo de que amor? - ela levantou meu rosto, com todo o carinho possivel, com a voz mansa.
- Nunca fui apaixonada por alguém como agora. Quando você foi sequestrada, abriu um buraco no chão e eu cai, de medo de te perder. Eu te amo, e o medo de te perder faz eu errar nessas coisas. Desculpa.
- Ah, amor, para com isso. Vem cá, eu estou aqui. Não vou embora, pelo contrario,voce que vai - deu risada de mim, deitou na cama e abriu os braços, para eu pudesse me encaixar. Assim que encostei meu rosto no tórax da Carol, meus medos deram uma pausa e minha ansiedade tambem, sentir a pele dela na minha, não tem preço, é definitivamente meu porto seguro. Ela primeiro me abraçou com os dois braços, mas depois um deles subiu ao meu cabelo, onde fiquei ganhando cafune, leve, calmo. Quando finalmente meu coração voltou a velocidade normal, meus olhos começaram a fechar e eu peguei no sono, no colo dela, da mulher que eu amo.
Um rastrinho de luz do sol batia direto no meu olho, fazendo eu acordar. Por mais que eu tivesse pego no sono colada no corpo da Carol, acordamos com uma certa distância. Eu não pude deixar de olhar ela dormindo, plena, em sua beleza natural, cabelos castanho ondulados todo espalhado, mas ainda com o rosto inchado e roxo. Levantei no maximo de silencio que eu pude, minha intenção era sair do hotel sem acordar ela. Aproveitei e fechei rapidinho a cortina, para que o sol não acordasse ela.
Tomei um banho bem rapido e vesti uma das camisas que ela havia me comprado, enquanto já enfiei as outras 2 em uma sacola da lavanderia do hotel para entregar na recepção. Peguei minha mochila e escrevi um recado breve pra ela que dizia: “ Bom dia meu amor, precisei dar uma saidinha rapida, volto a tempo de almoçarmos juntar. Estou com o celular. Beijos”. Assim que sai do quarto desci na recepção do hotel, para deixar minhas roupas para lavar e acertar as contas do hotel até o momento.
- Bom dia, tudo bem? - comecei a conversar com a recepcionista do lugar - Eu precisava de dois favores seus.
- Claro, pois não.
- Primeiro essa roupa aqui, preciso lavar ela pra hoje a noite. Dá tempo?
- Sim senhora, deixo o recado que é urgente.
- Ótimo, eu preciso também pagar as minhas despesas até o momento. Eu vou embora entre hoje e amanhã, mas minha namorada vai ficar no quarto mais uns 20 dias. Você já pode cobrar tudo? Depois ela acerta as despesas extras, pode ser? - a moça mexeu no computador e me passou o valor completo da hospedagem, foi uma pequena facada, mas vale o mimo dela poder ficar em um lugar legal, já que a casa dela no momento não é uma opção. Depois de resolver essas pendências, tomei um cafe rápido no restaurante do hotel, e por volta das 8 horas eu ja estava no carro, pronta para resolver um problema importante.
Ainda não sei bem de cor o caminho até o lugar, mas como fiz ontem a noite, ainda está meio que fresco e com a ajuda do GPS foi um sucesso, errei apenas na entrada de uma rua. Assim que estacionei de frente com a casa da Caroline, mexi no meu bolso e retirei a chave que não devolvi ontem para o Lucas. Abri o portão da rua sem fazer nenhum barulho e fiz a mesma coisa com a porta da sala. A mesma sensação desconfortável do dia anterior me preencheu, aquela de saber que essa é a casa que a Carol morou com a Chris por anos. O cheiro de coisa velha e podre estava até pior que o de ontem, tampei a respiração e subi as escadas.
A porta a direita da escada estava aberta e da entrada dava para ouvir o barulho da respiração profunda da louca, talvez eu esteja passando dos limites, mas vale arriscar. Entrei no quarto e parei ao lado dela, em pé. Ela deve ter percebido ou sentido a presença de um estranho, já que assim que eu cheguei perto ela acordou.
- Que merd* é essa? Como você entrou aqui?
- Para de reclamar, se troca, você vai dar um passeio comigo hoje.
- Teu cú garota. E pode saindo da minha casa. Vou ligar pra policia. Quem te deu a chave daqui?
- Foi a mesma chave que abriu ontem pra cuidar de você bebada, babada e vomitada. Estou esperando no chiqueiro lá de baixo, te dou o bonde de uma hora pra tomar um banho e se arrumar, caso não te levo de pijama mesmo. E não faça eu conversar com você na educação que eu fiz ontem, tenho certeza que mesmo bebada você lembra. E pra garantir que não vai aprontar nada, seu celular vai estar comigo ok?! Uma hora! - e peguei o celular dela que estava na cama. Antes mesmo que ela resmungasse algo, eu virei as costas e desci as escadas.
O cheiro da sala estava horrivel, dei uma passada rapida de olhos e identifiquei o causador, uma caixa de pizza, que deveria ter tantos dias que já se perdeu no tempo. Quando eu abri tinha meia pizza verde, mofada na caixa. Não tenho nada a ver com esse rolê, mas ainda me dei ao trabalho de pegar uma sacola na cozinha e colocar a caixa de pizza e todas as garrafas de bebida que estavam no chão, vazias. Acreditem, esse pequeno ato já ajudou a melhorar um pouco o cheiro e o visual daquele lugar. Sério, fico imaginando a reação da Caroline se visse a casa dela desse jeito. O chão ainda estava colando, limpar mais do que isso ai já é boa ação de mais. As roupas eu empurrei todas para um lado do sofa, permitindo com que eu se sentasse em uma beirada pelo menos. Fiquei mexendo no celular, mas passado um tempinho eu consegui ouvir o barulho do chuveiro, vindo lá de cima.
Aproveitei esse tempo e entrei em contato com a empresa que administra o jato que costumo pegar, eles tem horário para hoje às 21 horas, vai até ser um horário bom, vou acabar chegando em Portugal amanhã a tarde, talvez até de tempo de já assinar esses malditos documentos.
Acho que meia hora depois, a Christiane finalmente desceu as escadas, definitivamente com cara de ressaca, vestindo uma calca jeans preta, tenis e uma camisa. Os cabelos estavam molhados, provando que realmente tomou banho. Ela olhou pra mim com uma cara de merd*, que mandava eu me fuder claramente, mas não verbalizou absolutamente nada quanto a isso.
- Agora que eu acordei e estou no mínimo apresentável, o que você quer?
- Já te falei vou levar você pra dar um passeio. Não é turístico, é a unica dica que eu dou.
- Nossa, é pra eu dar risada? - Não me dei ao trabalho de responder - Posso pelo menos tomar um café?
- Não sou tão ruim assim, eu até espero você tomar um café e alguma coisa pra sua ressaca. - ela apenas olhou pra mim e seguiu pra cozinha, na porta da cozinha acenou a cabeça como se fosse um “entra”. Eu até estranhei, mas segui.
- Você toma café? Quer um pouco?
- Não obrigada - estranhei a oferta.
- Posso pelo menos saber pra onde eu vou com você?
- Vai saber quando chegar, mas digamos que é apenas sua obrigação por estar casada com a Caroline.
- Até imagino o que seja. Só me faz um favor, quando precisar falar comigo ou me sequestrar pra algum lugar, toca a campainha. Acordar com você me olhando não é legal.
- Não pretendo ver você nunca mais, fica esse o recado - mais uma vez ela só me olhou, mas deu pra perceber o quanto o pensamento era recíproco. Ela preparou uma xícara de café naquelas cafeteiras automáticas, sentou no balcão da cozinha, de frente pra mim, mas sem abrir a boca para absolutamente nada. Ficou com o pensamento longe, eu daria tudo para saber o que se passa na cabeça dela.
- Eu preciso levar algum documento? Acredito que só o Rg e CPF deva ser suficiente não?!
- Acredito que sim - Caraca, será que ela sacou que estou levando ela pra assinar a porr* do divorcio? Estou estranhando essa calma e cooperação dela, não parece nem um pouco ser a mesma pessoa que quase me bateu ontem e que eu quase matei de raiva. Sério, estou estranhando mesmo.
- No caminho tem como parar em alguma farmacia? Aqui não tem nada de analgesico, não vou conseguir ler nada do divórcio sem uma bela dipirona antes. Vamos? - Gente do céu, eu achando que teria que arrastar ela pela sala, amarrada e algemada.
- Sim. - eu apenas respondi isso, de tão assustada que estou, nem vou precisar de força bruta? Saimos da casa, no silencio absoluto. Ela só voltou a falar quando chegou na calçada e bateu o olho no carro da gineco.
- Você está usando o carro da Caroline?
- Estaria com carro de quem? Do Papa? Claro que é o dela. Entra logo - assim que entramos no carro, eu automaticamente coloquei o celular para tocar música. Foi um jeito bem direto de não haver conversa entre nós.
- Já estou no carro, pode devolver meu celular agora?
- Não, só devolvo depois que você assinar. Assinar o divórcio, sem drama, sem falar que foi coagida, sem show. Apenas assinar o papel.
- Aff, só para na farmácia pelo amor de Deus, e desliga essa merd* de música, detesto música. De preferencia fica em silencio tambem, sua voz me irrita. - Eu não desliguei não, me lembrei de várias vezes que a Carol comentou que não sabia mais ouvir música por causa da louca da esposa que não gostava, pois é, feitiço contra o feiticeiro não?!
Fim do capítulo
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