Capítulo 5 - Diversão?!
Ao ouvir essas palavras por pouco Marília não voou no pescoço de Marcella. Não fez isso porquê estava de frente para a amiga e viu seu olhar de reprovação, elas se conheciam tão bem que em muitos momentos um pequeno gesto indicava o que ia ao coração da outra. Para extravasar a raiva contida bateu levemente na mesa, mas prometeu a si mesma que a qualquer gracinha de Marcella esqueceria os bons modos e enfiaria a mão na cara dela.
Beatriz respirou fundo contando mentalmente até dez, por dentro não sabia se conseguiria manter a frieza que aparentava no rosto. Precisava tomar uma atitude sensata diante daquela situação, ficar e enfrentar Marcella juntamente com a atual namorada era o que tinha a fazer!
– Estou muito bem, e você?
Marcella a cumprimentou com dois beijinhos de comadres:
– Está tudo bem. – sorriu – Você sumiu, não me atende mais, fiquei preocupada! Estava pensando se tínhamos brigado sem que eu soubesse – falava calmamente.
Quanta falsidade, era muita cara de pau para uma pessoa só.
– Como pode ver, e já disse, estou muito bem. Não há com o que se preocupar. – olhou para a mão da moça, onde reluzia uma aliança enorme – Precisava rever minhas prioridades, se é que me entende.
Aquilo era sério, Beatriz estava mesmo sendo sarcástica com ela?! Desde quando ela não cedia ao seu charme?! Olhou para Marilia e viu seu risinho de canto de boca, tinha entendido tudo, aquela peste tinha voltado de viagem e envenenado Bia contra ela. Nunca gostou daquela mulher, sempre a achou enxerida demais, e pior, desconfiava que ela soubesse de algumas coisas não muito certas que já tinha feito. Continuou a conversa sem perder o sorriso.
– Sabe que sempre me preocupei contigo. Vamos marcar um almoço para colocar os assuntos em dia!
A mulher está aqui com a namorada convidando a ex para almoçar. Bia balançou a cabeça sorrindo para Mari que estava a ponto de avançar na outra. O melhor a fazer era espantar aquela maluca dali. Quando pensou em dar fim naquilo, Dani falou:
– Cella, puxa a cadeira e senta aqui com a gente!
Viu Marilia e Douglas fuzilarem a mulher com os olhos e resolveu intervir.
– Marcella nunca foi dada a eventos desse tipo, imagino que já esteja cansada, não é mesmo?! Além do mais, a moça – apontou para a nova namorada da ex que não parava de olha-la – parece um pouco deslocada. Já que você não nos apresentou a ela. – Levantou colocando uma mão no ombro de Marcella e dizendo ao seu ouvido – Vá embora, ou então te farei passar vergonha na frente de todos, contando a sua namoradinha das suas mensagens românticas e dos convites para ir a motéis. Já chega de causar desconforto nos meus amigos na casa deles. Saia, você não é bem vinda aqui. – Sorriu e esticou a mão para que a moça apertasse – Qual é o seu nome mesmo?
Que porr* estava acontecendo?! Beatriz só podia estar fora de si, como assim ela a estava ameaçando? Bufou e viu a namorada apertar a mão da ex, respondendo com um sorriso educado.
– Lavínia!
– Beatriz. Desculpa tomar tanto o tempo de vocês assim. – Olhou de Douglas para Marcella e continuou: – Vamos, acompanho vocês até a saída. Tenho certeza que o Doug não vai se importar, afinal, somos irmãos de alma – piscou para ele que olhava sério dela para a esposa. – Venham!
Marcella estava irritadíssima com aquela atitude de Beatriz, quem ela pensava que era para coloca-la pra fora daquela forma? Ia resolver aquilo, não agora, em outro momento e a sós com a advogada, ia mostrar a ela quem realmente mandava. Não tinha nada a fazer além de ir embora, a ex não lhe deu outra alternativa. Passou pela porta sob o olhar atento de Bia, que ainda acenou sorrindo para ela quando entrou no carro.
Retornou para a mesa encontrando apenas Marilia, receosa de que tivesse acontecido alguma coisa com o amigo, perguntou:
– Onde estão os donos da casa?
– Assim que você saiu um amigo do Doug veio chama-lo para ver alguma coisa no freezer. E a esposa foi falar com uma amiga.
– Ufa, – respirou aliviada – achei que a outra lá tinha estragado a festa deles.
– Não vou com os cornos da tua ex, mas minha cunhada forçou a barra a chamando para sentar conosco. Ela pediu para brigar com meu irmão. Onde já se viu fazer uma loucura dessa com a amiga!
– Mari, ela não é minha amiga, lembre-se disso. Meu amigo é ele, e ela se tornou amiga da Marcella, então, não me admira ela ter tomado o partido dela na separação.
– Isso não existe, ela te conheceu muito antes de conhecer aquela cobra. Deveria ao menos te respeitar.
– Para, você sabe melhor que ninguém que ela tem ciúme de mim com o Doug.
– Idiota. Meu irmão nunca foi homem para você.
– Não fala assim, – gargalhou – ele só não faz o meu tipo.
– Porque será hein? – encostou a cabeça no ombro da amiga – Desculpa, não fazia ideia que teríamos tantos problemas no primeiro dia que consigo lhe tirar de casa para se divertir.
– Não precisa pedir. Não foi culpa de ninguém. E talvez sua cunhada nem percebeu que estava sendo uma marionete da outra lá, vai ver ela achou que estava apenas ajudando.
– Você e essa mania de ver o lado bom de todo mundo. Sai dessa, nem todo mundo é bom não.
– Ninguém é cem por cento bom, nem mal. Temos um pouquinho dos dois, cabe a nós escolher o sentimento que deixaremos florescer.
– Você e esses papos espiritistas estranhos.
– Para de falar assim! Sabe bem que sou espiritualista, e sim, gosto de pensar que todo mundo mostra sempre o seu melhor, ou seja, o lado bom. Mas, infelizmente nem todos são assim. Agora me diz, onde estão os nossos acompanhantes?
– A sua tá em outra mesa com os amigos. E o meu foi ajudar meu irmão.
– Entendi! Parece que dessa vez o Doug acertou, né!
– Não sei com você, mas comigo ele acertou bastante. – Gargalhou levando a amiga a fazer o mesmo. – Agora é sério, você tá bem mesmo?
– Estou sim! Por pior que tenha sido, foi melhor ter encontrado ela aqui, não sei como reagiria se esse encontro acontecesse em outro lugar.
– Fico muito feliz que esteja realmente superando isso. Me tira uma dúvida, o que disse a ela para ter aceitado ir embora tão rápido? Porque se olhar matasse, ela tinha matado você no mesmo instante em que falou.
– Só falei que a faria passar vergonha contando a namorada dos convites dela na frente de todos.
– Que convites foram esses?
– Em diversas vezes ela me convidou para ir a motéis com ela, mesmo eu já sabendo que ela estava namorando.
– Cachorra! Aquela mulher não presta, é uma vergonha para a classe feminina. E você manteve isso em segredo, não é!
– Não vi necessidade em contar, sabia que essa seria a sua reação. Sem falar que se tivesse contado antes, com certeza você teria avançado nela assim que encostou na mesa.
– Eu? – perguntou afetada – Jamais faria isso.
– Sei! Caso não lembre, eu te conheço a muitos verões. Sei muito bem o que representou aquele murrinho na mesa.
– Era para ter sido na cara dela, isso sim.
Gargalhou abraçando a amiga, Marilia estava feliz por enfim vê-la superando o fim daquela relação, ela merecia ser feliz, e sabia que isso jamais aconteceria ao lado de Marcella.
Fim do capítulo
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