Capítulo 12
Sabia que deveria esperar a mulher voltar, mas já estava cansada de toda aquela enrolação, desde cedo Valentina a estava enrolando. Ia dar um basta naquilo de uma vez por todas.
– Você deve achar que sou besta ou algo do tipo, passou o dia dizendo que precisamos conversar, mas a todo momento foge disso. Saiba que não vou sair... – As palavras perderam força em seus lábios depois de encontrar Tina chorando em seu quarto. Uma vontade súbita de protege-la se apossou da professora que correu ao encontro da médica a abraçando: – Não chora, sei que sou chata e estou te enchendo, mas não precisa tanto.
A médica se deixou ser abraçada sabe-se lá por quanto tempo, só ficou ali nos braços da mulher que conseguia ser seu céu e seu inferno em questão de minutos.
Melissa passou longos minutos com a médica em seus braços, tentava acalma-la dizendo palavras doces em seu ouvido. Quando parou de ouvir seus soluços beijou seus cabelos e perguntou carinhosa:
– Quer um copo d’água? Deveria deitar para descansar.
– Obrigada, – segurou a mão da mulher que ainda fazia carinho em seu rosto – mas não precisa. Desculpa por isso.
– Para, não tem porque pedir. Te enchi demais hoje, vou te deixar descansar. – tentou levantar, mas foi detida por Tina.
– Fica, temos que ter aquela conversa. Chega de adiar!
– Tem certeza que quer mesmo fazer isso?
– Sim, é o melhor a ser feito. – Respirou fundo e sentou de frente para Tina, que se concertou na cama. – Bom, mais cedo você me fez algumas perguntas sobre o fim do meu relacionamento com sua irmã.
– Sei que isso não é da minha conta, não tem porque me contar sua intimidade.
– Sua irmã me traiu!
Aquela frase caiu como uma bomba nos ouvidos de Mel.
– O que disse? – levantou colocando a mão na cintura.
– Você ouviu, não preciso repetir.
– Como você sabe que ela te traiu? Quem disse? Você não deveria acreditar em tudo o que falam por aí. – Apesar de ter um interesse fora do comum naquele término, afinal, assim teria uma chance com Tina, embora não soubesse mais se queria mesmo isso. Mas era da índole da sua irmã que ela estava falando.
– Então eu estou mentindo! – levantou irritada indo para a sala.
– Posso saber o que eu tenho a ver com a sua irritação? Não vi motivo para isso.
– Também não vi motivos para sua exaltação, já que a traída fui eu.
– Para, vitimismo não! Estou tentando entender como tudo isso aconteceu, uma hora você estava quase casada e na outra não, e ainda alega que minha irmã te traiu, faça-me o favor. – disse irritada – Você pode até não conhecer a Moni como eu, ou então saberia muito bem que ela não é capaz de fazer essas coisas.
– Posso mesmo não conhece-la tão bem como você, mas garanto que enxergo bem até demais.
– O que quer dizer?
– Ontem quando saí da sua casa fui conversar com sua irmã, não podia continuar com uma farsa, não depois... – olhou para Mel que sustentava um olhar desafiador – Como dizia, fui conversar com a Moni, e a encontrei na cama com outra mulher. Não foi ninguém que me disse, eu vi! Satisfeita.
– Que loucura é essa?
– É isso mesmo que ouviu.
– Tudo isso está muito confuso para mim. – Passou a mão nos cabelos e pediu em tom de apelo: – Você poderia me explicar como tudo aconteceu?
Aquela conversa já estava mais do que indigesta para Tina, não tinha convidado Mel para viajar com ela para ficar relembrando o romance nada planejado entre ela e Mônica.
– Se é o que quer, – apontou para o sofá – é melhor sentar. – Não tinha intenção de contar tudo, alguns fatos ainda lhe doíam muito para falar assim abertamente com alguém que não fosse seu irmão e sua amiga. Logo que Mel se acomodou, Tina voltou a falar: – Tem algum tempo que passei a ter certa dificuldade para me relacionar com outras pessoas, imagino que já tenha percebido isso, afinal, de tantos convites que já me fez, só aceitei o do seu aniversário, onde conheci sua irmã. Depois dali nos encontramos outras vezes por acaso, e fui me sentindo bem na companhia dela. Papo vai e papo vem, acabamos cedendo aos desejos e ficamos em uma noite, depois de um show que fomos em outra cidade. Depois disso passamos a nos ver com mais frequência, só que nunca nomeamos o que existia entre nós, para mim era uma relação e pronto. Ela começou a falar em morar juntas depois de algumas noites que precisei sair de lá para fazer cirurgias de emergência, e eu apenas ria, e dizia que ia pensar, que precisávamos amadurecer essa ideia e tal. Na minha cabeça não precisava casar, nem dormir e acordar ao lado de alguém para me sentir feliz. Mas era algo que ela queria, e percebia isso em algumas ações e palavras dela. Meu erro foi não dizer a ela que mesmo me sentindo muito bem em sua companhia, eu não queria casar, muito menos morar junto, e deixei as coisas irem acontecendo, não queria estragar o que tínhamos. Até o dia em que fomos jantar na casa dos seus pais, e ela disse que íamos casar. Na ocasião não achei que precisava falar que aquilo não ia acontecer, e mais uma vez deixei as coisas irem acontecendo.
– Você iludiu a minha irmã, é isso mesmo?
– Não! – sorriu nervosa – Acho que a única pessoa iludida nessa história toda fui eu.
– O que você pensou em fazer quando foi na casa dela ontem a noite?
– Queria apenas conversar, dizer que não podia casar com ela, afinal, tinha acabado de beijar a minha cunhada, logo, não tinha razão para insistir num casamento com uma, tendo beijado outra e gostado.
– Ah, a outra nesse caso seria eu, que horror! Mas, não tem como você ter se enganado com o que viu, ou melhor, com o que acha que viu. Vai ver a moça que tava na cama dela era só uma amiga. Você deveria tê-la acordado, a Moni tem um monte de amigas que vivem dormindo por lá.
– Eu poderia até ter me enganado se não tivesse encontrado elas trans*ndo.
Mel ficou com as faces vermelhas e quando voltou a falar disse encabulada: – Desculpa, não imaginei que tivesse passado por algo assim. Como disse mais cedo, você estava muito bem para quem tinha terminado um quase casamento a poucas horas.
– Não tem motivo para se desculpar, como disse, não tinha sentimentos por sua irmã. Ela era só uma boa companhia, mas nunca passou disso. Não seria certo casar com alguém apenas por isso. Apesar da forma que terminou, foram meses alegres que eu tive ao lado dela.
– Entendo! Confesso que fiquei muito surpresa com o comportamento dela, jamais imaginei que minha irmã fosse fazer uma canalhice dessas com alguém, mesmo porque, até onde eu saiba quem tem, como diz você, fama de “pegadora” sou eu, e não ela. Por pior companhia que você esteja sendo para mim, não acho que merecesse isso.
– Você também não é a melhor companhia do mundo, mas é a que eu escolhi para passar esses dias, não é mesmo! Melhor irmos jantar, não quero que diga que te trouxe para o litoral para passar fome. Tolero tudo, menos que me acusem de fazer pouco caso com os meus amigos.
– Amiga, né, é isso que somos – murmurou.
– O que disse?
– Nada! Vou só pegar minha bolsa e saimos.
– Nem pensar! O jantar é por minha conta, é minha forma de pedir desculpas pela má companhia que estou sendo hoje. – sorriu segurando a mão de Mel.
– Se é assim, então vamos.
Saíram em silêncio, cada uma com seus respectivos questionamentos, o importante era que a primeira conversa tinha acontecido, e embora Mel tivesse deveras intrigada com o comportamento errôneo da irmã, agora não existia mais ninguém entre elas...
Fim do capítulo
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Kamila Alves Brito
Em: 07/03/2019
Mulheeer continua essa historia antes que eu morra de ansiedade
Resposta do autor:
Bom dia Kamila! Tudo bem?
Hehe, calma, ansiedade não é uma boa companhia, pensando nisso, logo mais atualizarei a história, tá, rsrsrs. Não gosto da fama de ser um autora má, kkkk, brincadeira. Mas hoje sai cap novo...
Se cuida querida, bjs.

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