Coincidências por Rafa e
Capítulo 18
-- Bá, você sabe o paradeiro daquela advogada linda? – brincou.
-- Haidê?
-- Não. Aquela emburrada ciumenta com quem dormi a noite passada.
-- Não foi Haidê? – Lívia revirou os olhos e pegou um copo de suco.
-- Estou falando de Haidê, não conheço outra advogada linda.
-- Ela saiu muito cedo, estava acordando quando ouvi o portão da garagem. – Puxou a cadeira e sentou ao lado da loirinha. – Aconteceu alguma coisa?
-- Ontem ela perguntou quantas mulheres dormiram naquela cama. – respondeu em tom casual.
-- Minha nossa! – exclamou assustada e colocou as mãos na boca. – Você citou toda a lista?
-- Claro que não.
-- Ainda bem. – tranquilizou-se. – Quer um chá?
-- Prefiro um café forte. – pensou. - Bá, agora tenho que trocar aquela cama... – deu de ombros. – Isso se ela não lembrar a banheira. O que faço?
-- Ela que não saiba a verdade ou vai querer trocar de casa. – Lívia quase engasgou. Bá viu que havia falado demais e tratou de mudar o assunto. - Não queria aumentar seu quarto? Por que não contrata um profissional e faz uma reforma? – a loira pareceu gostar da ideia.
-- Lis contratou uma empresa para construir a casa deles, posso falar com ela e pegar o contato. Posso aumentar meu quarto, banheiro e closet. Esse escritório também é muito pequeno.
-- Lívia... – tentou interrompê-la, mas a loirinha prosseguiu.
-- Bá, precisa ver o escritório dela, não o que trabalha, mas o que tem no apartamento. Não vai se acostumar com esse aqui de casa. Não vou mexer em todos os quartos, quero que tenha espaço para nossos filhos. – Dirce a olhou surpresa.
-- Filhos?
-- Sim. – sorriu. – Bá, eu quero construir uma família com Haidê, isso implica ter filhos.
-- E como vai ser isso? – não entendeu muito bem o que ela havia falado. Lívia deu uma gargalhada e explicou rapidamente. – Meu Pai Santíssimo! – exclamou com as mãos erguidas em uma prece. – E se isso não funcionar?
-- Nem que eu tenha de apelar para maçã com mel novamente. – Lívia disse em tom de brincadeira, segurando o sorriso e balançando as sobrancelhas. Bá a olhou e colocou para fora da cozinha.
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-- Mas você foi muito adulta, nunca imaginei que agiria com tanta maturidade diante de uma situação como esta. – Helena falou para neta, enquanto servia um chá para as duas.
-- O que a senhora queria que eu fizesse? – defendeu-se. – Vovó, eu nunca senti nada igual. Quando parei para imaginar que aquela cama tinha uma história com outras mulheres... – fez uns segundos de silêncio antes de concluir. - Isso me irritou de um jeito.
-- Por isso tem que mudar, ou vai ter problemas na relação. – A morena olhou surpresa para a velha senhora.
-- Problemas como?
-- Desconfiança, insegurança... – pegou a mão da advogada. – Amar é a melhor coisa do mundo, mas precisa de maturidade e confiança. Muitos dizem: “eu lhe amo” e agem como loucos inconsequentes, para no final descobrir que não passava de uma simples paixão. Ame, deixe-se amar e confie. Diga que a ama, vivam cada momento presente, passado não importa mais. – bebeu o chá. - Lembro quando uma inglesa esnobe quis inventar mentiras sobre seu avô. Eu confiava nele, sabe o que aconteceu?
-- A senhora lançou um feitiço e a transformou em uma perereca. – tentou brincar. Gato apareceu e miou para Helena.
-- Sim querido, ela brinca com coisas sérias. – ele voltou a miar. – A vida vai ensina-la o que quero dizer. E a propósito: eu não acreditei e a coloquei para correr. – Haidê tomou o chá pensativa. – Minha neta, na vida nós temos que transformar o veneno que nos atiram em remédio.
-- Eu pisei feio na bola. – constatou. Helena concordou com a cabeça enquanto o gato voltou a miar. - Até o Gato sabe disso. – completou olhando o animal.
-- Ele sabe das coisas mais do que nós, simples bruxas. – levantou-se. Haidê revirou os olhos e bufou. – Sabe o que fazer, não é?
-- Sim. – respondeu vencida.
-- E o que está fazendo aí?
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-- Bom dia! – olhou para Lis. – Onde está o chefe? – perguntou sorrindo.
-- Foi a uma reunião.
-- Acho que vou aproveitar e correr para oficina. – falou baixinho como se fosse um segredo.
-- Nem pensar. – sorriu. – Fez suas unhas ontem, precisa preserva-las até amanhã, além disso, Fernando deixou alguns papeis para você ler, ele quer discutir alguns contratos. – Lívia fez uma careta e pegou a pasta. – Ainda pensa em voltar a surfar? – a surfista ponderou um pouco.
-- Eu queria muito, mas agora tenho Haidê e quero formar uma família com ela. – Lis viu os olhos verdes da loirinha brilharem.
-- Eu torço muito por isso. – a abraçou.
-- Por falar nisso, pode passar o contato daquela empresa que construiu a casa de vocês?
-- Pretende construir uma?
-- Não. Quero fazer uma pequena reforma em casa. – As duas conversaram por alguns minutos, depois Lívia foi para sua sala ler os documentos que Fernando havia deixado. Estava entretida na leitura quando a morena chegou por trás, surpreendendo-a com um beijo no pescoço. – Hum... Isso é tão gostoso. – disse com os olhos fechados, quando abriu viu um buquê de rosas. – Ei... – pegou das mãos de Haidê e cheirou.
-- Desculpa amor, fui uma idiota ontem. – pediu com os olhos brilhando.
-- Foi mesmo. – a puxou para um beijo. – Mas isso sela a paz. – brincou. – Saiu sem um bom dia ou meu beijo. – fez um bico.
-- Oh meu amor, você me desculpa? – a pegou pela cintura e beijou.
-- Sobre o que estava falando? – brincou.
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-- Morena, eu preciso levar algumas peças de roupa para sua casa enquanto nosso quarto passa pela reforma. – Haidê a olhou assustada.
-- Oi?
-- Não acredito que vamos voltar ao início da história. – disse com ironia enquanto segurava duas calças penduradas em cabides. – Qual das duas?
-- Não é isso Lívia... – apontou para uma das calças. – Vai assinar aqueles contratos hoje? A preta impõe mais seriedade, depois você faz essa carinha e todos irão temer o “tufão loiro”. – Sorriu e a puxou para um beijo. – Amor, neste mundo empresarial, a roupa fala muito. Quando chega em uma reunião como a campeã de surf e dona de uma marca, os mais conservadores não a levarão a sério. – mordeu o lábio da loirinha. – Mas se chegar arrasando assim, vai mostrar poder, segurança. – beijaram-se. Haidê sentou-se e cruzou as pernas, observando-a.
-- Eu já havia percebido isso, vou mudar meu estilo e o guarda-roupa. – piscou. - Quanto ao tufão, será que foi o mesmo de ontem à noite? – balançou as sobrancelhas. - Eu falei em casar? – perguntou e ela mesma respondeu - Não que eu me lembre.
-- Lívia... – choramingou. - Acho que não estamos prontas para morarmos juntas.
-- Haidê, você quer continuar assim? Eu aceito, mas não vou abrir mão de ficarmos juntas à noite. Simples assim: ou você dorme aqui ou eu vou para sua casa. – Declarou irredutível. A advogada a olhou séria e passeou com os olhos sobre seu corpo. – Isso aqui está bom para levar?
-- Ficaremos a maior parte do tempo de jeans. Colocou roupa de banho? – Lívia balançou a cabeça em afirmação. – Mas... – fez uma careta. - Vou ter que lhe ver com essas calças do... – olhou de forma avaliadora.
-- Patolino. – respondeu cruzando os braços – Este é o Patolino e saiba você que estas calças são extremamente confortáveis. – explicou como se falasse de uma equação matemática.
-- Patolino... – repetiu pensativa. - E tem outras ali que já vi. – Apontou para o armário de roupas.
-- Tem e logo você terá algumas. – Segurou o sorriso.
-- Vou dormir onde ela quer... – pensou alto - E vestir o que ela quer... – caminhou em direção à loirinha - O que irei fazer mais de acordo com suas vontades? – usou um tom de enfado.
-- Que tal tudo o que eu quiser? – segurou o sorriso. Haidê a beijou com carinho, explorando cada pedaço daquela boca doce como mel que amava muito. Quando o beijo encerrou, ambas abriram os olhos, ainda com os rostos colados. Haidê a mordiscou de leve e depois se afastou, sem perder os olhos verdes de vista.
-- Seu ser desprezível! – imitou a voz e o jeito do pato falar.
-- Ah, então você também gosta do Patolino?
-- Prefiro o Donald. – respondeu com displicência. Pegou a bolsa e se arrumou. – E quanto as suas vontades...
-- Fará tudo e sem questionamentos. – respondeu sorrindo.
-- Vai querendo. – Imitou a voz do Pato Donald – “A quem quer enganar Haidê? Sabe que sempre atenderá a todas as vontades desta baixinha.” – pensou e sorriu com a conclusão.
-- Olha minha dubladora preferida, eu sei que você está falando isso da boca para fora, no fundo está pensando: “faço tudo o que meu amor quer”. – mordeu a ponta do nariz da morena e foi em direção ao banheiro.
-- Será que pensei alto? – perguntou-se olhando no espelho. A loirinha retornou, e colocou a cabeça para dentro do quarto.
-- A propósito, caso não tenha nada no escritório, aconselho a fazer testes para dubladora, vai ganhar mais, e quem sabe trabalhar menos. – piscou novamente e retornou ao banheiro.
“Não sei como ficar sem ela, também não sei como ficar e coloca-la em perigo.” – pensou com pesar, temia pela vida de Lívia.
-- Além do mais, essa reforma vai durar algumas semanas, precisarei de tranquilidade. – completou ao retornar.
-- Isso significa deixar Bá sozinha na bagunça enquanto você fica em um local limpo, tranquilo e arrumado. – respondeu olhando-a.
-- Bá não sai desta casa com facilidade. – tirou a calça de Patolino, ficou só de calcinha. Haidê olhou o corpo menor e se aproximou.
-- Ainda tem tempo?
-- Eu tenho, mas você tem audiência. – Haidê mordeu seu pescoço e sussurrou. – Só a noite.
-- Tenho algo em mente.
-- O que? – abriu os olhos com curiosidade.
-- Amanhã você descobre. – brincou e olhou o relógio. – Amor, preciso ir ou me atraso. – beijaram-se. - Sairemos às dezesseis.
-- Onde está sua mala?
-- Deixei em casa, Ulisses leva para mim. – outro beijo e saiu.
-- Haidê, você me deixa doida, que mulher meu Deus! – disse para sua imagem refletida no espelho e ficou surpresa quando a advogada colocou a cabeça dentro do quarto.
-- Eu ouvi isso. – saiu após deixar a surfista completamente envergonhada.
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-- Vovó, tem certeza que não quer ir?
-- Não querida, eu quero aproveitar esse final de semana prolongado para sair com minhas amigas, vamos a uma festa.
-- Não adianta Haidê, quando dona Helena sai para estas festas, aproveita ao máximo. – Mariana avisou a morena.
-- Vovó Lena é “manga larga”.
-- Júnior, não é “manga”, se diz banda. – Yan o corrigiu e despertou sorrisos nas três mulheres.
-- Haidê vive falando que ela é uma senhora conectada com a atualidade. – Mariana explicou para Ulisses que não entendeu o comentário.
-- Eu vou descer com as malas. – olhou para a irmã. – Dê, coloca umas rodinhas no Júnior. – declarou sério. – Vou pegar um táxi.
-- Ulisses, eu vou com você. - revirou os olhos com enfado. - O táxi é muito pesado pra pegar sozinho. – Ulisses fez menção em atacá-lo, mas Haidê interrompeu a conversa.
-- Ei, sou uma dama, pode levar a minha também. – Ulisses saiu e avisou para não demorar ou ele não iria esperar.
-- Uma vez ele nós fezes correr atrás do carro.
-- Júnior o termo é “nos fez” para você concordar com o verbo. – Mariana explicou com paciência.
-- E se eu não concordo com ele? – perguntou após coçar a cabeça. – Ulisses mandou correr e ninguém concordou, então fica nós fezes mesmo. – Mariana pensou em falar algo, mas Haidê lhe fez um sinal para esquecer. – Haidê vive dizendo que ele é hidratante.
-- Meninas, melhor sair ou irão se atrasar. – Helena avisou antes que Júnior continuasse com seus comentários.
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Quando o carro se aproximou da casa, Lívia viu Melissa esperando na varanda, estava acompanhada de um garoto, aparentava uns dez anos.
-- O nome dele é Enzo, filho mais velho de Cris. – Haidê falou baixinho em seu ouvido após perceber para onde ela estava olhando.
-- Elas têm três filhos, não é?
-- Sim. – beijou o ombro da loirinha. – Fique tranquila, Isa é maravilhosa.
-- Como sabe que estou nervosa?
-- Se estivesse no seu lugar, prestes a conhecer Xuxa, também estaria nervosa. – Lívia a empurrou e sorriu.
-- Boba! – o carro parou e Melissa se aproximou acompanhada do filho.
-- E esse povo do litoral? – brincou. – Vou ensinar como o povo da roça vive.
-- Minha amiga... – Haidê a abraçou após sair do carro. Ulisses e Mariana se aproximaram, Yan passou correndo para falar com Enzo enquanto Lívia veio acompanhada de Júnior.
-- Mel, saudades de você. – Júnior a abraçou após Haidê se afastar para ajudar Lívia.
-- Interessante, eu não estava de você. – disse séria.
-- Ela me ama. – olhou ao redor. – Onde está Isa? – ouviu Enzo chama-lo e saiu antes que ela respondesse. Haidê sorriu.
-- Mandou para mim o presente de Tróia e estou devolvendo. - Melissa sorriu e olhou para a loirinha. - Essa é minha namorada, Lívia.
-- Lívia Fachini. – disse animada. – Isa vai adorar conhece-la, ela é sua fã. – Lívia olhou surpresa para namorada e sorriu. Haidê havia comentado para as amigas sobre o sonho da surfista em conhecer a jornalista.
-- Eu que terei o prazer em conhece-la.
-- Viu só Haidê? Não temos fama, nem reconhecimento, elas são as estrelas.
-- Não é isso Meli... Cristina. – Corrigiu-se.
-- Pode me chamar de Melissa se preferir. – Tentou ser simpática e Haidê interrompeu.
-- Ei, essa loira é a minha. – brincou. – Amor, ela é Cristina, lembre-se: Cristina. – Lívia sorriu. – Quando estiver lhe incomodando só chamar de Melissa Cristina.
-- Ela lhe falou que gosto de cortar cabeças? – brincou com a loira.
-- Vocês ficarão de fofoca aí o final de semana todo? – Ulisses chamou atenção das três. - Mulher quando se encontra é fogo! – levou um beliscão de Mariana
-- E homem é chato. – Mariana o censurou.
-- Aí! Isso doeu. Cristina, onde vamos ficar? Quero deixar essas malas... – apontou para Mariana e as duas bolsas que segurava. – Em algum lugar e depois aproveitar o tempo.
-- Vai começar Ulisses? – Mariana o empurrou de leve e antes que respondesse Melissa os chamou para entrar.
-- Vem pessoal, Isadora já definiu onde todos ficarão. – Olhou para os amigos. – Uma pena dona Helena não ter aparecido, vovô havia convencido a Isa de deixa-la próximo ao quarto dele.
-- E Mel, vó Lena iria responder que quem gosta de velho é “vasculhante”.
-- Enzo, lembre-se do que mamãe pediu. – O menino tratou de chamar Júnior para brincar.
-- O que você pediu? – Haidê perguntou curiosa.
-- Para ele manter Júnior ocupado e longe de mim.
-- Sabe que me deu uma ideia... – olhou ao redor. – Alguém viu Yan?
-- Haidê! – Lívia a repreendeu.
-- Gente, este quarto fica com Mariana e espero que não tenha problemas em dividi-lo com Úrsula.
-- Ela vem? Havia dito que não sabia.
-- Sim. – Sorriu. – Está em um julgamento, mas chega amanhã. – Olhou para Ulisses. – Eu não sabia se deixava vocês dois juntos.
-- Não voltamos e nem quero. – Fingiu para Melissa, Haidê deu de ombros quando a amiga lhe olhou sem entender o comentário da sócia.
-- Haidê, você e Lívia podem ficar nesse e Ulisses, esse da frente fica para você e Yan.
-- Tranquilo. – Entrou e fechou a porta.
-- Eu sempre gostei dele, faz meu estilo assim na forma de se comunicar. – Melissa explicou a Lívia.
-- Entendo o seu ponto, tenho uma versão feminina ao meu lado.
-- Eu? – Haidê perguntou surpresa e Lívia a empurrou.
-- Gente, podem ficar à vontade, Isa foi com as crianças na cidade, daqui a pouco chega.
-- Nós vamos arrumar as coisas aqui e já descemos.
-- Então nos vemos depois. – deu um sorriso de lado e piscou para Haidê que balançou a cabeça em afirmação. Lívia olhou de uma para outra e ergueu uma das sobrancelhas.
-- O que foi aquilo?
-- Não foi nada. – respondeu sorrindo, fechou a porta e puxou a loirinha para um abraço. – Acho que poderíamos demorar um pouquinho mais do que o planejado.
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-- Eu li o último livro e confesso que estou com urticária esperando a segunda parte.
-- Lívia, eu queria muito que você fosse no meu programa. – a surfista tentou falar alguma coisa e não conseguiu. – Vamos lá, fale alguma coisa. – pediu sorrindo.
-- Isadora, a única coisa que consigo pensar agora é correr e contar a Haidê. – a jornalista deu uma gargalhada e olhou na mesma direção que Lívia prestava atenção.
-- Camila chegou. – disse com pouco entusiasmo. – Vou falar com ela. – Lívia a olhou melhor.
-- Está tudo bem?
-- Camila é uma amiga, na verdade ela é a vice-presidente da empresa... – passou a mão pelo rosto. – Não interprete como fofoca, mas um desabafo. – suspirou. – Ela está se separando, a esposa a traiu com minha assistente de palco e me senti culpada com isso.
-- Espera aí Isadora, não tem motivos para se sentir culpada, elas são adultas e pelo que deduzi: sujas. Não sou o exemplo de perfeição, mas isso foi muita sacanagem. – Isadora meneou a cabeça.
-- Camila é ex da Mel, pode parecer vingança.
-- Como ela reagiu depois que lhe encontrou?
-- Esse é o problema: essa é a primeira vez que nos encontramos.
-- Então deixe de bobagem, se ela estivesse lhe culpando não teria aceitado o convite.
-- Será? – estava insegura.
-- Claro. – pegou a mão da jornalista. – Vamos lá, eu lhe acompanho. – Haidê observava as duas e sorriu quando se aproximaram.
-- Camila...
-- Oi Isadora. – Abraçou a loirinha. – Está tudo lindo, essa festa vai ser muito boa.
-- Fico feliz que tenha vindo. – Melissa se aproximou e abraçou Isadora. - Como você está?
-- Resolvi me importar apenas com quem se importa comigo. – Sorriu para Isadora que correspondeu e apresentou a surfista.
-- Deixa apresentar Lívia, ela é a namorada de Haidê. – A veterinária olhou para a advogada.
-- Haidê? – sorriu. – Parabéns! – olhou para Lívia. – E você, muito prazer. – Deu dois beijinhos na loirinha.
-- Muito prazer. – Lívia respondeu.
-- Obrigada. – Haidê agradeceu. – E sua menina?
-- Adormeceu na viagem, a deixei no quarto. – Sentaram-se e conversaram, aproveitando o início da noite. Ulisses apareceu acompanhado de Mariana próximo a hora do jantar. Melissa olhou para a amiga e depois para Haidê.
-- Dê, tem notícias da sua cunhada? – brincou.
-- A última vez que nos vimos, estava em um processo de reaproximação corporal com meu irmão.
-- Corporal não é luta? – Júnior perguntou. – Oh Mel, tu não tem desse negócio com Isa quando pensam que estão sozinhas? – Isadora apertou os braços em volta de Melissa, segurando-a.
-- Enzo! – gritou pelo filho. Lívia riu com a declaração do rapaz, mas ficou séria com o que Haidê lhe sussurrou.
-- Ele vai falar sobre nossas reaproximações também. – Lívia a olhou séria.
-- Ei, vocês querem mirar para mim e acertar Melissa Cristina? – Mariana perguntou com ironia.
-- Quer acordar amanhã né? – foi a resposta de Melissa.
-- Crianças, temos chopp e churrasco, querem mesmo discutir o amanhecer? – Isadora interrompeu a discussão.
-- Isadora deu uma ótima ideia. – Camila tentou mudar o assunto. – E olha que estou precisando de uma bebida forte.
-- Alguma coisa boa para me convencer? – fez um bico e Isadora a beijou.
-- Tem requeijão suficiente para comer com carne. – os olhos de Melissa brilharam, os outros amigos fizeram careta.
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-- Quando você descobriu que gostava de mulher?
-- Eu sempre gostei. – deu uma gargalhada e Isadora a acompanhou. – Minha primeira namorada se jogou de um penhasco. – completou com pesar.
-- Ela caiu?
-- Não. – baixou a cabeça e depois fitou os olhos verdes de Isadora. – Ela se matou. – a repórter colocou as mãos na boca.
-- Sinto muito.
-- Foi culpa de Jacques. – explicou. – Ele a pressionou demais.
-- Ela era mais velha?
-- Apenas um ano.
-- Então Jacques... Ele é bem mais velho. Se não me engano, ele tem a idade de Haidê. – pensou um pouco. – Primeira namorada... Quantos anos você tinha? – Lívia viu onde ela queria chegar.
-- Ela tinha quinze anos.
-- Eu não vejo muita diferença se fosse hoje, mas com uma menina? O que Jacques queria com uma adolescente? – Ulisses ouviu a pergunta e interrompeu a conversa.
-- O que Jacques fez? – Isadora olhou para Lívia pedindo permissão para explicar, a surfista balançou a cabeça e a jornalista explicou. Ulisses coçou a barba rala. – Estranho mesmo, porque mulher enche o saco, imagina quando ainda é adolescente.
-- Ulisses, você é tão simpático. Vou lhe jogar para Mariana. – olhou na direção da amiga, ele levantou as mãos se rendendo.
-- Não precisa chamar, já entendi. – olhou para Lívia. – Cunhada, cuidado com o que falar de mim, ela mente. – brincou. Isadora estirou língua e ele saiu em direção a irmã.
-- Sabe que ele está certo?
-- Você mente? – Lívia perguntou em dúvida.
-- Não. Essa relação de Jacques com uma menina bem mais nova. – olhou para Haidê. – Agora ele está muito irritado com você, isso não tenho dúvidas. Tem noção de que pegou o troféu que ele exibia?
-- Estou preocupada por Haidê.
-- E eu por ele. – as duas começaram a rir.
-- Mãe, posso levar Bela e Catarina para a casinha na árvore?
-- Não.
-- Mãe...
-- Victor, sabe muito bem que ali é perigoso para elas. Não queremos que vá ali a noite.
-- Mas Enzo e Yan estão lá.
-- Não estão. – respondeu. – Sua mãe mandou os dois voltarem. – apontou em direção a Melissa. – Estão com ela.
-- Ah! – saiu chateado.
-- Isa, posso fazer uma pergunta indiscreta?
-- Claro.
-- Quem gerou Catarina?
-- Ela é filha da Camila. – Isadora a olhou e explicou. - Emília era uma menina simples, uma história de vida difícil e muito competente. – olhou para Catarina. - Ela tinha algumas limitações, uma delas era essa situação da gravidez, falava que não aprovava barriga de aluguel.
-- Então Catarina é só de Camila? Ela não chama a outra de mãe?
-- Chama, mas não existe este vínculo entre mãe e filha. – olhou com pesar para Camila que estava abraçada a Enzo. – Como eles. – Lívia olhou para os dois e não entendeu.
-- Está falando de Enzo e Camila?
-- Ela é uma segunda mãe para Enzo. – forçou um sorriso. – Fui por muito tempo a terceira mãe. – Isadora contou toda a história para Lívia que ouvia atenta.
-- Emília jogou sujo.
-- Eu não julgo. – ponderou. – Se pensasse assim, eu e Melissa fizemos muito pior com ela. Houve uma falha no elevador e teve participação especial dos irmãos Aqueu, Enrico e Francisco. – apontou para os quatro. – Mel ainda estava com Camila na época.
-- Mas o que uma falha no elevador tem... – pensou alto e Isadora a interrompeu.
-- Eles desligaram o elevador, eu coloquei a Mel contra a parede e aqui estamos.
-- Então foi assim? – estreitou os olhos em direção a sua morena.
-- Ela é uma pessoa íntegra, correta e isso foi bem difícil para aceitar.
-- Ela é a pessoa mais doce e protetora que conheci. – confessou olhando em direção a morena que estava rindo com alguma coisa. – Essa vingança...
-- Lívia, eu sei o que está pensando. Já estive em sua posição, senti medo pela Mel, depois por mim e pelo Enzo, queria sumir, mas não adianta. Acredite em mim: para onde fugir, com quem estiver, eles irão atrás pelo simples desejo sádico de prejudica-las. Jacques não vai desistir fácil de Haidê, a melhor forma de continuarem vivendo felizes é pega-los.
-- Isadora, Haidê não quer prendê-los.
-- Não a julgue, por favor. Eu sou mãe, sei como nos dói quando nosso filho cai e machuca o joelho. Imagina o quanto foi difícil para ela presenciar a morte do filho. – disse com tristeza. - Tinha o pai dela, ele estava vivo, além do irmão e a mãe. Telêmaco era um jovem doce, via sempre o melhor das situações. – Lívia olhou para o grupo.
-- Eu nunca pensei por este lado. – Isadora pegou em sua mão e apertou entre as suas.
-- Não digo para sair ao lado dela nesta luta, mas não a julgue. – ela olhou para Haidê e neste momento a morena olhou em sua direção e sorriu.
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-- Mas vocês se tornaram bem amigas.
-- Por que acha isso?
-- Isadora fala muito, mas é muito discreta, assuntos íntimos não falaria assim. Nem pensar reviver essa história com Camila e Cristina.
-- Achei que foi um desabafo. Ela está preocupada com Camila.
-- Amor, Camila sabe se defender. – beijou as mãos da loirinha. – Cristina vai conversar isso com a Isa. Emília saiu de casa faz algum tempo e para falar bem a verdade, eu acho que Camila até superou. Está muito feliz com Catarina.
-- Essa menina é muito linda. – sorriu. – E tão educada. – apertou a mão da morena. – Quero uma filha sua. – Haidê deu uma gargalhada. – Bichinho selvagem, estou falando sério.
-- Amor, depois conversamos sobre isso. – a beijou e se levantou. – Vamos dormir, estou cansada. – Lívia ficou pensativa.
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“Ela olhou para Petros, ele ainda estava vivo, cheio de cortes e com a perna presa nas ferragens. Haidê havia batido com a cabeça, tinha um corte imenso na testa, ouvia os gemidos do pai e tentou acalma-lo.
-- Pai, eu vou soltar Rodrigo e lhe solto. – o homem parecia atordoado com a batida, não respondeu a morena. – Tel... Tel... – chamou o irmão enquanto tentava soltar o filho. Uma faísca de fogo surgiu na frente do carro. – Telêmaco! – gritou e só então percebeu que o irmão havia morrido. – Pai... Pai, preciso que se solte... – procurou por algo que cortasse dentro da bolsa do filho, sabia que tinha um canivete, mas estava em sua mochila, na mala do carro. Conseguiu sair e gritou por socorro enquanto tentava abrir a mala, sem sucesso. Ela voltou a entrar e puxou a cadeira do filho, o fogo aumentou, ouviu o gemido alto do pai, permaneceu pedindo socorro e sentiu quando uma pessoa a puxou pela cintura. Estava distante do carro alguns metros, quando o carro explodiu. Ela sentiu alguém jogar uma manta sobre seu corpo e só então viu que estava com a roupa queimada. Haidê gritou desesperada.”
-- Pai! – gritou e sentou na cama. Lívia acordou assustada com o grito, olhou para o lado e a viu suada, respiração ofegante e com os olhos vidrados, como se estivesse em transe.
-- Amor... Haidê, sou eu... – a advogada virou para o lado e Lívia a abraçou com força. – Está tudo bem... Sou eu amor... Está tudo bem. – Haidê desabou sobre o corpo menor e se entregou as carícias de Lívia. – Calma meu bichinho...
-- Meu pai, ele estava vivo, com dor... Rodrigo...
-- Shiii... – segurou o rosto da morena. – Foi um sonho, isso passou.
-- Não passou...
-- Calma meu amor. – a beijou.
Fim do capítulo
Boa noite!
Meninas, não consegui acesso a este site desde ontem, só agora... Ufa! Boa leitura. Beijos
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 21/02/2019
Família reunida e babado Emília traiu a Camila, sei não Rafa você parece que não gosta da Camila. Mais ela supera e com certeza vai encontrar um novo amor.
Isa conversando com a Lívia foi ótimo, assim ela tenta compreender as atitudes da Haide.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
KKKKKKKKKKKKKkk Acho Camila a maior gata, nós ainda não ouvimos a versão de Emília. Acho que Lívia e Haidê já estão na mesma sintonia. Beijos
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