Capítulo 19
19.
Durante a viagem, o silêncio pesou como chumbo. Ninguém se pronunciou sobre o que havia acontecido. Felizmente, para mim, esse tempo serviu para refletir. Cada detalhe do confronto com Raul, cada palavra dita, cada ameaça não verbalizada… tudo se misturava na minha mente. E um pensamento incomodava-me mais do que qualquer outro: isto iria afetar a minha relação com o meu pai.
Quando cheguei a casa, não fiquei surpreendida ao vê-lo de pé, à minha espera. Os braços cruzados. A postura rígida. O olhar cortante, carregado de expetativas.
Ele não estava irritado.
Estava desapontado. E isso era muito pior.
— Posso saber o que se passou em casa da Claire?
O tom da sua voz era firme, direto, sem rodeios. Claire, ao meu lado, recuou instintivamente. Não de medo. Contudo de vergonha. Suspirei, tentando manter a calma.
— Eu irei explicar…, mas no escritório, por favor.
O seu olhar permaneceu fixo no meu por um longo segundo. E então, sem dizer nada, virou-se e caminhou pelo corredor. Claire observou-me e acenou discretamente com a cabeça antes de se afastar. Ela entendia. Aquilo era algo que eu teria de enfrentar sozinha. Respirei fundo e segui pelo mesmo percurso que o meu pai. Quando entrei no escritório, ele já estava sentado na sua cadeira de couro, imponente como sempre.
Sem pressa.
Sem demonstrar impaciência.
Porém o silêncio no ambiente era sufocante.
Caminhei até ele e sentei-me à sua frente.
— Recebi uma chamada do Raul.
A voz dele quebrou o silêncio com um peso que me fez prender a respiração.
— Quero saber o que se passou exatamente.
O seu olhar era afiado. Duro.
— Ele não lhe contou? — Perguntei, tentando medir a situação.
— Ele contou-me a sua versão. Agora quero a tua. Estou à espera.
A sua voz era um comando, não um pedido. E assim, comecei a contar tudo. Desde a festa. Desde Michelle e Alex. Desde os vídeos. Desde a forma como Raul tratava Claire. O meu pai ouviu tudo sem interromper uma única vez. Sem exibir qualquer tipo de reação. O seu rosto permaneceu impassível. Indecifrável. Todavia eu sabia que ele estava a absorver cada palavra. Quando terminei, soltei um longo suspiro.
— Por isso a Claire irá passar uns dias connosco.
O silêncio que se seguiu foi insuportável. Ele não respondeu de imediato. Apenas se inclinou ligeiramente na cadeira, entrelaçando os dedos sobre a mesa. A sua postura era calculada. Ponderada.
— O que te deu para agires dessa forma, Beatriz?
O seu tom era calmo. Demasiado calmo. E isso só fez a tensão no meu peito aumentar.
— Tens noção de como as tuas atitudes podem afetar a minha relação com o Raul?
Engoli em seco.
Então, era isso?
Tudo se resumia à sociedade com Raul?
Ao prestígio? À política?
— Pai, ambos sabemos que as coisas não são assim.
Ele franziu ligeiramente a testa, como se tivesse sido desafiado.
— Não tens o direito de te envolver em problemas familiares que não são teus, Beatriz. — A sua voz endureceu. — Mesmo que seja da tua melhor amiga.
Aquela palavra soou amarga na sua boca. Como se ele nem acreditasse que a nossa amizade fosse tão forte assim.
— Tens de entender que essa é uma decisão deles. Tu não tens qualquer direito de intervir.
Soltei uma gargalhada curta, sem humor. Ele não fazia ideia do que se passava, e mesmo assim, falava como se soubesse de tudo. Contudo antes que eu pudesse responder, ele acrescentou:
— Além disso… eu não te entendo.
A sua expressão tornou-se mais analítica. Desconfiada.
— Não foste tu que cortaste relações com a Claire quando estiveste fora do país? — Senti o meu corpo ficar tenso. — Para quê isto tudo agora, Beatriz?
O seu olhar prendeu-se ao meu. Desta vez, ele não era apenas severo. Ele estava a tentar entender algo. Algo que, para ele, não fazia sentido.
— Se a vossa amizade não era assim tão forte… — Ele inclinou ligeiramente a cabeça. — Por que estás a meter-te nesta história como se fosse parte da a tua própria vida?
O impacto daquelas palavras atingiu-me como um golpe. No entanto eu não podia vacilar. Não agora. A minha voz saiu firme, controlada.
— Isso é passado. Não tem nada a ver com o que se passa agora. — Os seus olhos semicerraram-se. Ele já estava à espera desta resposta. — É verdade que nós nos distanciamos. — Continuei suspirando, tentando manter o controle das emoções. — Mas esse assunto ficou resolvido.
Os seus dedos bateram levemente na mesa.
— Claire nunca teve o amor dos pais. — A minha voz tremeu levemente, quando prossegui. — E eles não têm o direito de obrigá-la a manter uma relação com alguém que ela não suporta.
Os olhos do meu pai brilharam com algo que eu não consegui decifrar.
— E pior. — A minha voz ficou mais baixa, mas carregada de significado. — Com alguém que lhe faz mal.
O silêncio ficou mais pesado. O meu pai não se mexeu. Mas então, ele disse algo que me fez gelar.
— Não é bem assim.
O meu olhar encontrou o dele de imediato. A minha respiração ficou presa na garganta.
— Raul nunca iria forçar Claire a fazer algo que ela não quisesse.
O silêncio caiu sobre o escritório como uma sentença de morte. Por um segundo, fiquei imóvel. Depois, inclinei-me ligeiramente para a frente, sem desviar o olhar. O ar entre nós ficou denso. Pesado. As minhas palavras seguintes saíram da minha boca arrastadas, carregadas de algo que nem eu conseguia conter.
— Tem certeza?
O meu pai não respondeu de imediato. Todavia eu vi. Nos seus olhos. Na forma como os músculos do seu maxilar ficaram tensos. Na maneira como desviou ligeiramente o olhar. Ele não acreditava naquilo que tinha acabado de dizer. Ele sabia. Talvez não tudo. Talvez não todos os detalhes. Mas ele sabia que algo estava errado. E mesmo assim… Mesmo assim, ele não queria admitir. Uma gargalhada seca escapou dos meus lábios. Um riso incrédulo.
— Eu sei que o senhor está a tentar amenizar a situação. — A minha voz soou mais fria do que eu esperava. — A tentar tranquilizar-me. — Cruzei os braços, sacudindo a cabeça, incapaz de conter o desprezo crescente. — Mas ao contrário do que possa pensar, eu sei mais do que o senhor julga.
Olhei-o nos olhos.
— E neste momento sei perfeitamente que tudo o que acabou de dizer não passa de uma mentira.
O meu pai suspirou, fechando os olhos por um momento, como se estivesse a tentar conter algo dentro de si. Quando voltou a abri-los, a sua voz veio num tom mais pesado.
— O que sabes, Beatriz?
Endireitei-me na cadeira, mantendo o olhar fixo no dele. O silêncio entre nós era um campo de batalha.
— Eu sei que a família de Claire não tem nada.
O olhar do meu pai endureceu, contudo não me interrompeu.
— As ações da empresa que estavam no nome do pai dela? — Cruzei os braços. — Estão em nome da minha mãe. — A expressão dele ficou ilegível. — Raul não tem nada.
Eu via a tensão no rosto dele, porém prossegui.
— Até mesmo aquela casa. — Inclinei-me mais para a frente, mantendo o tom firme. — Está em meu nome.
O choque finalmente cruzou o olhar do meu pai. Por um breve momento, ele pareceu verdadeiramente surpreso.
— Como sabes disso? — A sua voz era um sussurro carregado de incredulidade.
Eu ri de novo. Dessa vez, um riso sem qualquer vestígio de humor.
— Porque os adultos sempre subestimam as crianças. — Os olhos dele arregalaram-se ligeiramente. — Um dia, enquanto brincava, ouvi o senhor neste mesmo escritório… — Inclinei-me para trás na cadeira, cruzando os braços. — A falar com alguém. — A raiva que eu guardei por anos explodiu nas minhas palavras. — Furioso.
Os olhos do meu pai estreitaram-se.
— Furioso por Raul ter perdido tudo no jogo.
O seu corpo ficou completamente imóvel. E naquele momento, soube que tinha acertado em cheio.
— Sei que tentou resolver a situação, comprando a maioria dos bens.
Eu não precisava que ele confirmasse. O silêncio dele já era uma confissão.
— A ideia era ele recomprar tudo mais tarde, não era?
Os seus olhos estavam agora gelados. Eu dei uma gargalhada curta, abanando a cabeça.
— Mas o senhor não contava que ele continuasse a ser o irresponsável de sempre… — Passei a língua pelos lábios, saboreando cada fragmento da verdade. — É essa a verdadeira razão, não é?
Os olhos dele ficaram escuros.
— A razão pela qual ele está tão obcecado em juntar Claire à família Bacelar?
O meu pai passou uma mão pelas têmporas, mas não disse nada.
— Se Claire se casasse com Alex …
O meu peito subia e descia rapidamente, tomada pela fúria da verdade.
— Raul teria uma saída para os problemas em que se meteu.
Os seus ombros enrijeceram, no entanto ele não negou. Porque não podia. Porque era verdade. Porque ele sempre soube. A sua boca abriu-se ligeiramente, mas nenhuma palavra saiu. Ele apenas fechou os olhos por um momento, esfregando a testa, como se aquilo pudesse apagar tudo o que eu tinha acabado de dizer. Contudo não havia nada que ele pudesse dizer. Eu já sabia tudo. E naquele momento, algo entre nós quebrou-se para sempre. Quando ele voltou a olhar para mim, a sua expressão era diferente. Como se, pela primeira vez, me visse verdadeiramente. Mas eu já não queria que ele me visse. Eu já não queria saber. Levantei-me da cadeira. A minha voz saiu cortante.
— Não precisa de dizer nada. — Os seus olhos acompanharam-me, mas ele não se moveu. — Quero apenas que saiba que a Claire irá ficar connosco enquanto for necessário.
Cruzei os braços, sustentando o olhar dele.
— E quanto à faculdade…
Ele não desviou os olhos dos meus. Contudo eu vi. Vi o desconforto. Vi a culpa.
— O senhor sempre esteve lá para livrar o Raul das suas besteiras, só para proteger a imagem da empresa nos negócios. — Os punhos do meu pai cerraram-se. — Então espero que possa financiar a educação de alguém que não tem nada a ver com os erros do próprio pai.
O silêncio dele foi ensurdecedor. A minha voz, no entanto, foi firme. Inabalável. Não esperei resposta. Porque não precisava dela. Porque eu já tinha vencido. Levantei-me da cadeira e saí da sala apressadamente, sentindo o meu coração martelar contra o peito. Mas, no instante em que cheguei às escadas, parei. Fiz uma pausa, fechando os olhos por um momento. Porque ainda não tinha acabado. Porque agora, eu teria de enfrentar Claire. E de todas as conversas que já tive… Essa era a que eu menos queria ter.
Subi lentamente, os meus passos ecoando pelo corredor silencioso. Os meus pensamentos estavam um caos, revirando todas as possibilidades do que dizer, de como explicar. Mas nada parecia ser suficiente. Antes de encarar Claire, segui diretamente para o meu quarto. Sentei-me na cama, sentindo o peso do dia inteiro cair sobre mim. A minha cabeça latej*v*. O corpo cansado. O peito apertado.
Passei os olhos pelo quarto, tentando encontrar algo que me fizesse sentir ancorada à realidade, e então, levantei-me, pegando numa camiseta limpa antes de entrar no banheiro. Abri o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelo meu corpo. Fechei os olhos. Respirei fundo. E deixei que os músculos relaxassem enquanto ponderava se deveria dizer a verdade.
O tempo passou sem que eu percebesse. Quando finalmente ganhei coragem, vesti-me e caminhei pelo corredor, dirigindo-me até ao quarto de hóspedes. Bati suavemente na porta. A voz de Claire veio baixa, do outro lado:
— Entra.
Ao abrir a porta, vi-a ajeitar-se na cama. Provavelmente, até aquele momento, estivera deitada. Aproximei-me, sentando-me ao seu lado. Claire observou-me com atenção, os olhos verdes fixos nos meus, cheios de perguntas. Passei a mão de leve pelo seu rosto, sentindo a pele macia sob os meus dedos. Esta fechou os olhos, inclinando-se levemente ao toque, como se absorvesse o carinho.
— Como correu a conversa com o teu pai? — Perguntou num murmúrio.
A sua voz era suave, quase hesitante. Como se temesse a resposta.
— Como eu estava à espera…
O seu olhar encontrou o meu, e, por um breve momento, o efeito que ela tinha sobre mim fez-me esquecer de tudo. Esquecer os problemas. Esquecer os medos. Esquecer as dúvidas. Ela tinha essa capacidade única de me acalmar e desarmar ao mesmo tempo. Contudo eu não podia permitir-me fugir daquela conversa. O seu olhar tornou-se mais intenso. E então, com um tom firme, ela perguntou:
— E agora? Estás pronta para me dar uma explicação?
O silêncio caiu entre nós. Afastei a mão do seu rosto e ajeitei-me na cama, inspirando profundamente. A decisão já estava tomada. Ela merecia saber.
— Eu sei a verdade sobre o teu pai, Claire.
Os seus olhos permaneceram fixos nos meus. E então, comecei a falar. Contei-lhe tudo. Sobre os bens da sua família. Sobre a empresa. Sobre a casa. Sobre a verdadeira razão pela qual Raul queria tanto a ligação com os Bacelar. A cada palavra, o rosto dela foi perdendo expressão. Mas não era surpresa o que eu via. Era tristeza. Um aperto formou-se no meu peito.
— Sinceramente, acho que já estava à espera que fosse algo desse género.
A sua voz soou abatida. A cada sílaba, senti-a mais distante.
— Lembro-me de ouvir algumas discussões entre os meus pais…, mas na altura, eu não entendia muito bem.
Ela riu-se, mas sem humor.
— Ou talvez eu apenas não quisesse entender.
Apertei a sua mão na minha, tentando transmitir alguma segurança. Ela desviou o olhar, encarando um ponto fixo no quarto.
— Só não entendo como conseguiram manter o mesmo estilo de vida.
— Eu não sei ao certo o quanto o meu pai ajudou. — Minha voz saiu baixa. — Mas sem dúvida que o teu relacionamento com os Bacelar seria a peça final no plano do Raul.
Claire permaneceu em silêncio. Não havia dúvidas. O casamento dela com Alex nunca foi sobre amor. Foi um negócio. Uma tentativa de Raul se salvar. Ela respirou fundo, e quando falou novamente, a sua voz soou… derrotada.
— Não sei como será daqui para a frente… — Eu permaneci calada, esperando que ela continuasse. — O meu pai tem razão.
Aquelas palavras fizeram um arrepio subir-me à espinha.
— Saí de casa sem nenhum plano. Onde irei ficar? Como irei pagar o próximo semestre da faculdade?
Ela riu-se novamente. Dessa vez, uma gargalhada seca, amarga.
— Engraçado que agora, sabendo tudo isso, até me pergunto como eles pagaram o primeiro semestre…
A sua voz falhou no final. Apertei-lhe a mão com mais força.
— Não tens de te preocupar com nada disso, amor.
Toquei-lhe o queixo, erguendo o seu rosto para que me olhasse.
— Vais ficar aqui connosco.
Os seus olhos marejaram levemente, mas não caíram lágrimas. Ela nunca deixava cair.
— E quanto à faculdade… eu pedi ao meu pai para…
— Não!
A sua voz saiu afiada. Chateada. Quase magoada.
— Eu não posso aceitar, Bih.
Agarrei as suas mãos entre as minhas, tentando fazê-la compreender.
— Não tem mal nenhum nisso, Claire.
— Tem, sim.
Ela respirou fundo, fechando os olhos por um momento.
— Pelos vistos, tive demasiadas ajudas. Eu não posso continuar a depender dos outros.
— Tu não tens culpa que o teu pai tenha perdido tudo no jogo.
Ela abriu os olhos e encarou-me. Eu não recuei.
— Ainda tens muito o que construir por ti própria, mas não vais conseguir sem um diploma.
Os seus lábios tremeram ligeiramente.
— Deixa de ser orgulhosa, Claire. — Aproximei-me um pouco mais. — Aceita esta ajuda. Tira o curso. Constrói o teu próprio futuro.
Os nossos olhares prenderam-se. Nenhuma de nós desviou primeiro. E então, ela ergueu a mão e acariciou o meu rosto. A suavidade do seu toque arrepiou-me. E então, num tom baixo, vulnerável, ela sussurrou:
— Sabes que eu te amo?
Fechei os olhos por um instante, absorvendo aquelas palavras.
— Obrigada por estares comigo. — O calor do seu fôlego misturou-se ao meu. — Obrigada pelo apoio. — A sua testa encostou-se à minha. — És, sem dúvida, o meu porto seguro.
E foi naquele momento que percebi que não precisava de dizer mais nada. Porque as palavras não bastavam. Não ali. Não entre nós. Inclinei-me e voltei a beijá-la. Mas dessa vez, não foi um beijo apressado. Foi lento. Foi intenso. Foi a certeza de que ela era minha e eu era dela. E naquela noite, nada mais importava. Nem os problemas. Nem os medos. Nem o futuro. Apenas nós.
Eu não pensei. Não vacilei. Não me importei com o fato de estar em casa dos meus pais, nem com o barulho que poderíamos fazer. Naquele momento, nada mais importava. Eu necessitava dela. Necessitava senti-la. Necessitava mostrar o quanto a queria. O quanto eu era dela.
Voltei a beijá-la, invadindo a sua boca com urgência, saboreando-a como se fosse a última vez. Claire percebeu a minha intenção e, sem resistência, deitou-se na cama, levando-me consigo. O seu corpo quente sob o meu. Os seus olhos verdes brilhando na penumbra. O ritmo do beijo aumentou, o desejo crescendo como fogo. As suas mãos deslizaram pela minha roupa, até encontrarem a minha pele nua. Um arrepio percorreu-me dos pés à cabeça quando senti os seus dedos percorrendo as minhas costas, traçando caminhos invisíveis que me faziam suspirar contra os seus lábios. Ela puxou-me mais para perto, os nossos corpos colando-se num encaixe perfeito.
Os meus lábios abandonaram os seus para explorarem a linha do seu pescoço. Beijei-o lentamente. Com intenção. Senti o seu suspiro quente contra a minha pele e sorri, sabendo exatamente o que lhe fazia sentir.
O desejo entre nós era palpável, denso como a noite lá fora. Quando Claire começou a despir-me, eu não duvidei. Afastei-me ligeiramente, deixando que ela se livrasse da minha camiseta, sentindo o seu olhar devorar cada centímetro da minha pele. O silêncio foi preenchido apenas pela nossa respiração acelerada. Os seus dedos tocaram-me com leveza antes de me puxar para si novamente, beijando-me como se o mundo lá fora não existisse. O calor do seu corpo era viciante. Cada toque era um incêndio na minha pele.
Um arrepio tomou conta de mim no instante em que os seus lábios desceram, explorando o meu corpo com beijos quentes, demorados, provocantes. Quando a sua boca encontrou o meu seio, arqueei o corpo, rendida ao prazer. Não desviei o olhar. Os seus olhos verdes fixaram-se nos meus.
Intensos.
Faiscando desejo.
Mordi o lábio ao vê-la deslizar a língua lentamente pelo biquinho endurecido, enquanto sugava com um prazer que fez um gemido escapar dos meus lábios. Claire sorriu contra a minha pele, satisfeita com a minha reação. Eu estava a enlouquecer. O calor entre as minhas pernas tornava-se insuportável, uma necessidade crescente, um desespero silencioso.
Rápida, troquei de posição, deixando que desta vez fosse ela a perder o controlo. Claire deixou-se levar, entregando-se a mim sem hesitação. As minhas mãos percorreram o seu corpo, os meus lábios traçando caminhos pela sua pele quente, descendo lentamente. A sua respiração tornou-se mais pesada quando desfiz o fecho da sua calça jeans, deslizando-a pelas suas pernas. Agora ela estava ali.
Tão vulnerável quanto eu.
Tão exposta quanto eu.
E tão minha quanto eu era dela.
O seu olhar encontrou o meu, e vi nos seus olhos a súplica silenciosa. Ela queria-me. Precisava de mim. O meu coração disparou quando vi Claire umedecer os lábios antes de os entreabrir num suspiro carregado de desejo.
Senti-me ainda mais incendiada.
Não havia volta.
Passei a língua lentamente pelos meus próprios lábios antes de descê-los pelo seu corpo, saboreando cada pedaço de pele, cada reação. Ela gem*u baixinho quando a minha boca finalmente encontrou o seu ponto mais sensível.
Senti o seu corpo estremecer sob mim.
E sorri.
Porque agora…
Ela era só minha.
Os seus dedos entrelaçaram-se nos meus cabelos, guiando-me, incentivando-me. Eu deixei-me perder nela, provando cada suspiro, cada gemido, cada tremor.
Ela era a minha perdição. E eu adorava cada segundo disso.
Os seus quadris moveram-se instintivamente ao sentir os meus lábios e a minha língua explorando-a com devoção. Os seus gemidos tornaram-se mais altos, o seu corpo arqueando-se contra mim, buscando mais, querendo mais. O prazer pulsava nela, crescendo, até que, com um último suspiro entrecortado, Claire entregou-se completamente. Agarrou-se a mim, os seus dedos afundando-se nos meus ombros enquanto o clímax a tomava por inteira.
Esperei, saboreando a sua reação, o seu rosto corado, a sua respiração ofegante. E então, quando os seus olhos finalmente se abriram e encontraram os meus, vi algo triunfante neles.
Esta sorriu, ainda tentando recuperar o fôlego. E, num tom rouco e profundamente satisfeito, murmurei:
— Como consegues ser tão deliciosa assim?
Um ligeiro tremor passou pelo seu corpo. A sua respiração acelerou ainda mais.
— Agora é minha vez. — Expôs com voz baixa, rouca, cheia de promessa. Mordi o lábio, deixando que ela visse o desejo puro que dominava o meu corpo. — Quero-me perder em ti, amor.
E, sem hesitar, voltei a beijá-la. Dessa vez, sem pressa. Com calma. Com toda a intensidade que ela merecia. Porque aquela noite eu era dela. E ela era minha.
Fim do capítulo
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asuna Em: 22/03/2025 Autora da história
Obrigada!!! :)