-- Lívia, seu amigo... – fez uma careta. - Está esperando na sala.

-- Era só o que faltava. – revirou os olhos. – Eu quero ir para meu quarto e esquecer que este dia existiu. – Augusto quando a viu se levantou.

-- Porr* Lívia! Ontem você quase acabou comigo. – reclamou. A surfista se aproximou do rapaz, retirou o copo de uísque de sua mão, deixou sobre o móvel, depois pegou as chaves e celular entregou e mostrou a porta. – O que é isso? – perguntou surpreso.

-- Sem conversa por hoje, quero que vá embora e me deixe descansar.

-- Nada disso, a conta ontem foi bem alta e não tenho condições de pagar. – ela parou pensativa e colocou o indicador no rosto.

-- Eu tenho certeza que bebi algumas cervejas e não o bar inteiro. Olha o valor da conta, não vou cobrir isso.

-- Esqueceu do tempero? – piscou.

-- Esse foi cortesia. – respondeu irritada.

-- Seria se você tivesse pago a conta. – sorriu com ironia. Lívia abriu a carteira e pegou duas notas de duzentos.

-- Toma.

-- O que é isso?

-- Paga minhas cervejas e o saquinho, o resto fica por conta do que já banquei.

-- Está brincando, não é? – ela colocou a mão na testa.

-- Augusto, estou cansada e se você não sair agora, sou capaz de chamar alguém para lhe retirar, ou até mesmo a polícia.

-- Você é mesmo uma vaca, sabia?

-- Acho que não, até as vacas são inteligentes, eu não. – deu de ombros. – Exemplo disso são minhas companhias.  - foi em direção a cozinha. – Haidê não me deve nada, se vocês fossem mais espertos não teriam a envolvido nisso, agora se virem.

-- Foda-se!

-- A propósito, você está demitido. – saiu deixando-o sozinho, mas Bá apareceu com uma vassoura, enxotando-o de dentro de casa.

-- Que velha louca! – Lívia riu com a cena. – Sai daqui sua velha maluca... Não me bata ou lhe processo! – declarou aos gritos o que chamou atenção do jardineiro e seu filho.

-- Está precisando de ajuda dona Dirce?

-- Só colocando um rato para rua.

-- Bora lá Pedrinho, quem sabe não nos divertimos um pouco? – piscou para o menino. Augusto quando viu o homem e seu filho, segurando uma tesoura de poda, além de outras ferramentas na caixa, preferiu não discutir e saiu.

-- Avisa aquela vaca que irei processá-la e até ajudar o irmão dela a depena-la. – Bá ficou preocupada, esperou Lívia deitar para falar com Haidê.

-- Calma dona Dirce, eu sei como conversar com pessoas assim.

-- Vi sangue nos olhos dele minha filha e sei que fará algo de ruim para Lívia, eu senti isso. – A advogada tentou tranquiliza-la, mas ao desligar o telefone, ligou para um número em especial.

-- Tobias, preciso de ajuda.

-- Mas já é gatona. Para quem vai ser a encomenda?

-- Eu faço questão de executar, mas preciso de uma ajuda com o material.

-- Passa aqui amanhã, pelo tom da sua voz o chefe não pode saber.

-- Ulisses não pode sonhar.

-- Espero você no mesmo lugar de sempre.

-- Combinado. – Ela desligou e foi até o computador, procurou pelo endereço de Augusto, depois procurou saber mais um pouco sobre seus hábitos nas redes sociais. – Que idiota! – levantou-se e foi para varanda, precisava sentir um pouco da brisa do mar para assimilar suas ideias. – Meus pais, eu não sei no que me transformei, mas não me arrependo de nada do que fiz e ainda farei. – respirou o ar. – Amanhã você vai conhecer outra Haidê. – apertou forte o ferro que limitava a sacada.

**********************************

No outro dia bem cedo, Haidê saiu para correr na praia e encontrou Tobias.

-- Fala gatona... – aproximou-se da morena como se estivesse fazendo alongamento.

-- Preciso entrar em um apartamento.

-- Visitinha de cortesia?

-- Muita cortesia. – respondeu com ironia.

-- Quando?

-- O mais rápido.

-- Hoje à noite?

-- Ótimo! É um condomínio e pelo que investiguei, com várias câmeras.

-- Adoro desafios. – disse sorrindo.

-- Passo o endereço depois.

-- Vai precisar de ajuda persuasiva? – deu uma grande gargalhada.

-- Não. – deu de ombros. – Deixa essa parte comigo. – Esticou as mãos e estalou os dedos.

-- Só por curiosidade, o que ele fez? Isso não é seu estilo, está mais para o chefe.

-- Ameaçou a pessoa errada. – piscou.

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-- Mas que bicho tinha na cama hoje?

-- Vai Bá, eu sempre levantei cedo.

-- Nas últimas semanas sua rotina mudou. – foi irônica.

-- Quer saber? Eu queria voltar a surfar. – respondeu pensativa.

-- Converse com seu padrinho.

-- Ele disse que vai ficar um tempo na empresa, só para me ensinar. – bufou.

-- Fernando? – deu uma gargalhada. – Ele não vive sem trabalho. – Lívia deu de ombros, não queria conversar muito.

-- Eu vou correr, depois penso sobre isso. – despediu-se.

Lívia saiu em direção à praia, Radar estava ao seu lado, quando pisou na areia, o cachorro latiu e correu, ela o acompanhou e viu quando a morena se aproximou.

“Ai meu Deus! Essa mulher uma hora dessa da manhã é para me enlouquecer.” – disse para si mesma. Radar pulou sobre a morena, ela sorriu e lhe fez um carinho, olhou para Lívia. – Desculpa, mas eu não posso culpa-lo de ter bom gosto. – Haidê a olhou com uma expressão indecifrável.

-- Bom dia!

 “Merda! Ela poderia ser menos educada?” – pensou - Bom dia! – assobiou. – Vem Radar. – olhou nos lindos olhos azuis. – Desculpe.

-- Não tem problemas. – beijou a cabeça do cachorro. – Somos amigos não é garoto? – ele a lambeu no rosto. Lívia assistiu à cena com um pouco de nostalgia. Depois de um tempo, a morena se levantou e olhou para surfista. – Está tudo bem? – a loirinha deu de ombros.

-- Sem você?  - balançou a cabeça em negação. – Dentro do possível. – a vontade de abraça-la e beija-la aumentava.

-- Eu... – gesticulou e só então reencontrou a voz. – Estava...

-- Correndo... – Lívia completou, após perceber o embaraço da advogada. – “Ela está nervosa comigo?” – pensou e sorriu.

-- Sim! Estava correndo. – olhou para trás. – Agora tenho que voltar.

-- Haidê... – ela se virou e ficaram de frente uma para outra, avaliaram-se e Lívia, em um impulso, pulou em seus braços e a beijou. – Saudades de você e do seu cheiro... – disse baixinho. Haidê colocou as mãos na cintura da loirinha. – Fui muito burra... Por favor, vamos resolver isso... – a advogada se afastou com cuidado.

-- Lívia...

-- Poxa, você nunca errou? – Haidê sorriu com ironia, então ela percebeu a bobagem que havia falado.

-- Jura que está me perguntando isso?

-- Desculpe! – disse baixinho. - Eu vou conversar com Fernando, quero voltar a competir. – A advogada demorou um pouco a responde-la, estava processando a informação.

“Ela vai viajar ou até morar fora.” – pensou - Voltar a competir?

-- Sim. – Haidê não sabia o que falar.

-- Boa sorte em seu retorno. – sorriu e se afastou, disfarçando a tristeza.

-- Quem sabe volte a ser uma campeã, não é? – deu de ombros.

-- Claro. – Haidê passou a mão pela cabeça do cachorro e acenou para que retornasse para perto de Lívia. – Até mais.

-- Haidê... – a advogada esperou que falasse, a surfista pensou um pouco e fez um sinal de negação com a cabeça. – Nada.

-- Então nos vemos depois.

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-- Tem certeza disso?

-- Claro. – sorriu. – Adoro fazer o mal. – revirou os olhos.

-- As câmeras congelarão as imagens até você chegar ao apartamento dele, eu vou acompanha-la por aqui. – Mostrou uma pequena câmera e fones. – Quando sair, só me falar que congelo novamente. Tudo bem?

-- Ótimo! Terei liberdade para o que eu quero. – ela entrou no edifício sem problemas e seguiu direto para o apartamento de Augusto. Entrou e o encontrou deitado no sofá, estava dormindo. Aproximou-se de forma predadora, bateu com força no pé do homem que abriu os olhos surpreso. – Oi. – sentou-se no braço do sofá.

-- O que... O que está fazendo aqui? – tentou sentar, mas foi empurrado, voltando a posição que estava. – Como entrou aqui?

-- Muitas perguntas. – mostrou a Glock que estava no coldre.

-- É um assalto? – Haidê sorriu e piscou o olho.

-- Acredite, quando eu sair, você vai desejar isso. – o homem arregalou os olhos surpreso.

-- O que... Que você quer?

-- Ser sua amiga que não é. – afirmou em tom de deboche.

-- Olha, aqui tem câmeras e se me acontecer alguma coisa...

-- Elas estão com uma interferência... – bateu na perna do homem. - Eu não sou nenhuma amadora. – brincou. Augusto olhou para o lado procurando por algo. – Olha para mim bebê... – pediu segurando o rosto do rapaz – Você disse que eu sou uma velha, então eu posso lhe chamar de bebê. – usou um tom baixo e calmo, assustando-o mais.

-- Eu não tenho me... medo de você...

-- E não é para ter, você é amigo da minha namorada. – Sorriu com sarcasmo sem deixar de apertar seu rosto - Mas, eu sendo você... – empurrou o rapaz com o dedo. - Teria medo da minha amiga, ela adora agir por vontade própria. – Apontou para a arma em seu coldre. – Agora vamos deixá-la quieta, ela anda estressada. Melhor conversarmos apenas nós dois e minha companheira, a magrela. – Puxou a faca que estava guardada no bolso lateral da calça. Os olhos do rapaz se abriram mais ao perceber a lâmina afiada passeando por seu rosto.

-- O q... que... vo-você quer? – estava gaguejando.

-- O óbvio...  – Declarou bem próxima a Augusto. - Quero que você respeite Lívia e não a incomode mais.

-- Q...quer im...pedir nos...nossa amizade?

-- Não. – Sorriu – Quero lhe mostrar o quanto será prejudicial a sua saúde incomodar, explorar e ameaçar a minha garota. – Augusto sentiu o frio se alastrar por seu corpo ao perceber o olhar frio e o sorriso diabólico da morena. – Aposto que depois dessa conversa nós vamos nos entender, não vamos? – permanecia imóvel, observando-a – Ah, mas você disse que a amava... – olhou para o volume entre as pernas do advogado. - Quer colocar este seu brinquedinho de armar logo na minha loirinha? – perguntou com ironia enquanto passeava com a faca sobre o p*nis do rapaz. – Podemos combinar assim: eu tiro só uma das suas bolas e levo para Lívia como lembrança. – Sorriu com sarcasmo. - Assim você sempre estará perto dela. O que acha? – ele tremia e não conseguia articular nada. A morena viu quando uma poça se instalou na calça clara. – Que feio bebê! Você fez pipi no sofá? – fez uma voz de criança. – Vou levar isso como um sim. Irei deixa-lo agora para refletir e para não sujar mais nada. – disse baixinho, próximo ao seu ouvido – E lembre-se: nada de agarrar minha loirinha ou ameaça-la.

-- Lívia é livre para decidir falar com quem quiser. – falou entre os dentes. - Eu posso fazê-la se apaixonar por mim. – Ela passou a lâmina afiada pela barriga de Augusto, deixando um rastro de sangue, depois sorriu e o golpeou, fazendo desmaiar.

-- Oh morena, que cara mais chato! Acho que demorou.

-- Já dei meu recado, agora podemos ir. – Estava saindo quando o telefone do advogado tocou, ela olhou para o aparelho, leu o nome que surgiu. – O imbecil tem amizade com Jacques.

-- O teu Jacques?

-- O mesmo do despacho em água corrente. – brincou. – Qual será essa ligação?

-- Dentro daquela carteira que lhe dei, tem uma caixinha transparente com um microchip.

-- Achei!

-- Coloque dentro do aparelho e deixe o resto comigo.

-- Isso vai cloná-lo?

-- Até as fotos que esse babaca fizer nós teremos cópia.

-- Feito! – deixou do mesmo modo que o encontrou.

 

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-- O que aconteceu? – Bá percebeu que Lívia estava quieta e mal tinha tocado na comida.

-- Encontrei Haidê na praia. – Bá se aproximou e sentou ao lado da loirinha.

-- E?

-- Ela não me quer mais.

-- Mas o que de tão errado aconteceu?

-- Desconfiei dela e usei palavras duras.

-- Minha filha, você errou. Tem que confiar na pessoa que ama. – a olhou com pesar e puxou para um abraço. - Mas isso não quer dizer nada. Vai desistir por palavras? Corra atrás e reaja.

-- Mas Bá...

-- Vá atrás dela. – apertou a mão da menina. – Corra e não perca tempo.

-- Eu falei que quero voltar a competir.

-- Minha pequena criança, isso a afastará mais.

-- Não Bá. – correspondeu ao aperto de mão. – Isso pode me ajudar, ela vai pensar que sairei pelo mundo e voltará atrás.

-- Ouça bem, se quer mesmo trazê-la de volta, corra atrás e peça desculpa, mas não lhe diga que seu desejo é voltar para as competições. Ela sabe o quanto ama essa coisa de mar, não é seu perfil impedi-la de concretizar um desejo. – Lívia refletiu sobre o assunto.

-- Tem razão, acho que piorei mais a situação.

-- Então corra e fale a verdade. Abra seu coração. – pensou um pouco e sorriu.

-- Que cara é essa, Bá? – estranhou o meio sorriso da senhora.

-- Minha filha, coloque o nome dela em uma folha e passe bastante mel, depois dobre quatro vezes, enfie em uma maçã cortada ao meio, embrulhe em um papel de seda e enterre em um local que você goste. – a loira ouvia a tudo em silêncio, com uma expressão de espanto. - Outra possibilidade... – colocou o indicador no queixo. - No meu quarto tem uma imagem de Santo Antônio, roube sem que eu saiba e coloque no congelador...

-- Espera aí... – interrompeu após explodir em gargalhadas. – Como vou roubar seu Santo? Como você me aconselha a isso e ainda colocá-lo em um congelador? Sem contar que raramente eu abro o congelador, enquanto você, se duvidar, abre a todo instante e vai achar o Santo. – não se aguentava com as observações da velha senhora.

-- Está brincando, não é? Não duvide do grande poder de Santo Antônio. – olhou para o cachorro. – Sai daí Radar, acabei de arrumar essa sala. – saiu em direção ao animal.

 

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Lívia estava deitada no sofá da varanda, com o olhar perdido, na cabeça só vinha a morena, lembrou-se da primeira vez que a viu, o primeiro beijo e sorriu. Um pensamento veio, levantou-se e foi até a cozinha, procurou por Bá, não achou. – “Será que vou até o quarto dela e pego o Santo?” – refletiu com um sorriso no rosto. – “Surtada!” – caiu sobre a cadeira sorrindo e viu uma maçã. – “Mas a maçã com mel....” – pulou em direção a cesta de frutas e puxou a maçã, correu até o armário, pegou papel e caneta. – “Haidê O´Brien Aqueu. Agora passo o mel.” – pensou um pouco. – “Será que é muito ou pouco?” – derramou quase o frasco todo, sorriu e dobrou em quatro, colocou entre as duas metades da maçã e amarrou com o barbante. Embrulhou no papel seda e enterrou na praia, sendo acompanhada por Radar.

 

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-- Ele recebeu uma mensagem do amiguinho Jacques marcando um encontro.

-- Tobias precisamos passar tudo isso para Ulisses.

-- Em cinco segundos o chefe estará na área. – mandou o arquivo para Ulisses, enquanto Haidê atendeu seu telefone.

-- Melissa Cristina...

-- Haidê Aqueu, posso saber o motivo de não ter retornado minha ligação?

-- Estava me divertindo um pouco. – brincou.

-- Imagino qual seria essa diversão. – revirou os olhos. – Espero que não tenha esquecido de sábado.

-- Esse agora? – coçou a cabeça.

-- Haidê, esqueceu meu aniversário?

-- Claro que não. – fez uma careta. - Pensei que fosse no outro sábado. – sorriu. – Estou confirmadíssima nesta festa.

-- Ah, pensei que havia me abandonado. – choramingou.

-- Nunca.

-- E a sua loirinha?

-- Não tenho mais.

-- Como assim?

-- Melhor conversarmos depois.

-- Espero você, Mariana e Ulisses.

-- Esqueceu o Júnior.

-- Esse pode doar a alguma universidade para usar o cérebro para pesquisa.

-- Deixa a Isa lhe ouvir. – brincou.

-- Traz ele então. – revirou os olhos e se despediram.

 

***************************************

Lívia voltou para varanda com um sorriso largo no rosto. – “Não acredito que fiz isso.” – deitou-se na rede, pensou no que Haidê lhe diria se descobrisse, estava pensativa quando viu Radar voltar com algo na boca.

-- Ei menino, o que é isso? – olhou para boca do cachorro e não acreditou. – Radar, você pegou a maçã?  - Levantou-se e correu atrás do animal, ele achou que a surfista estava brincando. – Volta aqui seu bobo... – passaram correndo por dona Dirce que não entendeu nada. A loira pulou em direção ao cachorro, ele abaixou as duas patas da frente e depois deu um impulso e correu. Ela o chamou pedindo para latir. – Abra a boca, estou mandando latir para mim. Anda... Au, au... Late Radar... – ele correu e parou com a maçã na boca, ela tentou agarra-lo, mas caiu na areia.

-- Lívia, o que está fazendo atrás dele? – a loirinha se levantou cansada e limpou a areia no corpo.

-- Ele pegou a maçã. – respondeu vencida e se jogou na poltrona. – Esse cachorro não é de Deus não. – declarou cansada, apontou dois dedos em direção a seus olhos e depois para o cachorro. – Não venha depois me pedir para passear. – ele latiu após rasgar o embrulho e se sujar com mel e areia. – Agora dona Dirce vai lhe limpar. – Bá deu uma gargalhada.

-- Ué, você fez a simpatia?

-- Que simpatia? Isso está mais para “nãopatia”. – Bá a olhou ainda sorrindo. – O que foi? Agora perco a mulher de vez, e você ainda sorri?

-- Não seja boba. – Bateu na perna da surfista. – Vá tomar um banho, coloque-se bem bonita e corra atrás dela.

-- Correr atrás dela? O que é isso? – Bá cruzou os braços. – Sou lá mulher de correr atrás de alguém? – a velha senhora deu outra gargalhada.

-- Ande, vá atrás do seu amor e não perca mais tempo. – Lívia a olhou, e Bá viu um brilho travesso nos olhos verdes.

-- Quer saber? Hoje eu pego aquela mulher de vez. – Levantou-se e foi para o quarto.  Radar latiu. – Agora pode ficar com essa maçã. – estirou língua para o animal.

 

***************************************

 

-- O que aconteceu aqui?

-- Ué, você não é “grelha”? É a guerra de “joia”. – Júnior respondeu temendo a morena que olhou a sala toda bagunçada, com uma pequena poça de suco no chão e pipoca espalhada por todo o ambiente.

-- Eu não sou grega, meu pai era. – Olhou para o sobrinho e depois para Júnior. – E espero que Troia seja limpa o mais rápido possível. – Usou um tom baixo e ameaçador, voltou a olhar o sobrinho. – Seu pai volta hoje. – Avisou a Yan.

-- Haidê, você sabia que Ulisses, aquele profeta, perdeu a guerra por que ficou com a bunda pra cima? – ela o olhou com o semblante de dúvida.

-- Oi? – Júnior cruzou os braços e explicou todo orgulhoso.

-- Ulisses “Boa Fase”, ele perdeu a guerra por ficar nessa posição. – Ficou de quatro. Haidê revirou os olhos.

-- Ei Júnior, sabe que cor era o cavalo branco dele? – Yan perguntou sorrindo.

-- Não. – Voltou a ficar ereto. – Não sei, qual era? – Haidê girou o pescoço e levantou os braços.

-- Eu mereço! – gritou e olhou de um para o outro. - Os dois, sem Napoleão Bonaparte, história de guerra e seus cavalos, quero isso tudo arrumado quando voltar do banho. – Subiu as escadas.

-- Melhor a gente arrumar, depois que ela descer, muitas cabeças rolarão. – Yan explicou ao loiro que coçou a cabeça.

-- Como ela vai rolar as cabeças? O shampoo dela tá maduro?

-- Júnior, melhor arrumar logo isso. – Começaram a limpar a bagunça quando o interfone tocou.

-- Sou eu seu Timóteo, o senhor me chamou? – perguntou ao porteiro após atender o interfone.

-- A dona Lívia está aqui.

-- Pode mandar subir. – Desligou e avisou ao menino. - A loira gostosa de Haidê tá aí. – Yan correu para porta e abriu, esperou ela aparecer.

-- Tudo bem tia Lívia?

-- Oi gatinho. – abaixou-se para falar com a criança. – Cada dia mais lindo.

-- Oi Lívia, tudo bem?

-- Tudo. – olhou ao redor. – O que aconteceu aqui?

-- A gente brincou de guerra de joia. – Lívia o olhou surpresa.

-- Não liga tia, ele tem problemas. – o menino falou baixinho para loira. – Mas é gente boa. Tia Haidê e meu pai confiam nele, só pediu para não ficar muito tempo perto para não pegar alguma coisa. – ela balançou a cabeça em afirmação. – Estava fazendo a guerra de Troia. – Lívia riu com a observação, era sem dúvida do mesmo DNA da morena.

-- Onde está sua tia? – Yan apontou para cima.

-- Está no banho, você pode subir. – Lívia sorriu e foi em direção a escada.

-- Como disse o “dá lá a lama”: “siga em frente o que tem no meio do caminho”. Vá até ela e faça o que minha irmã Isadora fez com o potinho de mel. – por um momento Lívia preferiu ignorar, mas a curiosidade falou mais alto, ela parou no meio da escada e perguntou.

-- O que Isadora fez?

-- Pegou o mel todo para ela e fechou a tampa do pote. – o loiro deu de ombros e voltou a limpar a bagunça. Lívia balançou a cabeça em negação e subiu.

-- Por que perguntei?

 

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Lívia entrou e olhou ao redor, o quarto era impecável, tudo organizado e bem arrumado.

“Nem parece que existe vida nesse quarto. Um dia serei organizada assim.” – pensou sorrindo e ouviu o som vindo do banheiro. – “Música clássica? Ela me surpreende cada dia mais.” – sentou-se e esperou que ela saísse do banho. Não demorou a porta abriu e surgiu uma linda mulher com a cabeça enrolada em uma toalha e o resto do corpo exposto. Lívia a olhou e ficou momentaneamente muda, a morena estava só de calcinha, olhou dentro dos olhos verdes que a observava.

-- Lívia?

Fim do capítulo