CapÃtulo 9 - Veterana
A viagem de volta não poderia ser mais desconfortável. Isabel já estava sofrendo por ter que se despedir de Rafael, ainda mais porque ele estava no meio do tratamento com antibióticos, agora sob supervisão dos avós e, para piorar, já tinha certa noção de que Paula não se agradava de sua presença.
“Vocês acham que vai chover hoje?” No meio da estrada, Helena tenta quebrar o gelo com conversa fiada.
“E aí Siri? Vai chover hoje?” Paula pergunta através do recurso de seu celular e recebe a resposta. “Ouviu? Não vai chover.” Ela bloqueia a tela novamente e volta a observar a paisagem pela janela, enquanto Isabel se encontrava quieta apenas olhando para baixo.
“Hey, Isabel, está empolgada para o segundo semestre?” Helena tenta alegrar um pouco a colega de classe.
“Sim, não vejo a hora de me formar.” Isabel responde sem ânimo.
“E quem não quer?” Paula comenta em tom ríspido, mas Isabel permanece em silêncio.
“Viu que o Kléber vai fazer um churrasco de integração com os calouros no próximo final de semana?” Helena tenta mudar de assunto, olhando para o retrovisor, tentando encontrar o rosto de Isabel.
“Não vi não. Sexta ou sábado?”
“Acho que é sábado, pelo que eu li na mensagem do grupo.”
“Não vou poder ir mesmo, o dono da lanchonete conseguiu terminar uma parte da reforma para poder reabrir, e ele quer que trabalhemos pelos próximos três ou quatro sábados até tarde da noite para repor o tempo perdido.”
“Não vai convidar sua namorada, não?” Paula dá sua agulhada.
“Lógico, amor, o convite está implícito.” Helena ri, apesar de ter ficado sem graça.
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Helena chegou com Paula no apartamento, e logo levou um susto ao encontrar Otávio ajoelhado em pleno...ato.
“Otávio! Você sabia que a gente chegaria hoje, meu! Não podia ter ficado no quarto?” Helena tampa os olhos enquanto Paula acaba rindo.
“Desculpa.” Otávio enxuga a boca toda babada com a gola da camisa.
“E desculpa perguntar, quem é você?” Quando Helena abre os olhos, percebe que o rapaz ali não é Yan, apesar de serem incrivelmente parecidos.
“Cauê.” O rapaz se apresenta, ainda escondendo o zíper aberto e a ereç*o debaixo de uma almofada.
“Ele faz psicologia também!” Otávio complementa.
“Sim, ele é calouro dos meus calouros.” Paula comenta, ainda rindo da situação.
“Que mundo pequeno, não?” Cauê sorri, apesar de querer sair correndo dali.
“O que aconteceu com...” Helena ia completar a frase, mas percebeu que poderia se tornar uma situação complicada.
“Ah, o Yan? Terminamos no aniversário dele.” Otávio responde com naturalidade.
“Por quê?” A curiosidade de Paula desponta.
“Acho que finalmente dei ouvidos a vocês.” Otávio dá de ombros.
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Para sorte de Helena, Otávio sempre foi caprichoso em suas anotações, que ela pegava emprestado. A primeira aula de imunologia já começou pesada no quesito conteúdo. O professor era conhecido por comprimir todo conteúdo no menor tempo possível para sempre acabar mais cedo. Nas raras vezes que Helena olhou para outras fileiras, reparou que Isabel parecia longe.
“E como está o Rafa?” Helena aborda Isabel após a aula.
“Segundo meu pai, está melhor, mas a distância me machuca.” Isabel confessa.
“Eu imagino. Hey, um tempinho atrás você disse que não divulgava fotos dele por causa do pai. Eu estou comentando isso porque estava percorrendo as fotos do meu celular e vi que tinha umas que tirei dele no cinema. Certeza que não quer que lhe envie para postar? O que o pai dele fez que você tem medo?” Helena acompanha Isabel até a saída da faculdade.
“O pai dele não é uma boa pessoa, Helena. No começo ele não queria essa criança, fugiu de todas as responsabilidades. Ele é extremamente vingativo e tem raiva de mim porque eu o desmenti na frente do pai dele. Pagou pensão nos primeiros meses de vida do Rafa e depois parou. Nem fui atrás depois, nem o coloquei na justiça, estamos melhor assim, sem a presença dele.”
“Como assim você o desmentiu? O que ele fez?”
“Só contei ao pai do garoto que ele não era o menino perfeito que aparentava ser.” Isabel respondia de forma objetiva e sucinta sempre que era questionada a respeito do pai de Rafael.
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Apesar do frio de Agosto, o sol vespertino esquentava o clima do churrasco de integração, lotado de jovens adultos de todos os semestres do curso de Helena, além de acompanhantes.
Quando Helena apareceu com Paula, parte dos convidados já estavam na piscina, enquanto outros cuidavam da churrasqueira e das caixas de isopor com cervejas e refrigerantes.
“Não acredito que você veio! Que saudades!” Lívia, utilizando a parte superior de um biquíni preto junto com shorts da mesma cor abraçou Helena.
“Eu não lhe vi a semana toda, o que aconteceu? Achei que fosse fazer uma matéria conosco!” Helena retribui o abraço.
“Não, não, a matéria que eu deixei para trás no segundo semestre por causa de Anatomia eu puxei com o curso de farmácia na quarta-feira à noite para poder acompanhar minha turma. E ouvi dizer que vocês duas praticamente moraram juntas nessas férias, que fofas!” Lívia logo em seguida abraça Paula.
“Apenas fui visitar por uns dias, mas valeu a pena.” Paula e Helena trocam sorrisos.
“Gatinhas!” Otávio aparece na roda, já bêbado e segurando um cigarro feito com saco de pão e recheado daquele famigerado orégano...
“Viram como esse garoto emagreceu? Foi só pensar em voltar às aulas que esse aqui já perdeu o apetite.” Lívia brinca, colocando seus braços ao redor do amigo em um abraço amigável.
“Emagreceu mesmo.” Paula também comenta, tirando o toco do cigarrinho da mão de Otávio para poder dar um trago.
“Mas chega de falar de mim, garotas. Diz aí Lívia, como foram suas férias?”
“Se eu contar, juro que vocês não vão acreditar.” Lívia responde e pega o toco da mão de Paula.
“Agora vai ter que contar!” Helena exclama, curiosa.
“Bem, fui tentar me aventurar em outras águas, se é que vocês me entendem, daí lá no pub, no meio das férias, encontrei uma menina, acho que ela estava passando férias com a família aqui porque ela mora na Bahia, mas enfim, só sei que a gente acabou indo para o motel e eu descobri que gostava de coisas que não fazia ideia!” Lívia conta rapidamente, sem pausas, enquanto Paula observa com certa expressão de insegurança, redirecionando os olhos para Helena, que parece incrédula, enquanto Otávio desviava o olhar para disfarçar no momento em que Yan passou.
“Queria eu ter visto essa cena de vocês duas...” Bruno aparece por trás, pegando Lívia pela cintura.
“Bruno!” Lívia se solta e ainda dá um tapa no braço dele. “Você não muda mesmo, não é? Seu idiota. Então quer dizer que um casal de meninas para satisfazer seu prazer está certo, aí tudo bem, mas se alguém vai defender direitos LGBT, torna-se errado! Escroto.”
“O quê? Calma, cara. Eu estava brincando!” Bruno se assusta. “Guria, eu estou de boa, cada um faz o que quiser com suas genitais, eu não tenho o mesmo pensamento da época que entrei na faculdade, calma.”
“Mesmo que tenha mudado, isso não lhe dá o direito nem a intimidade de ir me pegando assim pela cintura, Bruno.” Lívia continua irritada.
“Tudo bem, desculpa, estou aprendendo.” Por mais incrível que pareça, Bruno não contesta.
Lívia fica confusa, não sabe se ele está sendo irônico ou se está genuinamente evoluindo. Mas prefere permanecer na defensiva até que tenha certeza.
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Existe sempre aquele momento de um churrasco universitário em que a maior parte das pessoas já se encontra alterada e quase todos agem como adolescentes alegres e irresponsáveis. E é geralmente nesse momento que as músicas começam a atrair mais, não importando o estilo, contanto que tenha um ritmo dançante. Foi em uma dessas horas que resolveram colocar os maiores sucessos nacionais de pagode e axé.
“É errado eu dizer que eu ralava o Tchan nas festinhas infantis de aniversário da vida?” Lívia brinca, erguendo sua lata de cerveja.
“Todos cometemos esse crime na infância, Lívia.” Helena ri, sentada em uma das cadeiras de praia, ao lado de Lívia, em volta da piscina da casa de Kléber.
“Bota a mão no joelho, e dá uma baixadinha, vai mexendo gostoso, balançando a bundinha!” Lívia dança ao som da obra do saudoso grupo É o Tchan, posicionando-se de costas para Helena e, ao remexer, sutil e inocentemente aproximava as nádegas aos joelhos da namorada de Paula, aumentando sua insegurança.
“Vamos embora?” Paula pergunta, tirando os óculos escuras e tentando manter a compostura.
“Isso é por causa dela?” Helena aponta para Lívia. “Ela está completamente bêbada, amor. Eu não estou nem ligando, você está vendo, não está? E outra, logo ela vai estar dançando para você também, ela é assim mesmo, não se preocupe.”
“Tenho algumas coisas para terminar no computador, uns artigos do Dr. Góes para ler. Acho melhor irmos.”
“Vocês já vão? Como assim? Isso foi por causa da dança? Paula, dança comigo aqui também! Poxa, eu adoro vocês duas, não vão embora não! Eu fico triste se vocês forem! A festa mal começou! A gente ainda nem integrou direito com os calouros!” Lívia choraminga embriagada.
“Eu disse, não disse?” Helena ri e Paula se acalma por um momento.
“Paulinha, não se preocupe. Aqui é tudo na amizade. Eu adoro sua namorada, uma das melhores pessoas da faculdade, de verdade. No primeiro rolê ela tentou ficar comigo e eu estava namorando e ficou um climão mas depois a gente riu, foi super engraçado!” Lívia continua a deixar seu lado infantil e embriagado tomar conta de si.
“O quê? Você já tentou ficar com ela?” Paula franze a testa para Helena.
“Foi no começo do ano, amor!” Helena tenta se explicar.
“Paulinha! Não se preocupe, relaxa! Eu já falei para a Helena que eu sou cem por cento Team Paula, quando ela estava a fim da Isabel e elas tinham aquela relação de amor e ódio eu falei que ficar contigo seria a opção certa e-”
“O quê?” Paula olha para Helena em um misto de raiva, surpresa e decepção. Não fala nada e dá as costas, dirigindo-se para a saída.
“Lívia!” Helena não se conforma do fato de a amiga não ter escrúpulos quando está sob efeito de álcool, agindo como uma criança de cinco anos ao falar o que pensa. Broncas à parte, ela só tem tempo de sair correndo atrás da namorada para tentar se justificar.
“Amor!” Helena finalmente consegue alcançar Paula, que já se encontra com os olhos marejados de raiva e dor.
“Helena, eu não quero mais olhar na sua cara. Você não faz ideia do quanto eu lutei contra minhas paranoias, sobre aqueles dias com a Isabel, sobre tudo! Algo dentro de mim sempre falava que você gostava dela, mas eu achava que era coisa da minha cabeça! E sabe o que é pior? Nem honesta comigo você conseguiu ser! Pelo menos sua amiga foi mais sincera que você!” Paula vocifera as palavras em frente a alguns calouros de Helena.
“Eu não gosto dela, Paula! Eu já disse! Você é minha namorada, não ela! Eu gosto de você!” Helena olha nos olhos da namorada enquanto responde.
Paula suspira com tristeza. “Divirta-se na festa, Helena, eu já vou.”
“O que foi que eu disse de errado? Você não acredita no que eu disse?!”
“Esse é o problema, eu acredito.”
“Como assim?” Helena se encontra confusa.
“Helena, não estamos no mesmo patamar sentimental.” Paula explica. “Deixe-me ir, por favor.”
“Você não quer conversar sobre isso em casa? Eu ainda não estou lhe entendendo. Você dorme lá comigo hoje, ou a gente dorme na casa dos seus pais, você quem sabe.”
“Não, eu quero ir sozinha, Helena.”
“Deixa eu pelo menos levar você, por favor, Paula.” Helena parece realmente preocupada e túrbida.
A estudante de psicologia hesita, mas acaba aceitando. Dentro do carro, por mais que lutasse contra, as lágrimas acabaram descendo sem que ela proferisse uma palavra sequer.
“Paula, a gente tem um lance super especial, poxa, aqueles dias que passamos juntas em São Paulo, foi tudo tão mágico! A Lívia não sabe o que diz, ela estava completamente alterada, você mesma viu.” Helena começa a argumentar.
“Helena, pare, por favor, pare, eu não quero escutar justificativas! Eu não quero me machucar, então por favor não diga mais nada.” Paula contesta em meio a intermináveis lágrimas.
“Paula, você está reagindo exageradamente a um boato! Eu nunca nem fiquei com ela! Nem com a Isabel, nem com a Lívia!”
“Não me importa se você ficou ou não! A pessoa que está no seu coração claramente é Isabel.”
“Como você pode dizer isso, Paula? Eu estou com você, e não com ela!”
“Helena, em nenhum momento você sequer negou. Você não se ligou ainda, né?”
“Do que você está falando, Paula?” Helena vira a esquina da casa de Paula e estaciona bem em frente ao portão.
“Caramba, Helena, patamares sentimentais diferentes! Você não me ama de volta, você não sente o mesmo e eu fui trouxa de ter entregado meu coração. Eu deveria ter aprendido com meu último relacionamento, mas não.”
“Espera, você...você me ama?” Helena pergunta, de olhos arregalados.
“Tchau, Helena. Não importa o que eu sinto, seu coração já está ocupado por outra.” Paula abre a porta do carro para sair.
“Espera...” Helena toca o ombro de Paula, que olha de volta, esperando alguma resposta, mas nada. Helena apenas a fica encarando, assustada.
“Está vendo? Você nem consegue dizer.” Paula consegue dessa vez engolir o choro e finalmente sai do carro.
Helena, ainda com o veículo estacionado, dá socos no volante até o braço doer. Cansada – emocional e fisicamente – finalmente se entrega aos prantos. Não sabia nem o motivo de estar chorando. Não sabia se aquilo era um término, não sabia se o que Paula disse era realmente verdade, ou melhor, não queria que fosse verdade.
_________//_________
Helena acordou naquela manhã de domingo sentindo-se vazia. Não era fome. Também não era necessariamente tristeza. Era talvez a saudade da mensagem de bom dia vinda de Paula. Ela sabia que a estudante de psicologia estava de coração partido, mas ao mesmo tempo sentia-se impotente por não conseguir dizer o que sente. De qualquer jeito, era melhor encarar do que fugir, então Helena resolveu comprar seu café da manhã no drive thru de um dos fast foods da cidade e levar o latte favorito de Paula.
“Por favor, a Paula está?” Helena pergunta ao interfone.
“Quem é?” Uma voz masculina questiona.
“É a namorada dela.” Helena responde, mesmo estando incerta. “Dr. Morais?”
“Sim, sou eu. Helena? Pode entrar.”
Helena adentra pela sala e caminha pelos largos corredores até a cozinha, encontrando o pai de Paula tomando seu café.
“Paula está no quarto ouvindo repetidamente uma música triste espanhola, então deduzo que vocês brigaram. Estou certo?”
“Tivemos um desentendimento sim, Dr. Morais. Vim conversar com ela.” Helena explica.
“Por favor, acertem-se, não aguento mais essa música. Tocou a noite toda, quase aprendi a letra inteira só de ouvir.” Dr. Morais desejava estar brincando, mas não estava.
Helena chegou perto da porta de Paula e reconheceu a música de Jesse & Joy. Ironicamente, a música falava sobre má sorte no amor. Ela bateu na porta algumas vezes e chamou, mas nada. Tentou mexer na maçaneta e viu que a porta estava destrancada. Quando abriu a porta, viu Paula deitada em posição fetal, cantando baixinho partes da letra.
“Mantuve la esperanza conociendo tu interior, Sintiendo tan ajeno tu calor…”
Helena deita-se junto a Paula e a abraça. Paula não fala nada, mas Helena sente os pequenos soluços de choro.
“Eu quero fazer dar certo contigo, Paula.” Helena afirma.
“Eu quero alguém que me ame, Helena.” Paula responde, com a voz fraca por ter chorado a noite toda.
“Eu nunca fui muito boa com palavras, Paula...mas eu estou me esforçando, eu quero você na minha vida.”
“Você não consegue dizer uma simples frase porque você não sente, Helena, e eu não culpo você por isso. Eu só estou triste porque eu queria muito que você sentisse o mesmo que eu.”
Helena se cala, mas continua abraçando Paula.
“Helena, eu preciso de um tempo distante de você. Preciso pensar, rever as coisas.” A voz falhada de Paula pede.
Helena respira fundo. “Tem certeza? Paula, eu nunca fui boa com essas coisas de amor...mas eu sei que o que eu sinto por você é profundo, se não fosse eu não iria querer nada sério.”
“Tenho certeza, Helena. Isso me dói para caramba, e é por não querer exigir nada de você que eu prefiro me afastar. Se tentássemos no momento, eu já saberia que sou a pessoa que sente algo mais forte, e você se sentiria sufocada. Não quero isso nem para mim nem para você.”
“Mas se nos afastarmos agora, a gente pode esfriar, e vai piorar a situação, não acha?” Helena ainda tenta argumentar.
“Você precisa se entender melhor. Esse tempo vai ser bom para autoconhecimento das duas. No momento eu só sei dizer que não consigo ser sua namorada sem sentir um aperto no meu coração. Não dá.”
Helena respira fundo. “Eu trouxe seu latte favorito. Deixei na cozinha, com seu pai. Se você quer um tempo para se afastar, fique à vontade. Desculpa se lhe causei algum mal.” Ela beija a nuca de Paula e se levanta. Cabisbaixa, Helena sai da casa e dirige sem rumo por um tempo.
‘Hey, amiga, você sabe como funcionam minhas amnésias por etanol...agora que comecei a me recordar e, meu, eu falei muita besteira. Espero que você e a Paula tenham me desculpado!’ Helena leu a mensagem que Lívia havia mandado um pouco mais cedo, mas resolveu ignorar. Estava sem qualquer paciência.
Finalmente, Helena voltou para casa, sem ânimo para nada. Só queria comer algum lanche com bacon e maratonar algum seriado. Antes de abrir a geladeira, encontrou Otávio ofegante, sentado no sofá, completamente inquieto, coçando o rosto.
“Otávio, você está bem?” Ela senta ao lado do amigo.
“Estou sim, sim, estou, por quê?” Otávio funga após cada palavra afobada proferida.
Helena repara nas pupilas dilatadas e o ‘giz na lousa’ – expressão utilizada para sinalizar restos de pó restante embaixo das narinas.
“Meu, o que você fez? Você é idiota?! Nós somos estudantes de Medicina! Você sabe o mal que essa merd* faz! Você sabe que isso mata!” Helena se desespera. Ela pega o pulso do amigo e confere se há taquicardia.
“Helena, não foi nada, que saco! Álcool também é droga tal como pó e ninguém fala nada, é totalmente aceitável né! ” Otávio fica agressivo e retira com força seu antebraço. “Deixe-me em paz!”
“Otávio! Não mude de assunto! Você sabe que o que você usou pode ser fatal! Você não é assim! O que está acontecendo? Isso tem a ver com o término do Yan?”
“O quê?” Otávio solta uma risada sarcástica. “Quer saber de uma coisa? Eu o provocava com paranoias e ele ficava daquele jeito! Eu me divertia vendo aquilo!” Otávio apontava para si mesmo com violência.
“Isso não é você, Otávio! Você está drogado! Eu nunca vi você usar nada pesado!”
“Cala a boca!” A frequência respiratória do amigo de Helena aumenta exageradamente. Ele vai até a cozinha para pegar um copo de água, mas ao ver sua mão tremer, acaba jogando o copo com força no chão, assustando a amiga.
“Você precisa ir ao hospital, Otávio, você está com sintomas de overdose!”
“Não preciso! Já disse para me deixar em paz!” Dessa vez ele pega uma caneca e a quebra, fazendo um corte profundo em sua mão. Ele olha para a melhor amiga, ainda com as pupilas dilatadas. “M-meu peito...” Sua respiração dificulta mais ainda e Helena liga para a emergência.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 22/08/2020
A princípio Paula avistou o perigo em Lívia após seu relato de uma noitada com uma mulher.
Início da insegurança.
Paula não para e fala coisas que nem Helena ouça pensar.
Insegurança de Paula explode.
Sentimentos são confusos....ou nos que confudimos.
Porque o sentir por Isabel é um tabu?!
Melhor ficar em uma relação com a Paula?! Solo conhecido?
Capítulo show.
Rhina
Resposta do autor:
Insegurança é algo bem complicado, infelizmente... e falta de comunicação é outra coisa que mata relacionamentos silenciosamente....
(juro pra vc que fico empolgada quando surge comentário novo seu aqui no email hauauauhauh porém acho que não respondo na ordem porque é como aparece aqui, mas enfim, beijão!!)
Alci
Em: 10/02/2019
Helena provando que é muito difícil amar a próxima. 100 ter amado a primeira Ou pelo menos ter dito que amava.<p>E quando o próximo está se drogando!!?</p><p>Devendo amar o próximo como a si mesmo e "si mesmo" estando insegura, então...</p>
Resposta do autor:
Amar o próximo mesmo com insegurança é uma sentença dura, mas completamente verdadeira. Você conseguiu me deixar reflexiva a respeito disso. Adorei!!
Beijão e obrigada pelo feedback s2
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AlRibeiro
Em: 08/02/2019
Senti pena da Paula, mas ela foi ótima ao lidar com situação pedindo um tempo. Não vejo nada de tão ruim não ser correspondido da mesma forma, já achei um dia, mas as pessoas tem formas de gostar ou amar diferentes, sei lá, posso estar falando besteiras hahahahaha.
Otávio fez a maior burrada ao usar essa porcaria.
Ansiosa pelo próximo capitulo!!
Resposta do autor:
Sim, você tem toda razão, pessoas tem formas de gostar ou amar diferentes, mas talvez Paula tivesse pensado na responsabilidade afetiva que jogaria nas costas de Helena caso continuassem. E particularmente, também não acho ruim as medidas de amor correspondido serem diferentes uahauhauhauhauha
Muito obrigada pelo feedback, beijão <3
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