Esse capítulo tem mais emoção...
Espero que gostem mais desse!
Capítulo 2 - Liana
CAPÍTULO 2 - LIANA
Por sorte a semana passou carregada de trabalhos e conteúdo para as provas. Cada semestre que passava só ficava pior. Lia era bastante cuidadosa e responsável. Seu segredo era não deixar matéria acumular. Desde nova ela já sabia o que queria fazer. Escrever e falar inglês. Amava o idioma. Então quando prestou o vestibular e passou na federal não pensou duas vezes e encarou até a mudança de cidade. Claro, que tudo apoiado pelos pais que confiavam nela. Eles só deram uma condição, de que ela fosse para casa sempre que possível.
Liana, ou Lia para os mais íntimos, era baixinha com seus um metro de sessenta e cabelos castanhos curtos, tinha lábios carnudos e olhos também castanhos e usava um daqueles óculos de grau bem redondo e grande, que a deixavam com ares nerds, mas delicados ao mesmo tempo. Lia era considerada uma moça bonita, mesmo se encontrando um pouquinho acima do peso, não que isso fosse um problema, comer era a sua segunda paixão e não deixava de ser menos bonita por isso, era bem resolvida com seu corpo e não se intimidava em ter que usar biquíni na praia. Tinha 21 anos e era de escorpião. Nossa! Um signo que aparentemente espantava qualquer um. Lia tinha um temperamento intenso e um pouco explosivo, mas no fundo era um amor de pessoa. Só tinha que saber onde acionar a alavanca primeiro e depois eram só flores.
Cris descobriu essa alavanca e desde que se conheceram nas aulas, decidiram que poderiam dividir um apartamento. Antes cada uma tinha o seu, mas logo procuraram por um maior e fizeram a mudança. Era sempre bom ter uma amiga de todas as horas que pudesse contar. Iam para a universidade juntas, passeavam juntas, estudavam e faziam as mais diversas coisas. Lia nunca teve uma amiga tão verdadeira quanto Cris e tinha um carinho imenso por ela.
Eram as primeiras provas do semestre, portanto sempre se doava de alma a esse período. Era sempre bom se dar bem nas primeiras provas e assim caso precisasse poderia se permitir leves escorregões depois. Apesar de amar o que estudava, não era de ferro e as vezes ficava louca de tanto conteúdo para rever.
Lia era uma "escritora" meio compulsiva e tinha em seu notebook várias histórias incompletas. Sempre começava empolgada, mas com o tempo percebia que algo faltava e sabia que era vivência. Quais experiências já tinha passado mesmo durante sua vida? Quase nada! E ser escritora era justamente contar com experiência juntamente da imaginação e isso ao menos ela tinha de sobra. Nunca nem mesmo se apaixonara para descrever os romances em suas palavras, usava apenas as coisas bonitas que já havia lido nos tantos romances da sua adolescência. Não que estivesse desesperada por alguém, não era esse tipo de garota, mas pessoas na sua idade já tinham tido vários relacionamentos e corações quebrados. Ninguém nem mesmo chegou perto de fazer um arranhãozinho sequer e era isso que não entendia.
Era bastante compassiva e justa e era uma pessoa quieta. Mas uma vez que pegava "abuso" por alguém, nunca conseguia conviver com esta pessoa. Simplesmente se afastava. Assim como um idiota da outra turma que ficava sempre forçando brincadeirinhas com ela, que nunca permitiu esse tipo de atitude dele. Odiava gente metida e exibicionista que nem a tal cantora que havia acabado de chegar. Talvez não cantasse nem pela voz bonita que tinha, talvez só gostasse de atenção. Enfim, nada daquilo era da sua conta mesmo. Carlos que ficasse com a idiota que quisesse. Também não ficaria correndo atrás de ninguém, essa era uma coisa que nunca fizera e nem nunca faria. Ou assim pensava!
Na sexta havia a apresentação a ser feita sobre o livro que estavam lendo na semana. Como sempre sua apresentação fora muito elogiada pela professora Heloísa e no momento ter notas boas era a sua prioridade. Semana que vem eram as provas e como sempre, estava bastante nervosa. Só queria algo que a ajudasse a desestressar e como não tinha mais nada a fazer, resolveu se refugiar em comida. Passou no supermercado e comprou uma massa pronta para pizza e os devidos recheios que iria usar. Quando Cris chegou em casa, o cheiro de pizza estava espalhado por todo o apartamento.
- Amiga, não acredito que você fez pizza. Estou faminta!
- Ah eu fiz sim. E lavei a sua louça de ontem também. - Lia lançou um olhar de reprovação para a amiga. - Hoje é toda sua e não quero desculpas.
Cris sorriu sapeca e abraçou Lia a força, tascando um beijo em seu rosto.
- Já disse que você é a melhor?
Lia se desvencilhou e a empurrou para o banheiro. Em poucos minutos as duas estavam devorando a pizza e depois passaram o resto da noite assistindo filme que estava passando na programação. Cris convidou o namorado para passar a noite com ela, mas só depois de pedir a aprovação de Lia. Assim que ele chegou o casal se despediu e Lia assistiu o resto sozinha. Por volta das dez da noite resolveu ir dormir.
XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxX
Mais um final de semana de alívio chegou. Pelo menos mais ou menos alívio já que só daria tempo em estudar para as provas. As duas passaram o fim de semana estudando todo o conteúdo até ali e era muita coisa. No domingo à tarde elas resolveram parar e sair para curtir um pouco a noite.
Com uma nova semana também muito agitada devido as provas, Lia não teve tempo para pensar em Carlos, na verdade nem o viu pelo campus. Só a cantora. Em uma determinada aula a turma foi liberada mais cedo e quando ia até o pátio a viu, como sempre, com o violão no colo.
Surpreendentemente ela não tinha ninguém ao seu redor dessa vez. E estranhou ela estar ali. Será que nem estudar aquela garota levava a sério? Ela parecia concentrada e cantarolava baixinho uma melodia que ela não conhecia. Ela não cantava, só tocava e assobiava. Lia foi para o banheiro rápido, estava apertada e entrou no primeiro box livre sem nem trancar a porta direito. Assim que estava terminando de fazer xixi a porta foi aberta sem cerimônia, batendo em sua testa.
Com as calças ainda abaixadas ela praguejou. Ouviu uma exclamação de surpresa, de certa da idiota que a acertou. Quando olhou para frente custou acreditar que era Liz, a cantora. Seu sangue ferveu e imediatamente fechou a cara mais ainda.
- Moça, eu sinto muito. A porta estava destrancada e eu achei que não tinha ninguém aqui.
- Será que você pode me dar licença aqui? Privacidade é bom e eu gosto.
Visivelmente desconcertada a outra se afastou e pediu desculpas mais uma vez. Lia jamais aceitaria as suas desculpas e a ignorou. Depois que terminou de se vestir, saiu do box e viu a outra ali parada com cara de tacho. Lia foi até a pia e lavou a mão sem ao menos olhar para ela.
- Moça, desculpa. Eu sei que fui mal-educada, mas também não precisa ser tão grosseira. Eu não a vi no banheiro
- Eu tenho nome, querida! E não precisa se desculpar, eu sei que também deixei a porta aberta.
- Ok então! - Ela disse por fim e estendeu a mão. - Amigas!?
- Nem pensar! - Lia deu as costas a ela.
- Ei, você por acaso tem algo contra mim? - Liz a alcançou e a puxou pelo braço. Lia ficou irritada com a ousadia e deu uma sacudida fazendo-a lhe soltar.
- Olha aqui, nem todo mundo é obrigado a gostar de você. Será que não consegue sofrer uma rejeição de vez em quando? - Liz fez uma careta e abriu a boca para retrucar.
- Qual o seu problema comigo? Não é a primeira vez que você me lança olhares desaforados.
- Não te devo satisfações, garota. Me deixa! - Lia lhe deu uma rabiçaca e saiu.
XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxX
Depois do episódio no banheiro, Lia não se encontrou mais com Liz. Se sentia uma idiota por não ter aceitado o pedido da amizade da menina, mas estava tão puta da vida na hora que não conseguiu raciocinar muito bem. Não queria ter mágoa de ninguém e nem queria que tivessem dela. No fundo estava arrependida por ter destratado a garota, mas agora era tarde demais. Quem deveria estar com raiva agora era Liz e tudo por culpa do idiota do Carlos. Decidiu que não deixaria mais suas expectativas por ele lhe cegarem. Tinha que tentar ser um pouco menos impulsiva e sabia disso.
A semana foi bastante estressante e cansativa. Lia acordava cedo e dormia tarde estudando. Em sua cama havia mais livros que travesseiro e seu quarto se encontrava em uma pequena zona. Na quarta-feira seu despertador não tocou. Já era quase sete da manhã. Cris entrou em seu quarto devidamente arrumada chamando por ela. Se assustou quando encontrou Lia em um estado ainda de dormência.
- Lia, nós temos prova agora no primeiro horário. Levanta!
- Mas que hora é essa? - Lia pegou seu celular e olhou a hora. Arregalou os olhos e correu para se arrumar. - PQP! É a última prova. Estou ferrada.
Finalmente chegaram na faculdade, já era sete e vinte, todos haviam acabado de entrar em suas salas para começar a prova do primeiro horário. As duas se encaminharam e quando iam dobrar o corredor Lia esbarrou em Liz que ia andando também apressada.
- Vê se olha por onde anda, garota. - Liz falou com grosseria. - Olá, Cris. - E não deu tempo nem para que a outra respondesse, saindo apressada.
- Mas que porr* foi essa? - Cris perguntou desconfiada. - Ela foi super grossa com você.
- Tudo bem, esquece. - Lia falou enquanto entravam na sala. No fundo sabia que ela só tinha reagido daquela forma por sua própria culpa depois daquele dia no banheiro. - Tenho mais com o que me preocupar. Boa sorte!
Cris saiu primeiro da sala. Lia observou quando de longe ela deu um sorriso e acenou um ok. Com certeza tinha ido bem na prova que realmente não estava tão difícil. Não demorou muito Lia se encontrou com Cris e Alberto nas escadas, ele tinha a cabeça escorada nas pernas da namorada e não tinha uma expressão muito contente.
- Que desânimo, Alberto! Foi mal na prova?
- Eu me ferrei. Nada do que eu estudei caiu. Mas que droga!
- Já a nossa foi muito boa. - Cris estendeu a mão para Lia e as duas bateram as mãos. - O que achou da prova?
- Realmente estava muito boa, só fiquei com dúvidas na última questão, mas mesmo que tenha errado eu sei que fui boa nas outras.
- E aí, galera?
Carlos havia se aproximado com Liz em seu encalço. Nem percebeu que eles vinham chegando. Imediatamente se sentiu desconcertada por Liz, mas tratou de disfarçar.
- Oi gente! - Disse ela tímida e aquilo era novidade para Lia. - A prova estava superdifícil, não é, Alberto?
- Nem me fale! Me ferrei.
- Via dar certo, baby. - Cris respondeu, afagando os cabelos dele. - Vou te ajudar a estudar se for preciso.
Lia ficou observando os dois e sentiu uma invejinha branca. Gostaria de encontrar aquela cumplicidade com alguém um dia, mas era difícil. Seu coração parecia não conseguir se apegar a ninguém, nem mesmo por Carlos. E só naquele momento percebeu que passou a semana inteira sem ao menos pensar nele. Bom para ela.
- Estamos precisando nos distrair, isso sim. - Falou Liz. - Que tal uma música ao vivo mais tarde?
- Sair no meio da semana? - Lia não conseguiu se refrear, mas a ideia lhe parecia absurda. - Amanhã as aulas continuam, é dia de acordar cedo.
- Não precisa ir já que é tão careta. Vai quem quiser.
Todos se entreolharam surpresos pela troca de farpas entre as duas. A raiva de Lia atingiu um alto grau, mas Cris percebeu e antes que a amiga fizesse qualquer coisa, se meteu.
- Mas o que há com você hoje, Liz? - Cris a olhou chateada, se levantando e pegou no braço da amiga. - Vamos ao banheiro comigo.
Lia saiu com ódio. Sabia que havia despertado esse comportamento em Liz, mas aquilo já era muita grosseria. Sentia vontade de lhe esganar. As duas foram andando até o pátio e se sentaram em um dos bancos. Lia não queria falar nada e ficou esperando Cris retomar o assunto.
- Eu jamais pensei que a Liz fosse tão grossa. Eu vejo ela sendo legal com todo mundo. Só com você que é assim.
- É, não me admira. - Lia falou chateada. - Vamos esquecer isso.
- Por quê? Aconteceu algo que eu não esteja sabendo?
- Nós tivemos uma briga no banheiro, foi isso. - Lia comentou sem mais detalhes.
- Briga no banheiro. - Cris perguntou meio confusa. - Quando? Por quê?
- Eu estava apertada e corri até o banheiro, não consegui nem trancar a porta. Aí aquela criatura chegou e abriu o box com tudo e me assustou. E ainda bateu na minha testa. Fiquei puta, claro! Aí ela ficou me chamando de "moça" o tempo todo e me pedindo desculpas, se podíamos ser amigas... - Enquanto falava, Lia imitava a outra de forma afetada. - Me poupe!
Cris escutou tudo calada, não acreditava que as duas estavam assim e que tinham discutido por algo tão bobo. Do nada começou a rir. Lia cruzou os braços e ficou olhando para a amiga com raiva.
- Posso saber do que está rindo?
- Ah, Lia... - Cris teve mais um ataque de risos e por fim conseguiu dizer: - Não acredito que brigaram por uma coisa tão boba.
- Boba para você. Eu passei o resto da semana com a testa roxa.
- Não seja tão dramática. Eu nem mesma vi esse machucado.
- Cris, já chega! Não quero mais falar dessa fulana, ok?
Cris segurou a vontade de rir mais uma vez e olhou para Lia que ainda fazia cara feia. Imaginou que dali para frente as coisas seriam um pouco complicadas, pois os meninos gostavam muito de Liz e a estavam convidando para tudo, inclusive o Carlos... mas era claro! A mente de Cris deu um estalo naquele momento.
- Ah, mas é óbvio. - Cris segurou a mão da amiga. - Isso não tem nada a ver com o Carlos, não é?
Lia ficou calada por alguns segundos e tentou desconversar.
- Claro que não, nem penso mais nele. Me poupe. Essa Liz se acha, é isso. - Falou em tom de indiferença. - Todo mundo acha ela super cool, mas para mim ela é só uma exibida. Fazendo os caras de cachorrinho só porque tem uma vozinha bonitinha.
Cris apenas ficou calada. Lia já havia chegado no nível de falar no diminutivo com Liz, sabia que era caso perdido. Decidiu deixar para abordar o tema em um outro momento que a amiga estivesse serena novamente, agora ela só iria explodir mais rápido.
- Ok. Vamos embora, então.
- Mas e o Alberto? Você deixou ele lá. Vai falar com ele, te espero no carro.
- Não, tudo bem. Eu mando uma mensagem para ele. Vamos!
XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxX
A noite chegou e de fato, todos aceitaram a sugestão de Liz para sair naquela noite. Lia não queria ir, realmente preferia estar em casa descansando para as aulas que já começariam com o novo conteúdo. No entanto, Cris não deixou que a amiga ficasse sozinha em casa e fez a maior chantagem emocional tentando persuadi-la a todo custo.
- Cris, que besteira! Você quer mesmo que eu perda minha noite na casa dos outros só pra ouvir aquelazinha cantando.
- Não só pra isso, Lia. - Cris revirou os olhos. Queria muito acabar com o clima ruim entre as duas. - Tem que socializar com a gente. Vai ter pizza... e você pode até encontrar um gatinho para você hoje, nunca se sabe.
- Cris, me poupe! Sabe mesmo o que eu quero? Me concentrar na minha faculdade e não caçar namorado.
- Não estou mandando você caçar. Mas pode aparecer e que mal faria? - Cris a puxou pela mão. - Vem! Ou vamos nos atrasar. E eu preciso dizer que você tá muito sexy nessa roupa.
- Me poupe desses comentários, Cris.
Lia usava seu preto básico. Jeans preto rasgado, uma regata preta meio folgada e seus tênis brancos. Gostava de andar mais feminina, mas nessas roupas se sentia mais confortável. Elas se encontraram com Alberto que as esperava juntamente com Carlos no banco de trás. Como de costume ele e Lia foram no banco de trás, mas dessa vez não trocaram nem meia dúzia de palavras. Ao contrário de antes Lia não estava minimamente interessada em puxar assunto com ele e se sentiu feliz por isso.
Chegaram a entrada de um grande condomínio fechado e pediram passagem na portaria. Lia não sabia para onde estavam indo ou de quem era a casa, só Alberto sabia, achava que era algum amigo rico que estudava com ele. Lia observou que estavam todos muito animados e até tomavam banho na piscina enorme que estava reservada apenas para eles naquela noite. Parecia até um fim de semana. Ouvia a música tocar de longe e quando se aproximou Liz se apresentava sozinha com seu violão e ela era tão boa que nenhum outro acompanhamento fazia falta.
Como sempre os meninos babavam por ela que se vestia sempre como uma rock star. Lia se pegou admirando-a tocar e cantar. Ela tinha uma voz muito bonita e singela, fora o gosto musical excelente. Cris a cutucou de lado chamando sua atenção.
- Seria ótimo se vocês duas fossem amigas.
- Até parece! - Retrucou com sarcasmo.
- Seria bom. Ela está na nossa turma agora. Vai ficar um mal-estar. Você devia fazer algo sobre isso.
- Eu? - Lia perguntou surpresa. - Eu não vou fazer nada!
- Amiga, foi você que começou com essa implicância, você mesma disse.
Lia bufou contrariada. Cris tinha razão, mas não daria o braço a torcer tão rápido assim. Além do quê, nem mesmo sentia necessidade de serem amigas. Como já dissera, não gostava de pessoas exibicionistas. Cris se juntou a Alberto e por um tempo Lia se separou deles, com certeza estavam aproveitando o tempo juntos e não quis atrapalhar. Foi até a mesa dos drinks e pegou uma mistura de vodka pronta que tinha por ali.
Ela se sentou em frente ao "palco" improvisado onde Liz estava tocando e passou um bom tempo apreciando as músicas. Ela ia do nacional ao pop, do indie ao rock. Parecia bem eclética e mesmo assim não a ouviu tocar uma única música que não gostasse. Ao menos o gosto para músicas batia muito com o seu.
Depois de um tempo Liz anunciou uma pausa e encaminhou-se para a casa, logo colocaram uma música lenta para tocar. Alguns casais dançavam perto da piscina, em um local mais reservado.
Ainda terminando a bebida já estava prestes a sair dali e ir procurar Cris quando um rapaz chamado Rodrigo chegou perto dela e lhe chamou para dançar. Lia ficou muito surpresa, mas acabou aceitando. Como sua amiga havia dito, não doeria. Ele se mostrou bem respeitoso chegando perto, mas não colando e quando apoiou a mão em sua cintura o fez de forma educada e sem mostrar segundas intenções. Ele tinha um sorriso bonito, cativante e educado.
Ele começou a puxar assunto com coisas triviais. O nome, onde estudava, qual o curso, se ela gostava do que estudava, de onde era, quantos anos tinha, se estava ali sozinha e por último se tinha namorado e depois da resposta negativa, ele pareceu ficar mais alegre e se aproximou mais dela. Falou sobre si, sempre demonstrando ser um rapaz ponderado e gentil.
Eles ficaram algum tempo ali na pista dançando abraçados e se beijando. Já tinha até ouvido assobios ao longe. Ele a chamou para um lugar mais reservado e enquanto iam de mãos dadas passaram pelo seu grupo de amigos onde estava Cris e Alberto, Carlos e Liz e uma outra menina que não soube dizer quem era. Ela deu um leve oi e conseguiu ver a cara de felicidade da amiga e as de surpresa de Carlos, já o olhar de Liz parecia incomodado, o que lhe deixou com uma pulga atrás da orelha.
Ele a levou para trás da casa e se sentaram em uma daquelas cadeiras brancas e espaçosas de balanço. Ficaram se pegando ali por um bom tempo até que sentiu seu telefone vibrar. Era Cris dizendo que era hora de ir. Os dois trocaram telefones e mais alguns beijos e ele fez questão de acompanha-la até seus amigos.
- Me liga! - Ele pediu mais uma vez e lhe deu um selinho.
- Ok. Vou ligar.
Ela saiu e se juntou aos outros. Enquanto caminhavam até o carro Lia percebeu um clima estranho entre eles. Cris por outro lado exibia um sorrisinho maroto nos lábios. No caminho para a casa foi da mesma forma, um silêncio. Carlos como de costume não olhava seu celular, mas parecia mais calado e sério que o normal, como se estivesse com raiva. Talvez estivesse brigado com Liz, não que fosse da sua conta. Assim que chegaram em casa Cris a olhou e começou a aplaudir. Lia ficou sem entender a reação exagerada apenas porque ela ficou com um rapaz.
- Lia, eu sei que já disse isso, mas eu sou sua maior fã. Quem era aquele gatinho?
- O nome dele é Rodrigo. Ele faz direito lá na facul.
- E aí? Foi bom?
- É. - Lia deu de ombros e respondeu desconfiada. - Pra quê essa alegria toda menina? Foram só alguns beijos nada demais.
- Nada demais porque você não viu a cara do Carlos quando ele viu vocês dois juntos.
- O quê? - A informação demorou a ser processada na cabeça de Lia. Não fazia sentido nenhum.
- É isso mesmo que você ouviu. Ele está com ciúmes, tenho certeza.
- Cris, mas isso não faz sentido. Ele não estava todo derretido pela Liz, aliás mesmo antes dela aparecer que ele nunca me deu muita bola.
- Ah amiga, não sei o que aconteceu bem entre eles, mas ele parece ter desistido dela e agora continuam amigos mesmo assim. Alberto comentou por alto comigo que ela parece que deu um passa fora daqueles nele. Agora ele deve ter visto você com aquele gatinho e ficou mordido de ciúmes.
Lia começou a rir pra valer. Cris a acompanhou, mas era um riso de deboche e sarcástico.
- Que idiota! Não acredito que aquele clima todo foi por conta disso. - Lia falava descrente.
- Meu radar nunca mente. Eu sei que ele está.
- É, mas agora é tarde. Já virei a página.
- É assim que se fala amiga.
As duas ficaram confabulando por mais um tempo, mas o que realmente estava lhe intrigado havia sido o olhar que a cantora lhe encarara mais cedo, ou será que estava imaginando coisas? Lia não aguentou mais segurar o sono e dormiu. Já passava da meia noite e o dia seguinte seria longo e cheio de matérias novas para estudar e por enquanto isso era o seu foco, nada mais.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Keilaspm
Em: 22/07/2019
Curtindo sua escrita Kiss
Resposta do autor:
Olá...
Fico feliz que minha escrita esteja lhe agradando.
Confesso que nunca havia escrito de forma tão leve e solta, mas até que cai bem na estória.
Bjs e espero que continue por aqui nos acompanhando.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]