Capítulo 41
Eu tinha acabado de sair da reunião de pauta da edição desse mês. Estava cansada, com os neurônios fervendo e bastante irritada. Desde que Gregório havia deixado em minhas mãos toda a responsabilidade do cargo e me deixado andar com as próprias pernas, as coisas haviam desandado um pouco. Na verdade, as coisas tinham desandado muito, e eu estava tentando controlar ou contornar quando era necessário. Não por falta de competência ou compromisso, mas algumas pessoas ali não pareciam dispostas a ajudar no rumo das coisas.
Ainda sentia minhas mãos tremerem tamanha era a raiva que eu estava sentindo. Pra ser bem sincera, eu estava com ódio do Patrick! Quem ele pensava que era pra me afrontar dessa forma? Eu não estava querendo dar uma de chefe e impor respeito a todo custo, mas eu merecia respeito, não só por estar à frente da redação, mas também porque eu não havia feito nada de errado, muito pelo contrário, estava me esforçando ao máximo e só queria poder contar com a ajuda de todos.
Patrick era o chefe do setor de áudio e vídeo, e como tal, ele se achou no direito de gritar comigo, perante todo o resto da equipe. Se ele discordava, tudo bem, poderíamos conversar, civilizadamente, afinal, é assim que as coisas se resolvem. Mas não, ele quis dar uma de superior, mais do que isso, ele quis dar uma de homem soberano. Porque o problema se dava unicamente ao fato de eu ser mulher, e ele não aceitava de forma alguma receber ordens vindas de “um celebro deficiente” ou da “petulância sobre saltos” – eram frases dele.
Pra ele, uma mulher não tinha a mínima capacidade de estar à frente, comandando uma redação tão importante como aquela. O cara nem se deu ao trabalho de ler o meu currículo e já saiu por ai falando asneiras. Ser mulher era o que bastava para ser julgada de forma negativa. Eu já esperava por isso, só não sabia que viria tão cedo e que me irritaria tanto.
Eu fiquei roxa, azul, o arco íris inteiro, mas tratei de engolir a raiva e as palavras nada agradáveis que por pouco não saíram da minha boca. Ia dizer a ele tudo o que ele merece escutar, mas me contive e apenas suspirei, trazendo do fundo do meu ser toda a paciência que fosse possível. Bater de frente com ele não resultaria em nada. E não ia demorar para que eu o colocasse no seu devido lugar, sem deixar a minha petulância, ou os meus saltos de lado. Ele ia ver só!
-- Eu não sei como você aguenta esse cara. – Cléo que estava na minha sala comentava – Esse cara provavelmente deve ter o pinto pequeno, e ai quer compensar tudo tentando minimizar as mulheres. Machista!
Ri do comentário. Compartilhava da mesma idéia, Patrick devia ter pinto pequeno.
-- Deixa ele Cléo, deixa que o que é dele está guardado. Não vou dar o gostinho de me rebaixar para bater de frente com ele.
-- Você está certa, não vale mesmo à pena. – suspirou – Eu não sei se já te agradeci, mas mesmo que eu já tenha feito, vou fazer mais uma vez. Obrigada pela chance que me deu, de verdade.
-- Não precisa agradecer Cléo, para com isso. Eu que tive a sorte de ganhar uma assistente competente como você. Que ainda por cima é minha amiga, minha confidente e parceira de crime da Adele, não é? – falei semicerrando os olhos e a encarando.
Nesse curto tempo, Cléo ajudava Adele a me surpreender das mais diversas formas. Essa semana a garota me chamou dizendo que haviam me chamado em uma sala do andar superior e eu subi sem saber bem do que se tratava, mas mesmo assim fui. Quando adentrei a sala que estranhamente estava escura, fui agarrada pela cintura. Se não fosse a mão que colocaram sobre minha boca, provavelmente meu grito teria chamado a atenção de quem passava pelo corredor. Apesar do susto, adorei os minutinhos nos braços da minha loira.
Fora isso, eram incontáveis os presentinhos que apareciam repentinamente sobre a minha mesa. Ah essas duas juntas, era armação na certa. Cléo estava se tornando uma amiga de verdade, um pequeno presente que a vida me deu.
-- Você mais do que ninguém sabe como a sua namorada tem o poder de convencimento, não é? E eu ajudo porque ela tem se queixado que você está se tornando uma verdadeira workaholic.
-- Ela tem se queixado disso? – perguntei começando a me preocupar.
-- Tem sim. Mas ela sempre usa o tom de brincadeira. No entanto, você sabe que tem exagerado nos seus horários aqui, né? Além de ficar até tarde, tem levado trabalho pra casa que eu já vi você saindo daqui com um amontoado de papéis e edições da revista. E o caderno de anotações quase nunca eu encontro por aqui porque está justamente contigo.
-- É. Eu estou em dívida com ela. Ontem mesmo desmarquei um jantar com Adele porque não consegui sair cedo da reunião com aquela marca de produtos esportivos. Quando cheguei a casa ela estava tão tristinha.
-- Tá vendo? É por isso que eu a ajudo.
Me recordei com certa tristeza do olhar tristinho que Adele me lançou quando cheguei a casa. Ela já dormia no sofá, e eu tive que acordá-la para fazê-la ir para a cama. Fiquei com tanta dó de chegar e encontrar ela me esperando ali, logo depois de eu tê-la deixado me esperando no restaurante. Quando liguei para avisar que eu não ia, percebi nitidamente o tom de decepção em sua voz, mas ela apenas disse um “Tudo bem”.
Adele tinha mesmo razão de se queixar, acho que eu estava dando atenção demais para o trabalho, e menos pra ela. Logo ela, que é sempre tão atenciosa e carinhosa comigo. Quando que eu me imaginei desmarcando um jantar romântico com a minha namorada por causa de uma reunião de trabalho? Nunca! Eu tinha que dar um jeito de estar mais presente, ela não merecia ausências.
Apesar de ela também andar sempre muito ocupada, tendo reuniões de última hora ou qualquer outro compromisso não planejado, ela não me deixava de lado. Eram vários os desencontros, mas eu precisava me esforçar, assim como ela fazia. Ah como eu sou idiota!
E era pensando em consertar o meu erro que hoje eu dedicaria uma noite para ela. Seríamos apenas nós duas, sem nada de trabalho ou qualquer outro assunto, apenas nós. Levaria a inglesa para jantar, e depois iria enchê-la de carinho e de beijos.
Me esforçaria, me desdobraria em dez, mas não deixaria mais acontecer o que aconteceu na noite passada. Isso era uma meta, um objetivo pra mim. Adele se desfez tantas vezes de suas responsabilidades, suas ocupações e seus compromissos por mim, que eu não podia fazer diferente quando fosse por ela.
-- Vou sair para jantar com a minha mulher hoje, Cléo. Não aguento ver aquela carinha triste como ontem, ainda mais sabendo que a culpa é toda minha. Vou me desculpar por minha falta. E obrigada pelo toque que me deu.
-- Vá Bia! Aproveite a namorada apaixonada que você tem. Não deixe o trabalho estragar a relação de vocês. Pode parecer que não, mas na vida da gente tem momento e espaço pra tudo, então é só uma questão de conciliação.
-- É, você tem razão. Não posso misturar as coisas.
-- Exatamente. E não precisa me agradecer, amigos são pra essas coisas. Agora se me der licença, preciso ir até a gráfica buscar a prova da diagramação depois dessas mudanças que fizemos.
-- Está certo. Obrigada.
Cléo deu uma piscadinha e deixou a minha sala. Recostei-me à cadeira e fechei os olhos, respirando profundamente. Quando tornei a abri-los, passei a vista em volta. Depois de fazer várias mudanças na decoração e nos móveis daquela sala, agora ela tinha mais a minha cara. Se não fosse o que passei ali dentro, não aceitaria a oferta de Jack para mudar e deixar tudo da forma que eu quisesse, mas não consegui entrar ali e não me lembrar da última cena com Edson.
Dou o braço a torcer em uma coisa, pra estar nessa cadeira tem que ter muito jogo de cintura. É muita coisa pra dar conta, e como Patrick mesmo acabou de me mostrar, tem que ter pulso firme. Eles precisam me respeitar, então eu tinha que mudar a minha postura. Jack havia confiado a minha pessoa a responsabilidade de gerir essa redação, e era isso que eu iria fazer. Não seria um machista medíocre que me barraria.
O celular na minha mesa vibrou chamando a minha atenção. Era uma mensagem de Adele, que desde a noite passada estava agindo comigo de uma forma bem peculiar e bastante diferente da qual ela costumava me tratar: com polidez, ou melhor, dizendo, com frieza. Mas eu merecia, não tinha o que contestar.
Abri o aplicativo e li a mensagem sucinta que ela me enviara. Apesar de ter a consciência pesada com o que fiz e saber da minha culpa, fiquei triste com a pequena mensagem. Ainda li outras vezes para tentar encontrar uma forma que a tornasse mais “leve”, mas não tinha, sempre eram as mesmas frases, com o mesmo tom. Ela estava mesmo magoada comigo.
Adele: Não conseguirei lhe encontrar para o almoço. Nos vemos em casa.
Era isso! Apenas isso. Nunca vi minha namorada magoada como agora, ainda mais comigo. Também pudera, o que eu fiz realmente não foi algo relevante. Eu no lugar dela ficaria do mesmo jeito, ou até pior. Suspirei e mandei uma mensagem pra ela. Depois abri o navegador do computador a minha frente e pesquisei um restaurante especial para levá-la, lembrando de algumas indicações de amigos.
Eu precisava mais do que o restaurante. Apenas um jantar era pouco para que eu me redimisse, tinha que ser algo realmente especial, que além de ser uma forma de me desculpar, fosse algo marcante para nós duas. E foi assim que eu tive uma idéia. Seria perfeito!
Liguei para o número que eu via na tela do meu computador e fiz as reservas. Depois procurei o telefone de uma floricultura, ligando em seguida e pedindo para que entregassem no endereço do escritório de Adele um buquê de rosas vermelhas, com um pequeno cartão dizendo:
“Amor da minha vida, sinto muito pela noite de ontem. Perdoe-me por meu lapso. Hoje quero uma noite diferente pra gente. Me daria a honra da sua presença em um jantar? Amo muito você minha loira.”
Satisfeita com os primeiros ajustes, resolvi me livrar logo dos afazeres do dia ali na redação. Pedi para que Cléo agilizasse tudo que pudesse, e evitasse qualquer reunião na medida do possível. Queria estar livre pouco depois do almoço para ir a casa buscar uma pequena mala com uma troca de roupa para mim, e outra para Adele.
No meio da tarde eu já deixava o prédio da revista. Se Cléo não tivesse me ajudado, não sei se daria certo sair nesse horário. Não deixei nada pendente, então neste ponto eu estava tranquila.
Ciro me acompanhou assim que me viu saindo do elevador. Sorri pra ele já ciente de que o usaria para o meu plano!
-- O que foi?
-- Já você vai saber. Mas já adianto que não aceito um não, como resposta.
Ele me olhou desconfiado, mas não argumentou nada. Ao chegar a casa fui recebida por um Sherlock exultante, abanando freneticamente aquele traseiro dele. Avisei a Ciro que sairíamos em menos de meia hora e fui direto para o quarto.
Tomei um bom banho, vestindo um vestido branco, de alcinhas e tecido leve. Calcei uma rasteirinha e depois joguei dentro de uma bolsa grande tudo o que precisaria. Chequei meu celular e havia uma mensagem de Adele. Abri ansiando para que fosse mais leve do que a última, pelo menos.
Adele: Obrigada pelas flores princesa, são lindas. Eu também te amo, muito. É claro que aceito jantar com você. Onde e que horas?
Sorri sentindo o coração mais leve e digitei a resposta.
Eu: Onde e quando é segredo, mas a Zara vai te levar até lá. Faz o que ela disser, ta certo?
Outra mensagem chegou quase instantaneamente.
Adele: Zara? E o que ela vai me dizer?
Eu: Sem perguntas! Até mais tarde.
Adele: Tudo bem. Até mais tarde.
Sai do quarto e fui até Ciro. Pedi para que ele ligasse para Zara e depois passasse pra mim. Eu tinha o número de Zara, mas era o pessoal, e quando estavam trabalhando eles usavam apenas o número de comunicação interna. O homem a minha frente falou com ela por alguns segundos e depois me estendeu o aparelho.
Me certifiquei de que a inglesa não estava perto o suficiente para ouvir o que eu diria, e depois dei as instruções, o endereço e o horário para que ela levasse Adele até mim. Ao final da ligação pude ouvi-la sorrir antes de desligar. Coisa mais estranha Zara sorrindo. Não conseguia nem projetar essa imagem na minha cabeça.
-- Vamos Ciro, ainda tenho que passar em outro lugar.
Deixamos o apartamento e fomos direto para a joalheria que havia no shopping aqui perto. Adele usava uma pulseira de berloques, mas o único pingente que havia ali era um que representava uma banda que ela gostava, e ao mesmo tempo, sua terra natal: Londres. O pingente representava a banda atravessando a Abbey Road, a capa mais famosa de um disco deles.
Comprei o que eu precisava e agora o meu destino ficava na Praia do Futuro. Cheguei cedo e deixei meus pertences e a bolsa que eu trazia comigo, com Ciro. Quando liberaram as entradas, entrei e me encaminhei para o espaço que eu havia reservado.
Apesar de não ser uma ocasião excepcional e nada oficial, eu estava nervosa. Primeiro porque queria que ela me desculpasse e segundo porque eu havia planejado e estava fazendo tudo sozinha, as coisas não podiam dar errado.
Passei a vista pelo local que aos poucos começava a ser ocupado. O lugar era realmente muito bonito. Bem mais do que eu já havia ouvido falar. A noite estava fria, e o céu extremamente estrelado. Obrigada pela forcinha Deus!
Uma mensagem de Zara em meu celular avisava que elas já haviam chegado. Puxei o ar e olhei na direção da entrada. Levantei e me coloquei diante da mesa para que ela pudesse me ver. Tentei controlar meus batimentos cardíacos ao avistar a loira desfilando entre as mesas. O cabelo era balançado pela brisa do mar, emoldurando perfeitamente o seu rosto. O vestido que ela usava era florido, ia até o meio das coxas e se movia de forma cadenciada junto com o seu rebol*do. Um sorriso encantador bailava em seus lábios.
Senti como se houvesse algo borbulhando em meu estômago, e estranhamente minhas mãos soaram. Não era o primeiro encontro, mas geralmente era assim que eu me sentia perto dela. O que sentíamos uma pela outra era tão intenso, e tão vivo. Na verdade, esse amor que eu nutria por ela fazia com que eu me sentisse viva, cada vez mais viva.
O perfume com tom amadeirado que ela usava chegou as minhas narinas antes mesmo que ela estivesse pertinho de mim. Aspirei e soltei junto com o ar, um sorriso feliz. Essa mulher que caminhava graciosamente na minha direção era minha namorada, minha inglesa, meu amor...
-- Oi princesa. – ela disse me abraçando.
-- Oi meu amor. Você esta tão linda, tão cheirosa. – disse deixando um beijinho em seu pescoço.
Ela soltou uma risada baixinha e eu ainda consegui enxergar os pelinhos de seu corpo “responder” ao beijinho em seu pescoço.
-- Você é que está maravilhosa.
Sorri pra ela e nos sentamos lado a lado no estofado. Reparei que a loira estava sempre analisando tudo a sua volta, com um olhar surpreso e admirado. Fiquei contente com isso. O lugar era realmente lindo, e eu torcia para que ela achasse o mesmo que eu.
-- Gostou daqui?
-- É lindo! Tudo é lindo. Olha essas mesas, essa iluminação, o cheirinho e o barulho do mar. – ela ia falando e eu ia acompanhando com os olhos o que ela observava – Agora olha essa mulher linda que está aqui do meu lado. Tem como não gostar?
-- Boba!
-- Eu adorei esse clima amor, adorei o lugar.
Alguns amigos e colegas de trabalho já haviam comentado sobre esse lugar comigo, eu não conhecia e resolvi apostar e conhecê-lo do lado da minha loira. O lugar ficava dentro de uma barraca de praia, e era um espetáculo!
Toda a estrutura era montada na areia da praia, e ali, quase não havia móveis de madeira, tudo era disposto na própria areia, onde eles esculpiam – literalmente - “bancos” e espécies de “sofás”, com a ajuda de almofadas, tapetes, grandes puff’s e tecidos. A iluminação era romântica, amena, e em muito lembrava um luau. Pequenas luminárias estavam espalhadas por todos os lugares.
A área ficava dividida por ambientes, e cada um deles tinha alguma peculiaridade. Em minha opinião cada um deles era mais aconchegante e mais romântico que o outro. Mais à beira mar havia um ambiente onde haviam estruturas cobertas, em madeira, onde tinha disposto uma grande almofada que mais parecia uma cama.
Sem falar que as estrelas, o cheiro e o barulho do mar, fechavam o pacote com chave de ouro. Com certeza eu voltaria nesse pedacinho de paraíso mais vezes.
-- Quer beber alguma coisa? – perguntei.
-- Agora não. Quem sabe mais tarde. Podemos pedir o jantar?
-- Claro.
Chamei um garçom que estava próximo de nós. Depois de vermos o cardápio fizemos o pedido de um prato com frutos do mar. Diferente de Adele, eu pedi um drink com frutas pra mim. Enquanto esperávamos, conversávamos sobre os nossos dias.
Nesse momento eu estava tentando evitar tocar no que aconteceu ontem. Talvez depois do jantar, depois de aproveitarmos bastante isso aqui eu entraria no assunto e me desculparia da forma correta. Mas por enquanto estava tão bom vê-la sorrir abertamente assim que eu não queria correr o risco de trazer aquele olhar triste que vi ontem à noite até a mesa.
A comida demorou um pouco, mas quando chegou, tirou de nós qualquer chance de fazer uma reclamação. Aquele prato era divino, e diante disso, perdoamos a demora.
-- O que acha de pedirmos uma sobremesa? – ela perguntou quando finalizou o seu prato.
-- Por mim tudo bem amor. Você escolhe.
-- Tudo bem. – ela abriu o cardápio, olhou de trás para frente e o fechou – Vou perguntar o que o nos indicam.
-- Na cozinha?
-- Sim. Eu já volto.
Adele não me deu nem um segundo a mais para replicar, levantou e saiu andando. Acompanhei-a com o olhar. Ela não tinha jeito, quando queria uma coisa, não existia ninguém no mundo capaz de persuadi-la. Custava ela perguntar ao garçom que nos atendia, que sobremesa ele nos indicava?
Passados alguns minutos finalmente a loira retornou trazendo com ela dois pequenos pratos. Colocando na minha frente uma pequena torta de chocolate com raspas de limão siciliano que estava aparentemente bastante apetitosa. Só estranhei ela mesma ter trago os pratos até a mesa.
-- Comprei uma coisa pra você. – falei colocando sobre a mesa a caixinha quadrada que esteve o tempo inteiro sobre o meu colo.
-- O que é?
-- Abre.
Feito criança que acabara de ganhar o presente que vinha há tempos pedindo, ela abriu com cuidado a caixa. A loira sorriu quando viu o que continha ali dentro. Levantou o olhar na minha direção e tornou a olhar para o conteúdo da caixa.
-- É para nos representar. Ai você tem algo que lembra a Inglaterra, então pensei em te dar algo que pudesse te fazer lembrar de mim, de nós. Não é nada demais, mas é uma simbologia que achei válida.
Dentro da caixinha havia quatro pingentes: um cachorrinho em homenagem a Sherlock, o símbolo do infinito em menção a nossa relação, e as iniciais de nossos nomes.
-- Obrigada amor! São lindos. Eu amei. Mas eu me lembro de você o tempo inteiro pequena, a todo instante meu coração está com você.
Sorri.
-- Quer que eu coloque?
Ela me estendeu o braço e eu coloquei em sua pulseira os pingentes que agora fariam companhia ao que ela já carregava. Será que é meio cafona o que fiz? Mas acho que ela gostou de verdade.
-- Vamos dar uma volta? – perguntou já levantando e me estendendo a mão.
-- A conta amor...
-- Não se preocupe, eu já acertei.
-- Adele! – recriminei-a e ela sorriu.
-- Vamos? – sorriu ignorando.
Aceitei a sua mão e saímos de mãos dadas, caminhando por entre as mesas em direção a beira da praia. Quanto mais nos afastávamos da iluminação do lugar, parecia que mais estrelas salpicavam no céu. Agora a beleza daquele mar que brilhava debaixo do brilho da lua e das estrelas quase me tirava o fôlego. Apesar de não falarmos, só por tê-la ali, debaixo daquele céu estrelado com a sua mão na minha já era maravilhoso. Eu poderia ficar uma eternidade assim com ela.
A mão de Adele que segurava a minha soava, e eu diria até que tremia levemente. Olhei de soslaio para aquele rosto bonito e sorri contemplando cada pequeno traço e detalhe. Eu me perdia assim, olhando-a.
Já estávamos bastante afastadas do restaurante e do movimento de pessoas, e então ela parou, e ali, de alguma forma que eu não sei explicar, havia algumas velinhas e um tecido espalhado na areia.
-- Como...
-- Você não faz idéia mesmo de que dia foi ontem, não é?
Engoli em seco achando que esse seria o momento em que discutiríamos ou ela jogaria sobre o meu colo a mágoa que ela ainda parecia sentir. Tentei procurar preparo e as palavras certas, mas tudo estava me fugindo. Que dia foi ontem, afinal?
Adele soltou a minha mão e se sentou sobre o tecido. Ela me encarava e parecia esperar uma resposta. Sua expressão era suave, bem diferente do que deveria ser se ela estivesse com raiva de mim. Enterrei o pé na areia, “brincando” e esperando as danadas das palavras que fugiram voltarem.
-- Senta amor. – o tom doce me chamou a atenção.
Hesitei por um instante e sentei.
-- Amor, olha, eu estou triste comigo mesma. Sei que você não merecia o que eu fiz, não merecia ter ficado plantada naquele restaurante e depois ter sido dispensada. Foi uma mancada gigante a minha, eu sei que errei. Te peço desculpas, do fundo do meu coração. E prometo que não vou mais deixar algo do tipo acontecer, não vou colocar o trabalho acima da nossa relação.
-- Realmente, foi uma mancada gigante mesmo. Mas se você promete que não vai fazer novamente, eu aceito suas desculpas.
-- Desculpa meu amor.
-- Tudo bem. – disse me puxando para junto de seu corpo – Ainda não se lembra que dia foi ontem?
Gelei! Ah meu pai, só faltava essa, eu me esqueci de alguma data. Mas que data era essa?
-- Tudo bem, já vi que não lembra mesmo.
-- Eu só péssima com datas amor, me perdoe. – falei enterrando meu rosto em seu pescoço.
-- Não tem problema, ainda está em tempo.
-- Tempo de quê? – perguntei me separando dela.
-- Ontem foi nosso aniversário de namoro, princesa. O jantar era para comemorar isso.
-- Droga! - disse levando as mãos ao rosto – Não acredito que fiz isso!
-- Mas como eu disse, ainda está em tempo. – sorriu – Eu não ia fazer isso ontem, e também não era pra fazer agora. Mas você sabe que eu sou um pouco ansiosa. Pra ser sincera, sou muito ansiosa. Não ia conseguir esperar, então acho que ainda no clima de comemoração do nosso aniversário de namoro, é válido fazer isso agora. Tive sorte de Diane conseguir me entregar o que eu pedi a tempo, mas isso me deixou ainda mais ansiosa, então...
-- Amor...
-- Calma. Tô chegando lá. – ela olhou para o mar e depois voltou a me encarar – Acho que eu me tornei uma pessoa melhor depois que te conheci. Mudei algumas coisas em mim, e uma delas foi a que me fez lutar por uma chance com você, e disso, eu não me arrependo de maneira nenhuma. Acho que me tornei mais responsável e alguém que vive transbordando amor. Antes eu tinha um vazio que eu carregava no peito, hoje, não tenho mais espaço de tantos sentimentos que habitam o meu ser. Do seu jeito, às vezes meio tímido, meio menina, mas sempre decidido e delicado, você me ensinou a amar, a amar de um jeito que nunca cogitei. Eu não tenho dúvida alguma de que você é a mulher da minha vida Ana Beatriz, e nós já vivemos algo lindo, mas sei que ainda temos muita coisa pra viver uma do lado da outra. Eu te quero, te quero de todas as formas e com todos os direitos possíveis.
A essa altura eu já não conseguia enxergar muito bem o seu rosto porque as lágrimas turvavam a minha visão. Ou eu era extremamente sensível, ou essa mulher tinha o dom de me tocar com as suas palavras.
Adele tocou o meu rosto e se posicionou diante de mim, ficando de joelhos, bem próxima. Uma música suave começou a tocar de algum lugar um pouco mais distante, mas bem audível. Identifiquei na hora. (N/A Ouça: https://www.youtube.com/watch?v=W62P1VO-VR4). Eu puxei o ar e passei o dorso das mãos no rosto, tentando me livrar das lágrimas, e foi bem a tempo de vê-la abrir uma caixinha preta bem diante dos meus olhos. Meu coração errou algumas batidas quando vi o par de alianças ali dentro. Ah meu Deus! Ah meu Deus!
-- Casa comigo e me faz a mulher mais feliz da face da terra?
Continua...
Fim do capítulo
Olha eu aqui de novo trazendo o capítulo da semana! Espero que tenham curtido o capítulo anterior, e quem não leu, dá uma lidazinha.
Espero que curtam esse capítulo! Ah, e caso eu consiga aprontar outro capítulo, volto antes da próxima quarta, portanto, segurem a ansiedade que eu não demoro.
P.S.: Se alguma menina ai fcou curiosa ou achou bacana o lugar que descrevi para o jantar do nosso casal, pesquisem por Ronco do Mar (Barraca Marulho). Esse lugar existe mesmo, e com as fotos talvez seja mais fácil visualizarem a cena.
Bora fazer uma votação? Bora!
O que acham de uma história própria para a Zara? Querem conhecer um pouco mais dela?
Sim ou Não?
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez ( ) Prefiro outra estória
Comentar este capítulo:
Pacy
Em: 02/06/2019
Sim, por favor, e desculpa não comentar muito mais estou concentrada na história que não quero perder tempo, está tudo lindo, parabéns
Resposta do autor:
Oiiii!
Voto computado com sucesso! E já adianto que em breve teremos realmente uma história só de Zara. E olha, se o motivo para não comentar for este, está desculpadíssima! Espero que continue acompanhando, até o fim. Tá? Obrigada por seu carinho.
Beijos e até o próximo!
jake
Em: 01/02/2019
Sim acho ótimo uma ideia conhecer um pouco mais da Zara, que lindo gente esse pedido de casamento... Parabéns autora pela ótima história.
Resposta do autor:
Olá Jake!
Anotei aqui o seu pedido. Já já rola mais da Zara, em breve, muito em breve! Com um pedido de casamento desses não tem nem como dizer não. Obrigada pelo elogio e pelo carinho, espero te encontrar mais vezes por aqui.
Beijos e até o proximo, amore!
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Amandha12
Em: 31/01/2019
Olá Bruna!
Sua história é muito boa, super interessante, envolvente e vc escreve muito bem. Parabéns.
Elas são lindas juntas. O amor, a química, tudo.
Seria muito bom uma história da Zara sim, já to super ansiosa.
Enfim, beijão.
Resposta do autor:
Olá Amandha!
Obrigada por cada palavra e cada elogio, fico imensamente feliz. Que bom que essa história tá "dando certo". É com carinho que eu escrevo.
Essas duas foram feitas uma pra outra, e tem tanto amor ai, que dá até pra doar. Uma completa a outra, de forma simples. Química elas tem de sobra, não é?
Fica ansiosa não que já já sai uma história da Zara. Já vou começar a colocar as ideias no word, então: EM BREVE!
Beijão amore, até o próximo!
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Val Maria
Em: 31/01/2019
Parabéns pela história,não tem como não amar.
Essas personagens,fofas,maravilhosas.
Beijos e até o próximo capítulo.
Val Castro
Resposta do autor:
Olá Val!
Obrigada amore! Fico muito feliz em saber que você ama essa história. Eu escrevo com carinho, e é bom ler comentários como este.
Beijos amore, até o próximo!
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LeticiaFed
Em: 31/01/2019
Mas que fofura essa Adele! Apesar da mancada da Bia (vai ser ruim com datas lá em... deixa assim rsrs) a inglesinha soube dar um jeito. Parabéns, menina, um capítulo deliciosamente açucarado.
E sim para todas as perguntas! A pra nós e pro pedido da Adele!
Volta logo!! Beijão!
Resposta do autor:
Olá Leticia! Tudo bem?
Adele é a Adele, não é? Uma mulher como essa tá difícil, toda carinhosa, compreensiva e romântica. Foi uma mancada das grandes, um vacilo enorme, mas...vai que acontece mesmo não é? Tem gente que tem memória fraca mesmo kkkkk
Obrigada amore! Obrigada pelo seu carinho e por cada comentário desde o início.
E pode deixar que anotei aqui a sua resposta. Já já rola uma história da Zara pra gente acompanhar. P.S.: E claro, pro pedido da Adele também!
Volto rapidim! Beijão e até o próximo!
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LuciX
Em: 31/01/2019
(X) SIM - Seria interessante conhecer mais sobre a Zara.
Amo a química desse casal, Adele é um sonho e a Beatriz uma princesa.
Resposta do autor:
Olá Lucix!
Anotei aqui o seu voto, e já adianto que muito em breve teremos uma história da Zara pra acompanhar.
Esse casal é uma tebela periódica inteira, não é não? As duas se completam nas suas singularidades e crescem juntas. P.S.: Adele é mesmo um sonho!
Beijos amore, até o próximo
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Pryscylla
Em: 31/01/2019
Eu voto no sim!!! Acho super legal uma história da Zara, agora voltando para essa kkkkkk.
Que pedido mais lindo!!!!!
Bjus. ;)
Resposta do autor:
Opá Pryscylla! Voto computado. Já já rola mais da Zara.
O pedido foi mesmo lindo, não é? Essa Adele arrasa em tudo o que faz mesmo. Ow mulher essa!
Beijos amore, até o próximo!
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Silvanna
Em: 30/01/2019
Normalmente nossas expectativas é que geram decepções, a Adele me parece ser uma galanteadora(nossa que termo antiquado!kkkk) nata, a Bia é mais despojada, o amor entre elas harmoniza essas diferenças,
"Que as nossas diferenças não nos façam mal. O segredo do doce é o sal."
Lindas palavras da Adele!
Abraço
P.S.: Sim!
Resposta do autor:
Olá silvanna!
Tens razão, normalmente geram decepções mesmo. kkkk apesar do termo ser antiquado como você diz, Adele é isso mesmo, uma galateadora. Bia ainda tem muitos traços da personalidade de uma menina. E juntas são uma combinação perfeita. Se harmonizam mesmo.
Gostei da citação! (palmas)
P.S.: Seu voto foi computado, e em breve teremos uma história de Zara
Beijos e até o próximo amore!
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preguicella
Em: 30/01/2019
Sim ou com certeza! Acho que falei no comentário do capítulo anterior, mas vai de novo, adoraria conhecer a história de Zara.
Caraca, que vacilo de Bia, hein!
Adoraria conhecer esse lugar! Parece ser ainda mais lindo pessoalmente!
bjãoooo
Resposta do autor:
Olá Preguicella. Seu voto foi computado. E digo que logo logo vocês saberão tim tim por tim tim tudo sobre a Zara.
Pois é, um vacilo dos grandes. Mas nem recrimino muito, porque vai que acontece, né? kkkk
Esse lugar é realmente muito lindo, maravilhoso. E não só pela decoração do ambiente em si, mas também pelo clima, porque esse é bem difícil de explicar. É uma vibe muito gostosa, muito mesmo. Vale a pena! Quando vier por aqui, tira um tempinho pra conhecer. Acho que você não vai se arrepender.
Beijos amore, até o próximo!
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Aurelia
Em: 30/01/2019
Olha eu chorando aqui. Eu fiz o pedido foi pro pais dela.
Casamos mês passado. Muito Lindoooo.
Meu voto é sim e depois de hoje não vou ficar ansiosa, não pouco vou ficar é muito mesmo.
Bjoss
Resposta do autor:
Ow chore não! Eita! Corajosa você hein? E como foi a reação deles? O que disseram? Conte-me me mais...
A minha pessoa nem é curiosa, né? ;)
Olha que lindo! Parabéns ao casal, muitas felicidades e muito amor!
Certo, voto computado. Fica ansiosa não que não vou demorar muito não.
Beijos e até o próximo
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