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Linha Dubia por Nathy_milk

Ver comentários: 3

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Palavras: 4659
Acessos: 3000   |  Postado em: 12/01/2019

Capítulo 43

Capitulo 43 linha tenue - Carol

 

Do escritório da advogada fomos para o meu consultório e de lá seguimos para o hospital, para fazer a tomografia e o check up que a Fernanda tanto está me cobrando. Eu acho meio que uma bobagem, só tomei umas “boas” porr*das daqueles caras imbecis e ridículos que me sequestraram. Ainda não consigo acreditar, quem sequestra alguém pra fazer parto? Sequestra o outro por causa de habilidades. É tão surreal isso. Mas enfim, fui sequestrada, isso já passou, tenho que superar isso.

Enquanto a Fer dirigia da clínica para o hospital eu fui pensando na vida. O primeiro ponto a se dizer que tanto em Urros, como em São Paulo, ela fica um tesão de pessoa dirigindo, e o simples carinho de eu andar com a mão na coxa dela é perfeito, algo tão banal, mas que faz eu me sentir super proximo a ela.

Quando estávamos lá na clinica, vi como a Clarinha se sente bem perto da Fer, elas conversaram o tempo todo, fizeram piadas, deram risada. Sei que não devo, mas a comparação com a Chris acaba sempre existindo. A Clara é uma pessoa que tenho um carinho e admiração gigante, a Chris sempre foi grossa com ela, com todo aquele ciúmes desnecessário e sem sentido. Eu tinha que ficar podando ela a todo tempo, para ao menos ser educada com a Clara. Já com a Fer eu não precisei disso em nenhum momento, as duas estavam próximas, conversando. Fico muito feliz com essa conexão. A Fer é quem eu amo e com quem eu quero ficar, a Clara é uma amiga que não quero nunca perder a amizade, saber que as duas se dão bem e se entendem é algo perfeito.

- Ei Moçoila, o que estas a pensaire aí? Estas tão distraida!

- Adoro quando você puxa esse sotaque portugues. É tão fofo.

- Se quiseres posso falar assim ao pé do seu ouvido. O que estas a pensaire?

- Nada importante. Achei tão bonito você e a Clarinha conversando. Voces se deram bem aparentemente

- Ela é um amor de pessoa. Me deu um apoio legal quando você estava sequestrada. Na real ficamos eu, ela e o Lucas, um segurando o outro. Ela se culpou do seu sequestro, falava que se tivesse chego na hora não tinha acontecido isso. Tentei conversar com ela e acalmar.

- Que bobagem, ela não teve nada a ver com isso. Hoje a noite quando formos no Gigio, converso com ela. Lá no consultorio é tudo muito corrido, nem deu tempo de conversar direito com ela.

- O tal Rodrigo não foi muito com a minha cara.

- É o jeitão dele, sempre falo, ele é um otimo ginecologista, mas um pessimo amigo. Ele é bem ligado com a Christiane, deve ter estranhado eu aparecer com você.

- Ele não te perguntou nada?

- Ah perguntou. Perguntou quem era você, como eu estava. Se eu tinha me separado dela. Essas coisas.

- Tudo nesse lugar se resume a voces duas?

- Oi?! Não entendi

- Nada não, estava a pensaire alto.

- Fernanda, quer falar alguma coisa?

- Não Caroline. Nada pra falar.

- Ok

- Só acho foda…

- Fala

- Ninguem me pergunta como eu me sinto. Todos perguntam o tempo todo como você está. Como você está superando o fim do casamento. Como você está por ter sido sequestrada. Como você está lidando com a ida pra Portugal. Sem contar que a todo tempo alguem solta algo sobre a sua ex. Só me irrita isso.

- Fer, eu nunca te escondi nada sobre a minha situação. Pelo contrario, você sabe de tudo, sempre.

- Tudo bem. Ok. Mas a impressão que eu tenho é que esse é o mundo de voces, e eu estou me metendo em algo que não é meu, em uma historia que não acabou.

- Você quer o que? Esse é meu universo a anos, fui casada por anos, todos conhecem eu e ela. Não vão esquecer as coisas, vão aprender que mudou. Isso vai tempo, vai eu te apresentar, eles entenderem que você é a minha namorada.

- Eu sei disso, mas me incomoda.

- Fer, quando voltarmos pra Portugal vai ser tudo um pouquinho mais facil.

- Não sei se acredito muito nisso Caroline, não sei mesmo.

- Fer, para com isso. Olha o quanto melhoramos e avançamos juntas. Eu amei saber que você veio de Portugal pra cá, pra cuidar de mim.

- A questão é que eu não sei se o oposto seria verdadeiro. Eu não sei o quanto você está comigo, as vezes parece que você está só procurando alguém pra te estabilizar.

- Fer, eu gosto muito de você e talvez essa conversa esteja sendo apenas um jeito de você expor que eu preciso melhorar. Respeito isso em você, mesmo, como muitas das coisas que te compoem, que mostram quem você é. Mas daí você dizer que eu estou te usando pra me estabilizar, isso eu já considero falta de respeito. Sou muito calma e paciente, isso você já percebeu, mas não força a minha barra. Eu sei ser grossa e firme tambem.

- Não to pedindo pra você ser grossa comigo. Só estou a dizer que me sinto usada em alguns momentos, que parece que estas comigo para esquecer sua mulher.

- Ai Fernanda, chega com essa conversa. Quem está falando dela agora? Começa a se colocar acima dos seus medos. Acha que eu não tenho os meus tambem? Que não penso que estou arriscando mil coisas para voltar para Portugal? Eu tenho meus medos tambem.

- Ninguem está mandando voltares a Urros!

- Claro que não. Eu aceitei uma proposta, medi os fatores. Isso não prova que eu não estou com medo. Toda mudança dá medo. Eu estou arriscando tantas coisas pelo desconhecido.

- Olha aí, parece que eu estou forçando você.

- O que? Fer, chega dessa conversa. Você está perdida no que está falando. Porque estaria me forçando a algo? Eu fui para Portugal, eu aceitei um emprego, eu aceitei tentar o novo com você, eu aceitei que precisava de uma vida nova. Para de arrecadar pra você os meus medos.

- Você fica chorando o tempo todo, como se tudo estivesse errado. Eu estou tentando ser paciente, mas não dá. O cara lá na clínica me olhando feio foi o limite por hoje.

- Ele te olhou feio, não eu. O que eu tenho a ver com isso? Em 20 dias, nem isso, voltamos para Portugal e não vai existir nenhuma dessas pessoas. Apenas Urros, Maçores e a falta de luz e de celular. Tira esse medo todo que você está, começa a acreditar em você mesmo. Por favor.

- Caroline, chegamos no hospital. Pode descer, quando terminar me avisa que eu venho te buscar.

- Não vai descer Fer? Não vai ficar comigo?

- Não. Não sou sua empregada.

- Haja a santa paciência. Quem é você? Eu me viro quando eu acabar aqui, fica a vontade. - Não creio na paciencia que tenho, ter DR com a Fernanda porque as pessoas perguntam quem é ela. Virei rapidamente para o banco de tras do carrro, meu carro, e peguei minha bolsa. Quando estava fechando a porta do carro ouvi um Caroline ao fundo, mas fingi demencia e continuei andando em direção ao hospital.

Por ser um local onde eu trabalhei até dois meses atras, conheço bem a planta, as pessoas e os processos. Assim que eu entrei, uma das recepcionistas veio me cumprimentar. Nesse hospital sempre fui educada e atenciosa com todos, como nos outros lugares que trabalhei. Logo depois que entrei esbarrei em uma das medicas que eu conhecia, Mariana, que estava de plantão, assim que ela me viu eu já aproveitei e entrei no consultorio, usando de seus serviços.

- Carol, você não estava em Portugal? Tudo bem?

- Voltei essa semana, voltei e fui sequestrada, no aeroporto.

- Caraca, não creio nisso - ela completou com aquele discurso padrão sobre a violência e tudo mais - Mas, enfim, posso te ajudar em alguma coisa?

- Durante o sequestro eu apanhei algumas vezes, como dá pra ver na minha cara. -  ela deu uma risadinha - eu recebi atendimento imediato, que foi uns curativos para parar sangramento, bem primeiros socorros mesmo. Vim pra dar uma olhada geral, preciso de uma tomo de cranio, torax, abdome e pelve.

- Mais facil eu pedir uma tomografia de corpo todo.

- Não precisa não Mari. Esses já dão pro gasto, é mais pra desencargo de consciência mesmo. Minha namorada que me encheu a paciência para eu fazer, por mim eu ficava em casa esperando o roxo sumir.

- É que seu olho tá bem feio mesmo, melhor fazer as tomografias. Vou pedir. Você volta com as imagens ou você mesmo lê? Eu volto. Você é boa com imagens, bem mais que eu.

- Tudo bem, faz lá e volta aqui.

- Obrigada Mari. Até daqui a pouco.  - Daqui a pouco é bem um elogio,sei que vou passar umas 2 ou tres horas fazendo esses exames. A Fernanda está certa em me encher o saco para fazer os exames, por mim eu nem faria.

Peguei todos os papéis que a Mariana preencheu e sai da sala, assim que abri a porta dei de cara com a Fernanda, sentada em uma cadeirinha.

- Não falei que não precisava me esperar?! Fica traquila, não preciso de apoio  ou seja la o que você falou.

- Desculpa, falei  asneiras. Vou te esperar.

- Você quem sabe Fernanda.  - e segui andando, em direção ao setor da tomografia. Chegando lá, como em todos os lugares, conheço a equipe, que me comprimentou. A todos eu apresentei a Fer como minha namorada, coisa simples e imbecil que já vinha fazendo.

Fui encaminhada a uma outra sala, onde troquei de roupa, colocando aqueles aventais de hospitais, azuis, com abertura para tras. Dobrei todas as minhas roupas milimetricamente, e coloquei meu celular e minhas chaves em cima, coloquei tudo dentro de uma sacola do hospital e entreguei na mão da Fernanda. Ela não falou absolutamente nada, apenas acenou com a cabeça. Bati o olho no relógio da sala, já se passava das 13 horas, isso explica porque meu estômago está roncando.

- Dra, vamos pra sala de preparo? Preciso fazer o contraste.

- Tudo bem, vamos.  - Segui a auxiliar de enfermagem até a sala seguinte, onde deitei no aparelho da tomografia e ela pegou uma veia e colocou o contraste. Depois disso, o medico da imagem, que eu também conhecia, deu inicio ao exame. Como eu sabia que iria demorar, fechei os olhos com calma e tentei me distrair.

Infelizmente minha distração não foi distração, foi repassar a DR que tive com a Fernanda. Tenho que entender o lado dela, claro. Mas eu estou super sequelada  e assustada do sequestro, não tenho culpa que as pessoas ainda estejam se adaptando a mudança entre a Fer e a Chris. O pessoal do consultório por exemplo, eles me veem com a Christiane há anos, é uma situação estranha eu aparecer com a Fernanda. Me incomoda que é óbvio que não pode responder pelos outros, mas a Fer se irrita com isso. Eu não vivi isso em Portugal porque está a anos solteira, mas e se ela tivesse terminado agora com a Milena? Não seria a mesma coisa? É um processo de adaptação. E eu não uso ela como muleta ou bengala, nunca vi a Fer nessa posição, pelo contrário sempre disse que eu não poderia usar e machucar ela, em nenhum momento, que não tenho esse direito.

Eu e ela  já tivemos brigas e discussões, mas foi antes de termos alguma coisa. Foi lá no começo, quando eu cheguei em Urros, Tras os Montes, que ela estava sendo grossa, mandona, ignorante. Depois que começamos a ficar e mais recentemente namorar, não tivemos discussões. Ela está certa em várias das coisas que disse, mas errada em muitas outras.

 

- Dra?! Pronto! Acabou o exame.

- Dormiu aí dentro Carol? - o medico de estava fazendo o exame, por tras da maquina, falou, brincando comigo.

- Mario, não tem ideia. Apaguei aqui. Deu tudo certo?

- Vai se trocar, depois volta aqui e vemos as imagens juntos.

- ok. já volto.

A auxiliar de enfermagem me ajudou a levantar do aparelho. Fui até a saida da sala de exame, a Fer estava sentada lá ainda, mexendo no celular. Com uma expressão de raiva, bem pior de quando eu entrei para o exame.

- Terminou?

- Sim, sim. Vou me trocar e entrar pra discutir as imagens com o colega. Entra comigo?

- Vai se trocar primeiro. O seu celular não parou de tocar. Desliguei essa merd*.

- Tudo bem, daqui a pouco eu vejo isso -  peguei minha roupa, fui até o vestiario, me troquei e retornei -  Entra comigo?

- Precisa de mim?

- Entra se quiser, a sala fica ali a esquerda. - E saí andando, eu não vou cair na vibe de grosseria dela, não mesmo. Segui andando em frente, depois entrei na salinha de imagem, onde o Mario, imaginologista, me esperva.

- Entra aí Carol. Tudo bem? - Comprimentei ele com um beijinho.

- E aí, qual o BO? Tá liso? - Liso na linguagem médica é uma gíria que significa que não tem problemas, está tudo certo

- Sim e não. Temos dois achados aqui, você está com liquido livre na loja hepatica, umas 200-300 ml. É bem compativel com sangramento e eu acho que vem bem decorrente das porr*das que você tomou.

- Tá, e o outro? Qual a encrenca?

- Seu osso zigomático (um ossinho da lateral do olho), está com três fraturas. São pequenas, mas justifica esse inchaço todo e porque seu olho ainda não está abrindo.

- Cacete! Quanta alegria para um dia só.

- Não acho que sejam quadros cirúrgicos, mas é melhor procurar algum colega da área.

- Sim, já vou pegar alguém aí no corredor pra conversar. É cada notícia boa que eu recebo. Lauda pra mim isso aí?

- Claro. Senta lá fora, junto com aquela delicada senhorita do rosto raivoso que te acompanha.

- Hahahaha, melhor definição a sua. Ela tá mesmo com raiva, nem sei do que, mas está.

- Quem é ela?

- É minha namorada. Conheci em Portugal, estava lá esse mes todo.

- Você não era casada? Com uma enfermeira, a Cristina?

- Christiane. Eu me separei, fugi pra Portugal. Fiquei lá um mes, um mes e meio. Aí voltei pra assinar o divórcio e tudo mais, cheguei aqui e tomei umas porr*das e literalmente quebrei a cara.

- Poxa, São Paulo tá foda mesmo. Segura as pontas aí que já te libero os laudos e as imagens.

Retornei para a sala de espera, onde a Fernanda se mantinha sentada, com a cara ainda fechada, pouca coisa menos.

- O que o cara laudou?

- 3 fraturas no zigomatico e liquido livre na loja hepatica.

- Quanto de liquido?

- De 200 a 300ml.

- Puta merd*. Eu não mandei você vir direto fazer essa porr* de exame?

- Tá mas eu não vim, e agora é o que temos. Vou esperar o cara liberar as imagens e produrar um colega cirurgião que está de plantão.

- Você acha que vai precisar de cirurgia?

- Acredito que não, porque é uma quantidade pequena de sangue e eu estou bem. Mas como não é minha especialidade eu preciso que o cirurgião de uma olhada.

- Quanto ao rosto, tem alguem pra olhar os exames?

- O cirurgião já dá uma olhada, se ele precisar vejo um outro especialista. Mas tambem deve ser mais de aguardar e não mexer.

- Ok!

- O que foi Fer? Não tinhamos conversado já no carro? Quer falar mais alguma coisa?

- Não princesa.

- Quando quiser falar, fica a vontade. Mas desamarra essa cara, por favor.

- Já viu seu celular?

- Não meu amor. Você me entregou desligado e eu deixei desligado. O que foi? Quem era?

- Sua mulher te ligando. Muitas vezes.

- Se você estiver falando da Christiane, já está na hora de parar de falar que ela é minha mulher, ok?! Não posso apagar meu passado e esquecer minha vida, mas você pode parar de trazer isso a tona todo o tempo. Caraca!

A auxiliar do Mario me chamou e me entregou todos os envelopes com os exames, agradeci e saimos. Olhei rapido no relogio, já se passava das 14h e eu estava morrendo de fome.

- Vamos comer? Enquanto almoçamos eu ligo pra um colega cirurgião e vejo com ele o que dá pra fazer. Pode ser? Tem um bar aqui perto, muito bom. Dá pra gente comer aquela feijoada que tinhamos conversado uma vez, de rua. Topa?

- Tudo bem, pode ser.

- Então vem, agora desamarra essa cara, respira fundo e me dá um beijinho -  demorou um pouquinho para Fer se soltar de novo. Mas quando chegamos ao restaurante, ela já estava quase que em sua calma padrão.

- Doutora. Quanto tempo! Mesa pra dois? Cade o doutor Rodrigo? Não veio hoje?

- Mesa pra dois Batalha. O Rodrigo não vem hoje, não. Hoje só eu e a patroa aqui. - Seguimos o moço e sentamos na mesa, no fundo do salão.

- Ve o cardapio pra gente, por favor. Ai eu já peço.

- Carol, você conhece todo mundo em todo lugar? Até no boteco?

- Fer, eu sempre fui muito educada, agradeço, peço por favor. Sem contar que trabalhei nesse hospital por uns 6 ou 7 anos, digamos que deu tempo de conhecer todo mundo. Oh, dá uma olhada aqui no cardapio, eu voto de pedirmos uma feijoada e uma porção de mais alguma coisinha. A feijoada é grande, alimentava eu e o Rodrigo e sobrava.

- Pede isso ai tambem e uma cerveja gelada. Você leva o carro depois, eu vou beber.

- Sim senhora. - chamei o Batalha, garçom e fiz o nosso pedido.

- Você vinha com a Christiane aqui?

- Que insistência de falar dela Fer, esquece essa mulher. Ela não frequentava lugares simples assim, jamais comi um PF com ela, nem na época da faculdade. Agora que respondi sua duvida, vamos mudar de assunto  e esquecer isso. A Feijoada daqui é muito boa, quando conversamos em Portugal sobre botecão de rua, com pinga e tals, eu pensei nesse. É muito boa.

- Nem lembro quando foi a última vez que comi uma feijoada brasileira. Em Portugal não tem isso, pelo menos não em Urros. Uma vez eu pedi pra  Antonia fazer uma pra mim, mas deu tanto trabalho pra achar os ingredientes, sem contar que ela não tem essa ginga do tempero brasileiro. Ficou um feijão preto com carnes. Até ficou gostosa, mas não era uma feijoada.

- A daqui é simples, mas bem gostosa. Vou aproveitar enquanto não chega e ligar pra uma colega minha, cirurgiã. Ver se ela consegue olhar os exames, se ela está de plantão hoje. Tudo bem se eu ligar daqui?

- Claro Carol. Não vou mandar você ir na rua só porque vai usar o celular. Fiques tranquila -  No segundo ou terceiro toque ela atendeu, consegui conversar com ela rapidinho, passei o meu caso. Segundo ela provavelmente seria algo só pra aguardar e ficar de olho mesmo, mas ela queria examinar e ver como estava o sangramento e as imagens da tomografia.

- Fer, ela entra de plantão daqui uns 40 minutos, uma hora. Tudo bem se esperarmos?

- Sim, claro -  Retornei ao celular para falar com a medica, e confirmei de encontrar ela na porta do centro cirúrgico em uma hora. Desliguei o telefone e nem olhei pra ele, sei que tem ligação da Christiane e que a Fernanda já está bem puta comigo, então larguei o celular de lado na mesa e continuei a conversar.

- Vai encontrar ela que horas?

- Ela tem cirurgia daqui uma hora, pediu pra eu encontrar ela na porta do centro cirurgico, fica no primeiro andar. Deve ser rapidinho. Ela confirmou que deve ser mais observação, mas quer me examinar e ver como está o figado.

- Tudo bem, esperamos. Depois disso tem o que?

- Preciso ir lá na delegacia ainda, dar o depoimento, passar pra comprar alguma roupa, que estamos sem nada, e você me dar uns beijos. Quer ir a noite lá no restaurante? Eu achava legal irmos.

- Podemos ir sim, eu acho que vai bom. O dia tá sendo bem cansativo. Será que vai demorar na delegacia.

- Espero que não, mas bem acho que vai. Quando ela me liberou, eu dei um depoimento bem por cima, mais pra ser liberada mesmo. Ela falou que iria demorar o proximo, que precisava ser mais completo e tals. Provavelmente seja esse. Qualquer coisa eu vou pra delegacia e você pode ir pro hotel, vai descansar um pouco. Ou vai comprando sua roupa. Vamos vendo.  - enquanto conversavamos chegou a feijoada. Ficamos tranquilas conversando e comendo.

- Tem alguma noticia de Portugal?

- Noticia do que especificamente?

- Ah, sei lá, da maternidade, das suas fazendas, da Marcela. Sei lá, mais por perguntar mesmo.

- A Marcela me ligou ontem a tarde falando que estava tudo bem, que tinha avisado a Urros para adiar meus pacientes e que eu poderia ficar aqui no Brasil com você o tempo que precisasse -  meu celular vibrou, eu ignorei, mas a Fernanda deu uma olhadinha, eu já cortei.

- Vai atrasar muito seus atendimentos?

- Acho que não, porque na verdade eu não fico muito atendendo. Eu faço coisas mais pontuais, quase não tem criança naquele lugar, os que tem em geral estão bem. São mais adultos e idosos. Você viu isso.

- Sim sim, apesar que no próximo semestre vai começar uma leva de crianças, considerando a quantidade de gestantes que tem, não em Úrros especificamente, mas no entorno, naquelas cidades longes. E com a implementação da maternidade, com o tempo, vai acabar sendo um polo de atendimento, se não tem medico em lugar algum, vão procurar em Urros mesmo.

- Sim, essa é uma das propostas mesmo. Primeiro criar e implementar a maternidade, depois melhorar o ambulatorio, formar um polo de saúde mesmo. Aquela região afastada é bem pobre de cuidados, bem pobre de atendimento. Você vai precisar de uma equipe de ginecologia, já pensou em alguem?

- Pensei em alguns nomes, mas nessa corrreria toda, eu ainda nem falei com ninguem. Vou precisar de pelo menos mais 2 medicos.

- Sim, a Marcela tinha conversado com você sobre isso não?!

- Sim, sim, ela me liberou para pensar na equipe, nos recursos. Você deve saber disso, mas venho trabalhando na ideia da maternidade há alguns anos, auxiliando no projeto, na tabulação dos custos e tals.

- Sim, eu sei disso. Admirava seu trabalho, só não sabia que era você. Só fui associar cara a pessoa quando você chegou a Urros -  O celular vibrou mais uma vez, ela olhou não tão calma para ele, com raiva na verdade - Caroline, atendê essa porr* de “telefono”!

- Ele nem está tocando!

- Essa merd* está vibrando loucamente. Deve ser sua mulher te ligando, se você não atendeire, eu atendo. E não vou ter a paciência que você tem com ela. Atendê essa merd*.  - Ela estava definitivamente transtornada, enlouquecida. Estiquei a mão e peguei o aparelho, ela logo completou - Atendê essa merd* lá fora, não quero ouvir essa melação toda.

- Fer…

- Lá fora Caroline! Saco!

Isso estava me irritando, essa postura da Fernanda. Mas tenho que entender o lado dela. Eu peguei o celular e saí do restaurante, quando cheguei lá fora o aparelho já havia parado de tocar. Olhei a tela, haviam 28 ligações perdidas da Christiane. Cacete, 28. Apertei os botões necessários e disquei para o numero dela. Depois do primeiro toque minha ex esposa atendeu.

- Christiane? -  falei com a voz áspera, grossa.

- Quem mais seria? Óbvio. Não consegue atender essa merd* de celular?

- Grossa, como sempre. Claro que você não iria mudar. Minha vida não se baseia em esperar você, nem atender suas ligações.

- Claro que não, nunca foi. Mas ir pra Portugal por causa de mulher é!

- Você me ligou 28 vezes pra que? Reclamar do que eu já falei que não é verdade?

- Não vou cair mais nessa sua ladainha. Você pediu o divórcio? Não teve nem vergonha nessa sua cara em falar comigo?

- Pedi sim. E tentei falar com você sim. Você estava dopada, com uma outra mulher morando com você. Tenho o direito em ter tomado essa atitude. Não vou voltar atrás.

- Eu não vou assinar nada. Não concordo, não aceito.

- Isso não cabe mais a você. Tenha o mínimo de noção, assina o documento e me deixa em paz. Eu to cansada disso Chris, a gente pode ter paz!

- Você nem falou comigo Caroline. Não me avisou nada, voltou, não falou comigo. Quero conversar com você, pessoalmente.

- Não mesmo. E outra, para de me ligar, você conversa com a minha advogada, eu não tenho nada para falar com você.

- Não? Nada? O que tivemos esse tempo não significou nada? A ponto que você não quer nem falar comigo?

- Significou muito e exatamente por isso não quero contato, quero distancia de você. Essa conversa acaba aqui, se quiser discutir sobre o divorcio, você já deve ter o telefone da Nanci. Se não for sobre isso não me importo, não quero saber. Assume as coisas Christiane, já deu nosso tempo, terminamos aqui.

- Eu quero falar com você Caroline! Pessoalmente! Quero ver você falar isso na minha cara, olhando nos meus olhos.

- Não vai rolar. Vou desligar o telefone, até mais.

- Não desliga Caroline. Você não quer falar comigo, tudo bem, sei onde te achar e te obrigar a falar comigo.

- Ah, tá bom Chris. Tudo bem, tudo bem.

- Não debocha de mim, Caroline… Caroline -  não dei corda, desliguei o celular, enquanto ela gritava do outro lado da linha, esbravejando. Encostei na parede do bar, do lado de fora, tentando me acalmar, respirar fundo. Só quero que essa merd* toda acabe, que eu possa finalmente voltar para Urros, sem celular, sem barulho, até do escuro já estou sentindo falta.  Quando abri os olhos, a Fernanda estava do meu lado, olhando pra mim, com a mesma expressão de raiva de antes de eu atender o telefone.

- Fer..

- Eu já terminei de comer, já acertei a conta. Vou pedir um taxi, vou voltar pro hotel.

- Tem certeza? Não quer ficar aqui comigo?

- Se eu falei que vou pro hotel é porque não quero ficar aqui com você. Já me irritei o suficiente hoje. Já deu pro gasto.

- Não faz isso, sério.

- Chega Caroline. Sério, eu vou pro hotel, descansar um pouco.

- Quer que eu volte com você?

- Não, preciso de um tempo sem você, pra eu pensar.

- Você quem sabe Fernanda. Volta com o meu carro, eu pego um uber ou um taxi. De verdade, é mais facil se você for com o carro.

- ok. Vou pegar voltar com o seu carro. To indo!

- Fer, vem cá, me dá um abraço pelo menos, não quero você dirigindo assim, com raiva.

- Não estou com raiva, só cansada. Preciso dormir um pouco, estou cansada.

- Tudo bem meu amor, você sabe o que é melhor pra você. Eu preciso ver os exames e ir na delegacia ainda. Melhor você descansar mesmo. Cuidado no transito.

 

- Sim, sim. Boa sorte aí -  falou isso e saiu, em direção ao estacionamento. Pude ver ela entrando na garagem e alguns minutos depois saindo, dentro do meu carro, com a expressão séria e fechada.

Fim do capítulo


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Comentários para 43 - Capítulo 43:
rhina
rhina

Em: 27/02/2020

 

Eu não entendo a Fernanda.

Para mim não concordo com sua postura.

Carol não anda a fazeires nada de ultrajante......a ponto dela ter esta reação de merda.

Casada.....ela sabia que Carol era.....com uma louca mas era.

Amigos.....uma história nos lugares ppr onde sempre esteve .....ela devia saber afinal .....vc é muito inteligente, intuitva,observadora.

Então logo de fato não tinha como deletar todos estes pormenores da vida e passado da Carol.

Em nebhum momento eu vi Carol fazendo ou falando algo que desmerecesse o namoro delas......que colocasse a Fernanda em segundo plano.....que a humilhasse.

Logo minha linda doutora Fernanda(te aceito aqui em casa) vai um toque.....sai desta vibe ..... Já

Rhina

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Bee20
Bee20

Em: 13/01/2019

Entendo a fernanda, mas ela nao ta agindo certo desse jeito só vai afastar a carol... Se bem qe a Caroline é masoquista com seus proprios sentimentos kkkkk pq vou te falar só leva patada e mesmo assim morre de amores pela pessoa.. Mas amo esse casal e quero elas firmes e forte 

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JeeOli
JeeOli

Em: 12/01/2019

Achei Fernanda muito errada nesse cap, ela sempre soube do passado da Carol e é normal tudo que está acontecendo, depois de tudo que a Carol passou no sequestro ela precisa de carinho e não de cobranças de algo infundado 

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