Happy new year!!!
Alguém entre a tia Carol e a professora Carolina
(Carol)
Definitivamente, entrar no apartamento de uma das minhas alunas àquelas horas e com aqueles propósitos não fazia parte do que projetei para mim há uns anos. Porém, senti que não devia me privar de qualquer vontade pela minha caretice. Apenas uma coisa precisaria ser esclarecida:
– Você tem quantos anos, Mirela?
– Dezoito. Cravados.
Confesso ter ficado muito feliz com a notícia, porque ela me livraria da culpa pela situação que já estava acontecendo e também me dava o aval necessário para prosseguir o que estava fazendo, que era, no mínimo, excitante. Eu sei, ela é minha aluna. Mas é maior de idade. Logo, não estou corrompendo uma pessoa, apenas estou me deixando levar pelo desejo. Inclusive, esse desejo pareceu bem nítido da parte dela também momentos atrás enquanto nós nos beijávamos.
Ela era linda, apaixonante, de tal modo que foi impossível não notá-la desde o primeiro dia. Sim, naquele dia em que ficamos sozinhas na sala e eu procurei dentro da minha imaginação limitada alguma coisa que pudesse prendê-la a mim – não no sentido agressivo da coisa – ainda que por alguns minutos. Ali, sozinhas, cara a cara, eu tive a certeza de que algo fora do comum estava acontecendo. Eu sei, já é um clichê entre as lésbicas se apaixonar pela sua professora, geralmente bem mais velha. Todo mundo comenta sobre. Mas e o outro lado? Quem conta? É fácil imaginar uma aluna, jovem, que pela idade poderia ser chamada por muitos de inconsequente, seja pela falta de experiência ou mesmo pelos hormônios aflorados, apaixonada por sua professora uns quinze anos mais velha.
Bem, eu nunca fui essa aluna. A vida me reservou o outro papel, com um detalhe importante: não seria eu a professora ingênua, alvo dos sonhos eróticos de adolescentes, somente; eu era a professora de carne, osso e desejo, que, apesar de sempre ter buscado manter a ética profissional e o respeito, se viu entregue aos encantos de uma aluna linda e uns quinze anos mais jovem. Mais precisamente, dezesseis.
Logo eu, que sempre fui tão certinha e vivi uma vida sem muitas novidades, tendo como foco duas coisas maiores: minha família e a Academia. Claro, ao longo dos meus 34 anos, me apaixonei, mergulhei de cabeça em amores e também já tive meus momentos de sex* casual. Não foram tantas as mulheres que já entraram na minha vida, que já mexeram comigo. Porém, foram algumas. Como diria o Martinho, com umas até certo tempo fiquei – como a Gabriela, com quem tive um relacionamento de três anos na época da graduação –, pra outras, apenas um pouco me dei – aquela garota, talvez Andreia, ou Patrícia, que conheci em São Paulo. O fato é que nenhuma delas foi suficiente para aumentar a minha lista de objetivos de vida.
Sempre foi família ou Academia. Idas ao médico com a minha mãe ou a defesas de mestrado. Organização do aniversário do meu sobrinho ou de um evento do Departamento. Noites sem dormir preocupada com minha mãe e minha irmã que estavam brigadas ou para finalizar um artigo. Aquela era eu. Ora a tia Carol, lésbica e solteirona, que dava presentes no Natal e no aniversário e era capaz de fazer o que fosse preciso para que todo mundo ficasse bem, ora era a profa. Dra. Carolina Moraes, vice-coordenadora do Departamento de Linguística do curso de Letras da universidade pela qual ela se dedicou quase que totalmente de uns anos para cá.
Todavia, entre a Carol família e a Carolina professora dedicada, havia uma outra pessoa, que eu até então desconhecia. Quem era? Eu, a pessoa que está agora no carro com uma aluna, em frente à casa dela, com uma vontade desesperada de entrar, jogá-la na cama, despi-la completamente e fazer tudo o que ela e eu quisermos fazer.
Ali eu me decidi. Deixaria, ainda que por alguns minutos ou horas, a dúvida sobre o que minha mãe ou meus colegas do Departamento pensariam disso. Agora seríamos somente Mirela e eu; duas mulheres com desejo mútuo e sem nada a perder.
– Então, Carol. Tudo bem pra você entrar comigo?
Ela mal tinha acabado de me perguntar, quando resolvi respondê-la do melhor jeito naquele momento; me aproximei dela, a olhei nos olhos como quem pretende devorá-la completamente, colocando minha mão em seus cabelos trazendo-a para mim e então começamos mais um beijo quente. Estava realmente impossível não querer a experiência completa. Naquele instante, desejei profundamente tê-la por inteiro, viver aquele momento da elhor forma possível enquanto ele durasse. Mas estava claro que não era somente isso. A nossa conexão ultrapassava a fronteira da libido. Tudo nela mexia comigo; seu sorriso e seus olhos brilhantes, o jeito como ela jogava algumas mechas de cabelo para o outro lado, a conversa profunda, apesar de parecer superficial, que tivemos no shopping, a linda concentração dela naquilo que eu falava durante as aulas, enquanto tentava evitar a minha desconcentração.
Então, durante aqueles beijos, intensos, acompanhados por mãos que iam dos cabelos à cintura, passando pelos seios, entregando completamente o que iria acontecer, disse:
– Sem problemas.
Assim, demos um tempo nos beijos, nos recompondo minimamente para encarar o porteiro ou algum vizinho que estivesse pelo caminho até seu apartamento. Naquele momento, eu estava prestes a conhecer uma parte do mundo dela, que poderia me marcar mais ou menos. Fomos rápidas, eu sei. Geralmente, essas histórias de aluna e professora só chegam aos finalmente depois de muita luta contra esse desejo supostamente proibido. Na verdade, provavelmente seria assim se fosse com a Prof.ª Dra. Carolina Moraes, mas naquele momento quem estava falando mais alto não era ela, tampouco a tia Carol. Era essa outra pessoa, cheia de desejo e disposta a fazer aquela loucura, que seria testemunhada pela noite quente de Fortaleza. Aquele parecia ser o legítimo efeito Mirela, que eu só viria a conhecer efetivamente mais tarde.
Fim do capítulo
<3
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