Capítulo 34
O “incidente” com o carro de Adele ficou lá atrás, há exatamente duas semanas. Este também era o tempo que eu tinha quase certeza de que estava ficando louca, porque eu ainda tinha aquela sensação de estar sendo seguida, sendo observada. Tinha tanta certeza de que era coisa da minha cabeça que ainda não havia dividido isso com ninguém, mas sempre me pegava olhando para trás na tentativa de ver alguém que estivesse na minha cola.
Talvez eu seja uma pessoa muito assustada e influenciável, e o que eu vi na saída daquela boate havia me marcado de verdade, mexendo com minha sanidade. Eu tentava não olhar em volta, tentava esquecer isso, mas simplesmente não conseguia. Edson havia conseguido me assustar.
Quando Adele demorava um pouco mais para chegar a casa, ou quando atrasava para me pegar na faculdade eu praticamente tinha uma síncope, imaginando que poderiam ter acontecido milhares de coisas com ela, e eu garanto, minha mente não era muito otimista, porque criava cada coisa, que me deixava até sem ar.
Eu estava enlouquecendo com essa sensação estranha, e talvez não dividir isso com ninguém estivesse agravando ainda mais. Talvez se alguém avaliasse a situação comigo, conseguisse me fazer enxergar de que não havia nada de errado e que era mesmo coisa da minha cabeça. Eu torcia muito para que fosse.
Ah, fazia uma semana que eu estava sendo treinada por Gregório para assumir o cargo de Editora Chefe. Meu corpo estremecia inteiro quando eu pensava que estava prestes a assumir essa responsabilidade pra mim. Eu sei que não seria nada fácil, afinal, é um cargo de alto nível, que exige muito de quem o ocupa.
No início eu fiquei bastante reticente, sei que era uma grande oportunidade, tão grande, que era maior do que eu. Estava prestes e me formar, mas ainda não me sentia segura. Também pensei muito se faria certo ao aceitar essa proposta sendo que fui indicada por Jack, o pai de minha namorada, mas este, me tranquilizou e disse que a indicação não se devia a esse fato, mas sim, única e integralmente a minha capacidade. Agora quero ver convencer os outros dos reais motivos...
Conversei com minha namorada também, contei sobre os meus receios e medos, mas ela também me tranquilizou, disse que o pai dela era extremamente profissional, e que se ele havia feito essa indicação, ele sabia bem o que estava fazendo. Adele também disse confiar em mim, no que eu era capaz.
Ok, isso ainda não me deixava mais tranquila, pelo contrário, só me fazia ver que eu não podia de maneira nenhuma decepcionar Jack. Ai meu pai! Onde é que eu fui me meter? Tenho que confessar uma coisa, ver aquele sorriso largo nos lábios de Adele quando contei da proposta me deixou extasiada, e é claro, com uma pontinha de orgulho da minha pessoa. Será que eu estava indo no caminho certo?
Nesses últimos dias, Adele andava muito atarefada. Só nos víamos pela manhã cedo e a noite – fazíamos questão de ao menos jantar juntas. O escritório dela havia fechado um novo negócio, e este, ficava um pouco afastado da cidade. Minha namorada assumiu o projeto pessoalmente, e assim, ela estava completamente envolvida e ocupada.
Sim, eu entendia, mas ao mesmo tempo sentia saudade dela, já que até aos finais de semana ela andava trabalhando. No domingo, cansei de vê-la no escritório aqui em casa, cercada de plantas baixas e sua caderneta de anotações – ela era metódica, e mantinha uma caderneta diferente para cada projeto.
Minha namorada só parava aos domingos para cumprir com a promessa que fez à minha mãe: o almoço em família. Semana passada mamãe até comentou comigo sobre o semblante cansado da inglesa. Contei o que estava acontecendo, e para animar a loira, minha mãe investiu pesado na cozinha fazendo uma feijoada divina. Nem preciso falar que Adele adorou.
Hoje, por exemplo, é um sábado, e para comprovar o que eu estou falando, estou sozinha em casa, enquanto Adele está no canteiro de obras, discutindo alguma coisa que eu não entendo com o empreiteiro dela. São 16h e eu estou largada no sofá da sala.
Estou me sentindo entediada. Já fiz tudo o que eu podia, arrumei a casa, passeei com Sherlock na pracinha aqui perto, preparei o meu almoço, dei comida para Sherlock e adiantei tudo o que havia de pendente da faculdade. Já havia até maratonado uma série que eu gostava, mas agora não encontrava nada na programação que conseguisse me distrair de verdade.
Pesquei o celular sobre a mesa de centro e chequei as minhas mensagens. Também não havia nada de interessante.
-- Que saco!
O som da campainha ecoou por todo o apartamento assustando a mim e Sherlock, que saiu correndo para junto da porta. Levantei passando as mãos sobre os cabelos tentando arrumá-los. Perguntei-me quem poderia ser, já que não ligaram da portaria pedindo autorização para que subissem.
Chequei quem podia ser a visita inesperada pelo olho mágico e ri na mesma hora ao dar de cara com um olhão gigante colado ali. Só conhecia uma pessoa com mentalidade suficiente para isso.
-- Como conseguiu subir sem ser anunciada? – perguntei assim que abri e dei passagem para que Sam entrasse.
-- Ah meu bem, Roberta tem passe livre aqui. – disse me abraçando apertado.
-- E cadê ela?
-- Me deixou aqui, e saiu. A mãe dela passou mal essa noite e foi hospitalizada para ficar de observação. E você sabe como é, minha sogra não morre de amores por mim.
-- Tratante! Só desculpo porque é a mãe dela. Mas a que devo a honra de sua visita?
Ela sorriu e começou a mexer na bolsa dela.
-- Queríamos te entregar juntas, mas, eu sou muito ansiosa pra conseguir esperar, então, vou entregar assim mesmo. – disse me estendendo uma pequena caixa de madeira decorada.
-- O que é isso?
-- Abre!
Admirei a pequena caixa por fora, e ao abrir, senti meus olhos molharem. Encarei Samanta e voltei a olhar para o conteúdo da caixa. “Vamos nos casar! Nosso grande dia está chegando, e não seria tão especial sem você ao nosso lado. Aceita ser nossa madrinha?”.
-- Isso é sério? – perguntei enquanto tocava os objetos que compunham aquele convite.
-- É claro! Até parece que você não sabia que seria a madrinha.
-- Ai meu Deus! – dei um gritinho - Você vai casar, e eu vou ser a madrinha. – joguei-me em cima dela apertando-a em meu abraço.
-- Se continuar me apertando assim você vai deixar a Roberta sem noiva. – disse com a voz estrangulada.
-- Desculpa. Fiquei feliz.
-- Eu também estou muito feliz. E nervosa. E tensa. E super ansiosa. E...Nunca imaginei que ficaria assim.
-- Faltam dois meses, segura essa periquita aí.
Nós rimos e a minha amiga olhou para a TV pegando o controle remoto logo em seguida.
-- O que está fazendo de bom?
-- Eu? Nada. – disse revirando os olhos – Estou largada aqui, zapeando todos os canais da TV a cabo.
-- E cadê a Adele? – perguntou enquanto fazia o mesmo que eu instantes atrás, zapeando os canais.
-- Trabalhando.
-- Arrumou uma workaholic, foi?
-- Pelo jeito sim.
-- Então levanta essa bunda daí que nós vamos sair. Estou mesmo precisando desopilar e deixar o meu casamento de lado um pouco. Não aguento mais pensar no Buffet que vamos servir, ou na cor dos guardanapos das mesas.
Em menos de meia hora nós deixávamos o apartamento em um carro que chamamos por aplicativo. Fomos direto para o shopping que ficava aqui próximo, e a nossa primeira parada foi no cinema. Escolhemos o filme por causa do elenco, mas no final, foi bom.
Passamos cerca de duas horas rodando as lojas daquele shopping. Entramos e saímos, escolhemos, provamos e compramos artigos dos mais variados segmentos. Não me julguem por passar tanto tempo assim entrando e saindo de loja, eu não era tão consumista assim, mas, sair com Sam e não comprar nada era impossível. Sem falar que eu estava mesmo precisando me distrair.
Depois das compras, Samanta me convenceu a entrar no salão de jogos. Sim, voltamos a ser criança e eu nem me importei com os olhares recriminatórios que lançavam na nossa direção. Me diverti horrores, mas senti uma pontinha de culpa por estar ali sem a minha namorada. Enquanto ela trabalhava, eu estava aqui, assistindo filme, fazendo compras e jogando feito uma criança.
-- A Beta está vindo nos buscar. – anunciou olhando o celular quando nos sentamos na praça de alimentação.
-- Vocês podem me deixar lá no Sushi House? Adele vai chegar cansada e provavelmente não vai querer sair, então vou levar sushi, ela ama!
-- Claro.
Não demorou mais do que meia hora para Roberta avisar que estava a nossa espera no estacionamento na saída principal. Entramos no carro e Beta nos cumprimentou com animação enquanto dava um selinho em Samanta.
Durante o curto trajeto fomos conversando. A sogra da minha amiga já estava de alta, fora apenas um susto. Talvez ela tenha passado mal devido a enorme quantidade de veneno que ela guardava em seu ser, porque ow mulherzinha peçonhenta. Nem parecia que aquele ser sorridente e alto astral era filha daquela mulher. Na verdade, esse azedume todo era por causa da sexualidade de Roberta, e claro, a proximidade do casamento delas. Não duvidava nadinha que esse mal estar fosse apenas para chamar a atenção.
Ao pensar em dona Albertina, eu pensava automaticamente na minha própria sogra. Um arrepio sempre cortava o meu corpo. Adele não fala dessa possibilidade, mas eu sei que uma hora isso iria acontecer, era apenas questão de tempo.
E sinceramente, podia passar o tempo que fosse, eu jamais estaria preparada para um encontro com àquela mulher. Primeiro porque eu não a vejo com bons olhos e não sei como reagiria diante dela, e segundo, porque mesmo sem me conhecer, ela me odeia. Ela odeia qualquer mulher que entre na vida de Adele.
-- Tem certeza de que não quer que a gente espere? – Sam perguntou pela enésima vez assim que o carro parou diante do restaurante.
-- Tenho! Não se preocupem, já estou perto de casa. Qualquer coisa eu chamo um Uber.
O Sushi House ficava a duas quadras de casa, e não me faria mal algum andar um pouco. Mesmo que eu estivesse carregando algumas sacolas e também o meu pedido no restaurante, eu não tinha intenção nenhuma de realmente chamar um carro pelo aplicativo.
-- Tudo bem então.
-- Liguem pra gente combinar alguma coisa, hein?
-- Pode deixar. – elas responderam juntas.
Entrei no restaurante e pedi ao sorridente atendente um combinado e alguns temaki para ela, e para mim eu pedi yakissoba. Sentei no final do balcão, em umas banquetas altas para esperar o meu pedido. Enquanto isso saquei o meu celular de dentro da bolsa.
Havia duas ligações perdidas do número de Adele, e algumas mensagens também dela avisando que já estava em casa. A última mensagem dela era uma foto tirada em modo selfie, com a parte da frente do corpo coberta por uma toalha preta, – ela adorava preto – e o seu bumbum exposto, refletido no espelho do banheiro que ficava logo atrás. Na legenda da foto ela escreveu “Vem logo!”.
Pensei coisas nada decentes para o lugar que eu estava. Pressionei as coxas uma contra a outra sentindo uma conhecida umidade se revelar dentro da minha calcinha. Aprumei-me na banqueta e mandei uma mensagem “Me espera, já estou chegando. Bumbum gostoso!”.
Sorri e olhei em volta. Sem querer, avistei um cara muito estranho do outro lado da rua. O fato de toda a fachada do lugar ser de vidro facilitava não só a entrada de luz, mas dava visão de tudo do lado de fora. O cara estava de braços cruzados, olhando para o interior do restaurante, mas girou o corpo e disfarçou quando eu o percebi.
-- Senhora? Senhora?
-- Oi.
-- O seu pedido. – disse me estendendo as sacolas.
-- Ah, obrigada!
Girei o corpo novamente e procurei pelo homem estranho do outro lado da rua. Ele não estava mais lá. Devo estar assistindo séries demais! – pensei.
Quando cheguei à calçada do restaurante olhei para os lados na tentativa de encontrar o cara mais uma vez. Não havia nenhum sinal daquele homem, e mais uma vez pensei que eu estava vendo coisas demais. Podia ser um homem qualquer, transitando pela rua como qualquer pessoa.
Girei os olhos e passei a caminhar. Não foi preciso dar muitos passos para sentir que tinha alguém me observando. Senti minha boca secar e minhas pernas falharem. Tentei impor mais velocidade em meus passos, mas minhas pernas realmente não estavam ajudando muito.
Em um lapso de coragem, olhei para trás, e lá estava ele, andando na minha direção. Arregalei os olhos e aumentei os passos gradativamente até estar correndo. As sacolas em minhas mãos não ajudavam. Podia ouvir os passos dele se aproximando de mim. Talvez ele estivesse correndo também, mas não tive coragem de olhar para trás outra vez.
Meu coração batia descompassado, meu ouvido zunia e minhas pernas começavam a dar indícios de que falhariam a qualquer momento. Eu devia ter investido mais na academia. Os passos dele se aproximaram mais e eu tentei correr mais. Deixei cair uma sacola, mas não cogitei parar para pegar.
O final da calçada estava chegando e eu tentei processar o que fazer, mas não pensei em nada além de correr.
-- Ei! Ei!
Ai meu Deus!
Vi quando o sinal para pedestres ficou vermelho, mas não tinha como parar, se eu parasse, ele me alcançaria. Atravessaria aquela rua assim mesmo. Paralisei quando vi um carro vindo na minha direção. Fechei os olhos e esperei o impacto, mas o que eu senti foi o meu corpo sendo jogado para frente.
-- Esta tudo bem? – ouvi uma voz masculina me perguntar.
Demorei a abrir os olhos e quando os abri, dei de cara com aquele homem. Arregalei os olhos e comecei a estapeá-lo para que ele me soltasse. Ele ainda segurava a minha cintura e com a outra mão ele tentava me parar.
-- Me solta! Me solta ou eu vou gritar!
-- Calma senhorita.
-- Eu vou gritar. – ameacei mais uma vez.
-- Calma. Calma.
Abri a boca pra gritar e ele tampou com a mão que antes tentava barrar os meus tapas. Quase desfaleci quando ele fez isso.
-- Senhorita, por favor, acalme-se. Meu nome é Ciro. Não estou aqui para lhe fazer mal, e sim para protegê-la.
Fiquei confusa com o que ele disse. Assim de perto, ele não parecia uma ameaça. Tudo bem que ele era alto e musculoso, mas o olhar gentil denunciava a índole dele. Soltei os braços ao lado do corpo, e ele, ao perceber que eu não “reagiria” mais, me soltou, mas permaneceu muito perto.
-- Quem é você? – perguntei num sussurro.
-- Meu nome é Ciro, sou seu segurança.
-- Segurança? Do que está falando?
-- A senhorita Adele me contratou para fazer a sua segurança. O problema é que eu não podia ser visto.
-- A Adele o quê? – quase gritei.
-- Podemos sair do meio da rua? Tem muita gente olhando pra gente. – disse coçando a cabeça.
Só então percebi o pequeno aglomerado de gente que estava nos olhando com curiosidade. Ai meu Deus, era só o que me faltava! Apanhei as minhas sacolas e comecei a andar a passos largos. Ciro começou a andar a andar logo atrás, mas não disse mais nenhuma palavra, se limitou apenas a me seguir.
Cheguei ao prédio praticamente bufando de raiva. Como a Adele faz uma coisa dessas sem falar comigo?
-- Você sobe comigo. – falei num tom que não deixava brechas para contestações, para o homem que parou na recepção do prédio, de braços cruzados.
Enquanto o elevador subia, eu batia o pé esquerdo freneticamente, e sem paciência alguma. Odeio ser a última, a saber, das coisas. Ciro estava ao meu lado, mas calado, e com a postura de um verdadeiro armário. Rolei os olhos ao encarar o perfil dele. Ah Adele!
Entrei no apartamento e mais uma vez tive que pedir ao armário, digo, Ciro, que me seguisse. Ele entrou e parou junto à porta, parecendo um poste. Sherlock veio me receber, mas mudou de idéia ao ver o grandalhão ali parado e foi lá cheirar a calça e os sapatos dele.
Joguei sobre o balcão da cozinha as sacolas do restaurante, e sobre o sofá minha bolsa e as sacolas de compras. Sentei e encarei os meus pés, puxando o ar, e junto, um pouquinho de discernimento, porque do jeito que eu estava, seria capaz de estapear a minha namorada.
-- Adele? – chamei da sala.
-- Oi. – ela respondeu do quarto.
-- Pode vir aqui?
E ela apareceu, vestida no roupão preto, cabelos molhados e sorriso branquinho no rosto. Se eu não estivesse com raiva, me jogaria em cima dela e a encheria de beijos.
Adele parou repentinamente ao perceber a presença de Ciro. Seus olhos grudaram nele, mas ele não olhava para ela, na verdade, não sei para que canto ele estava olhando, só sei que não era pra gente.
-- Quem é esse cara? – perguntei apontando pra ele.
-- Bia eu...
-- Por que você fez isso? Por que não falou comigo antes de colocar um armário atrás de mim? Sem querer ofender Ciro.
-- Sem problema senhorita. - ele disse baixinho.
-- Eu pensei que o combinado fosse conversar, sempre, em qualquer circunstância.
-- Eu fiquei com medo depois do que aconteceu amor, e eu sei que se eu tivesse falado pra você, se tivesse proposto isso você não aceitaria.
-- Claro! Olha o tamanho desse homem. Não sei como não percebi ele antes – disse mais pra mim do que pra ela.
-- É, não era pra você ter percebido. – ela disse em tom recriminatório.
-- A questão, não é eu ter percebido ou não, é você fazer as coisas sem me contar, sem pedir a minha opinião. Eu passei as duas últimas semanas achando que estava ficando louca, com mania de perseguição, porque sempre tinha a impressão de estar sendo seguida. E vejam só, não era coisa da minha cabeça.
-- Desculpa amor. – disse sentando ao meu lado – Só fiquei preocupada com a sua segurança, não tinha a intenção de lhe assustar.
-- E cadê o seu segurança? Porque se estamos falando de segurança, e eu tenho um na minha cola, você também precisa de um. Então? – perguntei encarando aqueles azuis.
-- Ciro?
O homem não precisou de mais nenhuma palavra, compreendeu o que Adele queria naquele momento e levou a mão ao ouvido e falando “Precisamos de você aqui em cima Müller”. Antes de eu raciocinar qualquer coisa, a porta do apartamento abriu e deu passagem para uma mulher loira. Encarei aquela mulher sentindo que o meu queixo poderia cair a qualquer momento. Não acredito!
-- Boa noite!
A praga além de ser absurdamente linda, tinha a voz rouca.
-- Boa noite Zara. Eu não sei o que aconteceu, e não estou aqui para questionar a capacidade e o profissionalismo de vocês. Mas eu peço que, por favor, não se repita o que aconteceu hoje. O combinado foi que Beatriz não soubesse da existência de Ciro, e eu não sei o que houve, mas ele foi descoberto.
-- Peço desculpa pelo meu companheiro. Ele é um excelente profissional, - disse fuzilando meu armário, digo, segurança – mas falhou, e caso ache necessário, eu posso providenciar uma troca.
-- Não! – intervi - Já que é pra andar com alguém no meu cangote, que seja o Ciro. Eu gostei dele.
A inglesa encarou os dois e puxou o ar profundamente, soltando tudo de uma vez só. Percebi por este simples ato que ela ficou chateada.
-- Apenas mais um pouco de atenção, não quero que aconteça nada com a Beatriz.
-- E nem eu, com ela. – disse encarando Zara, Müller, sei lá.
-- É só isso.
-- Licença. – os dois falaram juntos e nos deixaram a sós.
Levantei do sofá e fui direto para o quarto. Fui retirando as roupas no caminho, deixando-as largadas pelo chão. Entrei no box e liguei o chuveiro, deixando a água morna cair sobre os meus ombros.
Senti-me aliviada por saber que eu estava sim sendo seguida, mas não por quem eu pensava que fosse. Senti alívio também por saber que Adele estava segura. Tudo bem que agora ela andava pra cima e pra baixo com uma mulher extremamente linda e que a olha de forma nada decorosa, mas ainda assim era bom saber que Edson não se aproximaria dela.
Nunca passei por um susto tão grande quanto esse. Só Deus sabe o medo que eu senti, na verdade, foi pavor. Nesse exato momento, as lágrimas quiseram cair. Meus nervos estavam abalados. Ergui a cabeça e puxei o ar na tentativa de segurar o choro. Eu não podia ser tão abalável e sensível assim.
Braços quentes e macios envolveram a minha cintura. Não percebi quando a inglesa entrou no box, mas agora ela encaixava todo o seu corpo às minhas costas. Pra mim foi como se finalmente tivesse encontrado o meu refúgio, e eu me desmanchei dentro daqueles braços.
Adele beijou suavemente meu pescoço e ficou imóvel. Eu conseguia sentir o seu coração bater tranquilo.
-- Ainda está brava comigo? – sussurrou no meu ouvido.
-- Sim.
-- Não fica assim, minha princesa.
Girei dentro do abraço dela e a encarei.
-- Você tem certeza de que não se enganou, e sei lá, acabou contratando esse dois em alguma agência de modelos?
Adele deu aquela gargalhada gostosa e tudo de ruim que tinha em mim, sumiu, talvez, levado pela água que escorria pelo meu corpo na direção do ralo. Como era bom quando aquele som chegava aos meus ouvidos.
-- Amo o som da sua gargalhada. – toquei o seu rosto e ela fechou os olhos.
-- Eu amo você inteirinha.
Busquei os lábios dela em um beijo sereno. Suas mãos envolveram a minha cintura, apertando-a. Levei minhas mãos até o seu bumbum e o apartei lembrando-me da foto que ela me mandara mais cedo.
-- Amo esse bumbum. – falei contra os lábios dela e ela sorriu.
Voltei a buscar seus lábios, mas dessa vez, com pressa, com fome e luxúria. Ela gem*u quando suguei seu lábio inferior e ao mesmo tempo enchi minhas mãos com suas nádegas. Sua língua não tardou a brincar dentro da minha boca, e eu a recebi com prazer.
Adele posicionou sua perna entre as minhas, pressionando meu sex*, que a essa altura estava molhado, e não era por causa da água do chuveiro. Concentrei-me nas mãos, carícias e beijos da minha loira, e mergulhei de cabeça em todas as sensações que ela parecia ter o dom de despertar em meu corpo.
O orgasmo não demorou a vir, e quando veio, quase me deixou sem sentidos. Não é possível, essa mulher deve ter encontrado algum manual de instruções, deve praticar de alguma forma, porque a cada vez o nosso sex* ficava melhor. Na verdade, cada segundo que eu passava do lado dela era sempre melhor do que o anterior.
Apoiei minha cabeça em seu ombro logo após beijar aquela pele. Suspirei e sussurrei próximo de seu pescoço.
-- Eu amo tanto você!
Continua...
Fim do capítulo
Olá meus amores! Voltei. Demorei?
Capítulo seguido porque vocês merecem, não é mesmo?
Beijos e até o próximo.
P.S.: Comentem! Preciso saber o que estão achando, e saber também se ainda estão chateadas comigo.
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LeticiaFed
Em: 31/12/2018
Oie! Ela voltou, ela voltou! Chateada contigo? Claro que não, mais correto dizer que estava preocupada com o sumiço e ja pensando no tanto de histórias que acompanho e que la pelas tantas não tem continuação. Mas confio sempre nas autoras e entendo as crises de falta de inspiração. Pode demorar mas da uma notícia avisando que a autora foi dar um passeio pra procurar ideias...hahaha Um ótimo final de ano e que 2019 te traga muitas coisas boas. Beijo grande!
Resposta do autor:
Oi amore! Voltei, uhul! Ah, eu tinha receio que algumas pessoas realmente imaginassem que eu tinha abandonado a estória, simplesmente sumido, mas não, estou aqui, apenas alguns probleminhas que me deixaram fora de campo. Falta de inspiração é realmente muito foda, viu? Negócio chato. kkkkk pode deixar que dá próxima eu deixo um recado avisando que o tico e o teco da autora deram tilte.
Te desejo tudo de bom nesse ano que se incia, que alcance todos os seus sonhos e nunca desista de duas metas. Um 2019 recheado de boas surpresas e muita felicidade.
Beijo grande, e até o próximo!
NayGomez
Em: 27/12/2018
Kkkkkkkkkkk eu sabia que era o segurança da Bea, kkkk cara essa Bea é um barato , me divirto muito com as maluquice dela acho que por isso a Adele se apaixonou por ela Kkkkkkkk.
Resposta do autor:
Olá Nay!
kkkkkk garota esperta hein? Pena que a Ana Beatriz não percebeu que era o seu segurança antes de sair correndo loucamente pelo meio da rua, tadinha! Pois é, pode ter sido justamente isso que encantou a inglesa séria e metodica.
Também me divirto muito pensando e escrevendo as peripécias e loucuras da Ana Beatriz! kkkkk
Beijos amore, até o próximo!
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Elizaross
Em: 27/12/2018
Que presente de natal..... Que bom que voltastes... Eba!!!
Adele, como sempre uma bela donna. Que mulher!!!
Tô adorando tudo com mta emoções.
Essas duas são fogo...
Feliz ano novo!!!
Resposta do autor:
Oi Elizaross que bom que gostou! Também gostei de ter voltado!
Ah essa Adele, meu Deus. Ela é demais, sorte da Ana Beatriz que encontrou esse exemplar raríssimo dando bobeira por ai.
As duas são puro fogo! Mas tudo bem por aí, não é? Nem um sinal de fogo ai do outro lado, eu espero rsrsrs
Feliz ano novo amore!
Beijos e até o próximo!
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