CapÃtulo 21 - Extremos
Paloma
22 de julho.
- Como assim, Cássia? Que história é essa? – ela me encarou. Seus olhos estavam muito vermelhos.
Mas não era somente aquilo que estava preocupando ela.
- A minha cabeça tá uma confusão, Paloma... – ela levantou, começou a andar pelo quarto. – Eu não sei o que fazer! A minha mulher esta distante de mim e a minha mãe morrendo!
Naquele momento eu senti como se um soco acertasse o estômago. Ela parou, me olhando como se tivesse exausta. Nem percebi o momento em que sai da cama e a abracei forte, não contendo o meu próprio choro. Desabamos no chão, entre lágrimas e soluços.
- Eu... Eu... – ela tentava dizer algo, mas em vão.
Meu coração doía por ela achar que eu não a amava mais e ardia mais ainda por a minha Cássia estar passando por algo assim. Eu tinha perguntas a fazer, mas também não conseguia dizer absolutamente nada.
Ficamos não sei por quanto tempo abraçadas e encostadas na cama de Camila. Ela havia parado de chorar e apenas soluçava cada vez mais fraquinho. Fiz carinhos em seus fios castanhos, em seu rosto molhado.
Por que ela acha que eu não a amo mais?
- Me conta sobre isso da sua mãe... – pedi com carinho, sem deixar de mima-la. – Estou aqui, meu amor...
Ela suspirou e demorou uns segundos, até ouvi sua voz.
- Eu fui procurar uns documentos no quarto e achei o exame. Já faz um mês que ela sabe que tá com câncer, Paloma, e não me disse absolutamente nada! – fechei meus olhos. – Nem sei se meu pai sabe disso. Ela não deveria esconder uma coisa assim! Eu não sei o que fazer, Paloma...
- Você vai chamar a sua mãe e perguntar, é isso que você vai fazer, Cássia... – franzi o cenho. – Vai conversar com ela, como adulta que você é. Não fica se torturando... Amor, você precisa dizer a ela que sabe...
- Eu tô com medo, amor... Eu não quero perder a minha mãe. – ela voltou a chorar e meu coração se apertou.
Fechei meus olhos e ousei dizer:
- Eu te amo, Cássia. Amo como nunca amei ou vou amar alguém! – falei de uma única vez, pois comecei a chorar também. – Me perdoe por estar distante, mas eu juro... Juro que não é nada disso que você tá pensando...
Solucei, mas precisava continuar.
- Eu vou te contar o que tá acontecendo... – a apertei contra mim. – Eu planejei durante algum tempo uma surpresa pra você, sabe... Eu queria te impressionar, amor... – ela se desfez do meu abraço, e limpando o rosto, me encarou.
- Me explica isso... – ela pediu com uma voz que doeu a minha alma.
Deus, como doía ver ela daquele jeito.
- Combinei com a Marcela. – enxuguei meu rosto e respirei fundo. – Era pra ser para esse fim de semana, mas você tá pensando tanta bobagem... – ela nem piscava. – Eu tinha comprado alianças e tudo, mas você... – amarrei meu cabelo. – Eu queria que a gente pudesse morar juntas, sabe... Sei que não faz nem dois anos que estamos namorando e pode ser precipitado...
- Morar juntas? – ela começou a piscar sem parar. – Morar juntas...
- Cássia? – fiquei assustada.
- Como... Eu ainda não... – ela se calou.
- Amor, olha pra mim... – segurei sua face. – Nunca mais duvida do que sinto por você. Eu sinto muito por ter passado a impressão errada e não ter tido a sensibilidade de perceber que isso estava te machucando. Me perdoa, por favor...
Cássia ficou em silencio por longos minutos, me deixando angustiada.
- Eu estraguei a surpresa. – ela franziu o cenho e me encarou. Já não soluçava mais. – Eu te vi tão distante nos últimos dias, que a única coisa que passou por minha cabeça foi isso, Paloma. Juntou com isso da minha mãe e o resultado... Eu pensei que estava te perdendo...
- Jamais... Ouviu? – a abracei forte e ela devolveu o ato. – Eu te amo mais que tudo... Eu vou estar com você. Ouviu bem? Eu serei a sua esposa, mãe dos teus filhos.
- Me desculpe, amor... Tô me sentindo muito idiota. – a fiz me olhar.
- Depois vamos resolver essa parte, mas primeiro, a gente vai falar com a sua mãe... – olhei para o relógio e já se passava das dez e meia da noite. – E vamos agora, porque ela tá muito preocupada com você. Eu te levo... Dormirei com você essa noite, tá bom?
- Obrigada! Você é a melhor coisa que já me aconteceu. – respirei fundo.
Ela não fazia ideia do amor que tenho por ela.
Ana Clara
Será que foi uma boa ideia vim morar nessa cidade? Conheci pessoas legais, minha mãe está mais feliz do que nunca. Minha madrasta nos tratava muito bem, estava tudo em paz, mas dentro de mim, uma nova questão surgia a cada segundo, envolvendo as pessoas que eu queria esquecer. Não posso negar que uma parte do meu ego estava se divertindo por ver a minha ex correr atrás, mas aquilo estava começando a me cansar. Se fosse há uns dias atrás, estaria radiante, mas esse não é o caso. Ela estava apenas fazendo com que o rancor ganhasse um espaço enorme na minha vida.
Tatiana era toxica e eu já havia entendido isso. Tarde, mas eu entendi.
- Não vai parar de ver esse vídeo? – Lívia estava vermelha de tanto que ria. Minha irmã era fofa quando queria, mas naquele momento.
Respirei fundo.
Eu estava quase tendo um ataque de fúria, pois a idiota fazia de proposito.
- Essa menina é muito hilária. Olha, olha bem pra esse momento... – a gringa levou uma bolsada bem na cara. Me esforcei para não rir. O vídeo era muito engraçado. – A Sam é uma comédia... Quando vai cair na real e começar a namorar ela? Tá perdendo tempo. Isso sim que é cunhada.
Revirei meus olhos.
- Não fica enchendo minha cabeça com isso, Lívia. Olha isso... – peguei o celular e abri a pagina do meu facebook. – Olha...
Dessa vez quem revirou os olhos foi ela.
- Essa idiota não desiste. Te marcou até mesmo nesse texto sem sal. – minha irmã bufou. – Tenho vontade de bater nela...
Tati estava fazendo marcação cerrada. Já havia me ligado inúmeras vezes somente aquela noite e não parava de me marcar em bobagens no celular. Aquilo estava tirando a minha paciência.
- A Samantha é linda, não é mana? – Lívia também estava me irritando. Ela me deu o celular para mostrar a foto de Samantha. Ela estava com um pequeno gatinho preto em seu colo, enquanto dava mamadeira para o bichano. Seu sorriso era lindo, alias, ela é linda e isso não posso negar.
Assim como não posso negar que pensava nela mais do que deveria. Desde o dia na casa da Emi, não voltamos a nos ver. Talvez fosse melhor daquele jeito, mas seria mais fácil se o gosto da boca dela não estivesse na minha.
Suspirei.
- Huuuummm... Deixa eu adivinhar. Pensando na gringa? – Lívia não me deixava. –Ana, Ana, Ana...
- Tá na hora de você sair do meu quarto... – fechei a cara.- Vai ligar pro seu namorado e para de me dizer besteira... Vou te jogar pela janela!
- Ainda vou te ver com ela... Escreve o que tô te dizendo. – ela saiu do quarto com um sorriso idiota. – GRIIIIIIGA!
Mereço! Mereço!
Me joguei na cama, colocando o braço sobre meu rosto. Estava tudo tão confuso, que não me deixava respirar direito. Eu só queria ter alguma certeza naquele momento. Samantha mexia com tudo aqui dentro.
- Gringa, por que você não me deixa em paz? Eu preciso sair um pouco. – me sentei. – LÍVIA?
- QUÊ? – ela gritou de algum lugar.
- Vamos tomar cerveja? Eu preciso sair! – ouvi uma risada.
- VAMOS! VOU ME VESTIR! – precisava me distrair um pouco.
Levantei, indo direto para o banheiro. Me coloquei debaixo da ducha, sem deixar que a água molhasse meu cabelo. De repente, pensamentos nada inocentes começaram a surgir e o mais idiota, era que Samantha estava nele.
- Que droga eu estou fazendo? Por que essa garota idiota não sai da minha cabeça? Aaaah, eu sei porquê... Mas, que merd*!
Senti vontade chutar a mim mesma naquele momento. Precisava urgentemente de bebida e ver gente diferente. Não posso ficar em casa pensando em ninguém. Não posso voltar a ser idiota como fui para a Tatiana.
- NÃO POSSO!
Cássia
- Amor, vamos... Abre a porta! – Paloma segurava a minha mão.
Estávamos em frente a porta da minha casa, fazia vários minutos. Paloma manteve o silencio até aquele momento. Meu coração havia se acalmado depois que coloquei tudo o que sentia em relação a ela, porém sobre a minha mãe.
Não foi fácil encarar o fato de que a minha mãe estava com uma doença que poderia tirar ela de mim, do meu pai, da nossa família. Se algo acontecesse, eu não sei o que será de nós.
Meus olhos se encheram de lágrimas, mas mesmo assim coloquei a chave na fechadura e Paloma entrou junto comigo. Sua mão apertava a minha de uma forma de dizer que não me deixaria.
- Minha filha! – meu pai e ela disseram juntos e vieram até a mim.
Eu não segurei mais e comecei a chorar novamente, me agarrando a eles. Meu corpo tremia, minha respiração ficou tão rápida, que doía quanto chegava a meus pulmões.
- Cássia, o que aconteceu? – minha mãe perguntou, visivelmente assustada.
- Eu sei que você tá com câncer, mãe!
Ela se afastou, olhando de meu pai para mim.
- Que história é essa? – meu pai perguntou tão surpreso, que pude perceber que seu rosto ficou pálido.
As palavras simplesmente saíram da minha boca, me fazendo ficar arrependida no momento seguinte. Paloma me olhou em reprovação, me deixando ainda pior. Não era dessa forma que eu queria ter abordado aquilo.
- Preciso de água... – ela sentou e meu pai desabou no sofá.
Droga!
- Eu vou buscar... – Paloma saiu da sala, indo pra cozinha.
O clima era o pior possível, me fazendo sentir tantas coisas que parecia que eu iria explodir a qualquer momento.
- Aqui...
- Obrigada, queria... – minha mãe tomou a água, mantendo seu olhar para o nada.
- Mulher, me explica isso. Por favor. – meu pai estava com a voz embargada.
Sentei e Paloma sentou ao meu lado, segurando novamente a minha mão. Eu sabia que ela iria brigar depois pela forma rude que falei.
- Eu deveria ter contado... – minha atenção foi diretamente para a mulher a minha frente. Meu pai lagrimava. – Eu fiquei tão apavorada, que não consegui... – seus olhos se encheram de lágrimas. – Eu não sabia como dizer... Me perdoem, por favor...
- Oh, mulher... – meu pai foi até a ela, lhe colocando em um abraço.
Eu desabei...
Me agarrei a Paloma, chorando como jamais fiz em minha vida. Eu não conseguia controlar, apenas tomou conta de mim. Deus, eu não conseguia absorver tanta coisa. Minha namorada me abraçava forte.
O que seria de mim sem elas?
- Minha filha... – ela estendeu seus braços.
- Vai lá... – Paloma sorriu e eu me coloquei de pé, praticamente me jogando nos braços dela.
- Não quero te perder... Mãe!
- Oh, minha menina... Escuta... Vocês dois. – ela fez meu pai e eu olharmos para ela. Nossas mãos estavam unidas. – Eu já iniciei o tratamento. O doutor disse que descobri muito cedo e as chances de cura são enormes. – ela estava falando sério? – Eu peço perdão por ter escondido isso de vocês, mas por favor, não me condenem por isso...
- Eu não acredito que você decidiu passar por isso tudo sozinha... – meu pai estava magoado. – Não poderia ter feito isso, mulher.
Paloma observava a tudo sem dizer absolutamente nada. Olhei rapidamente em seus olhos e eles me mostravam um confiança fora do comum.
Como pude achar que ela havia deixado de me amar?
- Amor, filha... Me perdoem. – os olhos da minha mãe estavam tristes. Ela estava doente e não era hora para julgamentos. – Por favor...
- Mãe, vamos acompanhar você em todas as seções. Você vai ficar bem... A gente tá com você... – enxuguem meu rosto. – Mas, assim que você ficar boa, saiba que vai ouvir tudo o que o papai e eu vamos guardar a partir de agora... –eu falava sério.
- Oh, minha menina... – ela me abraçou e eu retribui, puxando meu pai para aquele momento.
A preocupação com ela não havia diminuído nenhum pouco. Porém, eu precisava acreditar e pedir a Deus que tudo terminasse bem, que o tratamento fosse um sucesso. Ela precisava de apoio e compreensão.
- Mãe, não nos esconda mais nada, por favor... – pedi chorando.
Meus olhos estavam inchados.
- Eu prometo que jamais voltarei a fazer isso, meu amor... Eu só preciso de vocês...
Eu só queria que aquilo acabasse o mais rápido possível.
“Deus, por favor, minha mãe tem que ficar boa”.
Samantha
- Ainda não acredito nisso tudo que tá acontecendo... – Nicole lamentava.
Desde que Cássia e Paloma saíram e contaram o que estava acontecendo, ela e a Flávia estavam cabisbaixas. Na verdade, essa doença da mãe da Cássia deixou a todas nós muito preocupadas.
- Ela guardou isso até de mim... – Flávia respirou fundo. – Minha amiga sofrendo...
Meu celular vibrou, peguei o aparelho e vi que era uma mensagem de uma garota que eu estava querendo ficar. Ela havia marcado para nos encontrar hoje, mas eu já não sabia se iria.
- Cássia vai precisar de todo apoio possível. – Cami fazia carinho na namorada.
- Acho que é melhor irmos, Nick. Tá muito tarde... – minha prima se pós de pé.
- Eu também já vou. – levantei, decidida a ir ao meu encontro.
- Pensei que ia dormir aqui... – Mel me olhou triste.
- Ela tem um encontro... – Cami piscou pra mim. – Com a cabelo de fogo...
Revirei os olhos.
- Vamos logo, meninas...
Sai puxando Nick e Flávia, antes que começasse as gracinhas. Eu não queria lembrar daquela ruiva diabólica e a Camila não colaborava. Passava o dia me mandando fotos dela pelo whatsapp.
Eu queria matar essa garota.
- Eu vou pro centro... – falei para as minhas primas no estacionamento. – Tchau meninas...
- Tchau Sam... Cuidado! – Nick sempre cuidadosa.
- Não exagera... –Flávia advertiu.
Apenas pisquei para elas e sai, me olhando na câmera do celular para ver se estava apresentável. Em frente ao prédio, pedi um táxi e disse o endereço do bar para o senhor que era muito carrancudo.
- O senhor não fez sex* hoje? – não pude controlar. Achei que ele iria me dá uma resposta pior, mas...
- Não, a mulher tá fazendo greve e eu já não sei mais o que fazer... – franzi o cenho.
- E o que o senhor fez? – fiquei curiosa.
- Sai, minha filha, fui pra um baile da saudade com meus amigos e quando voltei, minhas coisas estavam na sala. – ele lamentou. – Faz duas semanas que estou dormindo no sofá.
- E o senhor não fez nada pra tentar se desculpar?
- E como vou fazer isso? Fui tentar falar e ela me disse pra ficar quieto, se não me capava...
- Olha, faz o seguinte... Amanhã, bem cedo, o senhor compra um buque de flores, uma cesta de café da manhã e deixa no quarto. Quando ela ver, tenho certeza que vai te ligar na mesma hora.
- Você acha mesmo, minha filha? Ah, eu amo demais aquela velha... – sorri.
- Vai sim... Pode fazer e não esqueça de fazer um bilhete pedindo desculpa...
- Pois assim que amanhecer, vou fazer isso. Obrigada minha filha...
- De nada... O senhor pode me deixar aqui. – o bar ficava logo de canto. – Aqui o dinheiro.
- Obrigada e Deus te abençoe minha filha... – ele parecia mais contente.
- Obrigada! – ele deu partida e se foi.
Caminhei devagar até chegar ao bar, sentei em uma mesa que estava na calçada. O vento estava fresco e a música boa, reggae, deixando tudo muito gostoso. Pedi uma cerveja e passei a esperar a minha companhia. Observei tudo, havia mudado algumas pequenas coisas no lugar. Foi quando vi aquele ser e não acreditei no azar que eu tinha.
- Shit... – revirei os olhos. Dentro do bar, em uma mesa repleta de mulher, a ex da ruiva diabólica me olhava com muito ódio. – Pior que encosto... O que eu fiz pra merecer isso? Deixa pra lá. Não precisa responder, Deus.
E para completar a noite.
- Saaaam! – não deu tempo de pensar direito. Lívia me abraçou, toda animada
Olhei para a figura de pé logo atrás, que me olhava como se eu fosse o ser mais inútil do mundo. Ela me enlouquecia com aquele ar de superior.
“Menos, Samantha. Menos!”.
- Oi ruivas... Tudo bem? – aquela noite iria ser longa.
- Claro! Muito melhor agora. Podemos sentar com você?
- Lívia, ela deve tá acompanhada... – Ana Clara revirou os olhos.
- Podem sentar. Fiquem a vontade. – sorri, mas por dentro eu só pensava em vingança. – Mas, olha quem tá ali...
As ruivas olharam para dentro do bar e eu vi a expressão de Ana Clara se transformar. Na certa, ficou muito mexida com a ex ali. Não deveria, mas aquilo me incomodou de uma forma absurda.
porr* coração, quer se vingar dela ou de mim?
- Ana, não vamos embora por causa dessa idiota. – ela puxou a irmã, a fazendo sentar.
- Sam, desculpa o atraso... – a menina que havia marcado comigo apareceu. Fiquei de pé para lhe dá um abraço.
- Tudo bem, Gabi. Olha, essas são Lívia e Ana Clara. Elas vão ficar conosco. – sorri. Ana olhou para Gabriele da cabeça aos pés.
O que foi isso?
- Olá meninas... Tudo bem?
Elas se cumprimentaram, sentando em seguida. Gabi pediu um refrigerante e iniciou uma conversa com Lívia. A morena era muito simpática, fazendo a ruiva mais nova rir. Eu deveria participar, mas minha atenção estava na ruiva a minha frente que não parava de olhar para dentro do bar. A idiota da ex de Ana Clara, que já havia levantado inúmeras vezes e era puxada por outra menina que eu não fazia ideia de quem era.
As duas se encaravam e a minha raiva só aumentava.
Droga!
- Vou no banheiro... – levantei, dando um gole generoso da minha cerveja.
- Eu vou com você! – Ana se colocou de pé. O que essa ruiva do mal estava planejando? – Vamos?
Não respondi nada e apenas seguir o caminho para o banheiro, apertando meus punhos. Vi quando a tal de Tati se levantou e veio na nossa direção. Antes de chegarmos ao banheiro, ela puxou Ana de forma violenta pelo braço e a levou para dentro, imediatamente entrei.
- Me solta, Tati… Tá me machucando. – a ruiva reclamou.
- Quero falar com você!
- Solta, sua doida... – empurrei a maluca, que tropeçou nos próprios pés e caiu sentada, soltando Ana Clara. A coloquei atrás de mim, querendo a proteger e eu não sabia o porquê de me met*r no lance das duas, mas desistir de entender e apenas estava sentindo meu sangue ferver.
- Aaah, garota. Você não fez isso... – se ela queria sair no tapa, não iria recusar. – Eu vou te deixar banguela, seu animal...
- Não faz ideia do quanto estou com vontade de socar tua cara, bitch...
Ela levantou e veio para cima.
Melissa
Camila e eu estávamos com uma mascara de abacate no rosto, feito por ela. Já se passava da meia noite e nós duas não pregamos o olho, decidimos ir para a cozinha. Fiz chocolate quente e alguns biscoitos.
- Não consigo esquecer da Cássia... – Cami falou olhando para a xicara em sua mão.
Estávamos sentadas no chão.
- Ia dizer a mesma coisa... – olhei para o celular que estava sobre a minha coxa. O mesmo mostrava o nome de Angélica estampado na tela.
- Não vai antender? – olhei para a minha namorada, que para a minha surpresa não estava zangada.
- Oi? – atendi a chama.
- Oi, tô incomodando? - a morena parecia feliz. – A Camila tá ai? Coloca no viva-voz...
Estranhei.
- Oi meninas... Tudo bem?
- Oi Angélica... – Cami me olhou perguntando com um gesto o que se passava. Fiz outro mostrando surpresa também.
- Oi... Você parece animada... – isso me deixa feliz.
- E estou... Queria dizer algo a você. A você também, Camila. – nos olhamos novamente.
- Estamos ouvindo... – sorri.
- Eu conheci uma pessoa e sei que é muito recente, mas eu estou apaixonada. Não consigo deixar de pensar nela. A gente se conheceu no hospital e não sei, foi amor a primeira vista. – fiquei de queixo caído. – Mas, ela mora em São Paulo e tá indo embora daqui a duas horas e bem, estou indo também...
- Mas, você é doida? Conheceu ela agora... – Camila brigou, me fazendo rir e despertando a gargalhada de Angélica.
- Eu vou cuidar muito bem dela... – a voz estranha falou.
- Olha, espero mesmo que cuide. Essa mulher ai merece o mundo. – falei com sinceridade.
- Eu sei e farei o possível e o impossível para oferecer isso a ela... – a voz da garota denunciava o quanto ela estava caída de amores. – Alias, me chamo Vanessa... É um prazer... Angel falou muito de vocês.
- Prazer, Vanessa... Só coisas boas, espero. – Camila se adiantou. Cara de pau essa minha namorada.
- Você vai agora, Angélica? – me cortava o coração. Havia desenvolvido um carinho enorme por ela.
- Sim, mas prometo que voltaremos em breve e vamos marcar algo para apresentar vocês.
- Caramba... Mas, de qualquer forma, tô feliz que tenha conhecido alguém especial. Quero desejar toda a benção do mundo. Eu vou sentir tua falta. – confessei.
- Oh, meu anjo... Vou voltar tão rápido que você nem vai reparar. Olha, cuida do seu amor e Camila? Cuida bem dessa mulher, você tem um tesouro nas mãos.
- Eu sei... Melissa é o amor da minha vida... – meu coração acelerou. Cami me olhou de uma forma única.
- Quando eu chegar em São Paulo, volto a ligar... Acho que estamos sobrando... – ela brincou.
- Cuide-se, Angélica... – pedi, sem tirar os olhos de Camila. – Vou esperar essa ligação e Vanessa? Novamente, cuida bem dela.
- Eu vou. Conte com isso... Até logo meninas!
- Até logo... – respondemos juntas.
A ligação foi encerrada.
- Quero te beijar... – ela subiu em meu colo. Coloquei minhas mãos em suas coxas. Ela usava um short minúsculo. Encostou a testa em mim.
- Então beija...
Meu corpo se arrepiou inteiro.
Ana Clara
1:45hrs.
23 de julho.
- Caramba! – Lívia estava de boca aberta, olhando para Tati, que sangrava pelo nariz. O rosto estava inchado. – Bem feito...
- Eu te odeio, garota. – minha ex respondeu.
- Calem a boca, vocês duas. – meu sangue fervia.
- Duas brigas no mesmo dia... – Samantha colou as mãos na cabeça. – Meus pais vão me mandar de volta para os States desse jeito.
- A culpa foi toda sua, sua piranha... – Tati segurava o algodão no nariz.
- Essa piranha aqui detonou com teu nariz, vadia. – a loira se gabou.
Onde estávamos? Em uma sala de um hospital. A briga dentro do banheiro foi tão feia, que chamaram a polícia e por a Samantha conhecer o dono, ele não prestou boletim de ocorrência, mas nos trouxeram para o hospital, pois Tatiana sangrava muito pelo nariz e Sam teve uma luxação no pulso esquerdo.
E o policial ficou encantado com a minha irmã.
Lívia, Sam e eu estávamos de um lado da sala, enquanto Tati e a prima no outro.
- Só podia ser descendente de índio mesmo... – Manoela, prima de Tati falou se achando a pessoa mais inteligente do mundo. – Selvagem...
Lívia, Sam e eu nos olhamos e no momento seguinte, caímos na risada.
- Como você é burra, menina... – Lívia lagrimava. – Onde foi que achou essa informação?
- Do que tão rindo? Malucas... – ela revirou os olhos, nos fazendo rir ainda mais.
- Samantha nasceu nos Estados Unidos, gênio, e os pais dela nem são daqui. E outra, o povo da Amazônia não são selvagens... Vai estudar um pouco. – respondi.
- Meninas, vocês já podem ir e nada mais de confusão. – a enfermeira entrou no quarto e sorriu. Ela parecia realmente feliz. Algo raro no meio em que ela trabalhava.
- Obrigada e pode deixar que vou manter essas meninas longe de confusão. – Lívia respondeu.
- Muito bem...
Depois de vários minutos, pois Lívia não parava de falar com a enfermeira, saímos da sala. O corredor levava a saída. Seguimos por ele em um mais absoluto silencio. Ao chegarmos lá fora, encontramos a acompanhante de Sam, que não quis entrar, pois odiava hospital. Já tinha esquecido dessa fulana.
Eu não fui com a cara dela.
- Tá tudo bem? – ela segurou o rosto de Sam, em uma intimidade que me incomodou.
- Estou sim... – apertei o punho.
- Vamos, Tati... – Manoela chamou.
- Não, eu quero falar com a Ana... – respirei fundo. A calçada estava deserta. Somente alguns poucos carros passavam.
- Tati, desiste... – a menina disse com raiva.
- Ana, por favor. – ela ignorou a prima.
- O que, Tatiana? – eu não estava com o menor saco para aquilo.
- Me dá só mais uma chance e eu prometo não errar mais... – os olhos dela estavam cheios de sinceridade. Respirei fundo, olhando por poucos segundos para Lívia e Sam. A loira me fuzilava com os olhos.
- Tatiana, eu não te amo mais. – aquelas palavras saíram com a mais absoluta certeza. Minha ex arregalou os olhos. – Eu não quero você na minha vida. Tudo o que você fez, foi matando o amor que eu sentia. Volta pra sua casa... Você e eu, não existe mais...
- Você tem certeza disso, Ana Clara? – sorrindo, eu disse.
- A mais absoluta possível. – Tatiana me olhou por longos segundos, até virar de costa e sair caminhando.
Eu me sentia ótima.
- Você me deixou orgulhosa. – Lívia me surpreendeu com um abraço.
- Eu também! – sorri.
- Samantha vai dormir em casa. – Lívia disse em um sopro só.
- É o que? – quis torcer o pescoço da minha irmã.
- Eu já vou, meu anjo. – a menina sem graça que estava com Sam falou. – Você vai ficar bem?
- Vou sim, pode ficar tranquila. Desculpa pela noite não ter sido a melhor... – a loira fez cara de idiota.
Revirei os olhos.
- Tá tudo bem... – de repente, a menina colocou os braços em volta do pescoço de Samantha. Sem esperar nenhum segundo mais, ela se apossou da boca da gringa.
Senti o meu corpo inteiro tremer de uma raiva que eu não sabia de onde vinha. Ela a beijava com vontade, parecendo até que iria dá pra Sam ali mesmo. Fechei meus punhos, segurando aquela fúria que só crescia em mim.
Eu queria socar alguma coisa.
- Ai! – dei um soco no braço de Lívia. – Isso doeu, Ana.
Ela me olhou feio.
- Te vejo em breve, loira... – a menina disse, dando um abraço em Samantha e em seguida fez sinal para um taxi. – Tchau Sam...Tchau meninas...
- Tchau... – Sam deu com a mão.
- Tchau! – Lívia foi simpática, mas eu nem me esforcei. Ela entrou no taxi e se foi.
Olhei para Samantha.
- Bom, eu já vou... – ela disse com a boca borrada.
- Vai nada... Esqueceu que vai dormir em casa? – minha irmã não deu tempo de absolutamente nada.
Quando percebi, já estávamos dentro de um táxi. Lívia me empurrou para sentar ao lado de Samantha, que parecia uma idiota com a boca suja de batom. Eu queria entender de onde vinha aquela raiva toda.
- Não quer encostar por quê? – ela sussurrou em meu ouvido, me fazendo ficar arrepiada.
Não respondi.
- Vai me dá gelo? – ela colocou uma de suas mãos dentro da blusa que eu vestia, tocando a minha cintura com as pontas do dedo.
Me mantive olhando para frente.
- Você me deixa doida... – respirei fundo, tentando não entregar o meu estado.
Eu estava excitada somente com aquilo.
- Já estamos chegando? Quero fazer xixi. – menti, tentando freia a menina ao meu lado.
- Tá parecendo o burro do Shrek. – Lívia gargalhou. – Chegamos...
Eu saí o mais rápido que pude do táxi, fazendo a idiota loira rir. Passei pela portaria parecendo um foguete e entrei no elevador, ouvindo gargalhadas atrás de mim. Não esperei as duas e apertei o botão do andar que agora era o meu novo endereço.
Entrei no apartamento e estava tudo escuro. Fui direto para o meu quarto, tirando a roupa e indo para o banheiro tomar um longo banho. Eu precisava sentir o alívio da água morna.
- Isso é bom... Lívia que se vire com a convidada dela... – franzi o cenho. - Aquela loira...
Fechei meus olhos ao lembrar da voz dela sussurrando em meu ouvido.
- Chega! Era só o que faltava. – encostei minha testa no azulejo. – Maldita loira...
Depois de alguns minutos, sai do banheiro e senti o estomago roncar. Lívia já deveria estar dormindo com a Samantha. Iria aproveitar para preparar ao menos um sanduiche. Coloquei um roupão e sai do quarto. Minha mãe e Juliana haviam viajado a negócios. Já deveriam estar em Minas.
Liguei a lâmpada da cozinha e comecei a fazer o meu lanche. Sentei em um banco de madeira alto, coloquei suco e comecei a comer. Na metade do segundo, senti que era observada e olhei para a porta. Meu coração disparou e eu me esforcei muito para demonstrar indiferença.
Samantha estava apenas com um micro roupão da Lívia.
- Posso? – ela apontou para o pão.
- Claro... – foi somente o que respondi, mas por dentro.
Respirei fundo.
Ela encostou em minha costa quando foi pegar o suco na geladeira. O que ela estava querendo? Me enlouquecer?
Foi quando Samantha grudou em minha costa, colocando o queixo sobre meu ombro e encostou a boca na minha orelha. O meu corpo se acendeu e o meu sex* latejou forte.
- O que... – ela mordeu a minha orelha. Prendi o gemid*. – Sam...
- Não fala... – a mão dela adentrou o roupão, tocando a minha barriga nua. – Você é linda demais... – fechei meus olhos.
- Por que... Tá fazendo... Isso? – eu estava perdendo a cabeça.
- Porque meu corpo tá implorando pelo teu... – ela tocou os meus seios e foi impossível segurar o gemid*.
- Aaaah...
E com uma facilidade incrível, ela me fez girar e ficar de frente para ela.
Engoli em seco.
Ela estava me enlouquecendo.
Samantha
O objetivo era me vingar da ruiva diabólica, mas quem estava ficando louca era eu. O meu autocontrole estava indo para o espaço, enquanto meus olhos analisavam o roupão entre aberto, deixando a mostra um pouco da pele branca e com pequenas sardas. Por Deus, ela estava usando uma micro calcinha preta.
“Calma Samantha”. Contei de um até três mentalmente.
- Samantha... Eu não quero! – ela me encarou e eu sorri. Abri o meu próprio roupão, ficando apenas de calcinha box vermelha. Eu vi luxuria nos olhos de Ana e aquilo inflou o meu ego.
- Você tem certeza disso? – me aproveitei do fato da Juliana e a mãe da ruiva não estarem ali. Eu queria me vingar daquele dia no apartamento de Emi. Aquilo não saia da minha cabeça. – Podemos fazer isso... – peguei a mão dele e coloquei sobre minha barriga. – Sem compromisso algum...
Dei o meu melhor sorriso.
- Não... Faz isso. A Lívia pode chegar e... – ela se calou no momento em que a fiz ficar de pé e encostar em mim.
- Vamos aproveitar... – meu corpo todo estava reagindo a ela, até mesmo a porr* do meu coração. – Esse momento...
Desfiz o nó do roupão dela, o tirando com lentidão, enquanto a olhava nos olhos. A peça foi ao chão e então pude observar o corpo maravilhoso daquela ruiva do mal. A minha boca salivou e meu coração quase teve uma parada.
- Linda... – dei um passo a frente, Ana foi para trás e eu a prendi no entre meu corpo e o balcão. – Deixa eu amar teu corpo?
O contato fez com que o meu sex* pulsasse feito louco.
- Eu te odeio...
Foi o que ela disse antes de me segurar pelos cabelos e beijar a minha boca de uma forma rude, com raiva, com força. Nossos seios se chocaram, nossas peles se tocavam. Ela queria dominar a situação, mas eu não deixaria. Desgrudei nossas bocas, a virei de costa e deixei uma mão e seus seios e a outra pousou sobre seu sex*. Sem esperar, passei a estimular o seu ponto sensível, enquanto ela passou a rebol*r contra o meu sex*.
De sua boca saiam gemid*s roucos, me levando ao delírio.
Mordisquei seu ombro, me colei a ela o máximo que pude. Estava me deixando levar, quando lembrei do meu objetivo ali. Tirei a mão de seu sex* e a fiz ficar de frente para mim novamente.
- O que tá fazendo? – ela perguntou com raiva. Eu sorri em satisfação, me ajoelhando sob o olhar irritado da ruiva.
- Eu quero que seja dessa forma... – puxei sem cerimonia a sua calcinha, a deixando nos pés. Desviei de seus olhos e olhei para o sex* a minha frente. Respirei fundo.
“Calma Samantha”.
- Posso?
- Pode... – a voz dela saiu rouca.
Coloquei uma de suas pernas sob meu ombro, iniciando o primeiro toque com a minha língua e o seu gosto era incrível. Ana segurou meu cabelo e antes de acelerar o que estava fazendo, a olhei e naquele momento eu notei o quanto estava ferrada. Ela estava de olhos fechados e os lábios entre abertos.
Eu estou muito apaixonada!
Tal pensamento me fez perder de vez o equilíbrio. Eu me odiei por estar apaixonada por uma mulher que não sentia o mesmo.
- Aaaaah... – ela gemia, me servindo de combustível.
Sua mão em meu cabelo, os gemid*s roucos, o meu coração acelerado.
- Aaaaaaaaah... – ela gem*u alto, antes de se desfazer em minha boca.
Ana segurou com as duas mãos no balcão, respirando forte. Me coloquei de pé, sentindo meu sex* encharcado, meu coração acelerado e meu corpo em brasa. A beijei, de forma lenta, enquanto fazia carinho em seus seios.
Me afastei.
- O que foi? – ela franziu o cenho.
- Vou dormir... – peguei meu roupão do chão e o vesti. – Boa noite, Ana...
Sai da cozinha em uma tranquilidade que eu não sentia. Senti uma dor forte no coração e o arrependimento bateu logo em seguida. Eu sei que o que estava fazendo era muito errado, mas ela precisava de uma lição.
Entrei no quarto de hospedes que a Lívia me acomodou e fui direto para o banheiro tomar outro banho e sem querer, chorei debaixo do chuveiro. Eu me estranhei muito, mas não pude aguentar.
- Quem você pensa que é pra... – a ruiva entrou feito um foguete, mas quando me viu sentada no chão, imediatamente parou. – Sam...
Ela tentou me tocar.
- Vai embora, Ana Clara... – mas eu não deixei. – Por favor...
- Não, Samantha. Que droga você tá fazendo? – ela perguntou em um fio de voz, me fazendo olha-la. Ana desligou o chuveiro e sentou ao meu lado com roupão e tudo.
Eu fiquei totalmente muda, pela primeira vez na vida.
Eu queria estar me sentindo incrível, mas não era assim. Por quê?
Fim do capítulo
4...
booooa noite!
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