AZUL VIOLETA por alex72
Capítulo 7 - E já não é mais segredo.
Lorena
Fiquei olhando abobalhada para o Ademir que estava me contando sobre o amor de Aline por mim, como assim? Ela me amava? Então aquilo que eu percebia era mesmo interesse por mim? E por que ela não me disse? Por que pediu para terceiros me contar? Com que cara agora olho para o povo da empresa? Como eu vivia andando com ela para cima e para baixo eles vão achar que sou gay! Meu Deus, que horror.
-Lorena, Lorena?! Chamou Ademir.
-Oi. Respondi com voz fraca.
- Você escutou o que eu disse?
- Acho que sim, você está tentando me dizer que uma mulher está apaixonada por mim e que eu estou fazendo mal a ela.
O Ademir arqueou o sobrolho espantado com a forma que falei.
- Uma mulher? Não Lorena, a Aline, nossa amiga, que está sofrendo.
- Ela é uma mulher Ademir, eu gosto de homem, isso é ridículo!
- Loura, que isso?! A menina não tem culpa se esta apaixonada por você, não sabia que você era tão preconceituosa.
- Hora me poupe Ademir, queria ver se fosse com você! Se um homem viesse te dizendo que te quer, credo arrepio só em pensar.
- Eu não gosto de homem e não daria bola, mas trataria com respeito, afinal é um ser humano.
- Pois que a Aline se mantenha longe de mim, o que o povo vai pensar disso? Era só o que me faltava!
- Sua preocupação é essa? Com o que o povo vai pensar? Mas ninguém sabe, só eu você e Aline.
- E quem me garante, que ela não anda falando para todos por aí e pior do que ela anda inventando?
Ademir balançou a cabeça em sinal de desagrado.
- Ela não faria isso, vi que ela realmente te gosta e que sofre com as histórias que você fica contando para ela. Suspirou Ademir. O que você vai fazer?
-Esclarecer esta história e me manter bemmmm longe dela.
A comida não mais desceu.
Aline
Não consegui almoçar, a comida não desceu, estava mortalmente arrependida de ter pedido ao Ademir para falar com ela.
Me enfurnei durante o almoço na minha antiga sala e fiquei trocando algumas palavras com Maria, que me analisava, parecia que ela conseguia ler minha alma.
- Está tudo bem Aline?
- Mais ou menos, estou um pouco nervosa hoje.
- Alguma coisa que eu possa ajudar?
- Acho que não, agora não adianta mais nada.
- Você já conseguiu resolver sua situação com a Loira?
- Do que você está falando, ergui meu rosto em sua direção.
- Aline, durante o tempo que você trabalhou comigo nesta sala, observei suas reações com as entradas da Lorena aqui, sou mais velha que você, experiente, entendi rápido o que você sentia por ela.
Fiquei olhando para ela sem saber o que responder, queria abrir um buraco e me enterrar, sei lá por que, nem eu me entendia, ainda para mim estava um processo bem difícil de lidar.
- Eu gosto dela diferente mesmo, mas nem eu mesmo sei como. Respondi por fim.
- Você sabe sim, só tem medo de admitir e dar nome. Aline a vida é curta então não se esconda.
Fiquei olhando para Maria, ela definitivamente era uma pessoa legal, em nenhum momento foi deselegante comigo, ou me julgou pelo que eu sentia, queira Deus que minha mãe tenha a mesma reação quando descobrir.
Ficamos em silêncio, quase ao fim do horário do almoço, os barulhos das pessoas voltando aos seus postos começou, Ademir me encontrou na sala da Maria e perguntou se podia falar comigo, Maria nos deu licença.
- E aí perguntei ansiosa.
- Ela não reagiu bem Aline, não gostou nadinha do que falei.
Meu coração se apertou e lágrimas vieram aos meus olhos.
- Ela disse algo?
- Sim, mas melhor a gente falar disso depois, agora temos que voltar para o trabalho.
- Sim, respondi sem ânimo. Sai da sala indo ao banheiro lavar o rosto para encarar Lorena.
Quando voltei para a nossa sala de trabalho, um silêncio ensurdecedor se fez presente, todos os olhares se voltaram para mim, e de rabo de olho pude ver o rosto do meu anjo tingindo de vermelho, e seu olhar azul violeta se tornar escuro como uma tormenta.
- Aconteceu alguma coisa? Falei pro Paulo Cesar, nosso chefe.
- Nada não respondeu ele. Paulo era um homem bonachão, branquelo, um pouco calvo já, gente boa, que eu já notava sentir atração por mim, ele era casado. Naquele momento seu rosto também estava vermelho e um tanto quanto constrangido.
Dirigi a minha mesa que ficava de frente para a dele e de lado com a da Lorena.
- Paulo, escutei a voz de Lorena, fala para a Aline o que te comuniquei.
Ele ficou ainda mais vermelho sem saber qual atitude tomar, todos olhares se revezavam entre mim e ele.
- Aline, disse gaguejando, Lorena pediu que todo serviço que ela te passa seja repassado por mim, por que ela não quer mais contato com você.
Nunca em meus 17 quase 18 anos havia passado por um constrangimento destes, naquele momento eu percebi que ela havia contado para todos naquela sala que eu a amava, que eu era gay, senti meu rosto queimar de vergonha e tristeza, e comecei a lutar com as lágrimas que já se formavam em meus olhos.
Não consegui formular nenhuma palavra e nem olhar no rosto da mulher que eu amava, mas que tinha acabado de me humilhar e decretar que eu era uma escoria para ela.
Simplesmente fiz um sinal positivo com a cabeça e comecei a trabalhar.
A minha atitude aliviou um pouco o clima constrangedor podia-se notar pelas feições e eu passei as 4 próximas horas lutando para não me debulhar em lágrimas na frente de todos, iria esperar estar em minha casa para soltar o grito preso em minha garganta.
Lorena
Sai do almoço engasgada, revoltada por que a Aline não contou ela mesmo para mim. Minha reação seria outra? Eu me perguntava? Claro que sim uma voz respondia em meu cérebro, seria um segredo nosso, ninguém precisaria saber.
Mas agora Ademir sabia e eu não poderia me calar com pena de todos na empresa acharem que eu gostava de mulher também
Com a cabeça quente e as ideias embaralhadas cheguei na tesouraria torcendo para não vê-la de imediato, não sei como será minha reação ao olhar para ela neste momento. Ademir foi em direção ao banheiro e aproveitei para falar com o Paulo e com a Ivana.
- Vocês não acreditam no que o Ademir acabou de me contar. Já fui falando ao entrar na sala.
- O que? Perguntou Ivana.
- Que a Aline disse a ele que esta apaixonada por mim! Que horror.
Os olhares pasmos dos dois pousaram em mim e eu continuei o ataque.
- Vê se pode, eu noiva, ela sabe que adoro homem, vir com estas esquisitices pro meu lado, não quero conversa mais com ela, e te peço Paulo que o serviço que eu passo a ela seja repassado por você.
- Lorena, como será isso? Trabalhamos na mesma sala, não dá para você ser profissional e deixar isso lá fora?
O meu rosto branco se tingiu de vermelho e fiquei ainda com mais raiva da Aline, por me fazer passar por isso.
- Eu não falarei mais com ela Paulo, nunca mais, não tolero esta aberração.
Ele suspirou e nada disse, sentei em minha mesa, senti o olhar de reprovação de Ivana em cima de mim.
O Ademir voltou e Ivana comentou com ele o que eu havia dito, ele me olhou espantado e constrangido e poucos minutos depois disso chegou Aline.
Ela não olhou em minha direção e pude notar que estava sem lugar, solicitei ao Paulo que comunicasse a ela.
Ele ficou constrangido e falou com ela que ficou com o rosto moreno vermelho, naquele momento uma dor aguda se instalou em meu peito e maldisse a hora que ela contou para Ademir e para mim o que ela sentia. Por que ela tinha que ter dito? Por que coelhinho? Por que?
Fim do capítulo
Mais um capitulo para vocês, espero que gostem.Comentem bjs.
Comentar este capítulo:
Renata Cassia
Em: 05/12/2018
Agora fiquei com ódio dessa Lorena. Quero ver ela se rastejando aos pés da coelhinha .
Resposta do autor:
Vixe, acho q vc ainda vai odia_la mais um pouquim. Mas quem sabe no tempo atual Aline tenha seu momrnto de gloria né! Bjs.
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